Sétimo espaço interseçor

No sétimo espaço interseçor o cenário foi decorado com balões coloridos para comemorar os aniversários do mês. Objetivou-se transformar a sala de aula em um ambiente festivo e receptivo com vistas a melhorar o relacionamento dos participantes.

Nessa oportunidade, primeiramente, a pesquisadora explicou a todos a importância de falarem acerca do que entenderam sobre o DM, a partir dos encontros anteriores com o objetivo de avaliar o nível de aprendizagem dos participantes.

 Só sei que é doença que não tem cura, que a gente precisa controlar a alimentação, falou com segurança a senhora (I-4, F).

Doença que prejudica quem não se comporta bem. Assim como acontece com moça que engana, que é muito mentirosa e teimosa com a família, falou com sorriso maroto a idosa (I-6, F).

 É uma doença que vai crescendo pelo excesso de descuidos com alimentação. É um monstro que já nasce grande, mencionou o senhor J. M. cuidador de (I-6, F), gesticulando os braços para expressar a noção de tamanho.

 Entendi que é uma doença que se relaciona com o infarto e o derrame, AVC, é o certo não é? Pergunta a senhora S. F. cuidadora da idosa (I-10).

Os demais participantes fizeram vários comentários confirmando a fala de S.F. e também narrando situações de familiares e vizinhos que foram vítimas de infarto.

Demonstrando interesse e conhecimento sobre o assunto DM, a senhora N. F. manifestou-se.

O pâncreas é o que produz insulina, quando ele deixa de funcionar bem produz menos insulina e aí tudo acontece (N. F. cuidadora de I-6, F).

A pesquisadora perguntou: “Mas o que acontece”?

 Mas por que a glicose sobe? Perguntou uma idosa (I-2, F).

 A senhora não precisa ficar sem açúcar, respondeu (I-9, M), virando-se para a idosa (I-2, F), que lançou a pergunta, demonstrando intenção de ajudá-la.  A senhora tem que encontrar o equilíbrio entre a insulina que é sua e o que a senhora come. Deve ter a quantidade equilibrada de açúcar que a insulina produzida pode aproveitar (I-9, M).

 Isso porque o corpo já está saturado de açúcar, complementou o participante J. M. cuidador de (I-6, F).

A pesquisadora, prestando atenção ao desenvolvimento dos diálogos, incentivou os participantes a continuarem na mesma linha de raciocínio, perguntando: “Sobrou açúcar, então o que aconteceu”?

 Faltou insulina, respondeu prontamente, sorrindo, demonstrando segurança, a senhora R. F. cuidadora da idosa (I-1, F).

 A insulina é a chave que abre a porta para o açúcar entrar nos músculos, complementou o participante (I-9, M).

Após esse momento a pesquisadora perguntou se os demais participantes ainda tinham dúvida sobre o assunto, ao que responderam negativamente. Contudo, com o objetivo de reforçar positivamente as respostas anteriores, voltou a explicar o funcionamento da insulina em relação à glicose com o auxílio do material didático. Observou que as manifestações foram adequadas às situações postas e congruentes com um processo de apreensão de novas informações para a construção do conhecimento sobre DM.

Após o lanche, a pesquisadora expôs sobre as complicações do DM e apresentou transparências com os objetivos do tratamento do DM e alguns cuidados especiais.

Figura 25: Tratamento do Diabetes Fonte: Pesquisadora

Explicou que a educação é o próprio tratamento do DM, que compreende o uso adequado de medicamentos, visitas regulares ao médico, rigoroso controle da glicemia e modificações no estilo de vida com a prática de exercícios, controle da alimentação, diminuição de peso e atividades de lazer.

A pesquisadora expôs algumas figuras com o recurso de data-show, as quais mostravam cuidados com o sistema circulatório. Esses compreendem observar sintomas de dores de cabeça ou respiração difícil, principalmente, após algum esforço físico. Deixar de fumar, pois o fumo prejudica as artérias do coração. Seguir dieta planejada por nutricionista. Manter a pressão arterial sob controle e praticar exercícios físicos após avaliação profissional.

Figura 26: Cuidados Especiais Fonte: Pesquisadora

Figura 27: Cuidados Especiais Fonte: Pesquisadora

A pesquisadora retomou a importância da consulta com médico cardiologista para avaliar o sistema circulatório, tendo em vista que o DM, ao longo do tempo, pode provocar a ocorrência de doença cardíaca pela obstrução nos pequenos vasos do coração. Isso pode provocar o infarto do miocárdio, evento mórbido bastante conhecido pela população em geral23,126_{. Contudo, lembrou aos participantes do grupo, que com as medidas adotadas para} mudança de hábitos cotidianos, as pessoas com DM podem ficar livres desse perigo. Para tanto, enfatizou a necessidade de manter uma dieta adequada, de preferência recomendada por um profissional da Nutrição; a importância de manter atividade física como uma simples caminhada pelo bairro; a importância de um ótimo controle da pressão arterial e monitoramento da glicemia.

A pesquisadora nessa ocasião questionou com os participantes se estavam controlando a pressão arterial.

 A pressão da mãe anda baixa ultimamente, até fica tonta. Mas é que agora está usando outra medicação. Quando fica mais alta ela sente falta de ar por causa do coração, relatou a senhora S. F. cuidadora de (I-10, F).

 A minha pressão está boa, rapidamente, respondeu a idosa (I-7, F) expressando satisfação ao falar.

 Eu também, a minha esta ótima, respondeu a idosa (I-5, F). Entretanto, sua cuidadora manifestou expressão de dúvida ao movimentar a cabeça negativamente. Disse não ter certeza como estava a pressão da idosa. Aproveitando a oportunidade, perguntou-se quanto ao controle da quantidade de sal da alimentação da idosa. A cuidadora respondeu que estava sob controle.

Novamente a pesquisadora intervém salientando a importância dos cuidados com o sistema circulatório, incentivando os cuidadores a avisar o médico ou procurar logo um recurso de saúde se o idoso referir mal-estar, azia, vômitos, dor no peito, no pescoço ou nos braços; dor forte na cabeça, súbita ou não, desmaio, perda de consciência, pois poderiam estar diante da ocorrência de um infarto do miocárdio, ou de um acidente vascular encefálico, que todos conhecem como derrame. Frisou que todo o cuidado é pouco quando se trata de idosos com DM.

Nesse encontro foi realizado o Teste de Glicemia Capilar somente com os idosos. Verificou-se o desconhecimento geral sobre as finalidades do teste. Foi utilizado o HAEMO- GLUKOTEST, que consiste de tiras reagentes ao sangue de leitura comparativa23. A pesquisadora explicou para todos sobre a vantagem do teste para o monitoramento da glicemia. Trata-se de um procedimento simples que pode ser realizado pelo próprio idoso, porém diante de alguma dificuldade de visão, ou diminuição da motricidade das mãos, deve ser feito pelo cuidador.

Os resultados do teste foram comentados em grupo quando a pesquisadora analisou cada um identificando o idoso e orientando-o sobre como otimizar os níveis de glicemia encontrados. O teste foi realizado às 15 horas, antes que fosse servido o costumeiro chá dos encontros. Os resultados foram registrados no quadro a seguir.

Quadro 2: Resultados do teste de glicemia capilar

Idosa (I-2, F) 80/120 mg/dl

Idoso (I-9, M) 40/80mg/dl (s/almoço)

Idosa (I-10, F) 80 mg/dl Idosa (I-8, F) 80/120 mg/dl Idosa (I-6, F) 120/160 mg/dl Idosa (I-5, F) 80/120 mg/dl Idosa (I-4, F) 80/120 mg/dl Fonte: Pesquisadora

A pesquisadora esclareceu que esse teste pode ser feito no domicílio, pois não apresenta riscos ao idoso ou outras pessoas da família. A freqüência com que o teste deve ser

realizado é de uma avaliação diária, em horários diferentes para portadores de DM tipo 2. O Ministério da Saúde do Brasil23 considera como bom controle glicêmico o fato de 80% a 90% das avaliações mostrarem glicemias capilares em jejum com resultado entre 80 e 120mg/dl; de uma e meia a duas horas após uma refeição, pós-prandial, resultado entre 80 e 160 mg/dl; e, entre duas e três horas da madrugada, resultado superior a 60 mg/dl. Considera o controle como aceitável quando a glicemia capilar de jejum apresentar resultado entre 121 e 140 mg/dl e a pós-prandial entre 161 e 180 mg/dl. Glicemias capilares superiores a esses níveis são consideradas ruins para o controle da doença23.

O idoso (I-9, M) foi orientado dos riscos que corria por estar sem almoço até àquela hora, razão dos níveis diminuídos de glicemia, já caracterizando uma hipoglicemia. Foi-lhe então servido um copo de chá e biscoito integral, os quais estavam disponíveis para o momento do intervalo do encontro.

Também foi orientado a todos que há outra forma de se verificar a glicemia capilar, pois existe no mercado um novo aparelho digital conhecido por Glicosímetro, que tem um pequeno monitor no qual fica registrado o nível de glicose encontrado em uma gota de sangue.

Ao final desse encontro houve a tão esperada comemoração dos aniversários do mês. O grupo combinou presentear com flores as senhoras (I-5, F) e (I-1, F) que completavam 72 e 75 anos, respectivamente. Todos demonstraram carinho com as idosas pelas manifestações de afeto, palavras motivadoras almejando muitos anos de vida plena e feliz, mesmo convivendo com o DM. A idosa (I-8, F) presenteou as aniversariantes com um poema de sua autoria, intitulado “Não Espere” (ANEXO D). Observou-se que o ambiente favoreceu a harmonia e o cuidado promovendo profundidade nas relações dos sujeitos.