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TRAÇOS CARACTERIZADORES N.º UN.

SENTID. %* ENTREVIS. N.º %

“Eu acho que é muito importante”. 3 6 2 20

“Tentava atender às necessidades dos formandos”. 3 6 2 20 “A tarefa do professor do ER torna-se complicada e muito difícil”. 9 18 2 20 “Ser professor do ER é uma forma de ajudar as pessoas”. 2 4 1 10 “Era um trabalho que me estava a dar imenso prazer porque as pessoas

aprendiam mesmo e tinham brio no que faziam”. 1 2 1 10 “Tive sempre muito medo que eles sentissem que estar ali podia ser

aborrecido”. 1 2 1 10

“Isto é uma coisa linda que as pessoas não valorizam”. 1 2 1 10 “Acho que é formação para adultos”. 1 2 1 10 “Teoricamente é lindo; na prática, não sei se funcionará”. 1 2 1 10

“Isto foi uma experiência”. 1 2 1 10

“Foi também o saciar de uma curiosidade”. 1 2 1 10 “Os professores novos não estão ali para mais nada, senão para completar

o horário”. 4 8 1 10

“Dar aulas no Recorrente é um processo muito moroso”. 2 4 1 10 “Antigamente ainda havia professores que se mantinham. Agora é

passageiro”. 1 2 1 10

“Ali vimos professores que não apostavam naquilo que estavam a fazer”. 1 2 1 10 “Quando comecei, nem sabia que existia o Ensino Recorrente”. 1 2 1 10 “A colega disse-me mesmo que nunca mais queria viver esta

experiência”. 2 4 1 10

“Mesmo que tenhamos opinião diferente, temos que agarrar o que eles já

têm de sólido para podermos introduzir o que é novo”. 1 2 1 10 “Cabe ao professor do ER trabalhar o grupo numa perspectiva de

cidadania”. 1 2 1 10

“É uma troca muito, muito rica, porque além de darmos, estamos a

receber”. 5 10 2 20

“Eu senti que o meu papel era muito de assistente social”. 1 2 1 10 “Tenho formação em EVT e senti muita falta de fazer outro tipo de

trabalhos”. 1 2 1 10

“Temos que ouvir o adulto e depois tentar explicar-lhe que não pode ir

por aquele caminho”. 1 2 1 10

“Valorizá-los pelo que eles sabem, se conseguirem aprender mais, tudo

bem, se não, vale o esforço”. 1 2 1 10

“Às vezes não fazia tanto o papel de professora, era mais uma

animadora”. 1 2 1 10

“Chega a um ponto em que começamos a pôr em causa as nossas

funções”. 2 4 2 20

“As relações interpessoais entre os formandos e os formadores são

totalmente diferentes”. 1 2 1 10

TOTAL 50 100 - - N=10 Χ=1,9 * Respostas múltiplas

A presente categoria é composta por 27 indicadores, sendo o somatório das respectivas frequências de =50. Numa primeira análise, verifica-se que, do número total de indicadores, apenas 9 têm valores frequenciais superiores à média da mesma

(Χ =1,9). Destes, o que mais se destaca, com 9 unidades de sentido, é “a tarefa de

inquiridos, a que correspondem os valores percentuais de 18% e 20%, respectivamente. A propósito deste indicador, vejamos como os entrevistados se exprimiram:

(…) Eu tinha pessoas com 70 [refere-se à idade dos formandos]. (…) depois olham para o

lado, não viam bem, não ouviam bem, não estavam interessados... às vezes é um bocado complicado. (…) Trabalha-se muito e depois... (…) não vimos o interesse, não vimos o empenho (…) E trabalha-se muito. (…) é desmotivante. (…) Uma tarefa difícil! (…) a tarefa do professor do Ensino Recorrente... (...) Torna-se complicada. Muito difícil. (…) (02);

(…) Uma tarefa difícil. (…) E às vezes complicada. (…) porque são pessoas adultas, que já

têm as ideias deles, já sabem o que querem, é diferente de com uma criança. (…) é um trabalho mais difícil, porque eles têm mais dificuldade em aceitar as nossas ordens. (…)

(09).

Segue-se-lhe, com 5 unidades de sentido (10%), o indicador “é uma troca muito rica, porque além de darmos, estamos a receber”, referido por 2 respondentes (20% dos entrevistados), querendo isto significar que a riqueza vivencial dos formandos e a sua capacidade de reflexão sobre a realidade se tornaram formativas do próprio professor.

Vejamos o que, a propósito, afirmaram os dois entrevistados:

(...) o contacto com os adultos é muito diferente (...) Eu acho que ser professora do Ensino

Recorrente é... aprende-se muito com as histórias de vida dos nossos alunos (...) É outro estilo de vida que eles têm, é a troca de informações... (...) (03);

(…) no ensino regular nós estamos a dar, a formar, e no Ensino Recorrente (…) para além

de darmos, estamos a receber. É uma troca. Muito, muito, muito, muito rica. Muito... completa, pronto. Porque está a dar e está a receber. (…) É gratificante. Muito mais gratificante. (…) (07).

Continuando a análise, segue-se o indicador “os professores novos não estão ali para mais nada, senão para completar o horário”, com 4 respostas (8%), dadas por 1 respondente (10%), a que o excerto seguinte se reporta e que traduz uma certa “perversão” do sistema de colocações:

(…) Eu acho que os professores novos não estão ali para mais nada, senão para completar

o horário. (…) as pessoas vão para ali e aquilo não lhes diz nada. (…) se tiverem o horário completo, têm o tempo de serviço contado. (…) fazem aquele esforço um ano e a seguir acabou. (…) (06).

Em igualdade pontual no que respeita à frequência (F=3, ou 6%), podemos considerar os indicadores “eu acho que é muito importante” e “tentava atender às necessidades dos formandos”, proferidos por 2 professores (20% do total de 10).

A propósito do primeiro destes indicadores, atentemos às palavras de um dos entrevistados:

(…) acho que é importante, porque estamos a dar uma segunda oportunidade às

pessoas. Estamos todos nós, não é só a instituição nem os professores, é toda a sociedade que paga isto, não é? (…) (05).

Os indicadores “ser professor do ER é uma forma de ajudar as pessoas”, que vai ao encontro do sentido dos dois indicadores anteriores, e “dar aulas no Recorrente é um processo muito moroso” têm exactamente os mesmos valores, tanto em termos de frequência (F=2, ou 4%), como de respondentes (1, ou 10%).

Transcrevem-se, a seguir, excertos da entrevista do professor responsável pelo primeiro destes dois indicadores:

(…) O que é ser professora do 1º Ciclo Recorrente? Acho que até é uma forma de

ajudar as pessoas, de certa maneira. Eu acho que sim. (…) A tentar desenvolver certas capacidades que... que eles nunca tiveram oportunidade de desenvolver, ou por falta de oportunidades ou porque nunca estiveram na escola (...) Ou pensavam... pensam que não são capazes. (…) (04).

Não menos importantes para o estudo, embora com 1 resposta (2%), de 1 respondente cada (10%) são apontados diversos indicadores relativos à atitude dos formadores quanto à sua acção no Ensino Recorrente, de onde releva, sobretudo, uma valorização das relações interpessoais com os formandos. São eles: “isto é uma coisa linda que as pessoas não valorizam”, “acho que é formação para adultos”, “Teoricamente é lindo; na prática, não sei se funcionará”, “quando comecei, nem sabia que existia o Ensino Recorrente”, “mesmo que tenhamos opinião diferente, temos que agarrar o que eles já têm de sólido para podermos introduzir o que é novo”, “cabe ao professor do ER trabalhar o grupo numa perspectiva de cidadania”, “temos que ouvir o adulto e depois tentar explicar-lhe que não pode ir por aquele caminho”, “valorizá-los

pelo que eles sabem, se conseguirem aprender mais, tudo bem, se não, vale o esforço” e “as relações interpessoais entre os formandos e os formadores são totalmente diferentes”.

O sentimento de que o papel desempenhado junto dos adultos pelos docentes que protagonizam o estudo não se limitava à docência é-nos transmitido pelos indicadores “eu senti que o meu papel era muito de assistente social”, “às vezes não fazia tanto o papel de professora, era mais uma animadora”, “chega a um ponto em que começamos a pôr em causa as nossas funções”.

1.5.2. Atitude dos formandos

Esta categoria permite-nos aceder às representações dos entrevistados acerca da atitude dos formandos face à actividade desenvolvida pelos formadores (Quadro N.º 40).

QUADRO N.º 40