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1.6 Teologia: as diversas abordagens

1.6.5 Teologia neo-Ortodoxa

A Teologia Neo-Ortodoxa pode ser descrita como uma abordagem que iniciou num meio ambiente comum, mas que em pouco tempo passou a se expressar de vários modos.

12 Rosemary Radford Ruether, professora de teologia feminista da Graduate Theological Union em

Berkeley, California, é uma pioneira de teologia feminista Cristã e seus escritos são extensamente lidos no mundo.

Começou com a crise associada à desilusão que seguiu a primeira Guerra Mundial, com uma rejeição do escolasticismo protestante e com uma negação do movimento liberal protestante que tinha ressaltado a acomodação do cristianismo à ciência e à cultura ocidentais, a imanência de Deus e a melhoria progressiva da humanidade (SCHNUCKER apud ELWELL, 1990, v. 3, p. 13).

A primeira expressão importante do movimento foi a obra de Karl Barth, Epístola aos Romanos, publicada em 1919. O movimento foi chamado assim por várias razões, uns como zombaria, outros o viam como um estreitamento da posição tradicional do protestantismo. Alguns viam na palavra ortodoxia o esforço ao retorno às idéias básicas da Reforma protestante, como meio de proclamar a verdade do evangelho no século XX, destacando o prefixo neo como a viabilidade dos novos princípios filológicos para se chegar a um conceito exato das escrituras. Assim em combinação, neo-ortodoxia, fornecia um testemunho poderoso da ação de Deus em Cristo para pessoas de um novo século.

O escrito de Gilkey13 pode ser contemplado dentro da teologia neo-ortodoxia. Em seu primeiro trabalho, maker of heaven and earth, ele propôs que somente a

13 Langdon Brown Gilkey nasceu em Chicago em 9 de fevereiro de 1919. Seu pai foi um ministro

liberal Batista e primeiro deão do Rockefeller Memorial Chapel na Universidade de Chicago. Gilkey foi um teólogo Protestante eminente que escreveu sobre a relevância de Deus num tempo de turbulência. Ele escreveu aproximadamente 20 livros e centenas dos artigos eruditos que exploraram o significado da religião em um momento cada vez mais secular. Sua carreira também foi marcada pelo aspecto das direitas civis, reformas do Vaticano II e a controvérsia sobre o criacionismo e a evolucionismo. Dizia crer em Deus porque cria que a história representa um progresso moral constante. Em 1936 graduou-se pela Asheville School for Boys, na Carolina do Norte. Em 1939 recebeu a magna cum o laud em filosofia pela Universidade de Havard. Após a guerra, no ano de 1954, recebeu seu doutorado em religião pela Columbia University e aceitou então um convite para ensinar na Vanderbilt University Divinity School, em Nashville, como assistente de Reinhold Neibuhr. Na Faculdade de Chicago em 1963, combinou seu interesse pelo ativismo social com uma brilhante fonte da literatura escolar que fez dele um dos mais resistentes e respeitados membro da faculdade. Enquanto o movimento da “Morte de Deus” veio cheio de proeminência em 1960, o Dr. Gilkey tentou mostrar a relevância do discurso religioso sobre Deus. Manteve que suas experiências pessoais e sociais, fazendo ainda a religião pertinente ao discutir questões da existência e valores humanos. O Dr. Gilkey levantou a discussão que a religião e a ciência poderiam muito bem manter suas vozes autoritativas dentro de seus próprios limites e que um não se opõe necessariamente ao outro. Gilkey foi comemorado em círculos acadêmicos pelo seu trabalho em Reinhold Niebuhr e em Paul Tillich. Em 1975 ensinou na universidade de Kyoto em Japão, onde sua série ensinos foi focado nos temas a respeito do meio ambiente e o perigo da industrialização. Após aposentar-se da universidade de

neo-ortodoxia deu sentido a doutrina Cristã da criação. Neste sentido, os teólogos conservadores retornaram invariavelmente a doutrina da criação em forma de má ciência ou filosofia. Gilkey (1985) compreendia que tanto religião quanto ciência poderiam caminhar juntos e ainda assim manter suas características. De outro lado, compreendia que os teólogos liberais evitaram conflitos com a ciência acomodando a visão moderna de mundo e abandonando, em parte, a idéia do divino transcendente. Ambas as aproximações supuseram que a doutrina da criação coloca a teologia cristã em algum tipo da perspectiva científica ou filosófica no mundo natural. Refazendo o conceito da idéia cristã da criação como uma resposta religiosa a uma pergunta religiosa, Gilkey (1985) propôs uma reflexão neo-ortodoxa, fazendo um exame de uma aderência mais proveitosa. Ele reconheceu que a questão religiosa é fundamentalmente existencial. O ponto central de uma teologia da criação não é perseguir o problema científico ou metafísico indissolúvel, mas explorar os mistérios inevitáveis da vida e da morte.

A aproximação da neo-ortodoxia foi possível para que a teologia recuperasse o significado verdadeiro da doutrina da criação, Gilkey afirmava, pois nós somos as criaturas do Deus e que, em última instância, somos totalmente dependentes do poder e amor de Deus. Foi extremamente importante para Gilkey afirmar que a neo- ortodoxia constituía uma terceira maneira no fazer teológico. A impressão que temos é que ele procurou certo equilíbrio entre as teologias fundamentalistas e liberais, de modo a propor uma resposta cristã para os problemas sociais, uma vez que foi profundamente tocado pelas atrocidades da guerra, bem como das injustiças contra a criação em geral.

Chicago em 1989, estabeleceu-se em Charlottesville e lecionou na University of Virginia e Georgetown University. Morreu em 19 de novembro de 2004.

Seus professores, especialmente Niebuhr e Tillich, no Union Theological Seminary, ajudaram-lhe com métodos e categorias para a formulação de sua teologia. Seu método envolveu a correlação das respostas na mensagem Cristã para as indagações levantadas pelos problemas e temas da existência humana. Gilkey exigiu que visão do criacionismo fosse ensinada ao lado da teoria da evolução nas escolas, onde pudesse ser discutido o encontro às reivindicações fundamentalistas cristãs, apontando que a “criação-ciência” era uma ciência, como sendo distinto da religião disfarçada como ciência.

Gilkey (1985) propôs a relevância do discurso religioso sobre Deus, mantendo suas experiências pessoais e sociais, propondo tal religião pertinente na discussão das questões a respeito da existência e valores humanos. A reinterpretação do autor do dogma da criação reflete sobre o significado da existência humana em meio a uma crise ambiental, uma vez que propõe questões científicas como parte integrante da reflexão. Mesmo publicado originalmente em 1959, este volume é ainda atual para tal reflexão sobre a criação de Deus e as implicações disto na atual crise do meio ambiente.