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4.5 – TIPOS DE FECHAMENTO E USO FUTURO PREVISTO PARA A ÁREA MINERADA

O fechamento planejado ocorre quando há um plano conceitual de fechamento pré-determinado. Por outro lado, o fechamento súbito é quando há necessidade de implementação de um plano de descomissionamento emergencial (CURI e LIMA: 2005,101).

72 O fechamento de mina pode ter caráter temporário ou definitivo. O fechamento temporário denota a suspensão ou cessação temporária das operações mineiras e significa que em algum momento essas atividades poderão ser retomadas. Flores e Lima (2012,56) salientam ainda para o caráter parcial do fechamento, quando “se trata do encerramento de uma frente de lavra (uma cava, bancadas, tiras), pilhas de estéril, barragens de rejeitos e outras obras de apoio à produção”. O fechamento definitivo contempla o encerramento permanente das operações mineiras.

Em ambos os casos, a NRM nº 20 define procedimentos administrativos e operacionais para o fechamento de mina, suspensão e retomada das operações mineiras. Além do mais, o artigo 58 do Código de Mineração dispõe sobre a suspensão temporária de lavra e renúncia do título de lavra. Este artigo confere que:

Poderá o titular da portaria de concessão de lavra, mediante requerimento justificado ao Ministro de Estado de Minas e Energia, obter a suspensão temporária da lavra, ou comunicar a renúncia ao seu título.

§ 1º Em ambos os casos, o requerimento será acompanhados de um relatório dos trabalhos efetuados e do estado da mina, e suas possibilidades futuras.

§ 2º Somente após verificação "in loco" por um de seus técnicos, emitirá o DNPM parecer conclusivo para decisão do Ministro das Minas e Energia.

§ 3º Não aceitas as razões da suspensão dos trabalhos, ou efetivada a renúncia, caberá ao DNPM sugerir ao Ministro das Minas e Energia medidas que se fizerem necessárias à continuação dos trabalhos e a aplicação de sanções, se for o caso.

Conforme elencado o titular da concessão de lavra poderá comunicar renúncia do título de lavra. No entanto, não é obrigado a requerer a renúncia da lavra. Tonidandel (2011,33) salienta que

“de forma geral as empresas do setor, mesmo após a finalização da execução dos planos de fechamento, não requerem a renúncia do título de lavra junto ao DNPM. Isso se deve principalmente em virtude dos avanços tecnológicos aliados à elevação do preço do minério no mercado mundial, que podem viabilizar a retomada das atividades do empreendimento, mesmo com concentrações de teores de minério mais baixas”.

73 Este comportamento implica em manter a área onerada, bloqueada para outros fins e improdutiva, uma vez que o titular suspendeu as operações produtivas no sítio mineiro.

Além disso, os titulares não requerem a renúncia do título de lavra, uma vez que a área poderia entrar em disponibilidade e passar a ser titulada por outros interessados. Essas áreas objeto de fechamento de mina acabam permanecendo no DNPM em suspensão temporária de lavra, com a possibilidade de ser renovada indefinidamente. Tal tipo de suspensão, ocasiona diversos tipos de entraves, dentre eles, o privilégio de uma empresa aguardar o desenvolvimento de tecnologias sem necessariamente investir para tal desenvolvimento, além disso um prejuízo a União já que ela não esta recebendo sobre a área.

Verificam-se duas situações para os tipos de fechamento de mina. A primeira refere-se ao fechamento que impõe cuidados de monitoramento e manutenção na fase de pós-fechamento. Esses trabalhos adicionais podem se estender por longos períodos de tempo e em alguns casos até assumir um caráter perpétuo, além de implicar em custos que podem se tornar exorbitantes ao longo do tempo. Para exemplificar, citamos o custo de controle da drenagem ácida da mina de urânio (Osamu Utsumi) de Poços de Caldas, Minas Gerais, que encerrou suas atividades de lavra no ano de 1995.SegundoNóbrega, Lima e Leite (2008) os custos mensais envolvidos para neutralização da drenagem ácida no ano de 2005 variou de R$ 800.000,00 a R$ 900.000,00.

E a segunda diz respeito ao fechamento que não requer trabalhos de monitoramento e manutenção e nem mais medidas corretivas durante o pós-fechamento. Neste caso, a área já atingiu sua estabilidade física e química e pode ser destinada a um novo uso. Nesse contexto, cavas de minas exauridas podem ser utilizadas para a disposição controlada de estéreis e rejeitos de outras minas que ainda se encontram em atividade, evitando, desta forma, o comprometimento de novas áreas para a construção de barragens de rejeitos e locais para disposição de estéreis. Cavas exauridas também podem ser utilizadas para o armazenamento de água para abastecimento público, piscicultura, disposição de resíduos sólidos inertes, etc.

74 As áreas mineradas próximas a regiões urbanas podem apresentar viabilidade para serem utilizadas como loteamentos e assentamentos urbanos, levando em conta o aumento populacional das cidades do centro para as regiões periféricas, a demanda crescente por moradias, além da possibilidade de transferência para essas áreas de famílias que vivem atualmente em áreas de risco. Bitar e Vasconcelos (2003) salientam algumas alternativas de usos pós-mineração em áreas urbanas, dentre elas, o aproveitamento da área para implantação de projetos industriais, reaterro simples para desenvolvimento de atividades agrícolas, projetos destinados a áreas de lazer, como parques, anfiteatros, museus, entre outros.

Damasceno (2000) destaca dois exemplos, em cidades brasileiras, que ilustram a possibilidade de nova utilização de cavas de minas desativadas. O primeiro, de um antigo porto de areia na cidade de São Paulo. Com o fim da operação da mina, a área da cava foi destinada para a construção de uma raia olímpica utilizada para competições de remo. Essa raia localiza-se na cidade universitária da USP. O segundo, de uma antiga pedreira em Curitiba em que a área minerada foi aproveitada para a construção de um Parque e de um teatro em estrutura tubular, o Teatro Ópera de Arame. Ambas as iniciativas partiram do poder público e utilizaram recursos públicos.

Na China, no distrito de Songjiang em Xangai, um hotel de luxo (Figura 5) está sendo construído em uma área de uma antiga pedreira desativada. Os investimentos giram em torno de US$ 555 milhões, ou seja, mais de R$ 1 bilhão. A diária na suíte padrão deve custar U$ 320 (cerca de R$ 640). Ao redor do hotel, será construído um parque temático de 428 mil metros quadrados na área da montanha Tianmashan, com local para salto de bungee jumping e escalada. O hotel deve ser inaugurado entre o fim de 2014 e o início de 2015 (JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, 2012).

75 Figura 5: Foto do Projeto do Hotel - Como se fizesse parte das paredes da pedreira, o hotel descerá pela pedreira em 19 andares e terá 380 acomodações e do alto cairá uma cascata de 100 metros de altura, ao lado de jardins suspensos, terraços e um lago.

Fonte: Jornal Correio Braziliense (2012)

O uso futuro de uma área minerada deverá levar em conta: a aptidão da área, as demandas da sociedade, as condições socioeconômicas locais, a lei de uso e ocupação do solo e o plano diretor do município, quando houver. O estabelecimento do uso futuro de uma área antes do inicio das operações de lavra, como prevê o plano de fechamento de mina, é uma tarefa complexa, considerando que a vida útil de uma mina pode se estender por várias décadas, também com o descobrimento de novas reservas. Além disso, as reavaliações das reservas permitem prolongar ainda mais a vida útil das minas, por isso, essa questão não deve ser negligenciada e deve ser incorporada ao plano de fechamento, tendo como perspectivas as mudanças temporais das reservas e as alterações das demandas socioeconômicas. Nesse âmbito, o novo uso pode representar uma oportunidade para diversificar, incrementar ou solucionar questões socioeconômicas.