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Serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela

4.1.2 Serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos

A PNRS define SPLUMRS como o conjunto de atividades previstas no artigo 7º da LDNSB. Tal artigo traz que esses serviços são compostos pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de:

I - coleta, transbordo e transporte dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei;

II - triagem para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem, e de disposição final dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei; III - varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros eventuais serviços pertinentes à limpeza pública urbana. (BRASIL, 2010d).

A alínea c do inciso I do caput do artigo 3o da PNRS considera os resíduos domiciliares e os originários das atividades de varrição, limpeza de logradouros e vias públicas.

O Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010, norma que regulamenta a LDNSB, em seu artigo 12, prevê que se consideram serviços públicos de manejo de resíduos sólidos as atividades de coleta e transbordo, transporte, triagem para fins de reutilização ou reciclagem, tratamento, inclusive por compostagem, e disposição final dos:

II - resíduos originários de atividades comerciais, industriais e de serviços, em quantidade e qualidade similares às dos resíduos domésticos, que, por decisão do titular, sejam considerados resíduos sólidos urbanos, desde que tais resíduos não sejam de responsabilidade de seu gerador nos termos da norma legal ou administrativa, de decisão judicial ou de termo de ajustamento de conduta; e

III - resíduos originários dos serviços públicos de limpeza pública urbana, tais como:

a) serviços de varrição, capina, roçada, poda e atividades correlatas em vias e logradouros públicos;

b) asseio de túneis, escadarias, monumentos, abrigos e sanitários públicos;

c) raspagem e remoção de terra, areia e quaisquer materiais depositados pelas águas pluviais em logradouros públicos;

d) desobstrução e limpeza de bueiros, bocas de lobo e correlatos; e

e) limpeza de logradouros públicos onde se realizem feiras públicas e outros eventos de acesso aberto ao público. (BRASIL, 2010a). Para Schneider, Ribeiro e Salomoni (2013), apenas as atividades de coleta e transbordo, transporte, triagem para fins de reutilização ou reciclagem, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos urbanos devem ser consideradas serviços públicos. Assim, as atividades que tenham relação com outras espécies de resíduos sólidos, incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade do gerador, são ações e serviços de responsabilidade privada. Nesse sentido, o artigo 5º da Lei nº 11.445/2007 especifica quais ações de manejo de resíduos sólidos não constituem serviços públicos, litteris:

Art. 5º Não constitui serviço público a ação de saneamento executada por meio de soluções individuais, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços, bem como as ações e serviços de saneamento básico de responsabilidade privada, incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade do gerador. (BRASIL, 2007a).

O inciso I do artigo 13 da Lei nº 12.305/2010 especifica quais as espécies de resíduos sólidos que não são enquadradas como serviços públicos, sendo elas:

f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;

g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS);

h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis. (BRASIL, 2010d).

Entretanto, como também compete à administração municipal ter controle sobre os responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos não considerados públicos, estes estão incluídos na abordagem deste trabalho, porém com enfoque menos detalhado do que os públicos, porque o papel do município fica atrelado mais ao controle do gerenciamento e dos geradores de tais resíduos. Portanto, a partir das diretrizes do modelo de gestão de resíduos sólidos e manejo tecnológico preconizado pelo MMA, decorrentes da LDNSB e da PNRS, além dos SPLUMRS, são escopo deste trabalho os resíduos de construção civil e volumosos; de serviços de saúde e passíveis de logística reversa. Também foi adicionado ao escopo deste trabalho o gerenciamento de áreas contaminadas por disposição irregular de resíduos, pois é uma atividade de extrema importância no atual cenário brasileiro, em que a PNRS obriga os municípios a promoverem a desativação e remediação dos lixões e aterros controlados.

Ressalta-se que as tecnologias de tratamento térmico de resíduos, por estarem pouco difundidas no país quanto a resíduos municipais, não serão abordadas neste trabalho, pois este se direciona às práticas existentes em larga escala no país, com enfoque sobre as atividades correlatas ao serviço público municipal.

Segundo o IBAM (2001), integram o sistema de limpeza urbana municipal as etapas de “geração, acondicionamento, coleta, transporte, transferência, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos, além da limpeza de logradouros públicos”. Essas etapas e opções de valorização dos resíduos seguem ilustradas na Figura 1, que mostra os trajetos, os elementos e os processos que normalmente compõem os sistemas de manejo de resíduos domiciliares no Brasil.

Figura 1 – Trajetos, elementos e processos envolvidos no manejo de resíduos domiciliares

Fonte: Naruo (2003).

Conforme ilustrado, o trajeto dos resíduos domiciliares inicia pela geração, que pode ser reduzida na fonte, por meio de diminuição do consumo e reutilização de materiais. Após a geração, pode haver a coleta convencional ou seletiva dos resíduos domiciliares. Na coleta convencional, os resíduos coletados podem passar por triagem para sua valorização, ou então ser encaminhados para tratamentos térmicos (ainda pouco difundidos para resíduos sólidos urbanos no Brasil), ou ainda para disposição final. Na coleta seletiva, os resíduos podem ser valorizados a partir de sua fração seca ou orgânica, e a fração considerada rejeito é encaminhada à disposição final, que pode ser feita em aterros sanitários ou controlados, ou em lixões. Quando são grandes as distâncias entre o centro de massa gerador e o local de disposição final, pode-se recorrer às estações de transferência ou transbordo de resíduos.

Entre os serviços de limpeza urbana prestados, os mais importantes ou recorrentes são os listados no Quadro 1, conforme

publicações acerca do assunto e diagnósticos nacionais; e e que serão detalhados nos tópicos que seguem.

Quadro 1 – Serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos praticados no Brasil

SERVIÇOS PÚBLICOS LIGADOS A RESÍDUOS NOS MUNICÍPIOS