• Nenhum resultado encontrado

Observemos agora as funções e o significado do amor nos planos biológi- cos mais elevados, onde tudo e também ele se transforma com a ascensão do plano vital.

Em face das graves afirmações de Freud, hoje em moda, segundo as quais a sexualidade constitui a base da personalidade e qualquer forma de amor não passa de uma extensão direta oriunda do amor sexual, propomos as perguntas que se seguem: dado que o amor dos místicos apresenta características de afi- nidade com o amor sexual, do qual conserva, a maioria das vezes, até as ex- pressões, existirá realmente parentesco entre as duas formas e por que? Que relação haverá entre elas? Será o misticismo uma forma patológica ou mesmo supranormal do amor sexual? Entendemos aqui por misticismo aquele fenô- meno que não pertence somente ao cristianismo, mas às religiões, ou melhor, à vida, através do qual um indivíduo isolado experimenta em si, como fenômeno vital presente, a imanência do divino, do transcendente. Queremos aqui falar do misticismo verdadeiro, fenômeno biológico real, e não de certos pseudo- misticismos, que podem dar razão a Freud. Esse misticismo verdadeiro é algo que a ciência deve encarar com seriedade. Ele é tão sério, que, no dia em que os problemas a ele atinentes tiverem passado do campo teológico, religioso e especulativo ao cientifico, objetivo e racional, poder-se-á dizer que o materia- lismo científico terá ruído.

Aceitamos a orientação dos psicanalistas freudianos que, no estudo da per- sonalidade, emprestam grande valor ao elemento sexual. Mas teremos o direito de exagerar, como eles fazem, a importância desse elemento, a ponto de defi- nir o místico como um grande amoroso que, por involuntária ou imposta re- núncia, vendo cerradas as vias normais do desafogo erótico, busca satisfazê-lo anormalmente pelos atalhos do misticismo, que assim se reduz a um sub- rogado sexual? Sem dúvida, o misticismo casa-se mal com a frigidez dos sen- timentos, pois representa o desenvolvimento da potência do coração, em polo oposto ao da razão. O fato de que os místicos poderiam ter sido grandes amo- rosos também no plano sexual, fez pensar que eles não hajam sido senão libi- dinosos frustrados. Acreditou-se então poder colocar o fator sexual na base do fenômeno místico e do seu desenvolvimento, podendo-se assim contrapor à sexualidade normal uma sexualidade mística, interpretada esta como um des- vio, isto é, como uma sexualidade malograda e deformada.

O problema que nos propomos aqui é este: será patológico o caso do místi- co, será um desvio degenerado do normal, um sub-rogado qualquer compensa- tório e de valor inferior, ou realmente é uma verdadeira e própria tentativa de evolução que a natureza, em dadas circunstâncias e certos casos, realiza para chegar, através de uma superação biológica, a formas mais evoluídas de sentir e de amar? É certo que misticismo e renúncia, na realidade, associam-se como que ligados por uma mesma lei, pois as duas formas de amor, o sexual e o mís- tico, parecem rivais e com tendência a se excluírem reciprocamente. Mas o problema está em estabelecer se a renúncia, ao invés de ser a causa, não seja senão o efeito do misticismo. Sem dúvida, o amor é um dos impulsos funda- mentais da vida, e sabemos também que a natureza, grande e ecônoma, não desperdiça nada, utilizando tudo. Assim como ela utiliza a própria moléstia para robustecer e imunizar, poderia também utilizar a renúncia, derivada de qualquer causa, para elevar as manifestações do amor e, assim, em tempera- mentos mais adaptados pela maturidade biológica, tentar uma sublime ascen- são a nível superior, utilizando o desafogo não empregado no plano sexual animal para dirigir o seu impulso em demanda de vias mais elevadas. Dada a potência criadora do amor e a grande importância do fenômeno evolutivo, não é verossímil que a sabedoria da natureza se deixe tão facilmente fraudar em face do cumprimento dos seus maiores objetivos, que são: criar, conservar, evoluir. Assim, não é verossímil também que, antes de recair em uma distor- ção patológica, ela não tente abrir caminho às suas forças e saída aos seus im- pulsos maiores por vias superiores, realizando-se igualmente ao ensinar a amar em formas biológicas mais evoluídas.

Ora, entre fazer da renúncia um fato concomitante ao misticismo e dela fa- zer a causa deste, ocorre uma imensa distância. É verdade que a natureza pode utilizar a renúncia para auxiliar no desenvolvimento místico. Mas a renúncia apenas não basta para criar o místico. A elasticidade dos instintos, que faculta a adaptação, tornando suportável a substituição e a transposição de objetos, é limitada. Visto que os instintos têm um fim a atingir e se veem dessa maneira fraudados na consecução deste, o desvio do impulso não pode superar um cer- to grau de deformação, quaisquer sejam as necessidades impostas pela adapta- ção. Estas formas derivadas se conhecem por características de semelhança, mas de uma semelhança tendente à degenerescência, e não à superação no sublime. Não nos induza essa semelhança a erro, fazendo-nos confundir o anormal com o supranormal. A faculdade de adaptação não nos autoriza a

acreditar possível um salto, como o que seria necessário para superar o abismo que separa o amante carnal do amante místico. Amar espiritual e altruistica- mente a Deus e, em Deus, o próximo, é muito diverso de amar sexual e egois- ticamente a um semelhante. Se existem afinidades, é porque o amor no univer- so é uno. Mas elas não bastam para fundir os dois fenômenos. Em verdade, a escala evolutiva é a mesma e tudo é unitário em um universo monista, mas a distância que existe entre a fase humana e a fase sobre-humana é grande de- mais para ser superada simplesmente pelo impulso de um desejo insatisfeito. No misticismo, não atua apenas o elemento negativo de renúncia, mas age um elemento positivo que se distancia do mundo sexual, na inversão dos valores, e que está implícito em tal superação. No indivíduo há um fato evolutivo novo, uma maturidade que o eleva e potencia. A renúncia poderá ser um fato conco- mitante colateral ou mesmo uma negação inferior, necessária para que possa agir a superação. Mas daqui a ser ela a causa determinante do misticismo vai muita distância. É muito mais lógico admitir o contrário, isto é, que a renúncia se una ao misticismo no quanto este estado representa um tal esforço evoluti- vo, que absorve por si só todas as possibilidades do indivíduo. No gênio, como no santo, que tanto se assemelham ao místico, vemos que a vida, que neles cumpre um trabalho excepcional supranormal, submete os fins da reprodução e da sexualidade aos seus maiores objetivos criadores.

Para poder julgar um ser é necessário compreendê-lo, e, para compreendê- lo, é necessário saber viver no seu grau de evolução. Ora, a ciência e o pensa- mento humano da atualidade têm como tipo biológico modelo o involuído de hoje, possuidor de insensibilidade ilimitada e animado por instintos animais. A moderna orientação materialista e utilitária não pode conceber outro super- homem que não seja o de Nietzsche, isto é, o superbruto, egoísta, violento e antissocial. Tudo depende da forma mental e da medida com que se julga. É natural que o materialismo freudiano não possa ver no homem senão o animal. É certo também que, num mundo assim, o super-homem do espírito não possa deixar de aparecer como um anormal, um degenerado. Para julgar, faz-se mis- ter ter compreendido o pensamento da lei que rege o universo e os fins da vida. Que o escopo desta seja evoluir, é também uma hipótese que corresponde à observação e satisfaz a lógica das coisas e a razão humana. É lógico que, se existem seres que se movem em fase animal, no campo das leis da fome e do amor, ocupando-se somente das funções vegetativas da conservação individual e coletiva, podem existir igualmente indivíduos que se movem no campo das

leis da evolução, ocupando-se da função de progredir. Eis o herói, o gênio, o mártir, o santo, o místico, o super-homem do espírito, o precursor da evolução, o pioneiro do progresso, tipo biológico que não é o produto de um tempo, de um lugar, de um povo ou de uma religião, mas é universal, como produto da vida.

Tudo depende, pois, do ponto de observação e consequente perspectiva. Pa- ra o homem involuído atual, que se coloca como modelo da vida, a sublimação das próprias qualidades não parece ter muita importância, enquanto que tem muitíssima para o homem que dele começa a destacar-se por evolução. Exis- tem dois modos de ver as coisas: observando-se da Terra, isto é, evolutivamen- te de baixo para cima; ou observando-se do céu, isto é, de cima para baixo. No primeiro caso, seremos levados a desprezar, relegando o fenômeno ao campo patológico e anormal. No segundo caso, admirar-se-á o grau de sublimação a que o misticismo conseguiu levar, fazendo-os evoluir, os primitivos impulsos biológicos do instinto bestial. É natural que a visão egocêntrica que coloca o homem atual como produto e modelo de vida, faça que ele considere um afas- tamento desse tipo, ainda que determinado pela evolução, como um desvio encarado com desconfiança, sem interesse, quando não o seja com menospre- zo. É natural também que, da posição biológica do mais evoluído, as coisas pareçam bem diversas e se olhe o homem atual com piedade, como a um pobre ser inferior que não suspeita ainda que infinitas possibilidades contém o seu futuro desenvolvimento. Por isso os problemas do místico, para ele fundamen- tais, não podem interessar à maioria, que se aflige com a explicação do futuro e da evolução, coisas para ela distantes em face do homem atual. Este, todavia, não poderia negar que à vida também deve interessar a evolução, pois que, se ela efetivamente produz indivíduos com tal função precípua, quer dizer isto que esses indivíduos são igualmente indispensáveis ao trabalho do conjunto.

Mas nos levaria muito longe o desenvolvimento desses conceitos. Devemos aqui, pois, concluir o aspecto atual. Se o amor universal é o fenômeno que liga sexualidade e misticismo e nos permite estabelecer as relações que vigoram entre eles, com isto se estabelece a imensa distância evolutiva que os separa. Se é certo que eles sejam duas formas do mesmo amor universal, importa, no entanto, reconhecer em que grau diverso estejam pela pureza, alegria e potên- cia. Isto nos diz também que os dois fenômenos podem ser comunicantes e entre si se influenciarem, mas também que esse parentesco distante, que de resto existe em todas as formas da vida, não basta para passar do amor sexual

ao amor místico. Para se chegar a este, faz-se mister uma maturação evolutiva, a manifestação de qualidades novas, na verdadeira catarse biológica, uma su- peração de si mesmo. No misticismo, se existem lembranças da sexualidade, há infinitamente algo mais. Isto verificado, a orientação freudiana é absoluta- mente inadequada para explicar um semelhante nascimento, fazendo que o mais surja do menos. Somente o fenômeno sexual não é causa suficiente para determinar o verdadeiro fenômeno místico. Se só bastasse uma forte sexuali- dade, por mais contrariada que fosse, para gerar e explicar o fenômeno místi- co, os casos de misticismo seriam muito mais frequentes. A maior parte dos que renunciam forçadamente encontram uma compensação bem diversa, des- viando-se para o patológico e para o anormal. O verdadeiro misticismo só é atingido pelas almas eleitas. Milhões que renunciam isolam-se nos conventos ou alhures no mundo, mas quantos deles se tornam verdadeiros místicos? A maior parte dos exuberantes nem ao menos pensa nisto. O tipo biológico nor- mal imaturo, em tal caso, ou se rebela destroçando os freios, ou se adapta à deformação do instinto, ou enlouquece e se suicida. Para poder atingir o su- blime, para tornar-se um santo, devem interferir elementos bem diferentes, que de modo nenhum pertencem à sexualidade própria do plano animal humano. Para se atingir biologicamente tão alto, faz-se mister coisa bem diferente de uma deformação do tipo biológico normal! Para se conseguir viver a vida do tipo biológico supranormal, não são suficientes exuberância e renúncia, mas é necessário ter-se percorrido a longa via que conduz à própria maturação. É necessário ser evoluído, e não involuído.

XXVII. POR QUE AMOR É ALEGRIA

Que significado tem a alegria na vida? O que é o amor e por que ele, em qualquer grau evolução, desde a forma sexual até à mais elevada, no misticis- mo, é prazer? Que relação há entre as duas formas? Pode esta pergunta nos levar à descoberta do seu denominador comum, se é que ele existe? Será o amor talvez o grande motor da vida? E, em grau evolutivo mais ou menos ele- vado, trata-se sempre do mesmo amor? Como evolve e a que tende esse amor universal que alcança a Deus? Como pode ele permanecer em prazer quando ainda se nos apresenta como renúncia a qualquer alegria terrena, como dor e negação da vida animal normal? Como pode ele permanecer criação e subli- mação, ainda quando, humanamente, pareça destruição e insucesso?

Respondamos a estas interrogações. É indiscutível que a vida procure a ale- gria. Por que? Porque ela foi criada para isto, indicando a alegria onde está o bem. O bem é caracterizado pelo nível da alegria; o mal, pelo indício da dor. Alegrias momentâneas e fictícias poderão induzir-nos a erros, mas se elas mascaram o mal, logo descobrimos a dor de que são feitas. Alegria existe em tudo o que evolui, que caminha para Deus, que é o supremo bem. A vida é feita para evoluir, ainda que o faça através da dor, para uma alegria cada vez maior. Todas as vezes que seguimos a lei de Deus, semeamos a alegria, ainda quando dela nos separe um abismo de provas e de dores. Todas as vezes que agimos contra a lei de Deus, semeamos para nós mesmos a dor, ainda que dela estejamos separados por um mar de vantagens e de prazeres. Assim, há o pra- zer da mesa, que nos diz que se deve nutrir o corpo porque ele deve viver. Um pouco mais acima está o prazer sexual, que nos diz que é necessária a reprodu- ção, porque a espécie deve viver. Mas há ainda, muito mais acima, o gozo do trabalho e do pensamento, que criam, o gozo do espírito e da ascese, para nos indicar que se deve progredir, porque o homem não necessita apenas viver e multiplicar-se, mas também evoluir. A cada fim a ser atingido, a Lei propõe um gozo adequado. Cada coisa em seu lugar, segundo uma hierarquia funcio- nal, que guia as nossas ações. Mas observemos ainda. Se o homem possui uma consciência relativa, racional, refletida, transitória, limitada e adaptada aos escopos da vida e à evolução, é um fato que o universo funciona regido por um outro pensamento, que o homem mal conhece, lei absoluta, eterna, iluminada, divina. A mente humana, de fato, não guia o universo, que sabe muito bem funcionar por si mesmo. Ao contrário, a mente do universo guia o homem,

sem que este o sinta, e, onisciente e onipresente, está de tal forma inculcada em cada ser, que nada viveria sem ela. É um fato que a mais simples das célu- las do nosso corpo sabe executar, à nossa revelia, tais milagres de bioquímica, que nós não apenas somos incapazes de reproduzir, mas nem ao menos conse- guimos conhecer e compreender. Uma pequena célula é mais sábia do que o maior dos cientistas. Essa consciência do universo aparece no homem sob forma instintiva, não refletida, intuitiva, não racional. A consciência humana está ligada aos sentidos e constitui um sistema, um esquema lógico, uma for- ma mental em que o homem se encontra encerrado. É o seu corpo mental. Ora, quando, por maturação evolutiva, o eu consegue ultrapassar esses confins, penetrando, ainda que por pouco, a consciência universal, isto também, en- quanto é superação, distensão e expansão em uma vida maior, constitui ale- gria. Esta, repetimos, é índice de bem e de ascensão. Tudo na vida é uma con- tínua luta entre a necessidade de conservação, que preside o instinto do egoís- mo, e a necessidade de expansão, que preside o instinto altruísta do amor. Po- der libertar-se da acanhada consciência individual, para entrar no imenso consciente universal, que para o homem se encontra no inconsciente, poder senti-lo e atingi-lo, representa tocar o sobre-humano, avizinhando-se de Deus. Correspondendo isto aos mais elevados fins da Lei, que é progredir para o Al- to, constitui também a maior alegria do ser.

Isto só se consegue por meio do amor. Mas compreendamos bem, amor em seu significado maior, o amor universal, que caminha da forma sexual à místi- ca, até atingir Deus. Não é o racional cálculo egoísta, mas sim o abandono cego a Deus, a submissão à vida, que nos abrem as portas a esses contatos com o infinito e às alegrias que dele derivam. O fundo do supremo gozo místico, como de qualquer amante terreno, reside em se deixar ser absorvido além de qualquer lógica de interesse individual e submergir-se no abismo divino, por mais irracional que possa parecer um tal naufrágio do egoísmo. Mas por que motivo, se é o eu que preside à conservação, é tão doce renegá-lo e por que é tão agradável à mente humana perder-se na contradição, no irracional? Em todo grau de amor, será tanto maior o gozo quanto maior for a renúncia ao egoísmo. Eis que, no fundo de todo amor, do sexual ao místico, existe o mes- mo motivo de renúncia. A razão está no fato de que a alegria é dada pelo evol- ver, subindo para Deus, que é amor, e isto não se pode obter senão pelas vias do amor, que, se, de um lado, é jubilosa expansão altruísta, é também, por ou- tro lado, o oposto do egoísmo, negação de si mesmo, renuncia. Todas as vezes

que nos entregamos, superando as barreiras do egoísmo, a lei de Deus nos aprova e no-lo diz, compensando-nos com uma alegria íntima. Isto é verdade para qualquer nível, do amor sexual ao amor místico. Então o eu se perde e a vida triunfa. O eu acredita então morrer, mas na verdade renasce na sua expan- são, nos filhos ou no espírito, pois que Deus dá a quem dá, e nega a quem ne- ga. Ao sacrifício e ao gozo segue-se a criação, multiplicação material ou espi- ritual, que é manifestação de Deus. O princípio é único. Eis o denominador comum dos dois fenômenos entre si tão distantes: amor. Tanto num caso como no outro, a alegria é dada pela mesma expansão, ainda que em forma e graus diversos, na mesma adesão à lei divina de amor, que é base da vida. Então fala, além da consciência humana, a divina consciência universal, constituin- do-se, sem que o homem o saiba, na sua própria consciência, indo além da razão, do cálculo egoísta e dos interesses da sua conservação, até mesmo se opondo a eles. Essa superação, esse abandono a um inconsciente instintivo, em que opera uma outra consciência mais elevada, que nos escapa, esse extrava- samento além dos confins do egoísmo, para viver no todo e para o todo, repre- senta o sacrifício que está conexo ao amor, pois o sacrifício cria em qualquer nível e, sem ele, não existe nem verdadeiro amor nem gênese. É isto que pro- voca o delíquio da alma. Eis também por que motivos encontramos nestes dois fenômenos, da sexualidade e do misticismo, os mesmos elementos, ou seja, amor, sacrifício e gozo.

Enquanto o egoísmo contrai e disseca, o amor dilata e cria. O primeiro, se impelido além da função conservadora, inverte-se em forma destruidora. As- sim, compreende-se como o amor determina a inversão dos valores estabeleci- dos pelo egoísmo, como o amante possa esquecer a si mesmo em favor do ente amado e como o místico possa viver de renúncia. Então a perda se torna ga- nho, ordenar se transforma em obedecer e o inconsciente triunfa. A vida passa a uma fase evolutiva mais alta, e a lei de conservação do eu se sacrifica para que vença a lei do ensimesmamento em um outro ser. Deus é unidade e tudo