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Ao finalizar esta pesquisa observou-se como tendência que a comunicação em meio eletrônico tem possibilitado encurtar as distâncias que separam a divulgação das informações científicas entre comunidade científica e os públicos menos especializados. Cabe mencionar questões discutidas durante o Fórum Mundial de Ciências da Saúde da Próxima Geração (BioVision.Nxt, 2007). O evento teve a participação de editores de revistas científicas e jovens pesquisadores convidados de todos os continentes, os quais sugeriram alternativas para o processo tradicional de avaliação e publicação de artigos. Alegaram que o baixo comprometimento social e político dos cientistas, aliado à “supervalorização de critérios como o índice de impacto, mérito e promoção dos pesquisadores seriam alguns dos fatores responsáveis pelo distanciamento entre comunidade científica e sociedade.”

Corroborando com esta assertiva, Valério e Pinheiro (2008) reconhecem a aproximação de públicos acadêmicos e não acadêmicos, no que diz respeito à literatura científica publicada eletronicamente, o que geraria “uma nova composição de audiência para a ciência”. Segundo as autoras, esta convergência amplia a visibilidade e atribui maior reconhecimento e importância à ciência. Ou seja, a comunicação e a popularização da ciência estão interligadas em seus processos comunicacionais, no âmbito do ambiente em rede, o que geraria um público desvinculado das tradicionais comunidades científicas, pessoas interessadas em ciência, uma nova comunidade latente.

As autoras visualizam, ainda, um encurtamento da distância entre os que produzem ciência e os que dela se beneficiam, ou mesmo maior interação entre cientistas e públicos, o que refletiria em boas perspectivas para “explorar novas formas de eliminar as barreiras existentes entre países desenvolvidos e em desenvolvimento” (VALERIO e PINHEIRO, 2008). Entende-se, portanto, que há uma tendência de se fazer chegar a públicos menos especializados, o que é produzido no meio acadêmico.

Os blogs também são uma tendência para a disseminação do conhecimento científico, sendo um meio de comunicação entre pesquisadores e públicos em geral.

Este veículo possibilita que o autor publique seu trabalho e receba comentários por parte do leitor, o que gera a interatividade e a construção de novas idéias. O buscador de blogs Technorati55 apresenta em média 25 mil blogs cadastrados na categoria science, o que comprova forte tendência do crescimento de uso deste recurso para a comunicação da ciência.

O "RSS Feeds" é um recurso que também está sendo utilizado em periódicos eletrônicos, o qual possibilita informar ao usuário sobre atualizações de conteúdos, novos artigos publicados, chamadas para novas submissões, dentre outras informações pertinentes.

As comunidades virtuais também estão sendo utilizadas como um recurso para a divulgação das pesquisas e troca de informações entre cientistas. Caracterizam-se por reunirem grupos de pessoas com interesses comuns, as quais trocam informações em ambiente virtual. A Figura 45 apresenta algumas comunidades virtuais disponíveis na rede.

Comunidades Virtuais Endereços eletrônicos

http://delicious.com/ http://www.blinklist.com http://digg.com http://www.reddit.com https://www.newsvine.com http://www.furl.net http://blogmarks.net http://rec6.via6.com http://www.linkk.com.br http://eucurti.com.br http://myweb.yahoo.com http://www.technorati.com Figura 45: Exemplos de comunidades virtuais

As pessoas interessadas cadastram-se em uma comunidade virtual, mediante login e senha, e buscam pesquisadores e temas pelos quais têm afinidades e interesses comuns. A comunidade virtual delicious, por exemplo, permite que se efetuem buscas com palavras-chave específicas, com o intuito de localizar pessoas ou temas. Inseriu-se, a exemplo, a palavra “ciência” no campo de busca e obteve-se como resultado 40.865 comunidades com esta temática. Em cada comunidade estão

55

inseridos os participantes, sendo que ao clicar sobre o nome destes observam seus interesses por determinados assuntos, o que aproxima pesquisadores por áreas afins. Outro exemplo trata-se da Virtual Knowledge Studio for the Humanities and Social Sciences56 localizada no Instituto Internacional de História Social de Amsterdam. O projeto é inovador por dar suporte a pesquisadores das áreas de humanas e ciências sociais, para a criação de novas comunidades de prática, bem como a cooperação entre pesquisadores da área, especialistas em tecnologias da informação, facilitar a divulgação de métodos e técnicas de pesquisa.

Outra tendência para os periódicos científicos eletrônicos é a customização (ou personalização) do conteúdo científico. Fato possibilitado pela aplicação do marketing individualizado que permite a personalização dos clientes, de modo a obter informações relevantes a respeito das preferências dos clientes e, desta forma, a fidelização dos mesmos (SWIFT, 2001). Retoma-se o conceito de marketing one to one, introduzido por Don Peppers em 1994, o qual revolucionou a maneira como as empresas passaram a tratar os seus clientes. Sua abordagem se baseia em quatro passos: identificar os clientes; diferenciá-los; interagir com os mesmos e personalizar os contatos, os produtos ou serviços fornecidos aos clientes. Caberá a cada revista identificar a necessidade do cliente, buscando oferecer uma solução única e não um produto ou serviço igualmente vendido a todos, ou seja, à customização (ou personalização) adequará produtos/serviços aos interesses, necessidades e desejos individuais dos usuários (PALACIOS, 2002).

Trata-se, portanto, de construir uma relação de fidelidade com o cliente, mediante o relacionamento one-to-one. Ressalta-se que para esta ação foram utilizados os conceitos de customização e personalização como sendo sinônimos, dado que um depende do outro. Flizikowski (2003) explica que a customização permitirá que o usuário participe do processo para editar, ou criar um perfil, manualmente, por outro lado, a personalização é monitorada pelo sistema, o qual mapeia e analisa o comportamento do usuário. O autor considera os termos, apesar de antagônicos, complementares.

A customização permite, ainda, que o usuário customize o site, de acordo com o assunto de interesse, a visualização e a apresentação das informações desejadas. No contexto das tecnologias digitais, a Internet facilita a coleta de dados

para a customização, possibilitando a verificação e atualização constante das preferências dos usuários (PELLANDA, 2007).

Para realizar a customização de um site é necessário identificar os usuários, de três formas: pelo número de IP (Internet Protocol), arquivos cookies, ou senha de acesso. As informações dos usuários, utilizadas na customização, podem ser obtidas mediante um “histórico de sessões prévias e a interação em tempo real”, ou mesmo informações fornecidas pelo usuário, mediante formulários (FLIZIKOWSKI, 2003). No caso das revistas científicas eletrônicas, é possível realizar a customização do site, com o propósito de oferecer aos usuários um serviço direcionado às suas necessidades.

Parte-se ainda para propor a partir das reflexões desta tese um fluxo para customização de conteúdos para os PCE (Figura 46). A primeira fase compete ao mapeamento do perfil dos usuários, mediante a identificação do público-alvo (características pessoais e profissionais). Nesta fase, o mais diversificado leque de clientes, desde aqueles que não conhecem nem precisam conhecer profundamente o assunto, até os que já o dominam.

Perfil dos

usuários Customização da informação

Base de Dados de clientes Professores/ pesquisadores Profissionais AlunosDefesasEstágiosPesquisas em andamentoLayout e Cores Conteúdo Assuntos de interesse Forma de apresentação

Definida pelo usuário

Hierarquia dos menus

Tipo de acesso

Apresentação da

informação

Áudio / Vídeo/ Texto

Hiperlink´sParticipação em Chat´s, fóruns, grupos de pesquisaConversa com o autorAcesso a indexadores temáticosCursosCasesLivrosEventosCongressosFeirasEntrevistasResumos de artigosMatérias exclusivas Armazenamento das informações Perfil e preferências dos usuários Feedback Executar a customização Perfis dinâmicos Conteúdo e interface personalizados Informações “hiperlincadas” Interatividade entre grupos Atualização das informações Pesquisas compartilhadas Ampliação da visibilidade científica Resultados 1 2 3 4

A segunda fase trata-se da escolha das informações, quando o usuário efetua a customização do conteúdo de acordo com suas preferências. Esta fase possibilita que o usuário defina o tipo de informação que deseja receber, ou seja, se optar por artigos provenientes de pesquisas científicas aplicadas receberá, com exclusividade e maior ênfase, este tipo de conteúdo.

Os outros tipos de artigos, revisão de literatura, estudos não aplicados serão enviados em segundo plano. Os usuários podem optar por receber informações periódicas sobre o periódico e participarem de listas de leitores com matérias exclusivas, dentre as quais: resumos dos artigos com assuntos de interesse específico; prévia de artigos que serão publicados em edições futuras, para que opinem sobre o interesse pela publicação; participação em salas de chats temáticos, ou comunidade dos leitores (debate de temas e artigos on-line), inclusive com a presença dos autores. Além do conteúdo, os usuários podem definir o tipo de acesso às informações.

A customização permite a apresentação dos artigos em texto, áudio ou vídeo com a participação do autor; hiperlinks dinâmicos com matérias sobre o assunto; debates simultâneos entre autores e leitores com temas pré-definidos; dentre outras ações propiciadas pelo ambiente web.

A terceira fase compreende o armazenamento das informações em uma base de dados. Neste momento, os usuários podem avaliar os serviços de modo que se possa aprimorar, constantemente, o sistema de customização. Segundo Torres (2004) a indicação de serviços/produtos individualizados prevê a avaliação dos usuários, sendo a nota chamada de "ratings", utilizadas para identificar usuários que avaliam produtos de forma semelhante. Assim, é possível averiguar a forma como os usuários semelhantes se comportam e oferecer serviços personalizados (TORRES, 2004).

A customização permitirá que a interface seja personalizada, para que o usuário obtenha uma revista única, direcionada a cada tipo de preferência. Os resultados, fase quatro, estimam favorecer o usuário no que se refere ao conteúdo e interface personalizados; interação entre leitores; autores e equipe editorial facilitada pelos recursos web; compartilhamento da pesquisa científica entre autores que se interessam por temas convergentes; e, portanto, conseqüentemente a ampliação da visibilidade das pesquisas, bem como dos pesquisadores.

Além das tendências mencionadas atenta-se para discussões a respeito dos direitos autorais das pesquisas divulgadas na Internet, na era do acesso livre. Dentre as iniciativas está o Creative Commons, já tratado nesta pesquisa, o qual facilita ao usuário ampla utilização de materiais, sem infringir as leis de proteção à propriedade intelectual do autor.