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4 – TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS: INSTRUMENTOS UTILIZADOS

CAPÍTULO IV – METODOLOGIA E CONTEXTO DO ESTUDO

4 – TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS: INSTRUMENTOS UTILIZADOS

Convocando Coutinho, todo e qualquer plano de investigação, seja ela de cariz quantitativo, qualitativo ou multi-metodológico implica uma recolha de dados originais por parte do investigador (2011: 99). Na verdade, é a recolha de dados que permite identificar a investigação como processo empírico (Tuckman, 2000: 18) pois os dados são simultaneamente as provas e as pistas (Bogdan e Biklen, 1994: 149).

Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas na recolha de dados, legitimadas pela abordagem metodológica escolhida. Entende-se por técnicas, o instrumento de trabalho que viabiliza a realização de uma pesquisa, um modo de se conseguir a efectivação do conjunto de operações em que consiste o método, com vista à verificação empírica (Pardal e Correia, 1995: 48).

Como já referimos anteriormente, a nossa investigação utiliza o método do estudo de caso, com uma abordagem mista – qualitativa e quantitativa. Como notam Pardal e Correia, esta metodologia permite ao pesquisador recorrer a uma grande diversidade de técnicas (Pardal e Correia, 1995: 23). As técnicas utilizadas para a recolha de dados são, por conseguinte, a entrevista, o questionário e a análise dos documentos institucionais do Agrupamento.

A entrevista é a técnica principal, sendo essencial para a investigação e a mais relevante nas abordagens qualitativas, nomeadamente, no estudo de caso. Considerou-se vantajosa a utilização simultânea de uma abordagem quantitativa, surgindo o questionário como uma técnica auxiliar que permite inquirir um número mais alargado de sujeitos, uma recolha mais alagada de informação, a comparação de dados e a validação dos mesmos pela aplicação da triangulação no tratamento dos dados obtidos.

A análise dos documentos permitiu o acesso a fontes pertinentes [fazendo, desta forma] parte integrante da heurística da investigação (Saint-Georges, 1997: 30).

4.1 - A entrevista

Como refere Tuckman, um dos processos mais directos para encontrar informação sobre um determinado fenómeno, consiste em formular questões às pessoas que, de algum modo, nele estão envolvidas (Tuckman, 2000: 517).

A entrevista é um método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas seleccionadas cuidadosamente, a fim de obter informações sobre factos ou representações, cujo grau de pertinência, validade e fiabilidade é analisado na perspectiva dos objectivos da recolha de informações (1999: 22).

A entrevista é uma técnica de excelência para as investigações de estudos de caso. A correta formulação de questões, a escolha dos melhores cooperadores, que para Stake são, por norma, aqueles que nos poderão ajudar da melhor maneira a compreender o caso, quer sejam representativos ou não (2007: 73) e a criação de um clima adequado, de respeito entre entrevistador e entrevistado, constituem princípios fundamentais para que esta técnica alcance os fins desejados e que se constitua, tal como afirma Yin, uma fonte essencial de evidências para os estudos de caso (2003: 118). Efetivamente, a entrevista possibilita a obtenção de uma informação mais rica (Pardal e Correia, 1995: 64) e fundamental para a investigação.

A literatura alude à presença de vantagens e desvantagens nesta técnica de recolha de dados. Entre as vantagens, apontam-se uma maior possibilidade de obter informações sobre temas complexos e carregados de emoção, uma taxa de resposta elevada e a obtenção de respostas detalhadas (Fortin, Côté e Filion, 2009: 379). Os mesmos autores referem como desvantagens que o tempo requerido para a entrevista e o seu custo elevado representam inconvenientes. Os dados podem ser difíceis de codificar e de analisar (Fortin, Côté e Filion, 2009: 379).

Consideramos, no entanto, que as vantagens da utilização das entrevistas sobrelevam as possíveis desvantagens, pela forma singular como a informação pode ser obtida e pela qualidade e importância para a investigação dessa mesma informação.

4.1.1 – Tipo de entrevista

Existem tipos diferentes, no que concerne ao formato da entrevista. Estas podem ser estruturadas, não estruturadas e semiestruturadas (Afonso, 2005: 98-99).

A nossa opção foi para a entrevista semiestruturada, também designada por entrevista semidirectiva (Bell, 2002: 122; Quivy e Campenhoudt, 2008: 192). Este tipo de entrevista permite ao entrevistado autonomia para proceder a alterações na ordem das questões estabelecidas e inscritas no guião, bem como a formulação de novas questões que possam surgir no decorrer do processo, suscitadas pelas respostas dos

inquiridos. Como referem Pardal e Correia, a entrevista semi-estruturada nem é inteiramente livre e aberta – comunicação, entrevistador e entrevistado, com carácter informal -, nem orientada por um leque inflexível de perguntas estabelecidas a priori (1995: 65).

Para a concretização das nossas entrevistas construímos o guião que constitui o instrumento de gestão da entrevista semiestruturada (Afonso, 2005: 99), com as questões que considerámos essenciais para os objetivos da investigação. Sobre este assunto, Quivy e Campenhoudt referem:

Geralmente, o investigador dispõe de uma série de perguntas-guias, relativamente abertas, a propósito das quais é imperativo receber uma informação da parte do entrevistado. Mas não colocará necessariamente todas as perguntas pela ordem em que as anotou e sob a formulação prevista (2008: 192).

O importante é que, como refere Afonso, o guião deve ser construído a partir das questões de pesquisa e eixos de análise do projecto de investigação (2005: 99), condição que foi efetivamente tida em conta na construção dos nossos guiões.

Foram, então, construídos guiões para cada tipo de entrevistado, isto é, para o Diretor, para o membro do Conselho de Coordenação da Avaliação, para os avaliadores titulares, para os avaliadores em comissão de serviço e para os avaliados, totalizando 5 guiões (anexos 6.1, 6.2, 6.3, 6.4 e 6.5, respetivamente). Em todos existem questões comuns, verificando-se, em alguns casos, pequenas diferenças nas questões colocadas.

4.1.2 – Entrevistados

Para a realização das entrevistas, um ponto determinante prende-se com a definição dos participantes que vão ser inquiridos.

Assim, a seleção dos sujeitos entrevistados teve em conta as funções desempenhadas no processo de avaliação do desempenho docente, o terem solicitado observação de aulas como um dos componentes na sua avaliação, bem como, a categoria a que pertencem em termos de carreira (professores e professores titulares). No fundo, o importante é selecionar os sujeitos que melhor se enquadram nos objetivos da investigação, constituindo, desta forma, os nossos informadores-

chave (Bogdan e Biklen, 1994: 95; Yin, 2003: 117; Coutinho, 2011: 291). Como refere Yin:

Informantes-chave são sempre fundamentais para o sucesso de um estudo de caso. Essas pessoas não apenas fornecem ao pesquisador do estudo percepções e interpretações sob um assunto, como também podem sugerir fontes nas quais se podem buscar evidências corroborativas ou contrárias (Yin, 2003: 117).

No entender de Bogdan e Biklen, os informadores-chave são os sujeitos que estão mais dispostos a falar, têm mais experiência do contexto ou são particularmente intuitivos em relação às situações (1994: 95).

Atendendo ao exposto, a nossa bolsa de informadores-chave compreende os coordenadores de departamento curricular que efetivamente exerceram a função avaliativa97, professores titulares com funções de avaliação98, professor avaliador em comissão de serviço99, professores avaliados na componente cientifico-pedagógica, o diretor do agrupamento e um membro do conselho de coordenação da avaliação. Nos casos em que existia mais do que um docente suscetível de ser selecionado, os nossos critérios prenderam-se com a representatividade dos departamentos curriculares e pela acessibilidade revelada pelos sujeitos.

No quadro seguinte, apresentamos a constituição final da nossa bolsa de entrevistados:

97

- Só três coordenadores de departamento curricular exerceram a função de avaliação, uma vez que em dois departamentos não existiram professores que tivessem requerido observação de aulas e um outro coordenador pertencia ao conselho de coordenação de avaliação, pelo que teve que delegar funções de avaliação noutro colega.

98

- Relembramos que os coordenadores de departamento poderiam delegar funções de avaliador noutros docentes titulares do departamento sempre que o número de avaliados o justificasse ou os docentes requeressem um avaliador da sua área científica.

99

- Recordamos, ainda, que quando os avaliados requeressem um avaliador pertencente à sua área científica e o coordenador do departamento curricular não preenchesse esse requisito e também não existissem professores titulares da mesma área do avaliado, procedia-se à delegação de competências noutro docente, neste caso, nomeado em comissão de serviço, isto é, auferia pelo índice mais baixo da categoria de professor titular e exercia a função de avaliação.

Quadro 8 – Constituição da bolsa de sujeitos entrevistados

ENTREVISTADOS

Qualidade em que foi entrevistado Categoria N.º Código

Diretor Titular 1 S12

Membro do Conselho de Coordenação da Avaliação Titular 1 S4 Coordenadores de Departamento Curricular Titular 3 S2;S7;S8

Docentes com função de Avaliador Titular 2 S5; S11

Docente avaliador em comissão de serviço Professor 1 S14

Avaliados Professor 6 S1;S3;S6;

S9;S10;S13

Total 14

Precisando melhor, realizámos catorze entrevistas a um conjunto de sujeitos diferenciados, através de uma selecção precisa de pessoas bem determinadas em função do objectivo a atingir (De ketele e Roegiers, 1993: 20).

4.1.3 – Procedimentos para a realização das entrevistas

A realização do estudo empírico pressupõe a existência de alguns procedimentos, designadamente, no acesso ao contexto de estudo.

Iniciámos a ligação ao Agrupamento Alfa, em janeiro de 2010, através de um contato telefónico com o diretor, onde explicámos sucintamente as nossas pretensões. Seguiu-se uma primeira reunião onde expusemos com maior pormenor os objetivos do nosso trabalho, a instituição onde o mesmo estava a ser orientado, assim como, as técnicas que pretendíamos utilizar na recolha de dados e os sujeitos que almejávamos inquirir. Comunicámos, também, que carecíamos do levantamento de um conjunto de informações fundamentais para a concretização da investigação, designadamente, a lista dos docentes que se encontravam a lecionar no agrupamento no ano letivo a que reporta a investigação (2008-2009), a lista de docentes que no ano da recolha de dados já não se encontravam colocados no agrupamento100, o nome dos docentes avaliados na componente cientifico-pedagógica, a lista dos professores avaliadores e

100

- Sucede que no final do ano letivo 2008 / 2009 teve lugar o concurso de professores que implicou a mobilidade de docentes entre escolas/agrupamentos. Daqui se infere que quando procedemos à realização do estudo empírico os docentes que se encontravam a lecionar no Agrupamento não coincidiam, na totalidade, com os do ano letivo anterior, ano a que reporta a nossa investigação.

a condição com que exerciam a avaliação101, a identificação dos coordenadores de departamento curricular e dos membros do conselho de coordenação da avaliação. Só na posse desta informação poderíamos iniciar e concretizar o nosso trabalho de campo. Informámos, ainda, que não seria divulgada, em qualquer parte do trabalho, a identificação real do agrupamento, bem como os intervenientes. A realização do estudo foi aceite, tendo o diretor assegurado a entrega dos dados por nós solicitados, com a maior brevidade possível.

Na posse das referidas informações, deparamo-nos imediatamente com o facto de um número significativo de docentes já não se encontrar a lecionar no Agrupamento Alfa, isto é, cerca de 90 docentes (45%) encontravam-se, no exercício da sua profissão, dispersos por diferentes escolas e agrupamentos de diferentes localidades, consequência do concurso de professores que anteriormente referimos. Assim, solicitámos que nos informassem das escolas ou agrupamentos onde se encontravam a lecionar os referidos docentes o que não foi conseguido na totalidade, uma vez que o Agrupamento Alfa não tinha essa informação sobre todos os docentes.

No entanto, este constrangimento foi superado pelas diligências que efetuámos com o intuito de contatar o maior número possível de docentes que se enquadrassem nos requisitos definidos para fazerem parte dos sujeitos entrevistados, resultando que alguns desses docentes foram efetivamente selecionados para o efeito.

Mais à frente no nosso trabalho retomamos esta matéria com números mais precisos sobre os docentes que efetivamente conseguimos contactar e que será um dado importante para a aplicação dos questionários.

Na verdade, admitíamos à partida, a possibilidade de existirem dificuldades no decorrer deste processo. Como referem Fortin, Côté e Filion:

No entanto, a colheita dos dados no terreno, nem sempre se efectua sem obstáculos. A acessibilidade aos sujeitos e o recrutamento constituem, frequentemente, pontos difíceis, considerando que é preciso tomar em consideração os direitos humanos, os múltiplos intermediários pelos quais o investigador deve passar para encontrar participantes e as dificuldades ligadas ao recrutamento propriamente dito (2009: 403).

101

- Referimo-nos aqui aos avaliadores enquanto coordenadores de departamento curricular, aos docentes avaliadores por delegação de competências e aos docentes avaliadores em comissão de serviço.

Todos os elementos a entrevistar foram contactados por nós, tendo-lhes sido prestados todos os esclarecimentos considerados pertinentes, de forma a acautelar que o sujeito obteve toda a informação essencial, que conhece bem o conteúdo e que compreendeu bem aquilo em que se envolve (Fortin, Côté e Filion: 2009: 186), garantindo desta forma o princípio ético do respeito pelo consentimento livre e esclarecido. Neste sentido, comunicámos os objetivos do estudo, os procedimentos e solicitámos autorização para gravar as entrevistas na medida em que este método fornece uma expressão mais acurada do que qualquer outro (Yin, 2005: 119). Todos os inquiridos concordaram com a referida gravação.

Concordamos com Hill e Hill ao referirem a utilidade de uma explicação clara e franca dos objetivos subjacentes à entrevista, na medida em que essa explicação tende a aumentar a boa vontade do respondente, e portanto, tende a criar uma atitude mais cooperante (2008: 74).

Foi, também, assumido e garantido o anonimato por forma a evitar a existência de quaisquer constrangimentos, presente e futuramente. Como refere Tuckman, os investigadores devem assegurar, particularmente aos potenciais participantes, que não serão prejudicados por terem participado (2000: 22).

Foram acordados, com todos os inquiridos, alguns procedimentos, designadamente a data, horário e local para a realização das entrevistas. Todos concordaram com a realização das mesmas num local tranquilo, sem interrupções ou interferências de terceiros que de alguma forma pudesse ser fator inibidor e, assim, condicionar as suas opiniões e informações. Como referem Bogdan e Biklen, as boas entrevistas caracterizam-se pelo facto de os sujeitos estarem à vontade e falarem livremente sobre os seus pontos de vista (1994: 136).

Em suma, as entrevistas foram realizadas individualmente e decorreram entre os dias 2 de julho e 6 de agosto do ano 2010, em locais que garantiram o recato desejado para uma correta inquirição dos docentes participantes no estudo.

4.2 – O questionário

O inquérito por questionário constitui uma outra técnica de recolha de dados que decidimos utilizar na nossa investigação. Tal como já precedentemente referimos, é um instrumento complementar que visa a recolha de informação a um número mais alargado de inquiridos, o que permite a comparação e posterior triangulação de dados,

contribuindo, desta forma, para o enriquecimento da investigação.

Para Fortin, Côté e Filion, o questionário é um meio rápido e pouco dispendioso de obter dados, junto de um grande número de pessoas distribuídas por um vasto território (2009: 387). Em comparação com a entrevista, o questionário é mais amplo no alcance, mas mais impessoal em natureza (Coutinho, 2011: 101).

A literatura alude à existência de vantagens e desvantagens do inquérito por questionário102.

Atendamos ao que referem Fortin, Côté e Filion sobre este assunto:

Entre outras vantagens, mencionamos a natureza impessoal do questionário, assim como a uniformidade da apresentação e das directivas, o que assegura uma constância de um questionário para outro e, por este facto a fidelidade do instrumento, o que torna possíveis as comparações entre os respondentes. Além disso, o anonimato das respostas tranquiliza os participantes e leva-os a exprimir livremente as suas opiniões (2009: 387).

Para além das vantagens, os mesmos autores assinalam alguns inconvenientes a esta técnica de recolha de dados:

O questionário tem também inconvenientes: as taxas de resposta são fracas e as taxas de dados em falta são elevadas; é impossível aos respondentes obter esclarecimentos no que respeita a certos enunciados contidos nos questionários auto-administrados… (Fortin, Côté e Filion, 2009: 387- 388).

Consideramos que as vantagens apontadas à utilização deste instrumento justificam a sua utilização. A possibilidade de inquirir um maior número de sujeitos permite uma abordagem holística e mais intensiva do contexto de estudo, auxiliando no entendimento e validação dos resultados.

102

- Para obter mais informação sobre as vantagens e desvantagens do inquérito por questionário ver, entre outros, Pardal e Correia, 1995; Quivy e Campenhoudt, 2008.

4.2.1 – Construção do questionário

O questionário foi construído por nós depois de uma análise da literatura relativamente à elaboração deste tipo de instrumento de recolha de dados.

Atendemos à redação das questões que, na esteira de Pardal e Correia, devem obedecer a três princípios: i) ao princípio da clareza, ou seja, deve ser estruturada de forma precisa, concisa e unívoca; ii) ao princípio da coerência, ou seja, deve corresponder à intenção da própria pergunta e iii) ao princípio da neutralidade não devendo, em nenhuma circunstância, induzir uma dada resposta (1995: 61-62). Tivemos, também, em conta, a extensão das perguntas que devem ser curtas, com a utilização de palavras e sintaxes simples (Hill e Hill, 2008: 96). Considerámos, ainda, a sua apresentação, na medida em que um questionário esteticamente bem conseguido constitui, de alguma forma, uma garantia mínima de aceitação junto do informante e de estímulo a respostas (Pardal e Correia, 1995: 63). Por fim, tivemos também o cuidado de não elaborar um questionário muito extenso que pudesse aumentar o risco de falta de cooperação dos respondentes (Hill e Hill, 2008: 87) reduzindo, assim, o número de respondentes.

Estavam já definidos os objetivos da investigação, o que constitui condição essencial para a construção adequada dos instrumentos de recolha de dados, pois é através destes que se recolhem as informações pertinentes e necessárias para a investigação, isto é, os dados que permitem encontrar respostas para as questões suscitadas.

Assim, procurámos adequar as questões do questionário aos objetivos do estudo, tentando não efetuar perguntas desnecessárias ou constrangedoras.

4.2.2 – Estrutura do questionário

O questionário (anexo cinco) começa com uma informação preliminar onde se explicita o âmbito da investigação, os objetivos do estudo, a importância da participação dos inquiridos, assim como, se assegura o anonimato. Tal como já referimos, é importante que os participantes estejam na posse de informação que clarifique os propósitos que estão subjacentes à investigação sobre a qual lhes está a ser solicitada colaboração.

Segue-se um conjunto de questões relativas aos dados pessoais e profissionais dos inquiridos, centrando-se estes na idade, género, habilitações académicas, situação profissional, tempo de serviço, departamento curricular a que pertencem e a condição em que se encontravam relativamente ao processo de avaliação do desempenho docente, no ano letivo a que reporta o estudo, designadamente se eram professores avaliadores ou avaliados e se efetivamente essa premissa tinha sido efetivada. Esta parte do questionário consiste normalmente num conjunto de perguntas para solicitar informação sobre as características dos casos. Com estas características pretendemos descrever os casos (Hill e Hill, 2008: 87)

Sucedem-se as duas partes do questionário. Na primeira, com as questões colocadas, pretendíamos aferir a opinião dos inquiridos sobre o modo como decorreu o processo de avaliação do desempenho docente no Agrupamento Alfa. Na segunda parte, visávamos saber a opinião dos participantes sobre o sistema de avaliação do desempenho docente que se encontrava em vigor no biénio 2007/2009. A última questão é aberta de forma a permitir aos inquiridos a possibilidade de referir outros aspetos considerados pertinentes e que não tivessem tido oportunidade de o fazer noutra parte do questionário. No entanto, só se verificaram 17 respostas nesta questão.

Optámos pela modalidade de perguntas fechadas, limitando o informante à opção por uma de entre as respostas apresentadas (Pardal e Correia, 1995: 55), à exceção da última questão que é aberta, permitindo, ao participante, responder com as suas próprias palavras (Hill e Hill, 2008: 93).

As perguntas assentam na modalidade de avaliação ou estimação, procurando captar os diversos graus de intensidade face a um determinado assunto (Pardal e Correia, 1995: 57). Os mesmos autores atribuem-lhes várias vantagens, nomeadamente, são de resposta relativamente simples, possibilitam a concentração do inquirido no problema em estudo e facilitam o trabalho de tabulação (Pardal e Correia, 1995: 59).

Utilizámos a escala de Likert para aferir o grau de concordância ou discordância relativamente aos itens colocados. Para Pardal e Correia, esta escala pretende, através do recurso a questões que oferecem um amplo leque de respostas, evitar a rigidez e as limitações das alternativas “concordo-discordo” (1995: 71).

Quadro 9 – Estrutura do inquérito por questionário

Questões

Secção Objetivo Modalidade N.º de

questões

Nota introdutória

Clarificação dos objetivos e âmbito da investigação. Agradecimento pela participação

Dados pessoais Caracterização dos inquiridos Fechadas 7 Primeira parte Conhecimento do processo de ADD no Agrupamento Fechadas 14 Segunda parte Aferir opiniões sobre o sistema de ADD-2007/2009 Fechadas 16 Final Comentar o processo e / ou eventuais incidentes Aberta 1

Total de questões 38

Antes da aplicação do inquérito por questionário, a literatura aponta como etapa indispensável a realização de um pré-teste, na medida em que permite descobrir os defeitos do questionário e fazer as correcções que se impõem (Fortin, Côté e Filion, 2009: 386), pelo que não descurámos este procedimento. Aplicámos o questionário para pré-teste a um grupo de 14 docentes, de um outro agrupamento, mas