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Tipificação da Agricultura Familiar de Subsistência (AFS)

2.4 Metodologia

2.4.1 Delimitação da Agricultura Familiar para El Salvador

2.4.1.1 Tipificação da Agricultura Familiar de Subsistência (AFS)

Em vista que a variável de Agricultura Familiar de Subsistência (conceito do PAF 2011-2014)22 já está definida na base de dados do IV Censo Agropecuário e pelo PAF, esta

seção se limita apenas à estratificação ou tipologia deste tipo de AF. Como se observa na Tabela 3, os estabelecimentos de subsistência (AFS) são gestionados pelo produtor individual e estão na condição de pessoa física.

O critério de tipificação se dá em relação à capacidade produtiva do estabelecimento (produtividade) que corresponde ao rendimento medido em toneladas por hectare somente para grãos básicos, pois os estabelecimentos de subsistência cultivam apenas estes. Ao mesmo tempo, a tipificação com base na capacidade produtiva permite diferenciar o nível de eficiência entre um grupo e outro. Não são objetos características como tamanho da superfície do estabelecimento para evitar sobreposição de informações.

Para realizar a tipificação, tomou-se a base de dados “s03b” sobre os grãos básicos (milho, sorgo, feijão e arroz), cujas variáveis são s03p03, s03p12, s03p19, s03p23 sobre a superfície utilizada para semear grãos básicos; e a produção medida em toneladas nas variáveis

s03p07, s03p15, s03p20, s03p24. Assim, estratificou-se a AFS em função da produtividade. A

Figura 4 apresenta a dispersão unidimensional da produtividade da AFS, o qual mostra que há uma distribuição assimétrica positiva, com baixa frequência de altos valores em relação à produtividade.

Dessa forma escolheu-se este critério pois, aproximadamente, 80% dos produtores familiares produz menos de 6 toneladas por hectares e 20% produz acima de 6 toneladas por hectáres, até um máximo de 17,88 toneladas por hectare. A produtividade refere-se às atividades agrícolas relacionadas a grãos básicos (322.307 estabelecimentos), excluindo as

22 Categoria equivalente a “Agricultura Familiar Camponesa”, conforme conceito de Consejo Agropecuario

Tabela 3 – Características Principais da Agricultura Familiar de Subsistência (AFS)

Características

Subsistência Pequenos-medianos* Grande

Total mlp = -2 mlp = 0 mlp = 1 Condição Jurídica Pessoa física 325.406 69.427 1.283 396.116 % 82,1 17,5 0,3 100 Perssoajurídica 0 0 1.193 1.193 % 0,0 0,0 100,0 100 Total 325.406 69.427 2.476 397.309 % 81,9 17,5 0,6 100 Tipo de administração Cooperativa 0 0 288 288 % 0,0 0,0 100,0 100 Empresa ou corporação 0 0 856 856 % 0,0 0,0 100,0 100 Entidade de governo 0 0 31 31 % 0,0 0,0 100,0 100 Produtor individual 325.406 69.206 1.280 395.892 % 82,2 17,5 0,3 100 ONG’s 0 0 18 18 % 0,0 0,0 100,0 100 Outros 0 221 3 224 % 0,0 98,7 1,3 100 Total 325.406 69.427 2.476 397.309 % 81,9 17,5 0,6 100 Observações 397.308

*São os estabelecimentos comerciais renomeados como pequenos-medianos estabelecimentos

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IV Censo Agropecuário 2007-2008

atividades pecuárias (3.099). Portanto, identifica-se AFS de duas categorias a partir do nível de produtividade dos estabelecimentos. Há uma AFS tipo A, que corresponde a 260.724 (80,89 %) estabelecimentos de subsistência pura ou infrasubsistência, e tipo B com 61.583 estabelecimentos (19,11%).

2.4.1.2 Delimitação e construção tipológica da Agricultura Familiar Comercial (AFC)

Em vista da ausência de uma base de dados oficial sobre AF Comercial, neste trabalho, delimita-se a variável produtor comercial que não é grande produtor da base de dados do IV Censo Agropecuário de El Salvador 2007-2009, usando critérios operativos. Portanto, como exposto, deriva-se a categoria de AFC a partir das variáveis “mlp=0” e “tiprodu=1”, que são estabelecimentos do tipo comercial pequeno e mediano.

O objetivo é deixar em evidência os estabelecimentos pequenos que são comerciais que, neste trabalho, são catalogados de estabelecimentos familiares, além de diferenciá-los dos estabelecimentos medianos que são denominados como estabelecimentos não familiares. Os critérios de delimitação são fundamentados nos seguintes elementos: que o estabelecimento

Figura 4 – Histograma e Ogiva sobre a Distribuição da Produtividade da Terra para a AFS Fonte: Resultados da pesquisa

seja administrado por um produtor individual como forma de organização, que o estabele- cimento esteja na condição de pessoa física, e empregar mão de obra seja temporária ou permanente de forma limitada.

Da Tabela 3 nota-se que os estabelecimentos comerciais pequenos-medianos, estão na condição de pessoa física (variável “s01p05a” ou “s01p05adsc” ). Porém, a administração do estabelecimento não necessariamente é o produtor individual. A partir desta última variável realiza-se a delimitação da AFC. A variável “s01p06adsc” trata do tipo de administração do estabelecimento, ou seja, se ele é organizado por cooperativa, empresa ou corporação, entidade de governo, ONG, outros e, por último a categoria de produtor individual. Portanto, o primeiro critério de delimitação é que a gestão do estabelecimento seja dada pelo produtor individual (“s01p06a=39” ), ou seja, a unidade econômico-produtiva seja administrada pelo chefe ou dono de família (produtor individual). Neste caso, o produtor individual assume a responsabilidade de gestor do estabelecimento.

O segundo critério é baseado em função do número de trabalhadores por estabele- cimentos agropecuários considerando a distribuição dos dados, conforme dois subcritérios. O primeiro subcritério consiste em pequenos estabelecimentos comerciais que contratam de 0-20 unidades de trabalho (mão de obra) temporárias (variáveis “s19p02mt” e “s19p02ht” ), e que contratam de 0 a 4 empregados de forma permanente (“s19p02mf” e “s19p02hf” ). Este subcritério de utilização de mão de obra temporária é um tanto arbitrário, mas ele é adotado por três razões.

A primeira é devido à concentração, já que 95,4% dos estabelecimentos comerciais contrataram entre 1-480 trabalhadores temporários e 4,6% contrata zero trabalhadores tem- porários. Ademais, há uma concentração de 93,6% estabelecimentos que empregam entre 0 a 20 trabalhadores temporários para atividades agrícolas sendo que 89% contratam entre 1-20 trabalhadores temporários e este valor sobe para 93,32% se considerado só o universo dos que contratam. O segundo motivo foi por comparação, pois ao ver o contrato de mão de obra temporária dos agricultores de subsistência, observa-se que foram contratados até 10 indiví- duos e, no caso da agricultura familiar comercial, é razoável supor, que suas condições são diferentes devido ao acesso ao mercado e poderiam contratar até o dobro de trabalhadores temporários.

O terceiro motivo está associado ao conceito de AF do Consejo Agropecuario Centro- americano (CAC) (2010) sobre “pequena Agricultura Familiar Empresarial” ao referir-se à AFC. Viéytez (2002, p. 20) expõe que o critério de classificação da “Fundación Salvadoreña

para el Desarrollo Económico y Social” considera que uma unidade econômica como empresa

pequena é aquela que contrata até 20 pessoas. Ainda que na agricultura este número pode ser diferente devido à estrutura específica do setor, os dois primeiros motivos apontam para uma escolha razoável deste subcritério23.

O segundo subcritério adotado é em função a dois motivos: um de concentração dos dados correspondente ao uso de força de trabalho permanente ou fixo e, outro de comparação da contratação de trabalho permanente da AFS. De acordo com os dados, 71,88% dos estabe- lecimentos não utiliza mão de obra permanente e 28,12% contrata mão de obra permanente ou fixa, sendo este número entre 1 e 65 empregados. De modo geral, 98,13% dos produtores contratam entre 0 e 4 empregados permanentes. Dos 28,12% que contratam mão de obra fixa, 93,34% utilizam entre 1 e 4 empregados, e 6,66% utilizam entre 5 e 65 empregados. Neste trabalho, a delimitação leva em conta a definição dada pelo PAF, que caracteriza a AFC como aquela que usa mão de obra externa de forma eventual agregada à variável re- ferentes à mão-de-obra fixa tomando como limite a mesma quantia que os trabalhadores de subsistência contratam (até 4) e o critério da maior concentração dos dados. Dessa forma, têm-se que 63.886 unidades produtivas são pequenas (92,02%) de acordo com esses critérios, e 5.541 (7.98%) unidades produtivas medianas. Assim, a partir da diferença de estabeleci- mentos comerciais do tipo pequenos e medianos, o próximo passo é denominar os pequenos estabelecimentos como familiares e os medianos como estabelecimentos não familiares.

23 Ainda que esta classificação seja válida para empresas não agrícolas, nada impede que também seja aplicada

a empresas agropecuárias na ausência de uma definição pontual sobre empresas agrícolas e, especificamente, para os produtores individuais que não são considerados empresas, porém contratam um conjunto relativa- mente pequeno de trabalhadores. Portanto, em vista da limitação de um critério de classificação de empresas agropecuárias, se tomará como critério geral o critério exposto por Viéytez (2002, p. 51–52).

Uma vez delimitada a AFC resta tipificá-las. A estratificação que aqui se expõe, pro- põe uma tipificação deste universo em função do nível de produtividade dos estabelecimentos pequenos. É necessário ressaltar uma diferença entre estabelecimentos familiares de subsis- tência e estabelecimentos familiares comerciais, e é a predominância de tipos de cultivos deste último. Como a AFC não cultiva somente grãos básicos, mas um conjunto de cultivos, a tipificação toma como base a produtividade total para grãos básicos e outros cultivos.

Para calcular a produtividade da AFC, considera-se o cultivo de grãos básicos cons- tituídos por feijão, sorgo, milho e arroz do código “s03a”, o cultivo de hortaliças de “s05a”, cultivos agroindustriais anuais de “s06a”, cultivos orgânicos do código “s12a”, cana ou agroin- dustrial semipermanente de “s07a” e o cultivo de frutas de “s08a”. Excluí-se desta análise o cultivo de café, viveiros e estufas, além das atividades florestais.

Figura 5 – Histograma e Ogiva sobre a distribuição da produtividade da terra da AFC. Fonte: Resultados da pesquisa

A tipificação foi estabelecida de acordo com a concentração da distribuição dos dados e a dedicação às atividades agrícolas (Figura 5). De acordo com a construção da variável, do total de agricultores familiares comerciais (63.886), somente 49.542 estabelecimentos pos- suem produtividade. Novamente, a produtividade alude às atividades agrícolas relacionadas aos cultivos mencionados anteriormente (49.542 estabelecimentos), excluindo as atividades pecuárias e outros (14.344 estabelecimentos). Portanto, a AFC tipo C é aquela cuja produ- tividade da terra seja igual ou menor a 40 toneladas por hectare (90,56%) e, a AFC tipo D se a produtividade foi maior a 40 toneladas por hectare (9,44%). Note que essas observações limitam-se aos estabelecimentos que possuem produtividade, ou seja, aos estabelecimentos agrícolas, desconsiderando a parte da pecuária.

2.5

Resultados: Dimensão, composição e caracterização da Agricul-