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1 A CONSTRUÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

1.1 SOBRE OBSERVAÇÕES EMPÍRICAS E INQUIETUDES TEÓRICAS

A motivação para a realização da presente pesquisa é, em parte, derivada das análises e observações sobre as transformações ocorridas no espaço agrário da região Sul do Brasil na última década. Essa porção do território brasileiro apresenta as duas principais transições agroecológicas ocorridas na agricultura em nível mundial, ao longo do século XX, como propostas por Buttel (1995). Por um lado, a existência da atividade agropecuária intensiva, impulsionada pelo processo de modernização da agricultura; por outro, o movimento de "ecologização da agricultura". Processos contraditórios, com racionalidades distintas, mas melhor compreendidos se tratados conjuntamente, inseridos em uma dinâmica mais ampla de produção do espaço geográfico.

A modernização da agricultura7 é marcada pela união vertical dos lugares (SANTOS, 2008). Os vetores de modernização do espaço agrário — empresas de insumos químicos, capital internacional, exportadoras, bancos, entre outros — "trazem desordem aos subespaços em que se instalam e a ordem que criam é em seu próprio benefício" (SANTOS, 2008, p.287). Dessa dinâmica, resulta um espaço produtivo homogêneo, baseado em monoculturas altamente dependentes do pacote tecnológico necessário ao seu cultivo. A produção da soja, na região Sul, pode ser considerada um dos principais exemplos desse quadro.

Há, entretanto, outras formas de organização, resistência e produção agrícola que se (re)produzem por meio de uma integração

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Caracterizada fundamentalmente pela integração da agricultura ao circuito industrial por meio da alteração na base técnica e econômica do setor. Os efeitos desse processo no Brasil já são bastante conhecidos e foram objetos de diversas análises. Mais detalhes podem ser consultados em Graziano da Silva (1982), Delgado (1985) e Gonçalves Neto (1997).

horizontal, "...reconstruindo, a partir das ações localmente constituídas, uma base de vida que amplie a coesão da sociedade civil, a serviço do interesse coletivo" (SANTOS, 2008, p.288). O processo de "ecologização da agricultura" (BUTTEL, 1995) apresenta traços dessa integração horizontal, na medida em que engendra ações de cooperação não hierárquicas marcadamente opostos às tendências verticalizantes8.

A partir de inúmeras iniciativas desenvolvidas na década de 1980 a região Sul atingiu a quantidade de 1.896 produtores orgânicos (MAPA, 2014). Em relação à certificação orgânica, foi nessa área — como resultado do trabalho desenvolvido pela Rede Ecovida de Agroecologia — onde surgiu um dos pioneiros e mais bem sucedidos exemplos de certificação participativa de produtos orgânicos. Resulta disso, que de um total de 1.456 produtores que utilizam a certificação participativa no Brasil, 1.066 se localizam na região citada (MAPA, 2014).

A opção por tratar da agroecologia e da produção orgânica no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná em conjunto se deve ao processo de estruturação que essas atividades adquiriram na região. Historicamente, importantes esforços para o fomento da chamada agricultura alternativa emanaram em diferentes pontos da região a partir das instituições que nela atuam. Merece destaque o protagonismo da Cooperativa Ecológica Coolméia, fundada em 1978 em Porto Alegre, como pioneira na comercialização de orgânicos e no ensaio de mecanismos de certificação participativos; a realização do primeiro I Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa, realizado em 1981, na cidade de Curitiba e a fundação da Rede Ecovida de Agroecologia, em Lages/SC, no ano de 1998, que uniu organizações — ONGs, associações, cooperativas e grupos informais — dos três estados meridionais do país. Esses exemplos que, em análise preliminar podem parecer pontuais, resultaram de ações coletivas, reforçando as possibilidades de avanço de uma agricultura alternativa na região,

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Apesar de citar a proposta de Santos (2008) sobre os dois arranjos — verticalidades e horizontalidades — a ideia de que as horizontalidades "se agregam sem descontinuidade, como na definição tradicional de região" (p.284) não se aplica ao nosso caso, visto que propomos a discussão de um espaço descontínuo formado por uma organização em rede para a análise da produção orgânica e da agroecologia. Ademais, também estamos de acordo que

atualmente "o espaço se compõe de uns e de outros desses recortes,

inseparavelmente" (p.284), mas o que defendemos é um espaço produzido predominantemente por relações de horizontalidades.

servindo ainda de estímulo para outros casos, tanto no sul como no restante do país.

Além do quadro empírico apresentado, minha trajetória pessoal e acadêmica também foi decisiva para estimular o interesse sobre as redes de agroecologia e produção orgânica. As questões relativas ao espaço rural sempre estiveram presentes em minha trajetória acadêmica. Tendo nascido em uma família de agricultores familiares no norte do Rio Grande do Sul, região que tem no setor primário a base de sua economia, acompanhei empiricamente algumas das transformações pelas quais vem passando a agricultura sulina. A marcante presença da agricultura familiar neste espaço manteve presente as discussões sobre a necessidade de diversificar estratégias de produção a fim de garantir a permanência dos agricultores no campo. A realização da graduação em geografia me permitiu o contato com o tema da agroecologia que, somado ao interesse pelas formas de organização coletiva dos agricultores, me impulsionaram a tratar do tema no curso de mestrado.

Ao resgatar o processo histórico de desenvolvimento da agricultura de base agroecológica em Pelotas, na dissertação de mestrado intitulada As transformações no espaço rural e a emergência da agricultura familiar de base agroecológica - Pelotas/RS, identifiquei que no início da atividade naquele município um grupo de agricultores teve contato com experiências de produção já consolidadas na Serra Gaúcha. Esse fato, apesar de pontual, indicou que a existência de conhecimento acumulado e a sua posterior difusão para outro lugar — descontínuo ao de origem — contribuiu para o desenvolvimento da atividade em Pelotas. Aliado a isso, o fato das cooperativas do município integrarem a Rede Ecovida de Agroecologia mostrou que há um fluxo contínuo de informações e, eventualmente, de produtos entre as mesmas, permitindo o fortalecimento mútuo das diferentes organizações que dela fazem parte.

Esses indicativos foram responsáveis pelo surgimento de algumas perguntas: Qual a importância das primeiras experiências de agricultura alternativa para o desenvolvimento das seguintes? Como ocorre a troca de informações e de produtos entre as diferentes organizações que trabalham com a agroecologia e a produção orgânica? Com quem elas se relacionam para permanecer na atividade? Por que o fazem? Apesar de dispersas, essas questões tinham um tema de fundo comum: as relações produzidas entre os diferentes atores dos sistemas de produção citados. A partir dessas interrogações e com a proposta de desenvolver uma tese sobre o tema comecei a identificar o estado da arte da produção

acadêmica que versava sobre a agroecologia e a produção orgânica no sul do país.

O primeiro passo foi buscar em publicações da área de geografia, agronomia, sociologia, entre outras que se dedicaram a trabalhar com esses temas. O levantamento inicial foi realizado a partir de consulta aos principais periódicos online e bancos de dados de teses e dissertações. Entre os principais sites pesquisados estão o da Revista Brasileira de Agroecologia, Revista Sociedade e Natureza, os anais dos congressos brasileiros de agroecologia, o banco de teses e dissertações da CAPES, bancos de teses e dissertações específicos dos programas de pós- graduação de universidades públicas, entre outros artigos técnicos que analisaram formas de manejo de produtos orgânicos/agroecológicos9.

Uma primeira constatação a partir da leitura de artigos publicados em periódicos especializados, trabalhos em congressos, dissertações, teses e documentos institucionais dedicados a abordar a temática das formas de produção não convencionais foi a falta de rigor no uso dos termos. Ou seja, o tipo de agricultura ou o estilo de agricultura que enfocam. De maneira geral, os autores não apresentam os critérios que justificam a opção por uma ou outra definição — orgânica, ecológica, biodinâmica, natural, etc. De maneira implícita, pode-se reconhecer que a escolha foi realizada a partir dos critérios já apresentados pela literatura que trata do tema, mesmo que os mesmos não sejam explicitados nos textos. O próprio censo agropecuário do IBGE de 2006 utilizou a denominação de agricultura orgânica, inserindo na mesma, todo o conjunto de práticas agrícolas que não utilizam insumos químicos de origem sintética no processo de produção dos produtos agrícolas.

Diante disso e considerando a interdisciplinaridade do tema optamos por apresentar a produção existente a partir do tema principal enfocado pelos autores, independente da sua área de formação10. As publicações da agronomia — tanto no aspecto técnico quanto social —, sociologia, economia, geografia e administração são aquelas que mais abordam o tema em tela. Reconhecemos que mesmo com

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Os principais descritores utilizados (separados ou associados) na busca por pesquisas em meio digital foram: agricultura orgânica, agricultura ecológica, agroecologia, região Sul, alimentos orgânicos, associação/cooperativas de agricultores, certificação produtos orgânicos, produção de base agroecológica, Rede Ecovida, agricultura alternativa e feiras-livres de produtos orgânicos. 10

As publicações que abordam a temática das redes serão apresentados no item posterior.

particularidades, esses estudos, em seu conjunto, permitiram traçar um quadro geral da situação em que se encontra a agroecologia e a produção orgânica no sul do Brasil. Com base nesses primeiros apontamentos esperamos ser possível elucidar o contexto que serviu de base para nossa proposta de pesquisa. No caso da produção geográfica a respeito do tema, serão apresentadas as lacunas existentes e as possibilidades de pesquisa que se abrem a partir das mesmas.

Uma parcela dos estudos produzidos busca caracterizar a agroecologia ou a produção orgânica na escala municipal. Entre os trabalhos consultados, citamos aqueles de Oltramari (2003), Alves (2004), Cancelier (2007), Rocha (2008), Saquet et al. (2010), Burin (2010), Comunello (2010), Finatto e Corrêa (2011). Mesmo considerando as relações mais amplas estabelecidas, as análises concentram-se no recorte espacial do município estudado. Os autores apresentam as características do grupo social de agricultores, as estratégias de comercialização e de atuação das cooperativas e/ou associações, as possibilidades de sucessão geracional, entre outros elementos que, no interior de cada município, configuram a organização e dinâmica da produção. Alguns estudos como os de Lima (2005), Okonoski e Nabozny (2009) e Oliveira e Schneider (2009), dedicam-se a analisar — comparativamente ou não — o sistema agrícola convencional e o orgânico.

Outro conjunto de pesquisas analisa o desenvolvimento da agricultura orgânica e da agroecologia nos assentamentos rurais11 (SOSA JUNIOR, 2004; VERAS, 2005; PICCIN e MOREIRA, 2006;

ALVES, 2007; CHELOTTI, 2007; GONÇALVES, 2008;

WASKIEVICZ e SALAMONI, 2011; GOMES e SILVEIRA, 2012). Os temas referem-se às dificuldades de implantação da agricultura orgânica e da agroecologia atreladas aos desafios de adaptação nas terras recebidas (já que estas nem sempre possuem as características dos locais de origem dos assentados), à organização coletiva como forma de inserção no mercado, à mobilização política dos agricultores e os desafios que o Movimento enfrenta na difusão da agroecologia.

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Nestes casos, a maioria das pesquisas utiliza o termo produção agroecológica, pois a agroecologia possui um caráter de transformação social, ideia muito presente e estimulada pelas lideranças nos assentamentos.

A análise do desenvolvimento da agroecologia e/ou da produção orgânica em escala regional12 é realizada por autores como Fritz (2008), Eduardo e Saquet (2010), Muterlle e Cunha (2011), Cidade Junior (2008), Assis e Romeiro (2005) no Paraná; Storch et al. (2004), Hillesheim et al. (2009), Bertazzo (2009) e Panzenhagen et al. (2008) no Rio Grande do Sul; Matos Filho (2004) e Frank (2007) em Santa Catarina. Nas pesquisas onde a ênfase recai sobre o contexto regional, os autores se utilizam de divisões (regiões e mesorregiões) previamente estabelecidas, como aquelas do IBGE, ou acabam criando uma delimitação regional específica de acordo com a abrangência do objeto analisado, embora os seus limites nem sempre sejam definidos claramente. A partir disso, analisam o sistema de produção enfocado, os elementos que fortalecem seu desenvolvimento e as estratégias utilizadas pelos agricultores, tanto coletivas como individuais, para permanecerem na atividade.

Outro foco de análise dos estudos sobre o tema abrange o papel das organizações de agricultores como as empresas, cooperativas, associações ou organizações não governamentais (AZAMBUJA, 2005; CARDOSO, 2005; COSTA, 2006; FREITAS, 2002; LUCCA, 2004; NUNES E SOUSA, 2012; PINHEIRO, 2005; SANTOS, 2006a; LUCHMAN, 2008; SOUZA, 2009). Por meio do estudo da atuação dessas organizações os pesquisadores resgatam sua história e o alcance de seus trabalhos no incentivo à produção, certificação e comercialização dos produtos. Cabe salientar, que mesmo o ponto central ou inicial da pesquisa se assentando sobre a organização, a análise ultrapassa seus limites, avançando para o capital social, aspectos técnicos, os conflitos e demais elementos envolvidos no processo de organização coletiva e da produção.

Os relatórios técnicos institucionais divulgados pelos órgãos públicos estaduais fornecem um conjunto de dados quantitativos, reunidos a partir da coleta de informações por órgãos municipais como os sindicatos, e estaduais como a Emater (no Rio Grande do Sul), Epagri (em Santa Catarina) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). Em seu conjunto, estes estudos fornecem um panorama da agricultura orgânica em cada estado. Numa abordagem em nível estadual além das publicações de órgãos públicos pode-se citar os trabalhos de Costabeber

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Em alguns casos os autores citados utilizam o conceito de território e não o de região. Em nossa proposta classificatória agrupamos estes dois temas num mesmo item, já que o enfoque dos trabalhos consultados situa o conceito entre a escala municipal e a estadual.

(1998), Melão et al. (2007), Augusto e Sachuk (2007) e Zoldan e Mior (2012).

Parte da produção científica sobre o tema aborda especificamente as políticas públicas, o processo de conversão, a problemática da comercialização dos alimentos orgânicos e temas subjetivos relacionados à adesão dos agricultores a esses sistemas de produção. No caso das análises produzidas por pesquisadores da área da agronomia, engenharia florestal e medicina veterinária são privilegiados os aspectos técnicos da produção agropecuária. Assim, temas voltados para as formas de manejo e conservação do solo, controle biológico, elaboração de insumos ecológicos, biofertilizantes, análise da fertilidade dos solos, técnicas de consorciamento de cultivos em agroflorestas e adubação verde são aqueles produzidos em número mais significativo (SUJII, et al. 2002; PADOVAN et al. 2011; BARILLI et al., 2011; ARAÚJO et al. 2011; GEISEL et al. 2011, entre outros).

Cabe destacar que, com exceção dos relatórios técnicos institucionais — de caráter descritivo/quantitativo — e das pesquisas técnicas citadas acima, os estudos desenvolvidos nas universidades são muito similares em suas análises. Embora se utilizando de teorias, temas e construções textuais próprias de cada área do conhecimento, já historicamente consolidadas, os aspectos e elementos analisados são comuns, recebendo maior ou menor ênfase, dependendo do estudo desenvolvido.

A geografia possui uma produção quantitativamente significativa a respeito das transformações recentes do espaço rural oriundas do desenvolvimento da produção orgânica e da agroecologia. Os trabalhos consultados foram conduzidos a partir do uso de métodos qualitativos, com destaque para uso analítico dos conceitos de território (territorialidade/territorialização), paisagem, região e espaço. Valendo- se destes conceitos os autores desenvolvem seu construto teórico associado ao caso analisado. A descrição, elemento historicamente presente no trabalho do geógrafo, é largamente utilizada no intuito de caracterizar a agroecologia e a produção orgânica. A produção teórica ocorre tanto a partir de estudos de caso (ANDRADE e MARAFON,

2009; AGUIAR e MEDEIROS, 2009; BERTAZZO, 2009;

BRASILEIRO, 2009; FINATTO e CORRÊA, 2011; LIMA, 2012), vinculada à temática do ensino de geografia (FERREIRA, et al. 2009; MENDONÇA, 2012;) e em publicações cujo foco é a discussão teórico- conceitual do tema (GONÇALVES e ENGELMANN, 2009; BARROS et al. 2010; HESPANHOL, 2008) .

Diante do contexto empírico e teórico apresentado surge o questionamento de como podemos contribuir e avançar nas discussões sobre a agricultura orgânica e a agroecologia tendo como aporte teórico e analítico o campo da geografia. Reconhecemos a importância fundamental dos estudos realizados até o momento, sem os quais, não seria possível a elaboração da proposta de pesquisa aqui exposta. Entretanto, a inexistência de estudos capazes de expressar a heterogeneidade da produção orgânica e da agroecologia do sul do país de forma conjunta, aliada às perguntas anteriormente expostas, permitiram formatar nossa proposta de pesquisa para a tese.

Formulamos, assim, nosso objetivo central: Analisar como se manifestam as intencionalidades nas redes criadas pelas organizações que desenvolvem a agroecologia e a produção orgânica na região Sul do Brasil. O desafio proposto é analisar a complexidade de sistemas de produção regidos por diferentes intencionalidades que resultarão em relações tanto de cooperação, como de conflito. Essa questão norteadora da pesquisa não implica a desconsideração do contexto de desenvolvimento da agricultura em sua perspectiva mais geral. Mas ao contrário, pretendemos demonstrar que os vínculos entre os diferentes atores do sistema analisado estão dialeticamente relacionados a um processo mais amplo em curso no espaço agrário brasileiro — e mundial.

Como primeiro objetivo específico, buscamos descrever e interpretar o processo de emergência e configuração da agroecologia e da produção orgânica no sul do Brasil. As contradições inerentes ao desenvolvimento agrícola no país e a transformação do espaço agrário em lócus de reprodução ampliada do capital são elementos fundamentais para explicar a conjuntura atual. Assim, resgatamos o trabalho desenvolvido por diferentes instituições e atores que permitiu fortalecer experiências alternativas em meio ao processo de modernização da agropecuária brasileira.

Para compreender melhor como as diferentes intencionalidades se materializam em ações e na organização do sistema de produção, o segundo objetivo específico é analisar a estrutura e dinâmica de funcionamento das empresas, cooperativas e associações que fomentam a agroecologia e a produção orgânica. Por meio da análise de casos particulares espera-se reconhecer e analisar as intencionalidades subjacentes à adoção da agroecologia e da produção orgânica e a rede mobilizada — instituições, políticas públicas, agricultores, mercado, entre outras — para desenvolver as atividades.

Como terceiro objetivo específico pretendemos descrever e discutir como a prática de um projeto de agroecologia e/ou de produção orgânica resulta em dinâmicas socioespacias específicas. Se “cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente” (SANTOS, 2008, p.339) cabe entender como a ordem global, representada em sua forma ampla pelo discurso em favor da preservação ambiental e, de forma específica, na defesa da agricultura orgânica e/ou da agroecologia é incorporada pelos diferentes atores e lugares de acordo com a sua racionalidade.

A partir do exposto é fundamental tratar da função que os diferentes atores desempenham no contexto. A função exercida por cada um foi importante para definir o método da pesquisa, como será visto a seguir.

1.2 TRADUZINDO OS ATORES OU SOBRE O SEU PAPEL NA