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Teste Empírico de Usabilidade

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CAPÍTULO IV – MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE USABILIDADE

4.1. Teste Empírico de Usabilidade

As primeiras iniciativas de pesquisa cientifica para análise de usabilidade foram combinações de métodos de inspeção analítica e métodos experimentais em laboratórios (BACCKER et.al., 2000, p. 41). O teste de usabilidade em particular herdou esses métodos em busca de uma validação cientifica oferecendo um conjunto de técnicas e métodos que serão descritos a seguir.

Lewis (2006, p. 4) descreveu o teste de usabilidade com raízes nos métodos experimentais da Psicologia Cognitiva aplicada com contribuições da Engenharia de Fatores Humanos. Lewis observou que em um experimento tradicional, o método adotado pelo

pesquisador é o de projetar cuidadosamente o plano de pesquisa e considerar o número de participantes que serão expostos a diferentes tipos de tratamento. Na execução do teste, o pesquisador fornece instruções seguindo um roteiro para o participante seguir e executar e consequentemente ser observado. Mas diferente de um teste tradicional, o teste de usabilidade por ter seu foco para a descoberta de problemas ou para a parametrização de métricas. Neste caso, Lewis observa que:

Quanto mais formal (diagnóstico, foco em descoberta de problemas) o teste de usabilidade for, menos ele será semelhante a um experimento tradicional (embora os requisitos para a amostra populacional de usuários, tarefas e ambientes continuem sendo aplicáveis). Ao contrário, quanto mais o foco do teste for em medição e métricas, mais semelhante a mecânica do experimento tradicional ele irá ser.118 (LEWIS, 2006, p. 4. Tradução nossa).

Para Lewis, os primeiros testes de usabilidade aplicados ao design e ao desenvolvimento de produtos e softwares são creditados a Alphonse Chapanis e a seus estudantes entre os anos de 1980 e 1984. Trabalhos como “Tutoriais para primeiro uso de computadores para usuários119” (AL-AWAR et al., 1981), “Analisando o fácil de usar120” (CHAPANIS, 1981) e “Uma metodologia iterativa de design para linguagem natural ‘amigável’ em aplicações de escritório121” (KELLEY, 1984) contribuíram para o

delineamento de métodos de investigações experimentais. Esses métodos demonstraram um impacto imediato não somente no desenvolvimento, como nos produtos em si. Estudos de casos que ilustram esses resultados foram relatados em empresas como IBM (KENNEDY, 1982; LEWIS, 1982), Xerox (SMITH et al., 1982) e Apple (WILLIAMS, 1983).

A medida que o teste de usabilidade foi sendo incorporado ao desenvolvimento de produtos, ele foi se distanciando da metodologia experimental para que os resultados

118 Tradução livre de: “In a traditional experiment, the experimenter draws up a careful plano f study that

includes the exact number of participants that experimenter will expose to the diferente experimental treatments.The participants are members of the population to which the experimenter wants to generalize the results. The experimenter provides instructions and debriefs the participant, but at no time during a traditional experimental session does the experimenter interact with the participant (unless this interaction is part of the experimental treatment). The more formative (diagnostic, focused on problem discovery) the focus of a usability test, the less it is like a traditional experiment (although the requirements for sampling from a legitimate population of users, tasks, and environments still apply). Conversely, the more summative (focused on measurement) a usability test is, the more it should resemble the mechanics of a traditional experiment”.

119 Tradução livre de “Tutorials for the first-time computer user”. 120

Tradução livre de “Evaluating ease of use”.

121 Tradução livre de “An iterative design methodology for user-friendly natural language office information

pudessem ser aplicados de forma mais iterativa durante o desenvolvimento de produtos. Al- Awar observa que:

Embora este procedimento [teste de usabilidade iterativo, redesign para então aplicar novamente o teste] possa parecer não-sistemático e não estruturado, nossa experiência tem apresentado uma quantidade surpreendente de consistência na quais os usuários reportam. As dificuldades não são randômicas ou excêntricas. Elas criam formas padronizadas”122

(AL-AWAR ET AL., 1981, p. 33. Tradução nossa).

Nesse cenário, como recorda Lewis (2006, p. 5), a IBM teve um papel fundamental na produção de artigos que influenciaram os estudos das metodologias de teste de usabilidade liderados por John Gould123 e seus associados no Centro de Pesquisa T. J. Watson da IBM. Artigos como “Como projetar sistemas usáveis” (GOULD, 1988), “Desafios para os fatores humanos na criação de um sistema principal de suporte para aplicativos de escritório: a abordagem do discurso de preenchimento sistêmico” (GOULD;BOIES, 1983), “Projetando para a usabilidade: Princípios-chave e o que projetistas pensam” (GOULD; LEWIS, 1984) e “A mensagem olímpica de 1984: o teste de princípios comportamentais de projeto de sistemas” (GOULD et al., 1987) foram contribuições que demonstravam não somente o estudo e a abordagem de pesquisa de maneira mais informal, mas também o seu caráter prático demonstravam resultados que mudavam radicalmente não somente o produto final, como todo o processo de desenvolvimento e confecção de softwares.

Portanto, Lewis (2006, p. 3) observa que o principal objetivo do teste de usabilidade não é a descoberta de problemas de sistemas, mas como processo investigativo tem como objetivo ajudar aos desenvolvedores de software a criarem produtos que possuam em suas características o conjunto de atributos que definem a usabilidade.

A aplicação do método dentro do teste de usabilidade ainda pode variar conforme o objetivo do pesquisador. Algumas variações de métodos de teste de usabilidade se desenvolveram entre os anos de 1980 e 1994 como o teste “Think Aloud”, “Teste de usabilidade remoto”, “Participação Múltipla simultânea” e Eye-tracking.

122 Tradução livre de: “Although this procedure [iterative usability test, redesign, and retest] may seem

unsystematic and unstructured, our experience has been that there is a surprising amount of consistency in what subjects report. Difficulties are not random or whimsical. They do form patterns”.

123 John Gould lançou estudos experimentais de leitura e escrita em terminais de computador com foco em

fatores limitantes e descreveu soluções para estes problemas. Em colaboração com Stephen Boies desenvolveu uma coleção de critérios para construir sistemas pioneiros com ênfase na usabilidade. Juntos, eles inventaram sistemas digitais e sistemas com reconhecimento de voz amplamente utilizado atualmente. Propôs metodologias para testar a usabilidade dos sistemas antes que elas foram construídas, como experimentos de papel e lápis.

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