Helena Vieira, Madalena Lopo Tuna, António Macedo DEFINIÇÃO
Vírus da rubéola
Vírus RNA, família Togaviridae, género Rubivírus
Humanos são o único reservatório
Transmissão - contacto direto com gotículas das secreções nasofaríngeas
Replicação no tecido linfático -> disseminação hematogénica -> infeção da placenta Infeção rubéola congénita
Todas as consequências associadas à infeção intrauterinaAborto, nado morto, parto prematuro, síndrome rubéola congénita, infeção assintomática
Síndrome rubéola congénita (SRC)
Defeitos congénitos variáveis TRANSMISSÃO MATERNO-FETAL Risco de infeção fetal
1º trimestre: 81%
2º trimestre: 54% (início); 25% (final)
3º trimestre: 35% (27-30 sem); ±100% (>36 sem) Risco de defeitos congénitos
Maior nas 1as 16 sem
Baixo na infeção além das 18-20 sem -> RCIU pode ser a única sequela RUBÉOLA NA GRAVIDEZ – DIAGNÓSTICO E ABORDAGEMSerologia - IgG e IgM específicas Teste de Avidez das IgG IgG- IgM-
- Não há imunidade IgG+ IgM+
- Infeção evolutiva IgG+ IgM-
- Valores médios ou elevados de IgG significam imunidade bem estabelecida ou recente
- Valores muito baixos de IgG devem levar à repetição do teste 2-3 semanas mais tarde e no mesmo laboratório:
Se se verificar um aumento no título de 4x ou mais, ou o aparecimento de IgM, conclui-se pela ocorrência de infeção
Se os valores de IgG se mantiverem estáveis, trata-se de imunidade antiga
Avidez forte: infeção há mais de 12 sem
Avidez fraca: infeção há menos de 12 sem
DIAGNÓSTICO DE INFEÇÃO FETAL Testes com baixa sensibilidade
RT-PCR
Vilosidades coriónicas superiores ao LA e sangue fetal Teste superior à serologia no sangue fetal
Testes serológicos no sangue fetal
87 RUBÉOLA CONGÉNITA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
RN
Infeção assintomática na maioria dos casos
Algumas manifestações são transitórias
Desenvolvimento de manifestações ao longo do tempo
Manifestações permanentes Manifestações transitórias Manifestações tardias Défice auditivo
Catarata, glaucoma congénito, retinopatia
Cardiopatia congénita RCIU (pode persistir má progressão ponderal) Microcefalia
Atraso do desenvolvimento psicomotor
Hepatoesplenomegalia, icterícia Lesões ósseas radiotransparentes (ossos longos)
Púrpura (lesões “blueberry muffin”) Linfadenopatia
Anemia hemolítica, trombocitopenia Meningoencefalite Pneumonia intersticial Défice auditivo Lesões oculares Doenças endócrinas Alterações vasculares Panencefalite progressiva Défice imunitário
RUBÉOLA CONGÉNITA – SUSPEITA CLÍNICA
Qualquer criança cuja mãe teve infeção por rubéola suspeita ou confirmada em qualquer altura da gravidez
Qualquer criança com RCIU ou outra manifestação clínica de SRC
AVALIAÇÃO DO RN
Antecedentes maternos Exame objetivo detalhado Exame oftalmológico e auditivo Hemograma completo
Igs séricas - IgM >21mg/dL na 1ª sem de vida sugere infeção intrauterina (não a rubéola especificamente); valores normais não excluem infeção
Radiografia dos ossos longos Ecografia cerebral transfontanelar Ecocardiograma
Outros exames complementares de acordo com a clínica RT-PCR no LCR
AST, ALT, γ-GT, fosfatase alcalina, bilirrubinas
RUBÉOLA CONGÉNITA – DIAGNÓSTICO
RN
RT-PCR (colher urina + exsudado da orofaringe ou saliva)
Urina (colheita asséptica 5 mL). Colocar a urina em recipiente estéril, manter a 4 ºC e enviar ao Instituto Dr. Ricardo Jorge refrigerado no próprio dia da colheita ou num período máximo de 24 h.
Exsudado da orofaringe ou saliva
Utilizar só zaragatoa com meio de transporte viral;
Esfregar zaragatoa sobre epitélio bucal (saliva) ou orofaringe;
Introduzir zaragatoa de modo a que o meio de transporte molhe o algodão da zaragatoa; Manter a 4 ºC e enviar ao Instituto Dr. Ricardo Jorge refrigerado no próprio dia da colheita ou num período máximo de 24 h
I N FE C IO SO
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Serologia (pouco informativa; pedir só no caso de ser colhido sangue por outro motivo – 0,5 mL para tubo seco)
Acs IgM específicos
Útil nos primeiros 2M de vida
RN com poucos dias de vida e IgM negativa deve ser novamente testado com 1M
Pode persistir 2A
Acs IgG específicos que persistem numa concentração mais elevada ou duração mais prolongada que o esperado pela transferência passiva materna de anticorpos
Útil entre 6-12M
IgG específica materna diminui 4 a 8x aos 3M idade e deverá desaparecer aos 6-12M
Pouco prático
Mãe
Serologia (colher sangue – 5 mL para tubo seco)
IgG e IgM específicas, teste de avidez das IgG (interpretação equivalente à serologia durante a gravidez)
SEGUIMENTO
As manifestações tardias devem ser tratadas da mesma forma que em crianças que não têm SRC
Monitorização frequente durante os primeiros 6-12M de vida Défice auditivo + alterações do desenvolvimento
Manifestações tardias mais frequentes
Ocorrem frequentemente em crianças assintomáticas ao nascer Abordagem multidisciplinar
DECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA
Forte suspeita ou doença confirmada
Folha de notificação - Doenças de Declaração Obrigatória - DGS. Contactar Delegado de Saúde Pública
Critérios clínicos de SRC
Criança <1A ou nado-morto que preencha pelo menos 2 critérios da categoria A ou um da categoria A e um da categoria B Categoria A Categoria B Surdez Catarata Glaucoma congénito Retinite pigmentar Cardiopatia congénita Esplenomegalia
Icterícia nas 1as 24 h de vida Púrpura Osteopatia radiotransparente Meningoencefalite Microcefalia Atraso no desenvolvimento Critérios laboratoriais
Pelo menos um dos quatro critérios seguintes:
isolamento do vírus da rubéola numa amostra clínica; deteção de ácidos nucleicos do vírus da rubéola; resposta imunitária específica ao vírus da rubéola (IgM);
persistência de IgG da rubéola entre os 6-12M de idade (pelo menos duas amostras com concentração semelhante).
89 Critérios epidemiológicos
Filho ou nado-morto de uma mulher com uma infeção pela rubéola confirmada laboratorialmente durante a gravidez, por transmissão vertical.
Classificação Critérios
Caso possível NA
Caso provável
Um caso não confirmado laboratorialmente e que preenche pelo menos um dos dois critérios seguintes:
- uma relação epidemiológica e pelo menos um critério da categoria A - preenchimento dos critérios clínicos do SRC
Caso confirmado
Nado morto que preencha os critérios laboratoriais ou qualquer criança que preencha estes critérios e pelo menos um dos dois critérios seguintes:
- uma relação epidemiológica
- pelo menos um dos critérios clínicos da categoria A
Caso de Rubéola Criança que apenas preencha os critérios laboratoriais, sem antecedentes maternos de rubéola durante a gravidez, e sem critérios clínicos da categoria A
PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO
Crianças são consideradas contagiosas até pelo menos 1A de idade
o A não ser que tenham 2 RT-PCR negativas consecutivas, no exsudado da orofaringe ou saliva e na urina, após os 3M de idade
RN hospitalizado
o Isolamento de contacto e máscara
o Devem ser cuidados apenas por pessoas imunes à rubéola
Programar vacinação das puérperas não imunes; não é contraindicação para o aleitamento materno I N FE C IO SO
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