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4 SISTEMAS DE CUSTEIO

No documento CONTABILIDADE GERENCIAL (páginas 33-41)

A contabilidade de custos é uma das áreas utilizadas pela contabilidade ge-rencial como ferramenta para o fornecimento de dados e informações que permi-tam a tomada de decisões. Assim, as informações de custos geradas pela con-tabilidade de custos são também utilizadas pela concon-tabilidade gerencial para o auxílio na tomada de decisões. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2017, p. 8),

“A contabilidade de custos, cuja função inicial era fornecer ele-mentos para avaliação dos estoques e apuração do resultado,

passou, nas últimas décadas, a prestar duas funções muito im-portantes na contabilidade gerencial: a utilização dos dados de custos para auxílio ao controle e para a tomada de decisões. É hoje, talvez, a área mais valorizada no Brasil e no mundo. [...].

Fornece importantes informações na formação de preços das empresas”.

Além disso, Martins (2003, p. 15) reforça que “a Contabilidade de Custos acabou por passar, nessas últimas décadas, de mera auxiliar na avaliação de es-toques e lucros globais para importante arma de controle e decisão gerenciais”.

Portanto, a contabilidade de custos é uma das ferramentas utilizadas pela conta-bilidade gerencial para que a organização e seus gestores possam obter dados e informações de custos que auxiliem no processo de planejamento, de controle e também na tomada de decisões. Dessa forma, ela permite “o estabelecimento de padrões, orçamentos ou previsões e, a seguir, acompanhar o efetivamente acon-tecido com os valores previstos” (CREPALDI; CREPALDI, 2017, p. 8), gerando informações de custos para as etapas de planejamento e controle.

Adicionalmente, ela também pode auxiliar na tomada de decisões organiza-cional. Em termos da tomada de decisão, os dados fornecidos pela contabilidade de custos podem ser úteis para as seguintes tomadas de decisões, por exemplo:

“1. Se a capacidade de produção da fábrica é insufi ciente para atender a todos os pedidos dos clientes, qual produto ou linha de produtos deve ser cortado?

2. Como fi xar o preço de venda de um produto?

3. Deve-se continuar comprando matérias-primas de terceiros ou interessa fabricá-las na empresa?” (CREPALDI; CREPAL-DI, 2017, p. 8-9).

Neste sentido, a contabilidade de custos “coleta, classifi ca e registra os da-dos operacionais das diversas atividades da entidade, denominada-dos de dada-dos in-ternos, bem como, algumas vezes, coleta e organiza dados externos” (LEONE;

LEONE, 2010, p. 6), de modo a transformar tais dados em informações que pos-sam ser úteis para a organização e seus gestores quanto ao processo de gestão.

Uma das principais funções da contabilidade de custos no âmbito gerencial é a identifi cação do custo dos produtos, isso porque “o conhecimento dos custos é vital para saber se, dado o preço, o produto é rentável; ou, se não rentável, se é possível reduzi-los (os custos)” (MARTINS, 2003, p. 15). Neste ponto, temos que a informação acerca dos custos dos produtos apresenta importância tanto em termos de gestão organizacional, no sentido de conduzir à sustentabilidade e continuidade da organização, mas também, em termos sociais, pois poderá ser um direcionador do preço dos produtos ofertados por uma empresa.

Adicionalmente, Frezatti et al. (2011, p. 82-83) mencionam que as informa-ções geradas pela contabilidade de custos são necessárias e úteis para as orga-nizações no que concerne:

“Elaborar demonstrações contábeis no âmbito da Contabilida-de Financeira, Contabilida-destinadas para usuários externos, tais como acionistas, credores, governo etc. Trata-se, aqui, fundamental-mente, de utilizar os valores dos custos dos produtos para ela-borar o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e outras demonstrações contábeis exigidas por lei ou requeridas por práticas de boa governança corporativa.

Elaborar demonstrações contábeis no âmbito da Contabilidade Gerencial, para fi ns de:• estabelecer metas de custos e resul-tados em relação a produtos, unidades de negócio etc.;• avaliar o desempenho dos vários membros da organização responsá-veis pelos produtos ou unidades;• gerenciar preços;• gerenciar a capacidade;• otimizar processos e atividades;• introduzir ou eliminar produtos ou linhas de produtos;• transformar produtos e clientes defi citários em lucrativos;• revisar o posicionamento estratégico em relação a certos produtos e clientes etc.”.

Neste âmbito, a contabilidade de custos fornece informações para a conta-bilidade fi nanceira acerca dos custos dos produtos registrados em estoque, por exemplo, mas também à contabilidade gerencial, no que tange o planejamento, o controle e a tomada de decisões.

Você já parou para pensar sobre os processos de produção? Se considerássemos uma empresa que produz apenas um único pro-duto, talvez pensar em analisar custos dos produtos ou utilizar os sistemas de custeio para a identifi cação destes custos não fosse im-portante, afi nal todos os custos de produção estariam relacionados a este único produto. Porém, você conhece alguma empresa que pro-duz um único produto ou serviço? Pois é, considerando que a maior parte (ou talvez todas) as empresas produzem diversos produtos e serviços ao mesmo tempo, a discussão e a gestão acerca dos custos dos produtos torna-se extremamente importante.

Portanto, para uma organização, a implementação de uma área de custos poderia ser importante tanto para a contabilidade fi nanceira, no auxílio ao controle e a gestão de estoques, mas também, para a contabilidade gerencial e a gestão da organização como um todo. Portanto, perceba que a contabilidade de custos

se relaciona não apenas com uma área da contabilidade, mas com a fi nanceira e a gerencial. A Figura 13 evidencia esta relação.

FIGURA 13 – RELAÇÃO ENTRE CONTABILIDADE DE CUSTOS E DEMAIS ÁREAS

FONTE: Martins (2003, p. 15)

Neste ponto, vale destacar que a contabilidade de custos pode se concentrar, de acordo com as necessidades e características da organização, em identifi car não somente o custo dos produtos, mas também de departamentos e atividades, de forma a auxiliar no controle da organização de modo global, incluindo suas uni-dades operacionais e ativiuni-dades realizadas na empresa, permitindo uma gestão quanto ao custo de manutenção de cada departamento ou, ainda, de cada uma das principais atividades realizadas na empresa.

Para que a apuração dos custos seja realizada pelas empresas, estas neces-sitam de um sistema de custeio que, segundo Crepaldi e Crepaldi (2017, p. 13) servem para três funções principais:

“• avaliar estoques e medir os custos dos bens vendidos para a geração de relatórios fi nanceiros;

• estimar despesas operacionais, produtos, serviços e clientes; e

• oferecer feedback econômico sobre a efi ciência do processo a gerente e operadores.

A primeira função decorre das necessidades de fatores exter-nos à empresa: investidores, credores, reguladores e autorida-des tributárias. Os procedimentos para geração de relatórios fi nanceiros externos são regidos por diversas regras e regula-mentações defi nidas por legisladores, órgãos governamentais, órgãos privados e sociedades contábeis públicas. A segunda e a terceira funções surgem das necessidades de compreensão e aperfeiçoamento, por parte dos gerentes internos, dos aspectos econômicos inerentes a suas operações”.

Portanto, um sistema de custeio permite que a empresa não apenas identi-fi que o valor dos estoques, mas também, fornece outras informações que podem ser úteis para a sua gestão.

Para que você entenda o que é um sistema de custeio, primeiro é necessário entender o que vem a ser o processo de custeio. Dessa forma, “o custeio repre-senta um elemento essencial das atividades de contabilidade gerencial de uma empresa. O custeio trata de estabelecer as despesas usadas por um produto, um grupo de produtos, uma atividade específi ca ou um conjunto de atividades da empresa” (CREPALDI; CREPALDI, 2017, p. 107). De forma mais simplifi ca-da, “custeio signifi ca apropriação de custos” (MARTINS, 2003, p. 24). Portanto, o custeio representa a transferência, alocação ou apropriação dos custos incorridos pela empresa diretamente a um determinado produto, ou a um departamento ou atividade da organização, permitindo a identifi cação do custo total do produto. Se-gundo Leone e Leone (2010, p.12):

“esse custo total se destina, entre outros fi ns, a determinar a rentabilidade de cada atividade, a avaliar os elementos que compõem o patrimônio e a compor uma informação signifi cati-va no auxílio à decisão de estabelecer os preços de venda dos produtos ou dos serviços”.

Portanto, a partir da informação do custo total, a empresa pode utilizá-lo para tomar decisões em relação aos aspectos organizacionais em termo da gestão de custos e dos produtos. No entanto, como mencionado anteriormente, para chegar ao custo total de um determinado produto é necessário que a empresa utilize algum sistema ou método de custeio, seguindo um processo de atribuição de custos.

Segundo Padoveze (2010, p. 341), os sistemas ou métodos de custeio são “o processo de identifi car o custo unitário de um produto, partindo dos custos diretos e indiretos”. Então, temos que os sistemas ou métodos de custeio relacionam-se com a forma com a qual será feito o custeio dos produtos, sendo a adoção de um determinado método uma escolha da empresa. Essa escolha quanto a um de-terminado método de custeio deverá ser feita considerando as necessidades da organização e de seus usuários, bem como as características das suas atividades e da sua operação, de forma a proporcionar a melhor informação possível para o planejamento, o controle e a tomada de decisões (LEONE; LEONE, 2010).

Dessa forma, percebemos que, para que a empresa consiga identifi car os custos de produção de seus produtos ou serviços, é importante que ela tenha um sistema ou método de custeio, podendo utilizar a informação do custo total para o registro de seus estoques, mas, principalmente, para a gestão da organização.

Além disso, por meio de um sistema ou método de custeio, a empresa pode obter informações que vão além do custo do produto, permitindo uma gestão mais ampla.

Neste aspecto, você irá se familiarizar com dois sistemas ou métodos de custeio:

custeio por absorção e custeio baseado em atividades (ABC), que serão tratados de forma superfi cial neste capítulo e de forma mais aprofundada no Capítulo 3.

No método ou sistema de custeio denominado de custeio por absorção, todo os custos serão atribuídos aos produtos. Assim,

“O custeio por absorção consiste na apropriação de que todos os custos incorridos no período serão absorvidos pela produ-ção realizada, ou seja, todos os custos serão apropriados aos produtos acabados (e em elaboração, se for o caso), indepen-dentemente de serem fi xos, variáveis, diretos ou indiretos. A separação entre custo e despesa é essencial, porque nesse caso as despesas vão diretamente contra o resultado do perí-odo, enquanto os custos dos produtos não vendidos vão para o estoque. A fi nalidade desse critério é ter o custo total (direto e indireto) de cada objeto produzido. Não há preocupação em classifi car os custos em fi xos e variáveis; classifi ca os custos em diretos e indiretos; os resultados apresentados não sofrem infl uência direta do volume de produção; é um critério legal e fi scal externo. Por essas características, seus custos vão para o ativo na forma de produtos e só podem ser considerados despesas ao ocorrer a venda do produto – Princípio da Reali-zação” (CREPALDI; CREPALDI, 2017, p. 108).

Portanto, neste sistema de custeio todos os custos são alocados diretamente aos produtos, enquanto as despesas são descarregadas diretamente no resulta-do. Os custos são, inicialmente, transportados para o ativo, na forma de estoques e, posteriormente, serão levados para o resultado, quando ocorrerem as vendas dos produtos que estavam registrados no estoque. Você pode visualizar melhor este processo na fi gura a seguir.

FIGURA 14 – ESQUEMA BÁSICO DO CUSTEIO POR ABSORÇÃO

FONTE: Martins (2003, p. 25)

No processo de alocação dos custos aos produtos realizado por meio do cus-teio por absorção, que é um dos sistemas de cuscus-teio mais utilizados pelas empre-sas no Brasil, para que os custos sejam atribuídos aos produtos são necessários critérios de rateio, que você entenderá com mais detalhamento no Capítulo 3, para a identifi cação do custo total do produto.

Por outro lado, o custeio baseado em atividades permite uma visão mais am-pla de como os custos são consumidos pelas atividades realizadas pela empresa, permitindo uma análise estratégica mais detalhada. Ele segue a mesma sistemá-tica de apropriação de custos aos produtos, enquanto as despesas devem ser direcionadas diretamente para o resultado. No entanto, antes de os custos serem alocados aos produtos, estes passarão pelas principais atividades realizadas pela empresa, sendo, posteriormente, alocados aos produtos. Assim,

“É uma forma mais sofi sticada de apropriar os custos indire-tos. Sua ideia básica é mostrar que as operações industriais podem ser subdivididas em atividades, tais como recepção de materiais, set-ups, preparação de pedidos ou de ordens de produção, requisição de materiais, manutenção das máquinas e outras. Estas atividades é que consomem os recursos dispo-níveis que são defi nidos pelos custos e despesas gerais (trata-dos tradicionalmente como indiretos). E os produtos e serviços consomem essas atividades. Desse modo, os custos indiretos chegariam a seus portadores com mais exatidão. Além disso, a administração passa a conhecer os custos das diversas ativi-dades” (LEONE; LEONE, 2010, p. 13).

Portanto, no custeio baseado em atividades os custos são, inicialmente, relacionados com as atividades relevantes que geraram tais custos e, posterior-mente, é feita a identifi cação das formas pelas quais os produtos consomem tais atividades, para que receberam os custos relacionados. Da mesma forma como acontece no custeio por absorção, como mencionado anteriormente, estes custos serão alocados no estoque e, posteriormente, descarregados no resultado quan-do houver a venda quan-dos produtos que lá estavam registraquan-dos. Você pode visualizar melhor este processo na fi gura a seguir.

FIGURA 15 – ESQUEMA BÁSICO DO CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES

FONTE: Adaptado de Crepaldi e Crepaldi (2017)

Portanto, temos que o ABC

“É o método que mede o custo e o desempenho de processos e produtos. Mais especifi camente, que:

• atribui custos às atividades com base no consumo de recur-sos;• atribui custos a produtos ou serviços com base no consumo de atividades;

• reconhece os fatores que determinam (explicam) os custos das atividades e o consumo destas pelos produtos ou outras atividades” (CREPALDI; CREPALDI, 2017, p. 319).

Assim, no custeio baseado em atividades, para que os custos sejam atribu-ídos aos produtos, é necessário, primeiramente, identifi car os direcionadores de custos de recursos, que será a forma pela qual os custos serão alocados para as atividades, bem como os direcionadores de custos das atividades, que será a forma pela qual os custos das atividades serão alocados aos produtos, permitindo a identifi cação do custo total do produto. Estas temáticas você entenderá melhor no Capítulo 3.

Destaca-se que, em função das suas características,

“O custeio baseado em atividades é normalmente usado como um complemento, em vez de um substituto do sistema de cus-teio usual de uma empresa. A maioria das organizações que usa este método possui dois sistemas de custeio – o sistema de custeio ofi cial, usado para preparar relatórios fi nanceiros externos, e o sistema de custeio baseado em atividades, usado

para a tomada de decisões interna e para gerenciar atividades”

(GARRISON; NOREEN; BREWER; 2013, p. 275).

Por enquanto você teve um primeiro contato com os sistemas ou métodos de custeio, mas, antes de nos aprofundarmos no entendimento do custeio por absorção e do custeio baseado em atividades, primeiro você precisa conhecer e entender os conceitos relacionados à contabilidade de custos, como custos e des-pesas e sua separação, para poder entender e aplicar tais conceitos no processo de atribuição de custos aos produtos.

Nos próximos capítulos você passará a conhecer as formas pe-las quais a contabilidade de custos pode ser entendida e utilizada pela contabilidade gerencial e pela organização como fonte de infor-mações que auxiliam o processo de tomada de decisões.

No documento CONTABILIDADE GERENCIAL (páginas 33-41)