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TOTAL 138 100 N=10 Χ =4,9 *Respostas múltiplas

Analisando os dados sistematizados no Quadro, podemos constatar que 5 indicadores (ou 17,9% em termos percentuais) do total de 28 se situam acima do valor da média da subcategoria (Χ =4,9), destacando-se “temos que adequá-las aos formandos”, com 66 respostas (47,8% do respectivo somatório), produzidas por todos os 10 professores entrevistados, o que torna bem evidente o reconhecimento dos mesmos quanto à importância da adequação das estratégias ao público formando. Os excertos que, de imediato se transcrevem, sustentam esta interpretação:

(...) Para se fazer um bom trabalho com pessoas adultas, tem que ser de acordo com os

interesses deles, a cultura deles, a educação deles, tem que estar tudo em redor... (...)

(03);

(…) Não se pode utilizar sempre as mesmas [estratégias], depende do grupo que temos

na sala. (…) nem podia usar as mesmas estratégias com os dois grupos. (…) Há coisas que funcionam com uns e que não funcionam com outros, ou porque tem falta de vista ou porque não ouve bem ou porque é uma pessoa que não está muito interessada em aprender aquele... aquele tema. (…) Às vezes temos que mudar as coisas um bocadinho e adaptá-las aos alunos para que eles gostem de fazer o trabalho deles. (…) (09).

Na sequência deste indicador, e reforçando-o, com 14 unidades de sentido, ou 10,1% do somatório destas, referido por 4 respondentes (40%), temos o indicador “ia experimentando várias estratégias”, tal como testemunham as palavras deste professor:

(…) ia experimentando várias estratégias (…) não há uma estratégia de fundo (…) num

2º ano ou num 3º, já seria diferente. (…) É mesmo experiência atrás de experiência, experimentação atrás de experimentação (…) Tentativas, porque muitas vezes fazemos de uma maneira que olhamos para eles e que nós vemos: “ Isto não está a funcionar, eles estão a olhar para mim mas eles não estão a apanhar nada do que eu estou a dizer”. E mais vale parar, ir para casa, pensar um bocadinho e depois tentar no dia seguinte fazer da maneira diferente. (…) (05).

Em termos de peso relativo atribuído (F=8 ou 5,8%, relativo a 4 respondentes, ou seja, 40%), surge-nos o indicador: “foi um trabalho virado para a prática, para o dia-a- dia”, que nos dá o sentido de um processo dinâmico em acção, de acordo com as necessidades de vida dos formandos. O excerto da entrevista que, de seguida, se transcreve, ilustra o que acabámos de referir:

(…) alguns conteúdos nem sequer dei, passei à frente porque... achei, por exemplo, mais

importante... (…) fotocopiei cheques meus, levei para a sala de aula e pus toda a gente a preencher os cheques. Nunca ninguém tinha mexido num cheque! Ninguém! (…) (05).

Continuando a análise, com 6 unidades de sentido, encontramos os indicadores “trabalhei essencialmente com fichas” (mencionado por 4 entrevistados – 40% do total) e “trabalhámos muito a partir das notícias” (resultante das respostas de 3 respondentes – 30%, portanto). A propósito do primeiro destes indicadores, vejamos como um dos entrevistados se exprimiu, que, mesmo recorrendo às fichas, procura individualizar as aprendizagens e ir ao encontro das vivências dos formandos:

(…) para eles era mais fácil trabalhar com a ficha do que me estar a ouvir a expor a

matéria no quadro. (…) quando eu tinha fichas (…) muito diferentes umas das outras (…) O mais possível adaptadas àquele mundo deles, eles trabalhavam muito bem. Eu andava saltitando, à volta, saltitando, saltitando e produziam imenso e compreendiam... eu acho que das coisas que utilizei, foi... foi a que teve melhor resultado. (…) (05).

Já com valores de frequência logo abaixo da média (F=4, o que corresponde a 2,9%), resultantes das respostas de 1 entrevistado, ou seja, de 10% dos inquiridos, encontramos os indicadores “trabalhava muito por intuição” e “não era possível inovar muito, tinha que seguir o padrão de ensino que eles tiveram”. O extracto da entrevista que se transcreve a seguir, vem ilustrar o primeiro destes indicadores:

(...) era motivante, mas era tudo muito por intuição, porque eu, como (...) nunca tinha

trabalhado, aquilo funcionava tudo muito em cima... em cima do momento, mesmo. Era por momento. (…) (08).

O indicador “tentei que fossem os formandos a dizer o que gostariam de aprender”, com 3 respostas (2,2%), de 1 entrevistado (10%), dá-nos a perceber uma estratégia diferente aplicada por este docente e que, afinal, teria como objectivo a adequação às características e/ou interesses dos formandos, cujas palavras transcrevemos a seguir:

(…) eu tentava sempre não impingir as estratégias, tentava com que as pessoas (…)

dissessem um pouco o que é que gostavam de saber (…) e dar a sua própria opinião, porque não eram crianças (…) melhor do que ninguém elas sabiam muitas vezes onde é que estavam as suas dificuldades e o que é que gostariam de saber mais (…) eu pus no meu dossier, no dossier da turma logo no início do ano e expliquei a toda a gente que tinha lá um papelinho em que as pessoas (…) punham lá o seu nome e punham lá um tema qualquer que gostassem de saber mais... (…) (10).

Embora com os valores frequenciais mais baixos, mas não menos importantes que os demais, os indicadores “fui vendo como é que cada aluno gostava de fazer as coisas”, “fomos criando um trabalho progressivo” e “é mais fácil trabalhar se nos basearmos na experiência de vida deles”, todos com o mesmo valor tanto em termos de frequência (F=2, ou 1,4%) como de respondentes (2, ou 20%), deixam perceber que, para os entrevistados, a adequação das estratégias de trabalho aos formandos torna mais fácil o trabalho do professor.

A diversificação das estratégias e o recurso ao computador são, igualmente, referenciados como positivos nesta modalidade de ensino, conforme podemos perceber pelos indicadores “as estratégias têm que ser diversificadas porque eles têm muitas dificuldades em aprender” e “utilizámos o computador e eles gostaram muito”, também com o valor 2 de frequência, mas devido apenas a 1 narrador (10%).

De entre os restantes indicadores, sobressaem os que se prendem com os aspectos mais práticos das estratégias utilizadas pelos protagonistas do estudo, com o mesmo valor frequencial (F=1) e de respondentes (1), a que correspondem os valores percentuais de 0,7% e 10%, respectivamente, a saber: “tentava fazer as fichas mais simples”, “tentava ser mais lenta a explicar”, “nós devemos tornar os temas mais actuais”, “recorria à pesquisa” e “acabamos por usar estratégias que utilizamos com as crianças, mas mais formais e com menos brincadeira”.

1.5.4. Recursos materiais/equipamentos

Esta categoria foi sistematizada em função de duas subcategorias: “didácticos” e “mobiliário”, a cuja leitura interpretativa passaremos de imediato, tendo presente que os recursos e os equipamentos podem funcionar como condicionantes ou facilitadores da acção educativa.

1.5.4.1. Didácticos

No que aos recursos didácticos se refere, atentemos no Quadro N.º 47.

QUADRO N.º 47