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Síntese da compreensão dos sujeitos escolares

5.2 A compreensão da educação ambiental presente nas escolas

5.2.3 Síntese da compreensão dos sujeitos escolares

Na Escola da Lagoa e na Escola do Rio, professores, coordenadores e diretores compreendem o meio ambiente como um todo integrado, englobando as relações do homem com a natureza, e as produções e relações entre os homens. Já para a maioria dos alunos e responsáveis das escolas essa concepção está restrita ao aspecto natural, sem relacionar as questões naturais com as questões sociais, econômicas e culturais.

Existe nas duas escolas pesquisadas uma compreensão similar dos sujeitos escolares sobre a importância do meio ambiente, sendo este importante para manter a sobrevivência das espécies na Terra, e sendo necessário preservá-lo para garantir a qualidade de vida e seu uso para futuras gerações.

Tanto na Escola da Lagoa quanto na Escola do Rio os professores, coordenadores e diretora têm visões semelhantes sobre o que vem a ser EA: uma educação que transmite conhecimentos a partir do entendimento de um meio ambiente integrado composto por múltiplas facetas e que conscientize os sujeitos para a transformação do espaço em que vivem, buscando relacionar as questões da sua realidade com diversas realidades globais, sensibilizando os indivíduos para mudança de atitudes e valores socioambientais.

Tal percepção sobre EA pode ser considerada crítica, pois se assemelha a análise de DINIZ e TOMAZELLO (2005) sobre uma concepção de EA crítica. Essas autoras partem do pressuposto de que essa educação seria um processo que considera o meio ambiente como um conjunto de sistemas inter-relacionados, para que a interpretação dos problemas ambientais possa se aproximar de sua complexidade real. DINIZ e TOMAZELLO (2005) entendem a EA como uma educação política, reivindicando e preparando os cidadãos para exigir justiça social e cidadania planetária, autogestão e ética nas relações sociais e ambientais. Acreditam que um trabalho com EA não pode estar preso apenas à transmissão de conhecimentos e informações, e é preciso que seja superada a visão fragmentada dos conteúdos. Para que as questões ambientais tenham significados para os alunos é importante que eles estabeleçam ligações entre o aprendido e sua realidade cotidiana. O conhecimento adquirido além de ser usado para

compreender a própria realidade, deve também ser utilizado na busca de soluções para os problemas próximos e decisões da comunidade, realizando um trabalho que relacione essas questões com as questões globais.

Nas duas escolas as opiniões da maioria dos alunos e dos pais sobre a EA são semelhantes, dizendo ser uma educação comprometida apenas com a transmissão de informações sobre as questões naturais, de cunho preservativo, sem relacioná-la com os aspectos sociais, econômicos e culturais.

Esta interpretação de alunos e responsáveis sobre EA pode ser considerada conservadora, pois segundo BERTOLUCCI et al (2005) o processo educativo voltado para mudanças de comportamentos que visa somente um padrão idealizado de relações corretas com a natureza, reproduz o dualismo natureza-cultura, tendendo a aceitar a ordem estabelecida como condição dada, não criticando suas origens históricas. A partir desse entendimento, a interpretação desses sujeitos sobre a EA pode ser considerada despolitizada e sem contextualização social, econômica e cultural, sendo que seu enfoque ecológico reforça a dicotomia entre homem e natureza, e ainda não considera o homem como responsável pela crise ambiental e sua solução. Segundo BERTOLUCCI et al (2005), no plano das tendências ambientalistas hegemônicas, a EA conservadora fica restrita à resolução de problemas ambientais com finalidades pragmáticas, sem estabelecer críticas às questões sociais atuais.

Pode-se afirmar que os aspectos diferentes entre as escolas são sobre o entendimento dos responsáveis sobre meio ambiente o entendimento dos alunos sobre EA. Na Escola da Lagoa os responsáveis compreendem o meio ambiente como algo restrito ao aspecto natural, enquanto na Escola do Rio, dos dois entrevistados, um entende dessa mesma forma e outro consegue entendê-lo de forma integrada. Na Escola da Lagoa a maioria dos alunos diz não saber o que é EA, enquanto na Escola do Rio essa quantidade diminui para a metade dos alunos. O que mostra que na Escola do Rio um número maior de alunos entende o que seja EA, mesmo que de forma acrítica. Esses aspectos demonstram que a compreensão dos alunos e responsáveis sobre a EA é maior na Escola do Rio que na Escola da Lagoa.

O entendimento sobre EA da maioria dos professores, coordenadores e direção da Escola da Lagoa e da Escola do Rio é semelhante à compreensão da EA proposta por essa pesquisa, a partir da análise de vários pesquisadores da área: ser um processo que englobe o meio ambiente em suas múltiplas relações com os aspectos naturais, sociais, econômicas e culturais, rompendo com o reducionismo que separa o ecológico do social, oferecendo ao sujeito várias perspectivas na busca por conhecimento.

A compreensão desses sujeitos também converge com a proposta de EA prevista na Lei n° 9.795 de 1999, onde ela é vista como o processo no qual indivíduos e a coletividade constroem valores e atitudes voltadas para a conservação do meio ambiente conscientização sobre a problemática ambiental e social, sendo o meio ambiente considerado em sua totalidade, ou seja, considerando suas relações entre o meio natural, social, econômico e cultural.

Esse grupo de professores, coordenadores e diretores das escolas em questão consegue ter a visão da EA almejada nas propostas tanto da Lei n° 9.795, quanto da análise sobre as pesquisas nesta área aqui realizada. Pode-se afirmar que nessas escolas esses sujeitos interpretam a EA de uma maneira crítica. Infere-se que para que todos os sujeitos das duas instituições, principalmente alunos e responsáveis, tenham esse entendimento sobre o tema, elas devem continuar, melhorar e intensificar esse trabalho.

6 – AS PRÁTICAS E ESTRATÉGIAS ESCOLARES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS MUDANÇAS DOS SUJEITOS

Este capítulo trata sobre o entendimento dos sujeitos sobre as práticas e estratégias de EA inseridas nas escolas, assim como as mudanças de valores e atitudes que elas trouxeram ou não para esse ambiente.

Para examinar as práticas foram selecionadas como categorias de análise os princípios contidos na EA prevista na legislação brasileira e nas pesquisas aqui analisadas. São elas: atividades permanentes e pontuais; interdisciplinaridade; atividades coletivas e/ou individuais; a relação entre realidade local e questões globais e o envolvimento da comunidade nas atividades. Para isso foram analisadas as entrevistas de professores, alunos, coordenadores, diretores e responsáveis.

Para investigar as estratégias selecionou-se categorias sobre a prática pedagógica escolar contida nas entrevistas dos professores, coordenadores e diretores das escolas, sendo elas: planejamento de atividades; formação de professores, relação com a SMED e os parceiros e avaliação das atividades.

Para analisar se existe mudança de valores e atitudes dos sujeitos escolares, como é um dos objetivos da EA, foram investigados os problemas internos e externos das escolas e a avaliação que os sujeitos têm das atividades nessa área, utilizando entrevistas dos professores, alunos, coordenadores, diretores e responsáveis.

Os aspectos em questão trouxeram uma compreensão sobre qual EA está sendo praticada nas escolas e se ela está trazendo contribuições para melhorar a qualidade do ambiente dessas instituições.