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Os resultados aqui apresentados são resultados parciais, uma vez que a pesquisa sobre a qual versa o trabalho se en- contra em desenvolvimento, sendo que tais dados são frutos

da análise de documentos oficiais da UNESP, disponíveis no site da reitoria da universidade.

O processo de expansão da UNESP, que se iniciou em 2003 e continua em desenvolvimento, se deu tanto pela criação de novos campi (chamados, à época, de Campi Experimentais e, hoje, como Unidades Diferenciadas), como pela criação de novos cursos de graduação nos campi já existentes. No caso da implantação de novos cursos nos campi já existentes, a mesma se deu sem que houvesse a ampliação do corpo docente de tais campi.

Considerando os dados apresentados pelo último Anuário Estatístico da UNESP, lançado em 2013, tendo como base de dados o ano de 2012, podemos notar que realmente houve um grande crescimento na oferta de ensino de graduação e pós-graduação, no período que vai de 2002 a 2012. Entre- tanto, os dados demonstram que não houve uma reposição, e muito menos uma ampliação, dos quadros de servidores técnicos administrativos e de docentes na mesma proporção, de modo a acompanhar o crescimento no número de uni- dades, cursos e alunos.

Segundo os dados do Anuário, em 2002, a UNESP ofere- ceu 5685 vagas em seu vestibular. Já em 2012, foram ofere- cidas 7139 vagas, o que representa um aumento de 25,5% no número de vagas durante o período.

Com relação ao número de cursos de graduação oferecidos pela UNESP, no período de 2002 a 2012, houve um aumento de 31,2% no geral, sendo que a área de humanidades foi a que apresentou o maior crescimento, 43,3%, enquanto as áreas de ciências exatas e ciências biológicas cresceram, 33,3% e 16,6%, respectivamente.

No que tange ao número de alunos matriculados em cursos de graduação, considerando apenas os cursos de graduação presenciais, ou seja, desconsiderando os cursos de graduação oferecidos pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP) e os alunos matriculados nos cursos da Plataforma Freire (semipresencial), ao longo da década considerada (2002/2012), ainda que com variações ao longo dos anos e algumas quedas em alguns períodos, houve um aumento de 37, 87% de alunos matriculados neste nível de ensino.

Acerca dos alunos formados em nível de graduação pela UNESP, podemos observar um aumento de 36% entre 2002 e 2012, sendo que 2007 foi o ano que apresentou maior crescimento durante esta década (12%), coincidindo com a formatura dos alunos ingressantes no segundo semestre de 2003 e primeiro semestre de 2004, nos cursos criados no processo de expansão de 2002, os quais são, em sua grande maioria, cursos de licenciatura e bacharelado com duração de 4 anos.

Analisando os dados apresentados pelo anuário, podemos observar que não só a graduação, mas também a pós-gradua- ção, passou por um grande crescimento dentro da UNESP. Entre os anos de 2002 e 2012, houve um aumento de 25,7% no número de Cursos de Mestrado ofertados pela instituição e um aumento de 37,1% no número de Cursos de Doutorado oferecidos.

Com o crescimento dos cursos de pós-graduação, houve, consequentemente, um grande crescimento no número de alunos matriculados nesse nível de ensino, bem como no número de alunos formados. Entre 2002 e 2012, o aumento

no número de alunos de cursos de graduação na UNESP, considerando-se mestrado e doutorado, foi de 28,1%, sendo que, nos cursos de mestrado, houve um aumento de 7,2%, enquanto, nos cursos de doutorado, o aumento foi de 68%. Já o número de alunos formados nos cursos de pós-graduação da UNESP teve um aumento de 45,5%, sendo que houve um aumento de 40,2% no número de alunos formados nos cursos de mestrado e de 57,7% no número de alunos formados nos cursos de doutorado da instituição.

Considerando os dados apresentados, podemos ver que a UNESP passou por um intenso processo de expansão, tanto em nível de graduação quanto em nível de pós-graduação. Entretanto, o crescimento no número de docentes, tanto no Regime de Dedicação Exclusiva (RDIDP) quanto no Regime Parcial de Trabalho ou Regime de Trabalho Contratado, não cresceu na mesma proporção, apresentando um crescimento bastante inferior. Entre 2002 e 2012, o número de professo- res da UNESP (RDIDP + RTP/RTC) subiu 13,5% e o número de professores em RDIDP (efetivos com dedicação exclusiva) subiu 9,5%, ou seja, um crescimento bastante inferior ao crescimento do número de alunos matriculados em cursos de graduação e de pós-graduação na Universidade. Além disso, durante esse período, houve um aumento de 43,4% no número de professores contratados em RTP ou RTC na Universidade. Ademais, vale ressaltar que, conforme mostram os dados do Anuário, na criação das Unidades Diferenciadas, não foi contratado nenhum professor em caráter efetivo para estas Unidades, as quais começaram a funcionar contando apenas com professores contratados em regime de trabalho temporário.

Com relação à reposição e à ampliação do corpo de servidores técnicos-administrativos, o quadro é ainda mais preocupante, pois, entre os anos de 2002 e 2012, houve um crescimento de apenas 3% no número desses funcionários.

Diante de tal quadro, podemos observar que, no que diz respeito às metas de expansão do Ensino de Graduação e de Pós Graduação, a UNESP tem cumprido os objetivos pro- postos em seu PDI, apresentando um grande crescimento no número de campi, de cursos de graduação, de programas de pós-graduação e no número de alunos. Entretanto, as metas de reposição e ampliação dos quadros de servidores docentes e servidores técnico-administrativos não foram alcançadas com tanto êxito, apresentando um déficit considerável em relação ao crescimento do número de alunos atendidos pela universidade, bem como do número de cursos e campi.

Com base em tudo que foi apresentado, esta pesquisa trabalhou e trabalha com o objetivo geral de investigar e analisar como tem se dado o processo de intensificação do trabalho docente na UNESP, após a expansão de tal universidade observada na última década. Como objetivos específicos, propôs-se: investigar e analisar o processo de expansão da universidade objeto deste estudo; investigar e analisar as características e contradições do suposto processo de intensificação do trabalho docente de professores desta universidade; investigar e analisar se e como as metas de expansão de tal universidade colocadas através de seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) tem contribuído para uma possível intensificação do trabalho docente; investigar e analisar como a normatização do trabalho dos professores através das avaliações desenvolvidas por intermédio dos

Relatórios Trienais pode contribuir para a intensificação do trabalho docente na referida instituição.

Entretanto, considerando o tempo de duração de um curso de mestrado e a singularidade que a UNESP apresenta enquanto universidade multicampi, fica evidente que seria impossível realizar tal pesquisa nas unidades universitárias da UNESP. Frente a isso, optamos por realizar tal estudo em um campus específico, no caso, o Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - IBILCE, campus localizado na cidade de São José do Rio Preto.

A partir do processo de expansão da UNESP, iniciado em 2003 e em desenvolvimento até 2013, foram implantados no referido campus os cursos de Física Biológica, no ano de 2003, e Química Ambiental e Pedagogia, no ano de 2004.

Até 2002, o IBILCE oferecia 5 cursos de graduação, atendendo a 1534 alunos neste nível de ensino e 10 pro- gramas de pós-graduação, os quais atendiam a 523 alunos, atendendo, no total, a 2057 alunos. Para tanto, a unidade universitária contava com 180 professores ativos, dos quais 167 trabalhavam em Regime de Dedicação Exclusiva (RDIDP). Em 2012, segundo os dados do último anuário estatístico da instituição, publicado em 2013, o IBILCE oferece 9 cursos de graduação, atendendo, neste nível, a 1954 alunos, e 11 cursos de pós-graduação, atendendo a 915 alunos; ou seja, entre graduação e pós-graduação, são 2869 alunos atendidos, por um efetivo de 208 professores, dos quais 178 trabalham em RDIDP. Assim sendo, podemos notar que, de 2002 a 2012, enquanto houve um aumento da ordem de 27,3% no número de alunos de graduação e de 27,4% no número de alunos de graduação, considerando os professores que trabalham

em RDIDP, ou seja, aqueles que tem jornada de trabalho completa, o aumento, durante este período, foi de 6%, e, se considerarmos o número de professores em RTP/RTC, o aumento foi da ordem de 13, sendo que, o aumento foi de 15,5%, ou seja, o aumento no número de docentes foi bastante inferior ao aumento no número de alunos. Da mesma forma, durante o período de 2002 a 2012 o aumento no número de servidores técnico-administrativos de tal campus foi de 9,3%, o que vem a justificar a escolha de tal campus para a realização da pesquisa de campo, uma vez que, seguindo a tendência geral da Universidade, o IBILCE também apre- sentou um grande aumento no número de cursos e alunos, não acompanhado por um aumento condizente no número de docentes e servidores técnico-administrativos.

Diante do que foi exposto ao longo da revisão bibliográfica feita na introdução deste trabalho e nos dados acima apre- sentados, temos como primeira hipótese a de que as relações de produção vigentes na atual configuração social têm sido transpostas ao sistema educacional, balizando o trabalho realizado pelos docentes que dele participam. Considerando a primeira hipótese, podemos pensar que, à medida que a sociedade capitalista se consolidou, deu-se a proletariza- ção do professor por meio da alienação do mesmo em seu ambiente de trabalho e sua consequente reificação. Ainda considerando o que foi acima exposto, também podemos supor que o grande aumento no número de alunos após a expansão da universidade, ao passo que não foi acompanhado por um aumento significativo no número de professores e de servidores técnico-administrativos, tenha levado à inten- sificação do trabalho docente, tanto por meio do aumento

do número médio de alunos atendidos por docente, quanto pelo aumento do número de aula ministradas e trabalho burocrático realizado pelos docentes.

REFERÊNCIAS