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CAPÍTULO 3 – REFERENCIAÇÃO EM TEXTOS DA OLIMPÍADA DE

3.6. Texto 6 Uma cidade por consequência

de construção e reconstrução do referente de forma negociada e contextualizada não é de fato a apreensão da realidade em si, mas uma percepção-cognitiva desta que torna possível o evento semântico/discursivo.

3.6. Texto 6  

Uma cidade por consequência

(L1)- O lugar onde vivo é um município do estado do Amapá chamado Laranjal do Jarí, localiza- se à margem esquerda do Rio Jarí que separa o estado do Pará do estado do Amapá. Laranjal parece ser uma cidade bem comum, mas não é bem assim, a diferença se dá através de sua história. Originou-se a partir do povoado “beiradão”, cujo nascimento deve-se ao Projeto Jarí no (L5)estado do Pará, bem como sua expansão e desenvolvimento.

A Companhia Jarí Florestal e Agropecuária Ltda, responsável pelo projeto, necessitava arregimentar mão de obra para o trabalho de exploração e reflorestamento de extensas áreas. Isto atraiu muitos trabalhadores de vários estados do Brasil, e a quantidade de pessoas que vieram a procura de trabalho ultrapassou a que fora designada para moradia desse

(L10) trabalhadores. Então, eles começaram a migrar para Laranjal e foram constituindo famílias sem darem conta das futuras consequências.

Os primeiros moradores foram construindo suas casas sob palafitas, sem saneamento básico, sujeitos a inundações periódicas e ainda expostos a vários tipos de doenças, mas a necessidade prevaleceu. A habitação por aqui era difícil, a violência era constante, e também era muito (L15)comum ver meninas menores de idade e até mulheres entrando na prostituição. Pessoas tinham medo de sair de suas casas depois que anoitecia porque era muito perigoso, o medo tomava os trabalhadores, enquanto os marginais se apoderavam da cidade

Mas aí apareceu um homem que é para mim o herói desta história Reginaldo Brito de Miranda, ou o “Tenente Miranda” que é como todos o chamavam, um homem que pode até não (L20) ter solucionado todos os problemas do município, mas certamente teve uma grande contribuição para as melhorias. Arriscou diversas vezes sua vida tentando negociar digamos que um tratado de paz com os desordeiros e, assim conseguiu. Foram criados então projetos como o “Gangs da Paz”, onde cada matriculado recebia uma determinada quantia em dinheiro, para

praticar esportes, participarem de gincanas e estudar e, foram também escolhidos (L25) vigilantes em vários bairros e graças a essas ideias a segurança melhorou muito as crianças

também foram envolvidas em projetos e hoje são mais voltadas para educação. Certo que ainda temos muito a melhorar, mas isso quem sabe vem com o tempo.

Na minha opinião, se as empresas abrissem mão de suas margens de lucro e se preocupassem um pouco mais com seus trabalhadores, poderiam entrar em parceria com a

(L30) Prefeitura de Laranjal, e juntos desenvolverem projetos que incentivassem a coleta de lixo, variedades esportivas, uma boa alimentação, entre outros.

Assim, dando um passo de cada vez, procurando melhoras ainda que pequenas, visando o progresso, nós laranjalenses vamos seguindo na esperança que as pessoas enxerguem mais do que a si próprias, mas vejam todo um coletivo que têm necessidades e precisa ter uma (L35) boa qualidade de vida em sua cidade.

O texto 6 se desenvolve em torno de acontecimentos históricos, econômicos e sociais de Laranjal do Jarí, um município do Amapá. O autor do texto localiza geograficamente Laranjal do Jarí, em seguida apresenta a história entrelaçada com aspectos econômicos e sociais.

Do ponto de vista da referenciação, o texto 6 apresenta como referente central o

lugar onde vivo = Laranjal do Jari (L1). Esse referente é introduzido no texto por

meio de um expressão definida e retomado por uma expressão indefinida um município

do estado do Amapá chamado Laranjal do Jarí. (L1).

Essa estratégia de retomada com pronome indefinido revela a intenção do autor de dar uma explicação ao interlocutor, supondo que ele desconhece o conteúdo do referente introduzido. Também o mesmo propósito é identificado na retomada de

Laranjal por meio da expressão indefinida uma cidade bem comum (L 3).

A repetição do item lexical Laranjal (L2), (L10), (L30) é uma outra estratégia de que se vale o autor para manter o referente em focalização.

Ainda a reativação do referente se dá pelo uso das expressões quase sinônimas a

cidade (L17), o município, (L 20), bem como pelo uso do advérbio aqui (L14) =

lugar onde eu vivo = Laranjal, estratégias que demonstram a flexibilidade do uso da língua em prática social.

De forma ancorada, foram ativados os referentes Os primeiros moradores (L12) e laranjalenses (L 33), constituindo-se esta em anáfora indireta baseada em

relações inscritas no sintagma definido o lugar onde vivo = Laranjal, e aquela, em modelos cognitivos.

Todos os problemas do município (L 20) é uma expressão que encapsula e

rotula retrospectivamente o segmento textual

Os primeiros moradores foram construindo suas casas sob palafitas, sem saneamento básico, sujeitos a inundações periódicas e ainda expostos a vários tipos de doenças, mas a necessidade prevaleceu. A habitação por aqui era difícil, a violência era constante, e também era muito comum ver meninas menores de idade e até mulheres entrando na prostituição. Pessoas tinham medo de sair de suas casas depois que anoitecia porque era muito perigoso, o medo tomava os trabalhadores, enquanto os marginais se apoderavam da cidade.

No tocante à resolução de parte desses problemas descritos, foi introduzido no texto o referente Reginaldo Brito de Miranda(L18), o Tenente Miranda(L19), visto como o herói desta história (L18).

Esse referente é retomado por meio da expressão indefinida um homem que

pode até não ter solucionado todos os problemas do município (...) (L19,20), com o

objetivo de informar o interlocutor sobre o referente no quadro em que não se supõe o compartilhamento desse conhecimento.

O referente Tenente Miranda (L19) se mantém em foco por meio da elipse no trecho

teve uma grande contribuição para as melhorias. Arriscou diversas vezes sua vida tentando negociar digamos que um tratado de paz com os desordeiros e, assim conseguiu.

Por fim, destaca-se o rótulo prospectivo A minha opinião(L28) cujo núcleo é composto por um nome de processo mental relacionado a um processo cognitivo.

3.7. Texto 7  

Grito de repúdio

(L1)No dia 07 de abril de 2010, após uma partida de futebol, um certo jornalista esportivo, do jornal O Popular, situado em Goiânia, maculou a imagem do Estado do Amapá, dando provas de sua estultícia, o que deixou os amapaenses totalmente revoltados. O mesmo relata “... o