Sexo

Quanto ao sexo, pudemos observar que o número de mulheres supera muito o número de homens (Tabela 1). Acreditamos que este resultado está fortemente relacionado aos tipos de atendimento mais buscados na Defensoria que, como veremos mais adiante, são em sua, em sua maioria, os relacionados a pensão alimentícia, visitas e guarda de filhos. Nesses casos, é comum que as mulheres recorram à justiça para que os pais das crianças paguem a devida pensão alimentícia. Por isso, a predominância das mulheres nos atendimentos da Defensoria.

Tabela 1 - Distribuição dos entrevistados da Defensoria Pública por sexo

Sexo Quantidade de atendidos por núcleo

Afogados Boa Vista Casa Amarela Cordeiro Pina Total Total (%) Feminino 38 44 33 36 39 190 65,5 Masculino 12 29 17 23 19 100 34,5 Fonte: Entrevistas realizadas pelo autor.

5.2.1.1.2 Faixa etária

Os dados coletados mostram que o maior percentual de atendidos acha-se na faixa etária composta entre 31 e 35 anos (22%). Entretanto, temos que considerar que uma faixa etária mais ampla representa mais da metade dos entrevistados (57%), a que se acha entre 21 e 40 anos; o que indica que as pessoas que mais buscam atendimento estão na população

considerada adulta. (Tabela 2). Isto acontece porque é nessa faixa etária da vida que as pessoas costumam enfrentar problemas de divórcio, separação e relativos à guarda de filhos e pagamento de pensão alimentícia.

Tabela 2 - Distribuição dos entrevistados da Defensoria Pública por faixa etária Faixa

etária (em anos)

Quantidade de entrevistados por núcleo

Afogados Boa Vista Casa Amarela Cordeiro Pina Total Total (%)

16 a 20 3 4 1 0 0 8 2,8 21 a 25 5 6 2 11 7 31 10,7 26 a 30 2 3 10 12 9 36 12,4 31 a 35 9 14 13 12 15 63 21,7 36 a 40 9 11 6 5 4 35 12,1 41 a 45 8 7 2 6 6 29 10,0 46 a 50 2 11 3 6 5 27 9,3 51 a 55 4 7 3 1 3 18 6,2 56 a 60 5 4 6 5 3 23 7,9 61 a 65 1 4 2 0 3 10 3,4 66 a 70 2 1 2 1 2 8 2,8 71 a 75 0 0 0 0 0 0 0,0 76 a 80 0 1 0 0 1 2 0,7 81 a 85 0 0 0 0 0 0 0,0 86 a 90 0 0 0 0 0 0 0,0

Fonte: Entrevistas realizadas pelo autor.

5.2.1.1.3 Grau de escolaridade

Os dados de escolaridade apontam para a confirmação da hipótese de vinculação entre o público atendido pela DP e as populações de alta vulnerabilidade social. As pessoas que não possuem o primeiro grau completo correspondem a 35% dos entrevistados. Se considerarmos essas e mais as que apenas possuem o primeiro grau completo, teremos 47% dos atendidos. Sendo assim, quase a metade dos entrevistados possui escolaridade até o primeiro grau. O percentual de atendidos que chegou até o ensino superior ou o concluiu corresponde a 9%, indicando que um maior grau de escolaridade representa, possivelmente, acesso a outros meios de solução de problemas que não a Defensoria Pública.

Tabela 3 - Distribuição dos entrevistados da Defensoria Pública por grau de escolaridade Grau de escolaridade Quantidade de entrevistados por núcleo

Afogados Boa Vista Casa Amarela Cordeiro Pina Total Total (%)

Não alfabetizado 2 0 2 0 2 6 2,1

Primeiro grau incompleto 14 31 14 21 20 100 34,5

Primeiro grau completo 6 11 8 5 5 35 12,1

Segundo grau incompleto 5 7 7 10 5 34 11,7

Segundo grau completo 17 18 15 20 23 93 32,1

Terceiro grau incompleto 3 2 1 2 0 8 2,8

Terceiro grau completo 2 4 3 1 2 12 4,1

Pós-graduação 1 0 0 0 0 1 0,3

Não informado 0 0 0 0 1 1 0,3

Fonte: Entrevistas realizadas pelo autor.

Apesar de quase metade dos entrevistados possuir baixa escolaridade, levando-nos à confirmação de nossa hipótese, é também relativamente alta a proporção de pessoas com ensino médio completo (32%).

5.2.1.1.4 Situação de emprego

Os dados sobre empregos referentes aos entrevistados revelam a situação de desemprego e informalidade que caracterizam o mercado de trabalho recifense. Apenas 33% dos entrevistados declararam estar empregados formalmente e apenas 7% estão na condição de aposentados. Tal fato demonstra que 60% dos entrevistados estão desempregados ou exercendo atividades informais, o que aponta para a necessidade de se pensar em soluções para essa situação em outras instâncias da sociedade.

Tabela 4 - Distribuição dos entrevistados da Defensoria Pública por situação de emprego Situação de emprego Quantidade de entrevistados por núcleo

Afogados Boa Vista Casa Amarela Cordeiro Pina Total Total (%)

Aposentado 2 5 6 3 3 19 6,6 Autônomo 9 10 7 10 12 48 16,6 Desempregado 9 20 9 13 10 61 21,0 Do lar 10 10 6 12 12 50 17,2 Empregado informal 0 0 0 0 2 2 0,7 Empregado 20 23 20 18 16 97 33,4 Serviços eventuais 0 5 1 3 3 12 4,1

Fonte: Entrevistas realizadas pelo autor.

5.2.1.1.5 Renda

Os dados sobre renda também indicam a confirmação da hipótese de que o público da Defensoria Pública está constituído de populações de alta vulnerabilidade social. 25% do total de entrevistados não auferem renda alguma, enquanto que 19% possuem rendimentos que não alcançam meio salário mínimo14, 24% têm renda que varia entre meio e um salário mínimo e 23% ganham de 1 a 2 salários mínimos. Em resumo, os dados apresentados demonstram que 91% das pessoas entrevistadas possuem rendimentos que não ultrapassam dois salários mínimos, caracterizando uma situação de acentuada pobreza e confirmando o perfil do público da Defensoria. (Tabela 5).

14 _{Durante a realização da pesquisa de campo, o salário mínimo chegava a apenas R$ 465,00 (quatrocentos e} sessenta e cinco reais); o que equivalia, na época a, aproximadamente, US$ 240,00 (duzentos e quarenta dólares).

Tabela 5 - Distribuição dos entrevistados da Defensoria Pública por faixa de renda Renda Quantidade de entrevistados por núcleo

Afogados Boa Vista Casa Amarela Cordeiro Pina Total Total (%)

Sem renda 14 17 11 14 15 71 24,5 Até 1/2 salário 7 16 4 13 14 54 18,6 De 1/2 a 1 salário 11 23 13 12 11 70 24,1 De 1 a 2 salários 15 11 15 12 14 67 23,1 De 2 a 3 salários 2 4 3 3 2 14 4,8 Mais de 3 salários 1 2 4 3 0 10 3,4 Não informado 0 0 0 2 2 4 1,4

Fonte: Entrevistas realizadas pelo autor.

5.2.1.1.6 Situação de moradia

Quanto à situação de moradia dos entrevistados que buscam os serviços da DP, os dados indicam uma situação que pode não refletir a situação da propriedade de fato. Apesar de termos 59% dos entrevistados alegando que suas moradias são próprias, é preciso considerar que, em Recife, a questão da regularização dos títulos das propriedades é um dos problemas sociais enfrentados pelas populações pobres da cidade. As pessoas consideram que suas residências são próprias (e, de fato, possuem este direito), entretanto, muitas vezes se trata de uma situação não-regularizada, algo que ainda precisa de solução.

Tabela 6 - Distribuição dos entrevistados da Defensoria Pública por situação de moradia Situação da moradia Quantidade de entrevistados por núcleo

Afogados Boa Vista Casa Amarela Cordeiro Pina Total Total (%)

Própria 22 41 33 36 39 171 59,0

Alugada 17 20 10 12 3 62 21,4

Outros 11 12 7 11 16 57 19,7

Fonte: Entrevistas realizadas pelo autor.

Tratando-se dos serviços da Defensoria Pública, é interessante lembrar que esta solução da propriedade da moradia passa pelo campo do Direito, pela possibilidade de uma solução judicial, ressaltando ainda mais a importância da atuação da referida entidade.