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CAPÍTULO 3 – REFERENCIAÇÃO EM TEXTOS DA OLIMPÍADA DE

3.5. Texto 5 Calçoene e suas diversidades

 

Calçoene e suas diversidades

(L1) Vivo num lugar chamado Calçoene, é tranquilo, mas por trás de toda essa tranquilidade há prostituição, corrupção, fome, mortes sem soluções que causam sofrimento e dor. Ele é bem explorado pelos habitantes e pelos turistas, pois é repleto de festividades e pontos turísticos.

A cada ano que passa o município está cada vez mais estruturado com prédios novos. A oferta (L5) de emprego se propõe através de concursos, gerando oportunidades aos munícipes de concluírem o nível superior em faculdades particulares com um preço acessível.

Nem tudo é perfeito, pois no município também existe pontos negativos como a escola em que estudo, a reforma está parada, falta professor não tem a quantidade adequada de ventiladores para atender a demanda de alunos; isso gera desconforto e prejudica a (L10) aprendizagem.

Outro ponto negativo é a prostituição infantil. Algumas meninas com menos de 14 anos já são mães ou já contraíram algum tipo de DSTs. A política aqui não difere dos outros locais, há políticos com promessas concluídas, outros cheios de ambições com um único objetivo: desviar dinheiro público deixando a população revoltada.

(L15) Mesmo cheio de problemas o povo calçoenense sempre foi guerreiro, de força para superar os obstáculos que a vida propõe.

O texto 5 tem como principal referente Calçoene (L1) apresentado como um lugar belo, porém com muitos problemas como prostituição, corrupção, fome, reforma de escola paralisada e falta de professores, que causam sofrimento, desconforto, dificuldade de aprendizagem e revolta na população local.

O referente é introduzido no texto e reativado por meio:

do pronome Ele (L2) que retoma o referente e o mantém em foco, como notamos no trecho

Vivo num lugar chamado Calçoene, é tranquilo, mas por trás de toda essa tranquilidade há prostituição, corrupção, fome, mortes sem soluções que causam sofrimento e dor. Ele é bem explorado[...]

A política aqui não difere dos outros locais,[...]

serve para marcar o lugar de onde fala o sujeito, no caso, Calçoene, mantendo esse referente em foco.

da expressão nominal o município apresentada na (L 4) e repetida na (L 7) que, como notamos nos trechos:

A cada ano que passa o município está cada vez mais estruturado com prédios novos (L4).

Nem tudo é perfeito, pois no município também existe pontos negativos como a escola em que estudo,[...] (L7).

também serve para reativar o referente Calçoene, garantindo-lhe o foco.

Associados ao município de Calçoene, foram introduzidos os referentes: os

habitantes (L3), os turistas (L3), os munícipes (L5), o povo calçoenense (L15) e a população revoltada (L14). Trata-se de anáforas indiretas baseadas em modelos

cognitivos. Particularmente, chama atenção a anáfora indireta a população revoltada (L14) pelo fato de o adjetivo revoltada expressar como o autor julga o comportamento da população em relação ao desvio de dinheiro público na esfera política.

Além disso, o autor recorreu à estratégia de rotulação prospectiva em dois momentos de sua produção:

1º ) o rótulo pontos negativos (L 7) resume o trecho

(...)a escola em que estudo, a reforma está parada, falta professor não tem a quantidade adequada de ventiladores para atender a demanda de alunos; isso gera desconforto e prejudica a aprendizagem.

(...)a prostituição infantil. Algumas meninas com menos de 14 anos já são mães ou já contraíram algum tipo de DSTs. A política aqui não difere dos outros locais, há políticos com promessas concluídas, outros cheios de ambições (...)

2º ) o rótulo um único objetivo (L13, 14) resume o trecho

desviar dinheiro público deixando a população revoltada.

Esses rótulos funcionam como importantes sinalizadores do propósito do autor do texto que é indicar problemas existentes na cidade. Nesse sentido, retomamos o pensamento de Blikstein (2003, p. 39) sobre a capacidade dos

sujeitos de designar “objetos mentais ou unidades culturais”. Essas circunstâncias de construção e reconstrução do referente de forma negociada e contextualizada não é de fato a apreensão da realidade em si, mas uma percepção-cognitiva desta que torna possível o evento semântico/discursivo.

3.6. Texto 6  

Uma cidade por consequência

(L1)- O lugar onde vivo é um município do estado do Amapá chamado Laranjal do Jarí, localiza- se à margem esquerda do Rio Jarí que separa o estado do Pará do estado do Amapá. Laranjal parece ser uma cidade bem comum, mas não é bem assim, a diferença se dá através de sua história. Originou-se a partir do povoado “beiradão”, cujo nascimento deve-se ao Projeto Jarí no (L5)estado do Pará, bem como sua expansão e desenvolvimento.

A Companhia Jarí Florestal e Agropecuária Ltda, responsável pelo projeto, necessitava arregimentar mão de obra para o trabalho de exploração e reflorestamento de extensas áreas. Isto atraiu muitos trabalhadores de vários estados do Brasil, e a quantidade de pessoas que vieram a procura de trabalho ultrapassou a que fora designada para moradia desse

(L10) trabalhadores. Então, eles começaram a migrar para Laranjal e foram constituindo famílias sem darem conta das futuras consequências.

Os primeiros moradores foram construindo suas casas sob palafitas, sem saneamento básico, sujeitos a inundações periódicas e ainda expostos a vários tipos de doenças, mas a necessidade prevaleceu. A habitação por aqui era difícil, a violência era constante, e também era muito (L15)comum ver meninas menores de idade e até mulheres entrando na prostituição. Pessoas tinham medo de sair de suas casas depois que anoitecia porque era muito perigoso, o medo tomava os trabalhadores, enquanto os marginais se apoderavam da cidade

Mas aí apareceu um homem que é para mim o herói desta história Reginaldo Brito de Miranda, ou o “Tenente Miranda” que é como todos o chamavam, um homem que pode até não (L20) ter solucionado todos os problemas do município, mas certamente teve uma grande contribuição para as melhorias. Arriscou diversas vezes sua vida tentando negociar digamos que um tratado de paz com os desordeiros e, assim conseguiu. Foram criados então projetos como o “Gangs da Paz”, onde cada matriculado recebia uma determinada quantia em dinheiro, para

praticar esportes, participarem de gincanas e estudar e, foram também escolhidos (L25) vigilantes em vários bairros e graças a essas ideias a segurança melhorou muito as crianças