• Nenhum resultado encontrado

SEÇÃO 1 – Dados e experiências pessoais (questões de 01 a 11)

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

5.1 SEÇÃO 1 – Dados e experiências pessoais (questões de 01 a 11)

Iniciamos esta seção com um quadro que apresenta o perfil dos(as) treinadores(as) que participaram deste estudo, e contém informações sobre faixa etária e a experiência anterior (com diferentes tipos de ginástica e/ou na área da dança). Para manter eticamente o sigilo dos(as) treinadores(as), eles(as) foram enumerados(as) como “treinador(a) 1 [T1]”, “treinador(a) 2 [T2]” e assim por diante.

Quadro 5 - Perfil dos(as) treinadores(as)

Treinador (a) Idade Atuação como praticante de GPT

Atleta de outra modalidade ginástica? Qual(s) e por

quanto tempo?

Experiência na área da Dança? Qual ou quais

modalidades?

T1 44 Sim Não Sim, ballet clássico e dança

contemporânea

T2 43 Sim Sim, GA e GT, por 10 anos. Não

T3 46 Sim Não Sim, ballet clássico, jazz

dance, dança contemporânea e flamenco

T4 54 Sim Não Sim, ballet clássico e jazz

dance

T5 25 Sim Sim, GA por 8 anos e segue praticando

Não

T6 33 Não Não Sim, danças circulares.

6

70

T7 25 Sim Não Sim, ballet clássico e jazz

dance

T8 39 Sim Não Não

T9 40 Não Não Não

T10 48 Sim Sim, GA e GAE, mais de 40 anos.

Sim, Terapia da Dança, dança harmônica e Estilo

livre

T11 29 Sim Não Sim, ballet clássico, jazz

dance e professora de iniciação à Dança.

T12 32 Sim Não Sim, dança contemporânea

T13 29 Sim Não Sim, jazz dance

T14 27 Não Não Sim, bailarina de banda

show – todos os estilos.

T15 25 Não Não Sim, ballet clássico, jazz

dance, ritmos latinos, dança de salão

T16 47 Sim Não Não

T17 41 Sim Não Sim, dança, esquema

corporal e imagem corporal

T18 33 Sim Não Sim, ballet clássico, jazz

dance e dança contemporânea

T19 54 Sim Não Não

T20 40 Não Não Não

T21 46 Sim Sim, GR por 8 anos Sim, ballet clássico Fonte: Elaborado pela autora.

Analisando esses dados, temos que:

- Os(as) 21 treinadores(as) estão na faixa etária entre 25 e 54 anos; - 16 treinadores(as) (76,2%) já foram praticantes de GPT ou ainda o são, ao passo de que os(as) outros(as) 5 (23,8%) nunca tiveram essa experiência;

- 4 treinadores(as) (19%) relataram ter experiência em outra(s) modalidade(s) ginástica(s); os(as) outros(as) 17 (81%) informaram não possuir essa experiência. Dos(as) que a possuíam, houve o destaque nessa ordem, para os seguintes tipos: GA (3 respostas), GT (1 resposta), GAE (1 resposta) e GR (1 resposta).

- 14 treinadores(as) (66,7%) relataram ter experiência na área da Dança; os(as) outros(as) 7 (33,3%) informaram não ter essa experiência. Dos(as) que a tiveram, houve o destaque, nesta ordem, para os seguintes tipos:

71

ballet clássico (8 respostas), jazz dance (7 respostas) e dança contemporânea (4 respostas).

Em relação à experiência como praticante de GPT, identificamos que a grande maioria dos(as) treinadores(as) a possui, representando um dado a respeito do impacto positivo dessa experiência, provavelmente motivando-os(as) a continuar a atuar nessa área. Alguns deles(as) disseram não possuir essa experiência, o que nos permite pensar em outras questões como: em qual momento e/ou situação eles(as) tiveram contato com a GPT e de que maneira isso ocorreu? Isso se deu em seu local de trabalho, já na sua prática profissional? O que os(as) motivou a iniciar os trabalhos com GPT e como foi esse processo?

Possivelmente, os(as) treinadores(as) que nunca praticaram GPT antes de sua atuação profissional tiveram pouco ou nenhum contato com ela em seus cursos de graduação, ou talvez tenham vivido outras práticas ginásticas e modalidades de dança com caráter demonstrativo, e esse fato talvez os(as) tenha aproximado da GPT.

Com relação à experiência de ex-atleta em outra modalidade ginástica, apenas 4 treinadores(as) (19%) afirmaram tê-la, com maior destaque para a GA, que, dentre as modalidades ginásticas competitivas, é a mais tradicional e conhecida (NUNOMURA, 2001), sendo atualmente praticada por um número cada vez maior de pessoas (TSUKAMOTO; KNIJNIK, 2008). Também foram citadas a GT, GAE e GR, com uma resposta cada. A menção a essas modalidades é um dado positivo, especialmente em relação à GT e GAE, modalidades menos praticadas no Brasil em relação a outras mais tradicionais, como a GA e a GR.

Pelos dados acima apresentados pudemos perceber que na GPT, ao contrário das modalidades ginásticas competitivas, a experiência de ex-atleta e/ou vivências na modalidade não é um fato recorrente na prática como treinador(a) (NUNOMURA, 2001). A GPT pode ter um valor agregador de ex-atletas de outras modalidades ginásticas que, com o desejo de seguir praticando a ginástica, unem-se a um grupo com tal propósito (TOLEDO, 2001). Contudo, no presente estudo, esse fato apareceu timidamente, pois a maioria dos(as) entrevistados(as) possuía experiência prévia com a própria GPT e com a Dança, o que nos indica dois panoramas diferentes.

72

A experiência na área da Dança, pois, se mostrou maior em relação à experiência na área da Ginástica. Muitos(as) dos(as) treinadores(as) entrevistados(as) possuíam previamente essa experiência e, ao longo do tempo, começaram a praticar a GPT. Isso nos revela um cenário interessante, que relaciona a GPT à Dança e ao universo das Artes, especialmente no que concerne às composições coreográficas.

A Dança e a Ginástica sempre tiveram uma íntima relação. Alguns gestos técnicos próprios dessas práticas podem ser percebidos, numa perspectiva histórica e cultural, de maneira similar. Alguns deles possuem execuções e nomenclaturas iguais (como os elementos ginásticos, inclusive no Código de Pontuação de modalidades como a GR); outros, possuem execuções iguais ou parecidas, mas nomenclaturas diferentes. Para além da gestualidade técnica, os movimentos expressivos e as impressões estéticas estão presentes nas duas práticas, tornando- as parte, também, do universo artístico.

A própria FIG (2019) salienta essa aproximação, quando aponta que “the focus of Gymnastics for All activities is Fun, Fitness, Fundamentals, and Friendship, and can envolve (1) Gymnastics with or without apparatus; (2) Gymnastics and Dance” [o foco das atividades de Ginástica para Todos é diversão, atividade física, fundamentos e amizade, e pode envolver (1) Ginástica com ou sem aparelhos; (2)

Ginástica e Dança] (tradução nossa , grifo nosso).

A dança também pode ser utilizada como estratégia pedagógica na GPT. Alguns estudos, como os de Lomakine (2010), que trata da dança educativa, e o de Evaristo, Silva e Dourado (2014), que relatam as experiências da dança folclórica com um grupo de idosos, mostram essas propostas. O inverso, da mesma forma, também pode ser válido, ou seja, pode ser aplicada uma proposta de GPT a um grupo específico de Dança, como nos conta o estudo de Benini e Amorim (2007).

Fato é, que, independente da gestualidade e do viés pedagógico, a Dança e a Ginástica estão conectadas por seu significado e papel social na construção da cultura corporal. A esse respeito, Brasileiro e Marcassa (2008, p. 197) apontam que

[...] imprescindível, portanto, é pensar sobre o corpo, os movimentos, os gestos, os comportamentos, assim como o esporte, a ginástica, a dança e as demais práticas corporais, como manifestações culturais expressivas, como linguagens participantes da vida social, na construção de saberes, valores, ações, sentidos e significados, comportamentos e relações humanas. (grifo nosso)

73

Nesta primeira seção do questionário, outros dois pontos nos chamaram a atenção: 2 treinadores(as) relataram possuir experiência tanto na área da Dança, quanto na da Ginástica (T10 e T21); e, ao mesmo tempo, 5 treinadores(as) (T8, T9, T16, T19 e T20) relataram não possuir experiência em nenhuma delas.

Em relação ao primeiro ponto, posicionamo-nos que é válido e desejável um(a) treinador(a) que atua com uma prática tão abrangente e que reúne outros tipos de manifestações de cultura corporal possua vivências e/ou experiências em diversas áreas, pois, deste modo, teria a possibilidade de abarcar mais conhecimentos para a prática profissional. Dessa forma, também, seu repertório torna-se mais amplo, o que o possibilita compartilhar experiências e saberes com seus(as) ginastas e compor e/ou mediar coreografias variadas com gestos e particularidades advindas de práticas diferentes.

Já em relação ao segundo ponto, a respeito da inexperiência prática desses(as) treinadores(as) nas áreas da Ginástica e/ou da Dança, ele nos permite pensar se há outra(s) prática(s) corporal(is) que influenciou(aram) seus trabalhos e qual(is) são elas. Mesmo sem essa experiência prévia, é possível um(a) professor(a) de Educação Física tornar-se um(a) treinador(a) de um grupo de GPT, pois, a princípio, as bases e fundamentos ginásticos devem ser conteúdos de disciplinas dos cursos de graduação oferecidos pelas IES. Logo, teoricamente, eles(as) devem estar minimamente preparados(as) para atuar com GPT, aspecto que identificaremos mais adiante nas demais respostas do questionário.

No gráfico a seguir, é possível identificar as experiências dos(as) treinadores(as) em relação à Dança e à Ginástica. Com o objetivo de relacionar esses dados, criamos algumas variáveis de análise combinando, a partir da narrativa dos(as) treinadores(as), as experiências:

74

Gráfico 1 - Experiências dos(as) treinadores(as) de GPT em Ginástica e Dança7

Fonte: Elaborado pela autora.

Consideramos que as experiências prévias com as composições coreográficas em Ginástica e Dança são importantes para a formação dos(as) treinadores(as) que atuam com GPT, porém não obrigatórias para prática profissional, pois, teoricamente, eles podem adquiri-las por meio das esferas formais, não formais e informais de aprendizagem.

Essas experiências podem se desenvolver numa perspectiva processual, ao longo da vida do indivíduo, dependendo do tempo, da cultura e do espaço nos quais ele está inserido (JARVIS, 2006). Porém, o autor dessa teoria (denominada de Life Long Learning) ressalta que tal aprendizagem só será efetivada se houver interação entre a experimentação e a reflexão do indivíduo (ibidem).

Resumidamente, os dados obtidos nos revelam tanto o panorama já esperado, quanto a relação da GPT com a Dança e com o campo das Artes. Todavia, dados inesperados também foram identificados, como a predominância da experiência na área da Dança sobre a experiência em outras modalidades ginásticas.

7

Conforme exposto no quadro 5, nenhum(a) dos(as) treinador(a) teve somente a experiência em ginástica competitiva, razão pela qual essa variável não aparece no gráfico.

16 14 4 9 2 2 2 GPT Dança Ginástica competitiva GPT e Dança GPT e Ginástica competitiva GPT, Ginástica competitiva e Dança Nenhuma

75