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1 Segundo a bíblia, as casas também adoecem (de lepra)

Levítico 14:33-34

33 - Disse mais Jeová a Moisés e a Arão: 34 - Quando entrardes na terra de Canaã, que eu vos hei de dar a vós em possessão, e eu puser a praga da lepra numa casa da terra da vossa possessão;

Vemos como, segundo a própria Bíblia, é Deus (onisciente, onipotente, além de benevolente, justo e misericordioso) que confessa ser o culpado por colocar lepra nas pessoas. Ao que parece, o deus literário (que segundo a própria bíblia é o culpado pelas doenças nas pessoas), dá uma série de protocolos a seguir para determinar se é lepra ou não, para curá-la com rituais bizarros e proteger seu “eleito” (o sacerdote que fala por ele) de ser exposto a ela.

Levítico 14:35

O dono da casa irá e informará ao sacerdote, dizendo: Parece-me que há como praga em minha casa.

O sacerdote, com toda a autoridade que lhe concede sua “relação pessoal com Yahvé (Deus)”, deverá inspecionar a casa tal como faria com um enfermo. (Veja-se Levítico 13).

Levítico 14:36-57

36 - O sacerdote ordenará que despejem a casa, antes que entre para examinar a praga, para que não fique imundo tudo o que está na casa. Depois entrará para examinar a casa; 37 - examiná-la-á, e, se a praga estiver nas paredes da casa em cavidades verdes ou vermelhas e

parecer mais funda que a parede, 38 - o sacerdote sairá da casa até a porta dela, e a fechará por sete dias. 39 - Voltará ao sétimo dia, e a examinará. Se a praga se tiver espalhado nas paredes da casa, 40 - ele ordenará que se arranquem as pedras em que está a praga, e que as lancem fora da cidade num lugar imundo. 41 - Fará raspar a casa por dentro ao redor, e a argamassa que houverem raspado deitarão fora da cidade num lugar imundo; 42 - tomarão outras pedras, e as porão no lugar dessas pedras; tomará outra argamassa, e rebocará a casa. 43 - Se a praga voltar a brotar na casa, depois de arrancadas as pedras, raspada a casa e de novo rebocada; 44 - o sacerdote entrará e a examinará. Se a praga se tiver espalhado na casa, é lepra roedora na casa: é imunda. 45 - Derrubar-se-á a casa, as suas pedras e a sua madeira, e toda a argamassa da casa; e se levará para fora da cidade a um lugar imundo. 46 - Também aquele que entrar na casa, enquanto estiver fechada, será imundo até a tarde. 47 - Aquele que se deitar na casa lavará os seus vestidos; e quem comer na casa lavará os seus vestidos. 48 - Porém, se o sacerdote entrar e a examinar, e a praga não se tiver espalhado na casa, depois que tiver sido rebocada; declará-la-á limpa, porque a praga está curada. 49 - Para purificar a casa, tomará duas aves, e pau de cedro, e escarlata e hissopo. 50 - Matará uma das aves num vaso de barro sobre águas vivas; 51 - tomará o pau de cedro, e o hissopo, e a escarlata e a ave viva, e os molhará no sangue da ave morta, e nas águas vivas, e aspergirá a casa sete vezes. 52 - Purificará a casa com o sangue da ave, com as águas vivas, com a ave viva, com o pau de cedro, com o hissopo e com a escarlata; 53 - mas soltará a ave viva para fora da cidade sobre a face do campo. Assim fará expiação pela casa; e será limpa. 54 - Esta é a lei de toda a sorte de praga de lepra e de tinha; 55 - da lepra dos vestidos e das casas; 56 - das inchações, das pústulas e das manchas lustrosas; 57 - para ensinar quando for imundo, e quando for limpo: esta é a lei da lepra.

1 - A realidade

A hanseníase, conhecida oficialmente por este nome desde 1976, é uma das doenças mais antigas na história da medicina. É causada pelo bacilo de Hansen, o Mycobacterium leprae: um parasita que ataca a pele e nervos periféricos, mas pode afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos. Não é, portanto, hereditária.

Com período de incubação que varia entre três e cinco anos, sua primeira manifestação consiste no aparecimento de manchas dormentes, de cor avermelhada ou esbranquiçada, em qualquer região do corpo. Placas, caroços, inchaço, fraqueza muscular e dor nas articulações podem ser outros sintomas. Com o avanço da doença, o número de manchas ou o tamanho das já existentes aumenta e os nervos ficam comprometidos, podendo causar deformações em regiões, como nariz e dedos, e impedir determinados movimentos, como abrir e fechar as mãos. Além disso, pode permitir que determinados acidentes ocorram em razão da falta de sensibilidade nessas regiões. O diagnóstico consiste, principalmente, na avaliação clínica: aplicação de testes de sensibilidade, força motora e palpação dos nervos dos braços, pernas e olhos. Exames laboratoriais, como biópsia, podem ser necessários. Esta doença é capaz de contaminar outras pessoas pelas vias respiratórias, caso o portador não esteja sendo

tratado. Entretanto, segundo a Organização Mundial de Saúde, a

maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não a desenvolve. Aproximadamente 95% dos parasitas são eliminados na primeira dose do tratamento, já sendo incapaz de transmiti-los a outras

pessoas. Este dura até aproximadamente um ano e o paciente

pode ser completamente curado, desde que siga corretamente os cuidados necessários. Assim, buscar auxílio médico é a melhor forma de evitar a evolução da doença e a contaminação de outras pessoas. O tratamento e distribuição de remédios são gratuitos e, ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, em face do

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estigma que esta doença tem, não é necessário o isolamento do paciente. Aliás, a presença de amigos e familiares é fundamental para sua cura. Durante este tempo, o hanseniano pode desenvolver suas atividades normais, sem restrições. Entretanto, reações adversas ao medicamento podem ocorrer e, nestes casos, é necessário buscar auxílio médico.