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3.2 Amostra

3.5.5 Sistematização

Interrogamos os treinadores sobre o processo de sistematização do treinamento, dessa forma, as perguntas dessa sessão da entrevista buscaram responder a questão “Quando

ensinam?”, tratando de temas como a definição do planejamento da equipe, do playbook, dos diferentes momentos da temporada, a progressão e os objetivos de cada etapa.

Em relação ao processo de definição do planejamento da equipe, o Treinador 1 descreveu que se reúne no final da temporada com a diretoria para definir o calendário e o que será trabalhado durante o ano, se baseando na avaliação que fazem dos atletas, nas habilidades que já foram ensinadas e no playbook que irão utilizar; este foi o único treinador que comentou sobre o papel da diretoria neste momento. O Treinador 2 citou que não costuma seguir um processo sistematizado de planejamento, os treinadores geralmente conversam semana a semana o que fazer de acordo com as demandas que surgem nos jogos e treinos. O Treinador 3 expôs que usa da técnica de mapa mental para montar o planejamento de acordo com os atletas que tem disponível e o calendário do campeonato; destacou ainda que separa o planejamento em 3 áreas distintas: técnica; tática (relacionada ao playbook); e cultura (atitudes esperadas). O Treinador 4 relatou que existe um processo definido de planejamento na equipe e divisões pré- definidas de etapas. Os treinadores 1, 3 e 4, juntamente com sua equipe de treinadores, costumam escrever um documento que define todo o processo de planejamento da equipe antes da temporada começar.

Então, a gente senta com o calendário e monta o calendário […] Toda a equipe e os diretores também né? Porque aí tem questões de valores, lugares que a gente vai usar, equipamentos que a gente vai usar, a gente precisa da direção para poder estar apoiando também [...] monta o calendário de acordo com habilidade […] então vamos supor, janeiro, fevereiro, a gente vai trabalhar tal habilidade com aqueles setores de jogadores né? Evoluindo essa habilidade...aí fevereiro, março, maio, a gente trabalha outras habilidades, e aí por diante, para ir crescendo diante daquilo. [...] então, você não vai colocar uma defesa X se você não tem jogadores que conseguem atuar com aquilo [...] eu acho que o Futebol Americano hoje no Brasil, ele tem se adaptado com a qualidade e quantidade de jogadores que você tem né? (Treinador 1).

Cara, não são muitas pessoas né? Então basicamente a gente conversa […] “E aí? O que tá precisando treinar?”, e é muito assim! […] Então o planejamento, na verdade, ele é feito...a gente tem uma ideia geral, mas assim, vai sendo pela questão de necessidade [...] É mais no dia a dia conversando...na verdade documento escrito raramente né? [...] (Treinador 2).

[...] a gente pegou os nossos playbooks do ano passado, entendeu quem a gente esperava que voltasse, e aí viu o que ia enfrentar durante o ano, e aí sim! Você: “Olha, o playbook vai ficar o mesmo em que pontos? Vai mudar em que pontos? Nossos fundamentos vão ficar os mesmos em que pontos? Vai melhorar em que pontos? E nosso programa como cultura vai mudar em que pontos, né? A gente vai treinar mais? A gente vai treinar menos? A gente vai ter mais as aulas teóricas? Vai ter menos aulas teóricas?”, e monta um programa geral...nesse programa, eu usei o método de mapa mental para fazer [...] separei nessas três áreas: área tática; área técnica; e área de

programa, de cultura [...] incluindo processos né [...] Durante a semana eu pensava em como ia ser a periodização do treino, nessa periodização eu dizia o básico do que eu queria que fosse ensinado […] (Treinador 3).

[…] A gente começa primeiro com...o início da nossa temporada começa no outro ano né? Então a gente...por exemplo, 2020 começa no final de 2019, na meio que off season de todo mundo […] começa nos fundamentos, depois passa para os drills, depois entra nos small games, como que a gente vai juntar isso, depois entra nos situacionais [...] (Treinador 4).

O Treinador 4 detalhou ainda em seu relato o documento do planejamento que costumam redigir e compartilhar com os atletas, destacando um processo organizado de sistematização.

[…] agora o meu trabalho é de criar uma lista de progressão de ensino de fundamentos para cada posição assim […] de fundamento, de coisa básica mesmo: qual o posicionamento do pé para lançar uma bola, qual o posicionamento da mão, do braço, braço frente, para trás [...] por texto, a gente tem apostilas, escrito né? Que explicam para eles o que tem que fazer em campo […] feito para eles assim, sob medida […] Explicando o sistema[...] os fundamentos também [...] a questão de cultura interna também que a gente quer ter assim...então meio que tem três fases né? Fase de cultura interna, filosofia que a gente quer que o time siga assim; tem a parte de análise de desempenho, são os treinos teóricos; e tem a parte de sistema, que é o sistema ofensivo, defensivo, especiais, está tudo lá! E você recebe no primeiro dia do ano assim que a gente começa o treino, para iniciar o estudo deles também. (Treinador 4).

Os Treinadores também mencionaram o papel dos coordenadores na definição do planejamento, afirmando que estes participam em todas as etapas do processo e são essenciais em suas funções. De maneira geral, eles planejam intervenções dentro de suas funções e apresentam para o HC que toma a decisão final.

O papel dos coordenadores de ataque e defesa é fundamental né? [...] é o que a gente discute durante a semana, é aquilo que vai ser executado no final de semana; eles montam o planejamento [...] alguns fundamentos que a gente precisa atacar durante a semana [...] É um documento que eles usam muito e me mostra as habilidades que foram trabalhadas, estão sendo trabalhadas, e que vão ser trabalhadas. (Treinador 1).

A gente tem os responsáveis pelas unidades né? [...] basicamente eles dão o feedback para a gente do que a gente[...] vai pensar no planejamento […] é o que eu te falei, basicamente o planejamento sou eu e o [Nome emitido], a gente que define baseado na necessidade […] (Treinador 2).

Os treinadores participam, pelo menos sobre a minha gestão, eles participam ativamente! Eles sempre são consultados de forma a construir né? […] é muito assim “olha, eu tô pensando nisso, nisso, nisso, para próxima temporada, fica à vontade você também para sugerir alguma coisa!”, [...] é sempre uma colaboração tá? Mas claro, é bem claro que a palavra final é minha tá? [...] é muito comum que eu comece o ano, que eu comece o meu trabalho falando para as pessoas se despirem de ego, porque do mesmo jeito que eu vou aceitar quando ele tiver certo, ver sentido no argumento dele, eu quero que ele aceite o meu! (Treinador 3).

[...] eu envio para os treinadores e falo que a gente agora precisa pensar em [...] Transformar isso em atividades, exercícios, drills [...] que tenham uma máxima transferência pelo menos para o ensino do fundamento […] cada fundamento vai ter algum drill [...] A equipe de treinadores toda e cada um na sua função né? Ofensiva, defensiva, especiais, e aí cada um vai desenvolvendo os drills [...] Os treinadores participam nessa fases, que eu te falei [...] (Treinador 4).

Em relação a participação dos atletas na definição do planejamento, foi possível notar que todos os treinadores costumam consultar principalmente os atletas que são definidos como líderes de cada setor (capitães). Estes atletas são consultados com o intuito de dar

feedbacks sobre os treinos e as necessidades de cada setor. O Treinador 4 destacou que

geralmente a decisão já é tomada pela comissão e só depois consultam os atletas para considerar se devem mudar a decisão ou não.

[…] é muito pouco, alguns atletas que querem ser Coach, eles vêm e participam abertamente das reuniões, é sempre aberto para todos os jogadores [...] participam das reuniões aqueles que estão mais interessados na parte técnica né? […] a gente busca e sempre tenta trazer os jogadores para fazer parte desse documento sim! (Treinador 1).

[...] se por exemplo, a gente tem lá o capitão da linha ofensiva [...] se ele chega assim para mim e fala: "[...] a gente tá tendo muita dificuldade em fazer aquela jogada [...] como é que isso funciona? A gente não conseguiu entender!”, então com esse feedback a gente fala: “Beleza! Então o treino de hoje da OL é leitura de front seven!”, então a gente se baseia nisso! Então a participação deles é dando feedback [...] (Treinador 2).

[...] Atletas participam ativamente sabendo que estão participando, são consultados para algumas coisas sim, mas eles também participam de forma indireta com atitudes [...] a gente pode fazer consultas individuais à atletas, atletas que às vezes representam uma liderança maior no time...a gente pode simplesmente mudar alguma coisa e testar [...] com um grupo de atletas uma forma de operar e testa com outro uma forma de operar e nota qual dos dois tem uma resposta melhor e tenta aplicar isso para todo mundo sabe? Então atletas participam, às vezes sendo consultados, e às vezes como cobaias de ajustes no programa. (Treinador 3, grifo nosso).

[...] os atletas, eles participam mas não são todos assim, normalmente a gente acaba consultando algum...não sei se é consultar, mas conversar com alguns jogadores que a gente considera chave para o sistema rodar né? Então a gente vai rodar um sistema que é baseado em jogo aéreo assim, então a gente vai conversar com nossos QBs [...] a gente tem uma decisão que a gente já tomou entre nós, “olha, a gente quer fazer isso...antes de bater o martelo, algum jogador chave dentro do nosso sistema precisa ser consultado para a gente validar isso? Precisa?! Então beleza, então vamos conversar com ele, mostrar a situação”, mas dificilmente a gente inclui jogador [...] (Treinador 4, grifo nosso).

Questionamos os treinadores também sobre como é feita a preparação do time nos diferentes momentos do ano esportivo. Na pré-temporada (antes de começar a competição), os Treinadores 2 e 3 focam o ensino nos fundamentos básicos (principalmente o tackle) e retomam com os atletas mais experientes fundamentos que já foram trabalhados, sempre considerando as demandas do playbook; o Treinador 2 destaca que nesta etapa acontecem os treinos com maiores intensidades.

[…] A gente tenta trazer todo mundo para um patamar parecido para, a partir dali, começar a trabalhar o que vai ser feito em campo. [...] a gente faz treinos muito mais fortes antes da competição começar, então scrimmage valendo né? Com mais intensidade, a gente faz anterior ao campeonato. (Treinador 2).

[…] pré-temporada é trabalho extensivo com fundamentos, o trabalho vai mudando em termos de pré-temporada ali, do meio para o final, para um trabalho um pouco mais extensivo de playbook, de tático, depois que os fundamentos estiverem...novamente, para o pessoal tirar ferrugem, a gente passar os novos fundamentos que a gente quer também [...] (Treinador 3).

O Treinador 4 divide a pré-temporada em quatro etapas. A primeira se chama

Rookie minicamp, que consiste na recepção dos atletas que acabaram de entrar no time, com

foco em conhecer a cultura do time e os fundamentos básicos do FA.

[...] rookie minicamp/OTAs [...] significa que o pessoal [...] que é novo no time, que veio de outra equipe, que entrou no time agora [...] têm uma parte do treino onde você ensina um pouco de Futebol Americano assim mas não é nada específico de fundamentos, de tática, é uma iniciação ao Futebol Americano e à nossa cultura [...] é meio que ataque e defesa assim basicamente[...] vai rodar dentro da nossa progressão de fundamentos alguns fundamentos básicos! Servem para qualquer posição [...] é mais uma época para inclusão dentro do time [...] (Treinador 4, grifo nosso).

A segunda etapa se chama Organized Team Activities (OTA), que é reservada para a aprendizagem de fundamentos do atletismo e habilidades que não são específicas do FA. Neste momento os treinadores passam para os atletas as atitudes que esperam deles.

[...] OTAs [...] é a fase onde todo time já é mandatório a presença [...] é uma fase de atletismo para nós assim, então é uma fase onde a gente está instalando a cultura, integrando jogadores dentro da nossa cultura, dentro do que a gente espera assim de criação de time mesmo, de construção de time [...] e o nosso foco é ensino do atletismo mesmo para os jogadores, porque dentro da nossa avaliação, é um aspecto importante para o Futebol Americano, para o esporte em si [...] precisam saber como correr, como desacelerar, como trocar de direção, então a gente dedica ali quase quatro semanas de treino para isso, e a gente contrata um treinador de atletismo para vir [...] e aí ele vai ensinar todo mundo dentro da sua função [...] (Treinador 4).

A terceira etapa da pré-temporada para o Treinador 4, consiste na fase de desenvolvimento individual, onde o foco dos treinos é desenvolver os fundamentos do FA para cada posição; costumam trabalhar prioritariamente com situações de jogo neste momento.

[...] a gente chama de IND né? Que é desenvolvimento individual, que são as fases de fundamentos [...] e aí nosso foco é totalmente desenvolver fundamento dentro desses pequenos jogos assim, para as posições, então praticamente não tem scrimmage, não tem 11 contra 11, é só small games do início ao fim do treino! [...] o foco nesse um mês de treino aí é só em fundamentos, é a fase que eu considero mais importante assim para evolução do time! (Treinador 4, grifo nosso).

A quarta etapa se chama Training Camp, e é utilizada para ensinar o sistema de jogo (conteúdo estratégico) que irão utilizar durante o campeonato. O que aprenderam nos treinos teóricos até aqui irão aplicar em campo, simulando situações que podem acontecer nos jogos (desvantagens, diferenças no placar, chuva, faltas, red zone, etc.).

Training Camp, que é a fase de instalação do sistema! E aí a gente até já instalou o sistema por aulas teóricas, treinos teóricos assim, mas a gente não colocou na prática nada ainda...e aí nessa fase a gente treina eles dentro do nosso sistema […] (Treinador 4).

Na temporada regular (durante o campeonato), o Treinador 1 comentou que costuma reservar mais tempo nos treinos para desenvolver as habilidades e o físico dos atletas

de acordo com as necessidades do playbook. Os Treinadores 2, 3 e 4 destacaram que buscam se preparar semana a semana para o adversário que vão enfrentar nesta etapa da temporada, analisando as jogadas que estes costumam utilizar, identificando padrões de execução, tendências, e separando momentos no treino para executar as jogadas do próprio playbook contra o chamado time de scout, que é composto por um grupo de atletas que têm a responsabilidade no treino de simular as jogadas e o estilo de jogo do time adversário, tanto no ataque quanto na defesa. Com este processo, os treinadores montam e experimentam o Game

Plan (plano de jogo), documento que contém as jogadas que irão utilizar no dia do jogo de

acordo com as análises que fizeram do adversário e em cada situação que pode acontecer dentro da partida. Durante a temporada regular os treinos contém mais pausas, explicações e são menos intensos.

[…] então vamos supor, janeiro, fevereiro, a gente vai trabalhar tal habilidade com aqueles setores de jogadores né? Evoluindo essa habilidade […] (Treinador 1).

Durante o campeonato a gente reduz contato […] scrimmage mais tranquilo, mais pausado e com mais orientação, e perto dos jogos simular os adversários. (Treinador 2).

[...] a gente vai começar a estudar adversários e simular mais situações em treino né? O treino vai ser muito menos focado agora em tático, ou tático só puro [...] e aí você tem o calendário pré-jogo, onde você sabe o que precisa treinar até o próximo adversário; e você tem um calendário pós-jogo [...] você vai fazer um debriefing do jogo, você vai saber o que você errou, você vai trabalhar aquilo especificamente para voltar para o modo pré-jogo e estudar o seu próximo adversário [...] (Treinador 3).

[...] Game plan do adversário né? [...] a gente faz análise [...] desses dados, desses times, e aí [...] a sessão de treino é literalmente chegar, os fundamentos já são divididos...se é um time que corre muito a bola, então 20 minutos de fundamento que a gente vai treinar vai ser como lidar com bloqueios e como sair do bloqueio e tacklear jogador; ofensivo, dependendo do jeito que o time joga, também né? Voltado para o que o time faz...e aí o restante do treino é aplicar o nosso plano de jogo que os jogadores já recebem antes já, o que a gente vai fazer, e a gente roda contra o nosso time de scout o que a gente vai fazer [...] a gente não vai ensinar coisas no game plan assim, game plan é execução só! [...] uma semana de análise de adversário, montar scout, fazer análise de dados, ver o que a gente tem como formação útil para montar scout, monta game plan, monta um scout report para os jogadores, do que é o adversário, como que a gente vai atacar eles, e aí envia para eles [...] (Treinador 4).

Os Treinadores 1, 2 e 4 comentam que a preparação física dos atletas é acompanhada por profissionais da Educação Física (EF), muitas vezes voluntários. O Treinador

2 citou que na maioria das vezes os atletas são os responsáveis pela própria preparação física, e os treinos presenciais de FA são focados mais em questões técnicas e estratégicas.

[…] a gente tem três jogadores hoje que têm a Educação Física, trabalham em academia e passam avaliação de academia para os jogadores [...] eu e outros Coaches, a gente sempre tenta se entrosar com isso […] (Treinador 1).

[...] o [Nome emitido], ele é educador físico né? Ele é formado em Educação Física, foi atleta e tal, e ele se disponibiliza na semana, ele dá uns treinos físicos para o pessoal [...] com técnicas de Futebol Americano! [...] a gente meio que deixou o físico para o atleta né? É um compromisso dele com o time se manter bem fisicamente [...] (Treinador 2).

[…] eu vou explicar Futebol Americano pela minha ótica de trabalho que é questões táticas e técnicas que eu entendo mais! Eu não vou atrás de explicar questões físicas e tudo mais...a gente teve treinadores de condicionamento que sempre me ajudaram desde o início [...] (Treinador 4).

Ao serem questionados sobre a sistematização dos conteúdos dos referenciais

socioeducativos e histórico-culturais, foi possível perceber que os treinadores 2, 3 e 4 não

costumam planejar as intervenções em relação a estes temas. De maneira geral, estes conteúdos são abordados durante os treinos quando percebem que há alguma demanda de acordo com a análise feita por eles. O Treinador 1 foi o único que salientou que costuma reservar no planejamento momentos para tratar sobre tais referenciais.

Tudo isso é um planejamento que a gente faz desde o começo do ano [...] a gente senta, olha o calendário do que a gente vai jogar, os torneios, ou participação que a gente vai fazer, os jogos que a gente vai ter, depois tem algumas partes sociais que a gente faz também [...] a gente planeja isso durante o ano né? Já tendo fixo [...] o planejamento do training camp ele vai apontar: olha! nesse momento a gente precisa trabalhar valores, nesse momento a gente precisa trabalhar união, nesse momento a gente precisa trabalhar de ser forte físico [...] (Treinador 1).

Às vezes, durante a semana, a gente conversava tá? O grupo da comissão técnica ali: “Pessoal! O pessoal não tá fazendo a função tal”, “pessoal, a atitude daquele grupo específico está ruim! Então vale a pena conversar com o grupo todo? Vale a pena só juntar aquele grupo ali?”, então variava entre sentir o momento e planejar algumas coisas também. (Treinador 3).

Eu acho que a gente não para um treino para talvez...talvez pare mas é mais para um...não que tem um momento do treino que precisa né? É mais às vezes “Pô! A gente não está executando algo de uma maneira que a gente viu ser bom dentro da nossa

cultura” e aí, tipo, a gente para pra alertar sobre isso assim, mas não que tem dentro do cronograma 10 minutos para falar assim [...] não é nosso intuito acabar passando “olha! Você tem que fazer isso porque na sua vida você vai precisar!”, eu acho que está meio que intrínseco ali, cada um entende de uma forma, e se o cara está dentro ele consegue entender mais sobre o esporte assim. (Treinador 4).

Todos os treinadores afirmaram que costumam retomar o planejamento regularmente para adaptá-lo de acordo com os imprevistos que acontecem durante a temporada.

[…] Não é sempre que acontece tudo do jeito que a gente planejou, mas é um planejamento que vai modificando de acordo com o que a gente precisa. […] A gente acaba tendo muitas mudanças durante o ano, que faz parte da liga, [...] a gente chama “um documento vivo”, que é esse planejamento anual, porque a gente sabe que vai ter muita modificação. (Treinador 1).

Durante a temporada você sempre vai avaliando pós-jogo se algo foi efetivo ou não foi efetivo, ou treino a treino, se algo foi efetivo ou não foi efetivo; volta nesses documentos [planejamento e playbook], nesses artefatos, e atualiza esses artefatos né? Isso é feito em uma base semanal né? (Treinador 3).

[...] e aí a gente executa e óbvio que isso não é engessado né? [...] “nosso time está respondendo melhor a tal coisa então a gente não precisa gastar tanto tempo nisso assim...hoje não está respondendo tão bem à como tacklear alguém em campo aberto, então a gente precisa aumentar a carga de treinos quanto a isso” [...] dentro da fase do ano que é para ensinar tackle, meu...se nas primeiras três semanas está muito mal, vamos aumentar a carga então! Aí a gente tem um mês para ajustar isso assim [...] (Treinador 4).

Os Treinadores foram questionados também sobre como se dá o processo de

definição do playbook, sendo este um documento relevante para o ensino do FA. Os quatro

treinadores descreveram que geralmente se reúnem com os membros da comissão técnica e analisam quais são os atletas que eles terão disponível para a próxima temporada, as suas habilidades, capacidades, e a partir daí definem a maneira de jogar da equipe e o playbook de acordo com os conhecimentos que têm sobre o tema, a familiaridade com o sistema escolhido, a realidade que estão inseridos, e os times que vão enfrentar na temporada.

Então, o playbook é sempre definido de acordo com os jogadores que a gente tem […] o Coach tem que se sentir confortável com aquele estilo de playbook né? Entender a

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