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Sexo: a porta para o divino.

Bhagwan,

Você poderia nos falar sobre como usar nossa energia sexual para crescer, uma vez que ela parece ser uma das nossas principais preocupações no Ocidente?

sexo é a energia. Portanto, não direi energia sexual — porque não existe nenhuma outra energia.

O sexo é a única energia que recebi. A energia pode ser transformada — pode tornar-se a energia mais alta. Quanto mais alto se move, menos a sexualidade permanece nela. E há um pico final, onde ela se torna simplesmente amor e compaixão. Podemos chamar o florescimento de energia divina, mas a base, a sede, permanece no sexo.

Portanto, o sexo é a primeira, a mais fundamental camada de energia — e Deus é a camada mais alta. Mas a energia que se move é a mesma.

A primeira coisa a ser compreendida é que eu não divido a energia. Uma vez dividida, uma dualidade é criada. Uma vez dividida, conflitos e lutas são criados. Uma vez dividida a energia, você fica dividido — então, está a favor ou contra o sexo.

Não sou a favor nem contra, porque não divido. Eu digo que o sexo é a energia, o nome da energia, chamo essa energia de X.

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Sexo é o nome dessa energia X, da energia desconhecida, quando você a está usando apenas como uma força de reprodução biológica. Ela é divina quando libertada de um limite biológico, quando se torna não física — então, ela é o amor de Jesus ou a compaixão de Buda.

O Ocidente está muito obcecado atualmente por causa do cristianismo. Dois mil anos de repressão cristã da energia sexual fez com que a mente ocidental ficasse muito obcecada por ela.

Primeiro, durante dois mil anos, a obsessão foi achar um modo de matá-la. Você não pode matá-la. Nenhuma energia pode ser morta — a energia só pode ser transformada. Não existe nenhum meio de destruir a energia. Nada pode ser destruído neste mundo, apenas ser transformado, mudado, instalado em um novo setor e dimensão. Destruir é impossível. É impossível criar uma nova energia, ou destruir uma energia antiga. A criação e a destruição estão ambas além de você. Não podem ser feitas. Atualmente, os cientistas concordam com isto — nem mesmo um único átomo pode ser destruído.

Por dois mil anos, o cristianismo esteve tentando destruir a energia sexual. A religião consistiu em tornar-se absolutamente sem sexo. Isto criou uma loucura. Quanto mais você luta, quanto mais reprime, mais sexual se torna. E então o sexo move-se mais fundo no inconsciente. Envenena todo o seu ser.

Portanto, se você ler a vida dos santos cristãos, verá que eles eram obcecados pelo sexo. Não podiam orar, não podiam meditar. O sexo entrava em qualquer coisa que fizessem. E eles pensavam que era o demônio que estava fazendo truques. Ninguém está fazendo truques. Quando você reprime, você é o demônio.

Após dois mil anos de contínua repressão sexual, o Ocidente tornou-se farto disso. Foi demais.

A roda inteira virou. Agora, no lugar da repressão, há indulgência; entregar-se ao sexo tornou-se a nova obsessão. De um pólo, a mente foi para o outro pólo. A doença continuou a mesma. Antes, o sexo foi reprimido. Agora, a obsessão é: como satisfazer-se cada vez mais com o sexo. Ambas as atitudes são doentias.

O sexo tem de ser transformado — nem reprimido, nem loucamente satisfeito. E o único meio possível para transformar o sexo é ser sexual com profunda consciência meditativa.

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É exatamente igual ao que eu estava falando a respeito da raiva. Mova-se no sexo, mas alerta, consciente, atento. Não permita que ele se torne uma força inconsciente. Não seja puxado nem empurrado por ele. Mova-se sabiamente, compreensivamente, amavelmente. Mas faça da experiência sexual uma experiência meditativa. Medite nela. Isto é o que o Oriente tem feito através do Tantra.

E uma vez que você se torne meditativo na experiência sexual, a qualidade dela começa a mudar. A mesma energia que estava se movendo na experiência sexual começa a mover-se para a consciência.

Num pico de orgasmo sexual, você pode tornar-se tão alerta quanto nunca seria de outro modo — porque nenhuma outra experiência é tão profunda, nenhuma outra experiência é tão absorvente, nenhuma outra experiência é tão total. Num orgasmo sexual, você fica totalmente absorvido, completamente enraizado — todo seu ser vibra, todo seu ser entra nisso. Corpo, mente — ambos entram. E o pensamento pára completamente. Mesmo que por um único segundo, quando o orgasmo chega a seu pico, o pensamento pára completamente, porque você fica tão total que não pode pensar.

Num orgasmo sexual, você é. O ser está lá, sem qualquer pensamento. Nesse instante, se você puder tornar-se alerta, consciente, o sexo tornar-se-á a porta para o divino. E, se nesse momento, você puder ficar alerta, essa atenção poderá ser mantida em outros momentos, em outras experiências também.

Ela poderá tornar-se parte de você. Então comendo, caminhando, fazendo algum trabalho, você poderá manter essa atenção. Através do sexo, a percepção toca seu âmago mais profundo. Ela o penetra. E você pode mantê-la.

Se você se tornar meditativo, virá a perceber um novo fato: que não é o sexo que lhe dá felicidade, que não é o sexo que lhe dá êxtase. Ou melhor, que é o estado da mente sem pensamento e o total envolvimento no ato que lhe dão sentimento da felicidade.

Quando compreender isto, então o sexo será cada vez menos necessário, porque esse estado da mente sem pensamento pode ser criado sem ele — é isto o que significa meditação. E essa totalidade do ser pode ser criada sem o sexo. Uma vez que você saiba que o mesmo fenômeno pode acontecer sem o sexo, ele será cada vez menos

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necessário. E um momento virá em que o sexo não será necessário de modo algum.