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SEGUNDA ETAPA DA PESQUISA: O PESQUISADOR-PESQUISADO E OS MÉTODOS INVESTIGATIVOS

3 AS PISADAS NA AREIA E OS RUMOS TEÓRICOS DA PESQUISA: O SUL (S)

4 O TEMPO VOA E O MUNDO GIRA: RUMO AOS CAMINHOS METODOLÓGICOS, O LESTE (L)

4.3 SEGUNDA ETAPA DA PESQUISA: O PESQUISADOR-PESQUISADO E OS MÉTODOS INVESTIGATIVOS

As influências teórico-metodológicas na pesquisa qualitativa, em certa medida, abarcam essa investigação, dado o objeto de estudo em questão. Propor caminhos alternativos para responder aos anseios de uma pesquisa, penso que seja uma construção ao qual gradativamente as respostas, as inquietações e o próprio fomento pelo conhecimento surgem por vias de mãos duplas. Nessas idas e vindas, acredito que o pesquisador seja o condutor de seus pensamentos que, no entanto, é movido pelas suas vivências e experiências.

Logo, denota-se o caráter científico de uma investigação frente às pluralidades de acesso à produção das informações coletadas que, segundo Fazenda (1994, p. 15) nos afirma com as seguintes palavras.

A ciência questionada em suas objetividades não encontra pátria nas atuais subjetividades. A verdade paradigmática da objetividade tem sido substituída pelo erro e pela transitoriedade da ciência. Essa provisoriedade da verdade e da ciência, por conseguinte, vai nos permitir anunciar a possibilidade de um real encontro entre ciência e existência.

Parafraseando a autora acima, a pesquisa qualitativa, por não possuir definições fechadas, se compararmos com pesquisas quantitativas, é percebida em qualquer área do conhecimento nas ciências humanas. Logo, estar na condição de pesquisador-pesquisado, observador-participante e narrador de experiências autobiográficas, tornam esse estudo uma proposta desafiadora, pois a

interdisciplinaridade68 passa a ser a essência de todo esse processo epistemológico

construído. E a relação como tudo se criou, mutuamente, fez com que o encontro entre a ciência e a existência fossem fatores legítimos nesse estudo.

Convém situar neste estudo, a estrutura conceitual das modalidades metodológicas surgidas, bem como de que forma solucionei a aplicabilidade, contudo, trago a estratégia metodológica da triangulação buscado em Flick (2009) para elucidar, de forma mais clara, as justaposições dos métodos surgidos. Segundo o autor, existem estratégias metodológicas que discutem separadamente os conceitos de triangulação no qual podemos destacar da seguinte forma: triangulação e teorias; triangulação de investigadores e triangulação de métodos. Segundo Clark (1951) apudFlick (2009, p. 61)

A triangulação é o método de localização de um ponto a partir de dois outros cuja distância entre si é conhecida, dados os ângulos do triângulo formado pelos três pontos. Por meio da repetida aplicação do princípio, se uma série de pontos forma os ápices de uma cadeia de triângulos em rede ou conectados, cujos ângulos são medidos, os comprimentos de todos os lados desconhecidos e as posições relativas dos pontos podem ser calculados quando o comprimento de um dos lados for conhecido.

Em certa medida, diante desta citação, combinar métodos não significa que um método seja usado para coletar dados e outro para analisá-los. Não se faz necessário o uso exploratório de um método padronizado antes do estudo propriamente dito. Para o autor, ao citar estudos nas ciências sociais, o entendimento se dará pelos diferentes conceitos usados na discussão da metodologia e dialogados a posteriori.

Diante disso, Flick (2009) afirma que a triangulação implica que os pesquisadores assumam diferentes perspectivas sobre uma questão em estudo ou, de forma geral, ao responder as perguntas de pesquisa. Essas perspectivas podem ser substanciadas pelo emprego de vários métodos e/ou em várias abordagens teóricas. Para ele, ambas estão e devem estar ligadas. Além disso, refere-se à combinação de diferentes tipos de dados no contexto das perspectivas teóricas que são aplicadas aos dados.

Segundo o autor, essas perspectivas devem ser tratadas e aplicadas, ao máximo possível, mantendo a igualdade de valor nos seus processos e resultados produzidos. Ao mesmo tempo, a triangulação (de diferentes métodos e tipos de

68 Ver fonte FAZENDA, Ivani C. Interdisciplinaridade na Pesquisa Científica. Campinas: Papirus, 2015.

dados) deve possibilitar um excedente principal de conhecimento. A exemplo disso, o autor destaca a triangulação como produtora de conhecimentos em diferentes níveis, o que significa que eles vão além daquele possibilitado por uma abordagem e, assim, contribuem para promover a qualidade na pesquisa.

Nesse aspecto, vale ressaltar que a triangulação pode mostrar distintas formas de construir uma questão que pode se complementar ou se contradizer. No caso específico desta pesquisa, as relações estabelecidas entre os métodos da observação participante e narrativas autobiográficas, em interface ao pesquisador/pesquisado, não produzem representações equivalentes (porque cada representação produzida se relaciona as especificidades dos métodos) nem contraditórias (porque remetem a uma forma de entender o mesmo fenômeno) do terreiro Reino de Jurema. As duas perspectivas, em interação, mostram diferentes construções do entendimento da relação entre espaço e corpo.

Nesse sentido, a triangulação será adequada e esclarecedora quando não apenas os métodos estiverem ligados, como também as perspectivas teóricas vinculadas a eles. Esquematizei como ilustra figura 15, um fluxograma para melhor entendimento sobre triangulação.

Figura 15 - Esquema ilustrativo referente à triangulação: pesquisador-pesquisado, observação participante e narrativas autobiográficas

Fonte: SANTOS, Mateus Machado, 2019.

O esquema da figura 15 elucida a triangulação para além de uma simples combinação pragmática dos métodos. O que deve ser levado em consideração são as perspectivas e qualidades de uma produção na pesquisa no tocante das análises mediante as ferramentas utilizadas ao longo da pesquisa de campo. Vale lembrar que o método é entendido como princípios que combinam diferentes abordagens metodológicas.

Diante disso, respondo através dos métodos surgidos ao longo dessa investigação os que mais se identificaram com o teor dos estudos. A observação participante e as narrativas autobiográficas são os dois pilares metodológicos que me ajudaram a levantar hipóteses bem como suas interpretações através das abordagens dadas pelas entrevistas, diário de campo, registros de fotografias, transcrições e vídeos. Estes dois pilares estão intimamente ligados com minha inserção como pesquisador/pesquisado uma vez que faço parte desses dois processos. Logo, eu não dissocio e muito menos fragmento esses métodos, pois existe uma permutação entre eles, fortalecendo ainda mais as teorias e as buscas para responder a pergunta-problema.