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3 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A AGRICULTURA NA REGIÃO DE TRÊS DE MAIO E ESPECIFICIDADES DA AGRICULTURA DE DOUTOR MAURÍCIO MAIO E ESPECIFICIDADES DA AGRICULTURA DE DOUTOR MAURÍCIO

4 DESEMPENHO ECONÔMICO E PRÁTICAS DE GESTÃO EM ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS NO MUNICÍPIO DE DOUTOR

4.1 Propriedades analisadas

4.1.6 Sexta propriedade analisada

A sexta propriedade de estudo possui menos de um módulo fiscal de área e depende basicamente da produção de grãos para gerar sua renda. Utiliza, no verão, principalmente a cultura da soja em maior parte da área e a cultura do milho entra como parte do cultivo, mas com objetivo de rotação de culturas dentro das áreas. No inverno, realiza o cultivo do trigo.

O produtor já possui idade superior a 50 anos, estando próximo à aposentadoria. Como as áreas são mecanizadas e o produtor possui apenas um trator e alguns equipamentos velhos, realiza somente algumas etapas de manejo das culturas com seus próprios equipamentos,

como a aplicação de agrotóxicos. Mas para a grande maioria das atividades utiliza terceiros, a exemplo do plantio e colheita, para ter melhor eficiência e pelo elevado valor necessário para aquisição de máquinas novas, fator esse não mais possível nesta propriedade. Este produtor utiliza terceiros para realizar essas atividades, pagando valores fixos por hora trabalhada para o plantio, e percentual quando da colheita.

Adota níveis médios de tecnologia com sistema de plantio direto, adubação mediana. Como consequência, as produtividades não são as maiores da região. Busca orientação junto à cooperativa com a qual realiza todas as atividades de compra e venda dos insumos e da produção. Por ser apenas o casal já com idade superior a 50 anos, a esposa já aposentada, o mesmo não realiza outras atividades que necessitem de grande demanda de mão-de-obra, em função da força física e por que querem ter tempo para visitar as filhas que já estão morando na cidade.

Quanto ao sistema de gerenciamento, este produtor possui perfil bastante seguro, preferindo não realizar grandes investimentos. Trabalha com segurança, preferindo sempre ter soja estocado para poder comercializar quando necessário. Como possui um custo baixo de manutenção por ainda produzir grande parte dos alimentos para sua subsistência, todos os valores que sobram deixa como reserva para uma eventualidade, mesmo não conhecendo ou utilizando ferramentas gerenciais e não havendo grandes desejos de acúmulo de capital. Assim, construiu uma estabilidade econômica. Conforme o gráfico 9 da propriedade seis.

Gráfico 9: Participação das atividades na composição da Renda Agrícola da Propriedade 6 – 2012.

Fonte: Elaboração própria a partir da pesquisa de campo (2012.

Nesta análise, única propriedade investigada que não possui a atividade leiteira, mas apenas produção de grãos, evidencia-se que a menor renda por unidade trabalho, não atingindo os níveis mínimos necessários para a reprodução social da família. Provavelmente a manutenção da família só se dá pela complementação da renda oriunda da aposentadoria de um dos integrantes e pela proximidade do beneficio da aposentadoria a ser alcançada pelo outro membro familiar, beneficio esse destinado aos segurados especiais, que são agricultores familiares que têm os critérios atingidos.

A expectativa da aposentadoria faz com que os níveis de investimentos em outras atividades, principalmente aquelas que necessitam de maior utilização de mão de obra, não sejam realizados nessa propriedade. Há a tendência de que a propriedade, num futuro próximo, seja destinada a arrendamento para terceiros, fato esse bastante comum na região de estudo.

Tabela 7: Síntese comparativa de resultados econômicos das unidades de produção - Doutor Maurício Cardoso – 2012 Unidades de Produção ÁREA UTIL VBP TOTAL CI TOTAL GNP TOTAL VA TOTAL Propriedade 01 148,0 810.285,60 312.802,47 33.496,00 463.987,13 Propriedade 02 42,0 206.190,00 117.504,00 34.500,00 54.186,00 Propriedade 03 18,4 89.056,05 45.101,43 11.498,05 32.456,57 Propriedade 04 10,0 83.820,00 37.121,00 5.118,95 41.580,05 Propriedade 05 14,6 49.507,00 21.869,62 7.337,93 20.299,45 Propriedade 06 18,0 49.440,00 33.625,36 5.000,00 10.814,65 Unidades de Produção Distribuição VA RENDA

TOTAL UTF SM/UTF RA/Há

Propriedade 01 109.475,26 356.751,87 3,0 13,1 2.410,49 Propriedade 02 7.310,77 46.875,23 2,0 2,6 1.116,08 Propriedade 03 2.048,29 30.408,28 3,0 1,1 1.652,62 Propriedade 04 1.828,96 39.751,09 1,5 2,9 3.975,11 Propriedade 05 1.031,71 19.267,74 2,0 1,1 1.319,71 Propriedade 06 1.137,12 9.677,53 2,0 0,5 537,64

Verifica-se que o valor agregado (VA) na propriedade 1 é superior às demais. Quanto à distribuição do VA, que ocorre pelo número de unidades de trabalho, nota-se que o valor passa dos 100 mil reais, fazendo com que a participação seja fundamental e a contribuição significativa para o desenvolvimento da região.

Nesta mesma análise, a Renda Agropecuária (RA) por ha é superior na atividade da propriedade 4, em função da presença da suinocultura. Mas, mesmo dessa forma, a distribuição da valor agregado é reduzido na comparação.

A atividade leiteira, mesmo não individualizada na tabela 5, tem contribuição determinante no aumento da renda por área em todas as cinco propriedades rurais, facilmente comprovado em comparação com a propriedade 3, que só tem produção de leite, com a propriedade 6, que só tem de grãos, repercutindo na análise do VA, que é bastante superior nesse caso e em todas as situações em que ocorre a presença da produção leiteira, quando comparada com a produção de grãos.

Na tabela 6, análise de todas as propriedades investigadas, percebe-se que na propriedade 1 a renda por unidade de trabalho familiar tem crescimento maior em função da maior área explorada. Já propriedade 4 ocorre a maior retorno por área utilizada, em função da renda da suinocultura que ocupa pouca área. A propriedade 6 possui o menor desempenho por área, tendo baixa renda total da família. Mesmo possuindo baixo custo da operações, o resultado e menor é do nível de reprodução social.

Gráfico 10: Participação das atividades na composição da Renda Agrícola da Propriedade 1,2,3,4,6 6 – 2012.

Fonte: Elaboração própria a partir da pesquisa de campo (2012)

A propriedade 2 é a que possui o menor desempenho e que pode ser comparada à propriedade 1, não utilizando de forma mais efetiva os equipamentos, máquinas e estrutura existente, fazendo com haja necessidade de expandir áreas de cultivos, nitidamente observado na região, onde muitas propriedades estão necessitando arrendar áreas de terceiros, para conseguir viabilizar a estrutura disponível.

No gráfico 10, constata-se que a propriedade 6 tenderá a arrendar áreas para terceiros e dessa forma poderá ter mais renda que cultivando área, viabilizando algumas propriedades e concentrando o cultivo em poucas famílias.

A propriedade 5 que trabalha com a cultura do fumo e leite, atividade que geram boas rendas por áreas na comparação com demais propriedades figurando com baixo nível de renda por unidade familiar, se deve provavelmente pelos baixos índices de eficiência na produção. Desenhando uma situação das propriedades com áreas menores, com dificuldades de cultivos e de uso da tecnologia, se não conseguirem arrendar, com valores maiores, para os produtores que procuram áreas de fácil mecanização para cultivar grãos e por não terem sucessores que possam cultivá-las, essas propriedades tendem a deixar de existir.

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