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MUNICIPAL SINTEPP DIRETORES PROFESSORES ALUNOS PAIS Relações densas Relações simples Relações formais Relações vazias ( )

enquanto os demais grupos são personagens periféricos nesse processo, de modo que as relações são formais e vazias, por conta de estes fazerem parte do processo educativo.

Na verdade, podemos afirmar que a figura central dessa rede e que expressa o poder oficial, no caso, o governo municipal, é quem efetivamente orquestra o direcionamento da educação local, uma vez que exerce forte influência em seus aspectos financeiros e administrativos. Nessa medida, acaba por determinar, direta e indiretamente, as relações desse grupo com os representantes do grupo intermediário e os de base, setores esses que ficam isolados tanto com os dirigentes, quanto entre eles próprios.

No que concerne às relações que se estabeleceram com a SEMEC com o grupo intermediário e os de base, se configuram por meio de elos simples com os diretores, por conta de esses atores ocuparem papéis estratégicos nos desdobramentos da política educacional; relações formais com o SINTEPP e os professores, por força de estes se fazerem presentes no contexto educativo, e relações vazias com os demais segmentos, retratando assim, uma rede engessada nos aspectos formais e nos sujeitos que ocupam posições centrais na operacionalização da política educacional, sem contudo, percebermos o envolvimento dos representantes do campo comunitário.

Em virtude da complexidade e das relações de poder que perpassam o contexto da gestão educacional em Altamira, observa-se que as redes que foram se constituindo ao longo do período analisado, teceram-se ao ritmo das concessões conservadoras, das regras formais e institucionais decretadas pela SEMEC para incluir os setores e lideranças locais no jeito de gerir e regular a educação.

É verdade que algumas mudanças têm sido sinalizadas, criando expectativas quanto à possibilidades de interlocução e intervenção entre essas dimensões do poder local, mudanças essas que esperamos que não sejam somente circunstanciais, mas que possam se reproduzir em uma cadeia expressiva de práticas sociais, educativas e gestionárias mais democráticas e solidárias.

No que diz respeito ao quadro de relações que a SEMEC estabeleceu entre os atores e segmentos sociais no período de 2001 a 2004 (ver quadro abaixo), a situação é praticamente a mesma descrita anteriormente, com pequenas alterações.

Quadro 5 – Rede de Relações estabelecidas entre SEMEC e os setores e lideranças locais no período de 2001-2004

Com base nos depoimentos dos envolvidos na pesquisa, na gestão desenvolvida no período de 2001 a 2004, foi demarcada por relações instáveis e pouco participativas, de modo que o conjunto das ações e condutas demonstrou-se pouco favorável ao maior envolvimento dos alunos e pais, refletindo relações vazias com esses segmentos. Esse tipo de relação com tais atores comprova, de maneira visível, a ausência de interlocução da SEMEC tanto com as famílias e os alunos, quanto com a própria comunidade externa, demonstrando que tal aspecto

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seja reforçado pela escassez de espaços e arranjos que possibilitem a participação desses sujeitos no contexto da gestão educacional.

Com o SINTEPP e o grupo de professores, essas relações se apresentaram problemáticas e pouco densas, motivadas pela não-aceitação passiva e resistência desse segmento e sujeitos ao direcionamento dado à questão educacional. Resistências essas que, de acordo com ressaltamos no decorre deste capítulo, deu-se por conta também da forte presença do poder público municipal nos processos decisórios da educação, o que de certo modo, cerceava a liberdade política dos mesmos, inibindo seu poder de mobilização, contribuindo tanto para que o Sindicato, em defesa dos direitos dos trabalhadores em educação, entrasse em conflitos com o governo municipal, como também estreitassem as relações com os docentes.

Com o grupo dos diretores, se confirmou o que já discutimos anteriormente, ou seja, essa relação se mostrou densa por conta da própria organicidade e estruturação da política educacional implementada no município, onde esses atores ocupam papéis estratégicos no desenvolvimento das atividades gestionárias.

A partir desse conjunto de relações identificadas é possível situar esse quadro nas Relações Tecnicista, que de acordo com Villasante (2002, p. 45) é aquela “relação que costuma ter uma forte densidade entre o poder e o grupo que cobre uma determinada atividade setorial em uma localidade e, que se formula em termos de desligamentos ou de conexão conflitiva ou débil com outros grupos e com setores de base”.

Esse modelo de relações representa bem cenário educacional de Altamira, pois a nosso ver, o setor de base da comunidade escolar e local, foi excluída de seu próprio direito de participar dos desdobramentos e da gestão da educação, por conta de um arranjo político que, procurava, na medida do possível, centralizar as decisões no âmbito institucional da SEMEC e da Prefeitura Municipal, fazendo com que os pais, os alunos e sociedade em geral não tivesse acesso às deliberações acerca dos direcionamentos da educação.

No que diz respeito à atual gestão, esta ainda se apresenta em construção, uma vez que está praticamente iniciando suas atividades, desse modo, elaboramos um esquema que traduz o posicionamentos dos entrevistados, sem contudo, podermos afirmar que se trata de seu desenho real, pois como ressaltamos anteriormente, a análise das redes representa apenas uma parte de uma totalidade maior, que por ser histórica, se encontra em constante mudança, podendo assim. Nessa perspectiva, o quadro abaixo expressa um fragmento de uma realidade que, com certeza, já sofreu alterações.

Quadro 6 – Redes de Relações estabelecidas na gestão atual – 2005

Na gestão atual, as relações se mantêm algumas aproximações daquelas visualizadas no quadro anterior, embora apontem para algumas conexões mais mobilizadoras principalmente, no que diz respeito ao grupo de professores e ao Sindicato. Diferente da percepção anterior, essa relação vem se configurando como menos problemática que aquelas estabelecidas com a gestão passada, aspecto que se deve, de acordo com o relato dessa associação e desses atores, à inexistência de “perseguição política”, tendo havido inclusive, possibilidades mais concretas de atuação dos mesmos em debates que subsidiaram a realização do concurso público. Isso não significa dizer que não existam divergências e

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reivindicações por parte desses segmentos em torno das decisões que afetam os rumos da educação local.

Uma característica que permanece inalterada é ausência de diálogo entre a SEMEC, os pais e os alunos, o que demonstram a persistência de uma forma de gerir a educação pautada na hierarquia e na desvalorização daqueles que realmente fazem a educação.

Assim, o conjunto de ações que se manifesta nessa gestão, ainda que permaneçam traços fortes da Tecnicista, pode ser situada no campo das Relações Gestionarista, que segundo Villasante (Ibid., p. 44):

Trata-se daqueles grupos que mantêm uma maior densidade de relações com o poder para gerir serviços, em detrimento das relações que mantêm com a base social. Não que estejam desligados dos setores populares, mas que mantenham uma relação de participação escassa.

Desse modo, a gestão educacional enfrenta muitos desafios e grandes dilemas para criar estratégias e ações que favoreçam a democratização do poder e maior mobilização da base social, aspectos que podem ser propiciados por meio da criação de canais e de mecanismos interlocutores com a sociedade, de modo a fomentar relações horizontais e coletivas em detrimento das relações autoritárias e madonistas.

Nas análises das relações sociais no campo educacional entre os setores e atores que compõem o poder local, notamos que algumas questões fundamentais precisam ser destacadas, dentre outras: as posições quanto as competências e as estruturas de poder que permeiam as articulações entre a comunidade local e os atores e dirigentes da educação, e as percepções acerca das ações gestionárias para a democratização do poder local, as quais serão tratadas no capítulo a seguir.

CAPÍTULO III

PODER LOCAL E A GOVERNANÇA DEMOCRÁTICA NO CAMPO DA

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