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Teste de Usabilidade com Eye-Tracking

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CAPÍTULO IV – MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE USABILIDADE

4.5. Teste de Usabilidade com Eye-Tracking

O teste de Eye-Tracking é uma técnica de teste individual que permite que o movimento dos olhos do participante possa ser mapeado, sendo possível identificar para onde e como o participante está olhando, e quais caminhos o participante percorre na interface na execução de tarefas, e é utilizado como uma ferramenta suplementar ao teste de usabilidade formal (KOCK et. al., 2009, p. 161)131. Para Poole e Ball:

Rastrear o movimento dos olhos das pessoas pode auxiliar pesquisadores de interação humano-computador a entender o processamento de informações visuais que possam impactar a usabilidade da interface de sistemas. Dessa forma, a gravação do movimento dos olhos pode oferecer uma base para avaliação de interfaces que possa prover dados para a melhoria de interfaces.O movimento dos olhos também podem ser capturados e usados no controle de sinais para pessoas interagirem diretamente com a interface sem a necessidade de usar o mouse ou o teclado como controles de entrada de dados, a qual pode ser a maior vantagem para populações especificas, como indivíduos portadores de necessidades especiais

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Tradução livre de: “Some of the advantages of remote testing are (1) access to participants who would otherwise be unable to participate (international, special needs, etc.), (2) the capability for participants to work in familiar surroundings, and (3) no need for either party to install or download additional software. Some of the disadvantages are (1) potential uncontrolled disruptions in the participant’s workplace, (2) lack of visual feedback from the participant, and (3) the possibility of compromised security if the participant takes screen captures of confidential material”.

131 Estelle de Kock é professora associada ao Departamento de Computação da Universidade da África do Sul,

Pretoria. Sua investigação comparou os dois tipos de investigação de interface de sistemas, considerando testes empíricos e análises heurísticas. Sua pesquisa demostrou que ambos os testes produziram resultados semelhantes com pequenas variações próprias de cada método utilizado. Contribuiu para construir um cenário onde a análise heurística pode oferecer os mesmos resultados do teste empírico de usabilidade.

[necessidades cognitivas e principalmente psico-motoras limitadas]132 (POOLE; BALL. In: GHAOUI, 2006, p. 211. Tradução nossa).

Com raízes na pesquisa da Psicologia Aplicada, pesquisadores têm atingido resultados dos estudos dos movimentos dos olhos, dos quais é possível extrair dados para investigação de problemas, buscas estratégicas, processos de mentalização da imaginação e da racionalização (BALL et. al., 2003. JUST; CARPENTER, 1976133. YOON; NARAYANAN, 2004. ZELINSKY; SHEINBERG, 1995).

Uma das vantagens dos testes com Eye-Tracking é a coleta de dados realizada via

software. Pelos “hit-zones”, é possível obter dados mais precisos e evitar erros provenientes

da coleta manual por meio da observação (Poole; Ball, 2006) conforme ilustra a figura em que o tempo de maior permanência (ponto de descanso) é representado pelas áreas em vermelho, e o movimento representativo de leitura é representado pelos marcadores “x”.

Figura 27 - Tela exibindo resultados de uma sessão de Eye-Tracking.

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Tradução livre de: “Tracking people’s eye movements can help HCI researchers to understand visual and display-based information processing and the factors that may impact the usability of system interfaces. In this way, eye-movement recordings can provide an objective source of interface-evaluation data than can inform the design of improved interfaces. Eye movements also can be captured and used as control signals to enable people to interact with interfaces directly without the need for mouse or keyboard input, wich can be a major advantage for certain population of users, such as disable individuals”.

133 Patricia Carpenter é professora e pesquisadora do Departamento de Psicologia da universidade Carnegie-

Mellon. O foco de sua pesquisa é na natureza da mente com um recorte na relação mente e cérebro. Sua pesquisa empírica mais recente inclui imagens do cérebro durante o estudo de resolução de problemas mentais, compreensão de sentenças e reconhecimento de objetos, envolvendo adultos jovens.

Os sistemas mais comerciais de eye-tracking como ilustrado acima medem o ponto de descanso através do método de identificação de movimento de retração e centralização da pupila. (GOLDEBERG; WICHANSKY, 2003 apud POOLE; BALL, 2006, p. 209). Usualmente, esses sistemas consistem em um computador de mesa padrão com uma câmera infravermelha fixada próxima ao display do monitor. O display do monitor é monitorado por um software que fará as aferições de rastro do movimento dos olhos.

Operacionalmente, existe um LED embutido na câmera infravermelha que envia luzes infravermelhas transparentes ao olho, para então rastrear seus movimentos. Ao olhar o display do monitor, é criada uma refração, que é então capturada por outras duas câmeras que ficam ocultas na parte frontal do display, sendo possível assim, determinar a exata localização do olhar do usuário (POOLE; BALL, 2006, p. 210) como ilustra a figura abaixo:

Figura 28 - Participante em um teste de Eye-Tracking.

A luz infravermelha emitida pelas câmeras entra na retina provocando um reflexo que faz com que a pupila torne-se branca, criando um disco definido, também conhecido como “efeito da pupila brilhante”. O reflexo da córnea também é gerado pela luz infravermelha, surgindo pequena, mas com forma bem definida, como sugere a Figura 29:

Figura 29 - Reflexo da córnea e pupila brilhante observada a partir de uma câmera infravermelha.

A partir desta fonte, Pool complementa como a posição exata é determinada:

Uma vez que o software de processamento de imagem identifica o centro da pupila e a localização do reflexo da córnea, o vetor entre eles é medido, e a partir de cálculo trigonométrico, o ponto de relação pode ser encontrado. Embora seja possível determinar a aproximação do ponto de relação somente através do reflexo da córnea, traçando as duas coordenadas do movimento do olho, é possível desassociar movimentos da cabeça134 (DUCHOWSKY, 2003. JACOB; KARN, 2003 apud POOLE; BALL, 2006, p. 218. Tradução nossa).

O Eye-Tracking é amplamente utilizado a muito tempo em diversos campos de estudo da psicologia. Aplicado especificamente em testes de usabilidade, assume-se que o que a pessoa está olhando está no topo de processos cognitivos (JUST; CARPENTER, 1976)135. Para Poole:

A hipótese de observação do olho significa que a coleta dos movimentos dos olhos oferece um traço dinâmico de onde a atenção da pessoa está sendo direcionada em relação a um display visual. Mensurar outros aspectos do movimento dos olhos, como fixação (momentos em que os olhos permanecem relativamente estacionados, recuperando ou decodificando informação), também podem revelar

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Tradução livre de: “Once the image processing software has identified the centre of the pupil and the location of the corneal reflection, the vector between them is measured, and, with further trigonometric calculations, point-of-regard can be found. Although it is possible to determine approximate point-of-regard by the corneal reflection alone, by tracking both features eye movements can, critically, be disassociated from head movements”.

135 Linden Just Ball’s é professor e pesquisador associado ao Departamento de Psicologia da Universidade de

Lancaster, Inglaterra. Sua linha de pesquisa procura compreender a interação entre processos implícitos, intuitivos, explícitos e processos analíticos. Seus tópicos de interesse são sobre fatores que influenciam o domónio dos processos de raciocínio, a maneira em que oocorre concorrência e conflito entre processos de raciocínio e as implicações do processo de raciocínio da racionalidade humana.

uma quantidade de processo inicialmente aplicados a objetos no ponto de relação136 (POOLE; BALL, 2006, p. 218. Tradução nossa).

Dessa forma, como observam Goldberg e Kotval (1999), a visibilidade, a localização e a importância de determinados elementos na interface podem ser objetivamente avaliados e os resultados podem ser utilizados para melhorar um produto.

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