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Ti´ olise e alco´ olise de ´ esteres de fosfato

Coordenada de reação−

2.3.2 Ti´ olise e alco´ olise de ´ esteres de fosfato

A alco´olise e ti´olise de ´esteres de fosfato n˜ao ´e facilmente observada experimental- mente, mesmo em solu¸c˜ao (§1.2). Portanto, as rea¸c˜oes A a H s˜ao uma referˆencia para a an´alise da reatividade intr´ınseca de ´esteres de fosfato e dos poss´ıveis mecanismos de cat´alise em PTPs. Nesta se¸c˜ao, os caminhos de rea¸c˜ao (§2.2) ser˜ao discutidos, compa-

rando as estruturas das esp´ecies e os perfis de energia de ti´olise e alco´olise dos dos aril e alquil ´esteres de fosfato.

A geometria dos IMCs ´e facilmente deform´avel, pois os dois reagentes (ou os produtos) n˜ao est˜ao covalentemente ligados. Em solu¸c˜ao aquosa, estes complexos s˜ao ainda menos est´aveis, pois a solvata¸c˜ao blinda as cargas formais das esp´ecies, reduzindo a intera¸c˜ao ele- trost´atica[73]. Os complexos de encontro (RS, figura 1) gerados tˆem geometrias diferentes das geometrias em fase gasosa. O s´ıtio ativo enzim´atico possue estrutura complemen- tar ao substrato, que estabiliza a forma¸c˜ao do complexo de Michaelis (§1.1) e, assim, a geometria deste complexo ´e diferente daquela observada em fase gasosa. Portanto, n˜ao discutiremos a estrutura dos IMCs calculados na fase gasosa.

As DRCs para as esp´ecies estacion´arias nas rea¸c˜oes associativas de ti´olise de mono e tri´esteres s˜ao em geral cerca de 0.5 ˚A menores do que as DRCs das esp´ecies formadas na alco´olise dos mesmos reagentes. Esta diferen¸ca ´e conseq¨uˆencia da maior distˆancia da liga¸c˜ao P−S. Por exemplo, d(PS) = 2.08 ˚A para o TMDMP e d(PO) = 1.60 ˚A para o TMP. No entanto, os TSs da etapa de ataque nucleof´ılico nas quatro rea¸c˜oes de tri´esteres possuem DRCs (p. 89) e distˆancias de liga¸c˜ao (tabela 8) pr´oximas.

Nas rea¸c˜oes de tri´esteres (figura 13), os TSs de quebra ou forma¸c˜ao de liga¸c˜ao P−O entre CH3O− e o grupo fosfato apresentam os grupos equatoriais torcidos como nos IMCs.

Os hidrogˆenios dos grupos metila equatoriais est˜ao coordenados ao oxigˆenio do CH3O−.

Nos TSs de forma¸c˜ao da liga¸c˜ao P−S e de quebra da liga¸c˜ao P−O de um grupo fenil, os grupos equatoriais est˜ao torcidos como nos intermedi´arios (figura 13). Todos TSs das rea¸c˜oes associativas de mono´esteres tˆem os grupos OH equatoriais torcidos como nos intermedi´arios (figura 19). Portanto, a maior basicidade do met´oxido n˜ao ´e suficiente para retirar um hidrogˆenio das metilas equatoriais nos tri´esteres, mas resulta na tor¸c˜ao dos grupos equatoriais nos TSs. A coordena¸c˜ao aos hidrogˆenios dos grupos metila estabiliza os TSs de rea¸c˜oes de met´oxido. Nos mono´esteres, os TSs das rea¸c˜oes de met´oxido s˜ao estabilizados pela transferˆencia intramolecular de H+ e apenas um grupo equatorial ´e

coordenado ao CH3O−.

As IRCs para todos TSs das rea¸c˜oes Dn+An s˜ao dominadas pela transferˆencia intra-

molecular de H+. Para a rea¸c˜ao de dissocia¸c˜ao de MeOP, a distˆancia P−O quebrada

permanece constante na regi˜ao do TS e as distˆancias d(HX), onde X ´e o doador ou o aceptor de hidrogˆenio, sofrem mudan¸cas de mais de 0.6 ˚A (figura 20). As rea¸c˜oes de dissocia¸c˜ao de MeSP− e PhOPtˆem um comportamento semelhante. A transferˆencia

de H+ no mecanismo D

rea¸c˜ao ocorre somente quando o “ambiente” (a liga¸c˜ao que se rompe, no caso das rea¸c˜oes de fosfatos) assume uma configura¸c˜ao ideal, que permanece praticamente im´ovel durante a transferˆencia[71].

A distˆancia de liga¸c˜ao P−S em todos TSs para ti´olise varia de 2.6 a 3.1 ˚A. A distˆancia P−O varia de 2.2 a 2.4 ˚A (tabela 8) nos TSs de sa´ıda do grupo aril e, varia de 2.0 a 2.9 ˚

A (tabela 8) nos TSs envolvendo rea¸c˜ao de CH3O−, sugerindo que a transferˆencia de H+

influencia as distˆancias P−OMe mais que nos outros grupos. A IRC das rea¸c˜oes An+Dn

de mono´esteres envolvendo CH3SH e PhOH ´e exclusivamente composta pela forma¸c˜ao ou

pela quebra da liga¸c˜ao P−S ou P−O. Quando a rea¸c˜ao envolve CH3OH, a IRC ´e uma

combina¸c˜ao da liga¸c˜ao P−O e da transferˆencia de H+.

As freq¨uˆencias imagin´arias de baixa magnitude observadas em todos TSs das rea¸c˜oes de tri´esteres e em alguns TSs das rea¸c˜oes de mono´esteres sugerem que a PES na regi˜ao destes TSs ´e plana (tabela 8). Freq¨uˆencias de maior magnitude s˜ao caracter´ısticas das rea¸c˜oes de mono´esteres envolvendo met´oxido e indicam PES com maior curvatura na regi˜ao dos TSs. As freq¨uˆencias imagin´arias acima de 1000i cm−1 indicam barreiras com

acentuada curvatura, associadas apenas `a transferˆencia de H+e caracter´ısticas das rea¸c˜oes

Dn+An.

A PES ´e relativamente rugosa nas regi˜oes de quebra e forma¸c˜ao das liga¸c˜oes P−O e P−S e, portanto, o arranjo dos grupos equatoriais influenciou a otimiza¸c˜ao da geometria dos TSs (p. 85). Por exemplo, no c´alculo do caminho da rea¸c˜ao A, os ˆangulos diedrais respons´aveis pelas tor¸c˜oes dos grupos equatorias combinavam-se `a coordenada de rea¸c˜ao. Pequenas varia¸c˜oes nestes ˆangulos diedrais e na distˆancia da liga¸c˜ao (P−S) em forma¸c˜ao resultavam em grandes varia¸c˜oes de energia, com diversos m´ınimos locais na PES (p. 85). Sugerimos que esta rugosidade era causada pela falta de flexibilidade N-eletrˆonica na ex- pans˜ao da fun¸c˜ao de onda e que uma descri¸c˜ao multiconfiguracional seria necess´aria no c´alculo da PES em torno dos TSs de forma¸c˜ao da liga¸c˜ao P−S[211]. No entanto, inves- tiga¸c˜oes posteriores, incluindo c´alculos multiconfiguracionais[234][121, cap. 12], popula¸c˜ao de orbitais naturais[235], quebra de simetria da fun¸c˜ao de onda eletrˆonica irrestrita[138], reoti- miza¸c˜oes de geometria e o c´alculo de IRC com conjunto base ampliado indicaram que a rugosidade na PES era causada por falta de flexibilidade no conjunto base de 1-el´etron, especialmente pela ausˆencia de fun¸c˜oes difusas (p. 53). Estas investiga¸c˜oes tamb´em indicaram que uma configura¸c˜ao eletrˆonica (ou um determinante de Slater, §1.4.1) era suficiente para descri¸c˜ao da fun¸c˜ao de onda das esp´ecies de rea¸c˜ao estudadas. Portanto, o conjunto 6-31+G* foi usado nas otimiza¸c˜oes de geometria para todas outras rea¸c˜oes

estudadas. Tamb´em conclu´ımos que a inclus˜ao da correla¸c˜ao eletrˆonica, pelo menos em segunda ordem (§1.4.1), ´e essencial para descri¸c˜ao energ´etica, pois barreiras de ativa¸c˜ao calculadas no n´ıvel HF s˜ao at´e 18 kcal/mol superiores `as barreiras calculadas no n´ıvel MP2[74, 211].

As estruturas formadas ao longo do caminho das rea¸c˜oes A a H apresentam os ´atomos ligantes coordenados ao f´osforo nas posi¸c˜oes de uma TBP (figuras 4, 13 e 16). O f´osforo e os ligantes equatorias s˜ao coplanares apenas nos intermedi´arios (s˜ao exatamente copla- nares nos C:I e G:Ia, pois essas rea¸c˜oes s˜ao sim´etricas). As outras esp´ecies formadas s˜ao TBPs distorcidas. Os mecanismos dissociativos e os IMCs das rea¸c˜oes associativas de mono´esteres (figura 19) s˜ao as ´unicas esp´ecies cuja geometria otimizada n˜ao equivale a TBPs. O arranjo de TBP ´e caracter´ıstico dos intermedi´arios propostos para rea¸c˜oes de ´esteres de fosfato[37, 39, 45] e ´e observado experimentalmente em compostos de f´osforo (V ) hipervalente[162] e pentacoordenado, como fosforanas (p. 21)[39, 55].

Para alguns intermedi´arios otimizados, o posicionamento dos grupos na TBP n˜ao segue as regras estabelecidas empiricamente (§1.2.1, p. 21)[39, 53]. Segundo os valores sugeridos por Pearson[46, tabela F.3], a eletronegatividade (χ) dos ligantes segue a ordem: χHO > χCH3O > χPhO > χCH3S. Os intermedi´arios D:I, E:Ia, F:Ia, G:Ia e H:Ia possuem

ligantes de menor eletronegatividade, como PhO− e CH

3S−, em posi¸c˜oes axiais (contra-

riando o item 2, p. 21). O D:I cont´em o grupo fen´oxido em posi¸c˜ao axial (contrariando os itens 1, 2 e 3, p. 21). Na rea¸c˜ao A, barreiras similares s˜ao observadas para dissocia¸c˜ao de met´oxido com o grupo CH3S− posicionado axial (A:TS3) ou equatorialmente (A:TS2,

figura 13 e tabela 4), sugerindo que o posicionamento dos grupos n˜ao-reativos na TBP n˜ao influencia as alturas de barreiras de rea¸c˜ao. Portanto, conclu´ımos que as regras emp´ıricas para posicionamento dos ligantes n˜ao s˜ao respeitadas para os intermedi´arios de ti´olise e alco´olise formados na fase gasosa e que o posicionamento dos grupos em rela¸c˜ao a TBP n˜ao influencia as barreiras de ativa¸c˜ao.

Barreiras energ´eticas envolvidas na pseudorrota¸c˜ao (§1.2) foram propostas como causa da dificuldade de forma¸c˜ao (ou rea¸c˜ao) de intermedi´arios de ´esteres de fosfato[40, 53, 54]. Pseudorrota¸c˜oes s˜ao observadas nas rea¸c˜oes associativas estudas (por exemplo, na rea¸c˜ao A, entre as esp´ecies A:TS1 e A:I1, p. 86), mas n˜ao apresentam barreiras de ativa¸c˜ao. N˜ao procuramos por caminhos de rea¸c˜ao nem TSs para interconvers˜oes de pseudorrotˆameros a partir dos intermedi´arios. Todavia, se as alturas destas barreiras s˜ao iguais `as diferen¸cas de energia entre os pseudorrotˆameros, 3 kcal/mol para as rea¸c˜oes de tri´esteres (p. 89), as barreiras ser˜ao facilmente transpostas. A barreira para a pseudorrota¸c˜ao do intermedi´ario

pentacoordenado da rea¸c˜ao de OH−+ TMP, obtida por c´alculos de estrutura eletrˆonica,

´e menor que 1 kcal/mol[212]. Conclu´ımos que a interconvers˜ao de pseudorrotˆameros n˜ao ´e um processo mecanisticamente importante e n˜ao deve dificultar a forma¸c˜ao ou a rea¸c˜ao das fosforanas na ti´olise e alco´olise.

A ´unica fosforana que pode ser observada experimentalmente ´e C:I, pois a barreira para sua decomposi¸c˜ao ´e alta e suas energias de forma¸c˜ao s˜ao exot´ermicas (figura 17). Aparentemente, a metodologia empregada por Lum e Grabowski[40], no estudo da rea¸c˜ao de TMP com diversos nucle´ofilos em fase gasosa, permite a detec¸c˜ao de intermedi´arios aniˆonicos, mas a observa¸c˜ao de uma fosforana n˜ao foi reportada. Estes autores sugerem que fosforanas n˜ao s˜ao formadas e que a etapa determinante da velocidade de rea¸c˜ao ´e a adi¸c˜ao do nucle´ofilo ao TMP[40] j´a que o composto deuterado, C2D3H3O4P−, que in-

dica ataque de CD3O− sobre f´osforo do TMP, foi detectado em pequenas quantidades (o

ataque sobre f´osforo ´e observado apenas como tra¸cos de rea¸c˜ao, cerca de 1.5% do total). Lum e Grabowski argumentam que a forma¸c˜ao de uma fosforana resultaria em maior incorpora¸c˜ao de CD3O− nos produtos, porque o intermedi´ario poderia se decompor para

TMP-d3 e ser novamente atacado por CD3O−, gerando C2D6O4P−, que tamb´em n˜ao foi

detectado. O perfil energ´etico calculado para a rea¸c˜ao C sugere outra interpreta¸c˜ao des- tes resultados experimentais. A barreira para a rea¸c˜ao total corresponde `a decomposi¸c˜ao da fosforana. A adi¸c˜ao de CD3O− a TMP ´e cerca de 107 vezes mais r´apida do que a

dissocia¸c˜ao do grupo de sa´ıda (figura 15). A baixa quantidade de composto deuterado detectada experimentalmente deve-se `a maior barreira total para rea¸c˜ao sobre f´osforo em rela¸c˜ao `a rea¸c˜ao sobre o carbono do TMP e ao ataque sobre carbono ser termodi- namicamente favor´avel, ao contr´ario do ataque sobre f´osforo[212]. O produto deuterado duplamente substitu´ıdo n˜ao ´e observado, porque a barreira para rea¸c˜ao no f´osforo tem que ser transposta duas vezes, sem que nenhuma outra rea¸c˜ao concorrente (ataque sobre o carbono, ou dissocia¸c˜ao do CD3O−) ocorra. Esta hip´otese ´e energ´etica e estatisticamente

desfavor´avel e a quantidade de C2D6O4P− formada deve ser inferior ao limite de detec¸c˜ao

experimental (0.2% do total do produto de rea¸c˜ao).

Os produtos formados na ti´olise de tri´esteres s˜ao mais inst´aveis do que os produtos de alco´olise e, logo, as energias de rea¸c˜ao de ti´olise s˜ao maiores do que as energias de alco´olise (figuras 15 e 17). A diferen¸ca da energia de rea¸c˜ao entre ti´olise e alco´olise para o mesmo grupo de sa´ıda (rea¸c˜oes A vs. C e B vs. D) ´e cerca de 35 kcal/mol. A diferen¸ca entre as rea¸c˜oes com o mesmo nucle´ofilo, mas grupos de sa´ıda distintos (rea¸c˜oes A vs. B e C vs. D), tamb´em ´e cerca de 35 kcal/mol. As rea¸c˜oes e forma¸c˜oes de intermedi´arios nos mono´esteres s˜ao endot´ermicas e a faixa de varia¸c˜ao das energias ´e restrita. Os inter-

medi´arios formados no ataque dos tri´esteres ar´ılicos s˜ao cerca de 10 kcal/mol mais est´aveis do que os intermedi´arios alqu´ılicos (A:I1 vs. B:I e C:I vs. D:I).

A energia de dissocia¸c˜ao de H+ de fenol em fase gasosa ´e cerca de 30 kcal/mol mais

baixa do que a dissocia¸c˜ao do metanol. Portanto, o fen´oxido deve ser um melhor nu- cle´ofugo que met´oxido e as energias de rea¸c˜ao cujo grupo de sa´ıda ´e fen´oxido s˜ao mais favor´aveis. A basicidade do fen´oxido ´e menor por causa da deslocaliza¸c˜ao da carga nega- tiva pelo anel arom´atico. Para as rea¸c˜oes de mono´esteres, a transferˆencia de H+ do grupo

fosfato neutraliza a carga formada no nucle´ofugo e, portanto, as energias das rea¸c˜oes cujos grupo de sa´ıda s˜ao metanol ou fenol s˜ao semelhantes. A protona¸c˜ao do grupo de sa´ıda por um ´acido geral ´e um dos mecanismos utilizados pelas PTPs para catalisar a desfosforila¸c˜ao do substrato[42].

Portanto, a estabilidade termodinˆamica dos tri´esteres depende da natureza dos gru- pos nucleof´ılicos e de sa´ıda. A desesterifica¸c˜ao e protona¸c˜ao resultam em consider´avel independˆencia da estabilidade termodinˆamica dos mono´esteres de fosfato em rela¸c˜ao `a natureza dos grupos reativos. As energias de rea¸c˜ao e de forma¸c˜ao dos intermedi´arios das rea¸c˜oes E a H s˜ao menores do que 7 kcal/mol. Nas rea¸c˜oes Dn+An, a etapa dissociativa ´e

sempre endo´ergica e a etapa associativa ´e sempre exo´ergica. Ao contr´ario dos tri´esteres, as altas energias de forma¸c˜ao de intermedi´arios sugerem que mecanismos divididos em duas etapas n˜ao s˜ao favorecidos para as rea¸c˜oes de mono´esteres. A barreira para decom- posi¸c˜ao de G:Ia ´e 7.1 kcal/mol. Assim como C:I, este intermedi´ario tamb´em pode ser detectado experimentalmente, caso o mecanismo operacional na fase gasosa seja associ- ativo (vide infra). Estes intermedi´arios correspondem a rea¸c˜oes identidade de alco´olise. Os outros intermedi´arios formados nas rea¸c˜ao associativas de mono´esteres tˆem barreiras de decomposi¸c˜ao menores do que 2 kcal/mol e, portanto, s˜ao inst´aveis na fase gasosa.

As alturas de barreira calculadas para as rea¸c˜oes de mono´esteres diferem considera- velmente das barreiras de tri´esteres. A rea¸c˜ao com menor barreira ´e a alco´olise de DMPP (rea¸c˜ao D, figura 17). Esta rea¸c˜ao deve ser observada experimentalmente j´a que a bar- reira para alco´olise sobre carbono alqu´ılico pode ser estimada em cerca de 8.5 kcal/mol, pela diferen¸ca entre a energia relativa do TS de alco´olise sobre o carbono na rea¸c˜ao de CH3O−+ TMP, calculada por Chang e Lim[212] (neste trabalho o C:TS1 ´e denominado

TS-6, com ∆ET = ∆EM P 2+ ∆ZP E = −12.7 kcal/mol, mas a ∆ET do IMC n˜ao ´e re-

portada), e a energia do C:IMC1 (o IMC formado para ataque sobre f´osforo ´e o mesmo daquele formado quando o ataque ocorre sobre o carbono). A rea¸c˜ao de ti´olise de DMPP tamb´em apresenta uma barreira transpon´ıvel (figura 17) e deve ser observada experimen-

talmente. A barreira para ataque de CH3S− sobre carbono alqu´ılico foi calculada em

12.6 kcal/mol[211] e, portanto, deve ser competitiva com a ti´olise sobre f´osforo do DMPP (rea¸c˜ao B, figura 15). O ataque nucleof´ılico sobre o carbono arom´atico ´e improv´avel em ambas rea¸c˜oes. Portanto, sugerimos que quantidades significativas de ataque sobre f´osforo devem ser observadas na fase gasosa, para rea¸c˜ao de tri´esteres de fosfato com um grupo de sa´ıda aril-derivado, como DMPP, com nucle´ofilos como CH3O− e CH3S−, ao contr´ario

da reatividade de tri´esteres de alquila (§1.2.2).

Nenhum dos estudos experimentais de ataque nucleof´ılico sobre TMP em fase gasosa apresentou constantes de velocidade para ataque sobre f´osforo (§1.2.2)[40, 41, 81]. O ´unico dado cin´etico experimental que pode ser comparado com as alturas de barreira calculadas nesta tese ´e uma rela¸c˜ao entre as constantes de velocidade para ataque sobre carbono e sobre f´osforo da rea¸c˜ao CD3O−+ TMP. Esta rela¸c˜ao corresponde a uma diferen¸ca de 2.2

kcal/mol entre as barreiras, onde a rea¸c˜ao sobre carbono ´e mais r´apida[40]. A barreira estimada para ataque de CH3O− sobre carbono do TMP ´e 8.5 kcal/mol (vide supra) e a

barreira calculada para ataque sobre f´osforo ´e 14.0 kcal/mol (figura 15). Assim, a dife- ren¸ca entre as barreiras calculadas ´e 5.5 kcal/mol, isto ´e, 3.3 kcal/mol acima da diferen¸ca entre as barreiras experimentais. A proximidade das diferen¸cas de barreira calculada e experimental demonstra que as computa¸c˜oes efetuadas tem capacidade preditiva, pelo menos, semiquantitativa. As diferen¸cas de altura de barreira n˜ao s˜ao mais pr´oximas em virtude das incertezas possivelmente associadas `as seguintes fontes:

• Medida experimental, pois a observa¸c˜ao do produto de ataque sobre f´osforo foi pequena e pr´oxima do limite de detec¸c˜ao[40];

• Suposi¸c˜ao que o mecanismo de rea¸c˜ao ´e AnDn, para calcular a rela¸c˜ao entre as

constantes a partir das distribui¸c˜oes de produtos observadas[40];

• N´ıvel de c´alculo de estrutura eletrˆonica (MP2/6-31+G*//HF/6-31+G*) usado na determina¸c˜ao da energia relativa do TS de ataque sobre carbono[212].

A compara¸c˜ao entre os valores calculados e experimentais ´e resultado da diferen¸ca entre dois valores, computados ou medidos, e, portanto, o erro final ´e a soma dos erros de cada valor. O erro associado ao n´ıvel de c´alculo usado na computa¸c˜ao da altura de barreira de ataque sobre f´osforo (§2.2.4 e §2.3.1) deve ser menor do que as trˆes poss´ıveis fontes de erro mencionadas acima.

A constante de velocidade de alco´olise intramolecular de um aril di´ester de fosfato em solu¸c˜ao aquosa ´e cerca de 107 vezes maior do que a ti´olise intramolecular de um substrato

equivalente. Esta diferen¸ca corresponde a um ∆∆G‡= 9.5 kcal/mol a 25C[76]. O efeito

da solvata¸c˜ao aquosa na diferen¸ca de energia relativa (∆∆G) entre estas rea¸c˜oes deve ser cancelado em grande parte, j´a que a rea¸c˜ao ´e intramolecular e a estrutura do solvente em torno do ´alcool e do tio derivado deve ser similar. Observamos um bom acordo entre a diferen¸ca das alturas de barreira das rea¸c˜oes B e D, 7.7 kcal/mol, e a diferen¸ca entre as energias de ativa¸c˜ao experimentais. Os mecanismos de rea¸c˜ao de di´esteres de fosfato s˜ao associativos e similares aos mecanismos de tri´esteres (§1.2).

A rea¸c˜ao de HS−+ TMP medida em fase gasosa ´e totalmente regiosseletiva para

carbono e o ataque sobre f´osforo n˜ao ´e observado[40]. O perfil energ´etico calculado para a rea¸c˜ao A (figura 15) sugere que a rea¸c˜ao de ti´olise sobre f´osforo n˜ao ´e observada, porque a rea¸c˜ao ´e termodinamicamente desfavor´avel (∆Greac > 30 kcal/mol), apresenta um alta

barreira para elimina¸c˜ao do grupo de sa´ıda e uma pequena barreira para decomposi¸c˜ao do intermedi´ario na dire¸c˜ao dos reagentes (4.2 kcal/mol, figura 15). Lum e Grabowski[40], e Chang e Lim[212] prop˜oem que o passo limitante para o ataque ao centro de f´osforo em tri´esteres ´e a adi¸c˜ao do nucle´ofilo. Os resultados apresentados na §2.2.1 mostram que a etapa limitante ´e o ataque sobre f´osforo apenas para rea¸c˜ao B e a etapa de dissocia¸c˜ao do grupo de sa´ıda ´e limitante nas outras rea¸c˜oes de tri´esteres. Portanto, parece-nos que, para as rea¸c˜oes de tri´esteres em geral, a etapa de dissocia¸c˜ao do grupo de sa´ıda ´e determinante da velocidade de rea¸c˜ao.

As energias de descomplexa¸c˜ao dos IMCs dos produtos nas rea¸c˜oes B, C e D s˜ao maiores que as barreiras associadas aos TS1 e TS2 de cada rea¸c˜ao. Embora as energias de complexa¸c˜ao estejam superestimadas em at´e 1

8 dos valores, em conseq¨uˆencia do BSSE [140]

(p. 54), a acumula¸c˜ao dos IMCs dos produtos ou a rea¸c˜ao inversa (ataque por met´oxido nas rea¸c˜oes A e C, e por fen´oxido nas rea¸c˜oes B e D) podem ser observadas em fase gasosa.

Dois tipos de mecanismos foram calculados para as rea¸c˜oes de mono´esteres (figura 3). As diferen¸cas entre as alturas de barreira observadas no mecanismo An+Dn e no Dn+An

n˜ao ultrapassam 7 kcal/mol, assim, os dois mecanismos podem ser competitivos. Para a rea¸c˜ao E (Dn+An), a barreira de ativa¸c˜ao total ´e 7 kcal/mol mais baixa que a barreira

para o mecanismo associativo. A altura de barreira total da rea¸c˜ao F (An+Dn) ´e 28.7

kcal/mol. A dissocia¸c˜ao de PhOP− apresenta uma barreira de 29.4 kcal/mol e, assim,

a forma¸c˜ao do F:IMC1d pode ser competitiva com a forma¸c˜ao do F:IMC2a (figura 21 e tabela 9). Todavia, o mecanismo An+Dndeve ser preferido, porque a energia de forma¸c˜ao