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1.5. Unidade de Imagiologia ou de Radiologia

1.5.2. Tomografia Computorizada

A Tomografia Computorizada Multicorte veio revolucionar a Tomografia Computorizada com a opção de aquisições volumétricas. Através desta aquisição é possível obter grande variedade de protocolos de aquisição e de pós-processamento a partir do raw-data, permitindo assim múltiplas imagens da mesma estrutura anatómica em simultâneo (Silverman, 2002) A rápida aquisição permite reduzir os tempos de exame, reduzindo artefactos de imagem, a ansiedade dos pacientes e as anestesias em casos de crianças ou adultos agitados.

A TC tem-se desenvolvido drasticamente. Como a aquisição é mais rápida, as imagens são melhores, os pedidos aumentaram e, naturalmente, aumentaram as doses de radiação. Esta técnica é largamente utilizada, em doenças malignas e benignas, bem como em pacientes jovens, situações em que se deve ter especial atenção quanto à radioprotecção. O aumento da dose não se deve à TC em substituição de outras técnicas, mas sim ao fácil acesso e à facilidade de uso, e por estes factos estas podem contribuir para esse aumento da dose. Sabe-se que as grandes variações em TC na prática estão relacionadas com os volumes de exposição, redução da espessura de corte, incrementos reduzidos e às repetidas exposições, por vezes com uma reduzida justificação clínica.

“O que nos leva a pensar será que todos os exames devem ter uma excelente qualidade imagem e repetições em diferentes tempos de aquisição?”

“Será que se justifica as elevadas doses de radiação em benefício da qualidade de imagem e do relatório médico?”

Globalmente, segundo Goldin e Shrimpton (2002) existe uma forte tendência do aumento da dose na população, devido à crescente utilização da tomografia computorizada e ao aumento de dose por exame. Parece claro que as variações na prática se tornam mais importantes na utilização de protocolos em aparelhos de elevada tecnologia do que na determinação do dose para o paciente. Ainda segundo os mesmos autores, a optimização da dose em TC é mais problemática do que em Radiologia Convencional. Na verdade na TC, a tecnologia compensa as amplas variações na exposição de parâmetros.

Tal como na Radiologia Convencional na TC também se deve aplicar doses ”tão baixas quanto razoavelmente exequível” segundo o Principio ALARA – As LowAs ReasonablyAchievale, através da manipulação de factores da exposição que permitem alterar a dose para o paciente (DGS, 2010b). No entanto, esses factores também determinam a qualidade de imagem e, portanto, eficácia clínica.

Em 1994 a Comunidade Europeia (CE) iniciou estudos sobre as directrizes europeias para as boas práticas em TC, incluindo o desenvolvimento da dosimetria de referência baseada na CT Dose Index (CTDIw) e Dose Length Product (DLP) segundo Unnik et al. (1997).

Os departamentos de radiologia estão em causa, devem por isso estar mais sensibilizados para as mudanças da prática, com revisão dos protocolos para evitar o excesso de dose. Para tal devem também instituir auditorias internas de forma a controlar a dose e assegurar que os exames estejam de acordo com as referências de doses disponíveis, excepto onde existe justificação clínica para valores excessivos de dose. Este processo contínuo deve ser colocado em prática por todos os que praticam TC,de acordo comGoldin e Shrimpton (2002).

É relevante abordar a satisfação dos utentes quanto à técnica de TC. Embora ainda pouco estudada, os estudos desenvolvidos como o de Kolber et al (2007) permitem conhecer as expectativas dos pacientes quanto ao procedimento, assim como conhecer as características dos pacientes que influenciam as suas expectativas em relação aos benefícios para a saúde (Quadro 5). No âmbito da revisão bibliográfica efectuada, o conhecimento acerca das expectativas dos pacientes em relação ao TC de corpo (compreende tórax. abdómen e pélvico) são praticamente desconhecidos. No entanto o estudo é pertinente, pois os resultados podem ser usados para educar e instruir os pacientes quando é distribuído o consentimento informado para o procedimento.

Quadro 5 - Expectativas dos Pacientes em Relação TC Corpo Inteiro Dimensão das

Expectativas Descrição da Dimensão

Expectativas do Paciente (resposta nº)

Recorrência “Período afirmativo do estado de saúde”?

Estudo ao corpo inteiro dá paz e reduz as preocupações quanto à minha saúde (1)

Cura Detecção precoce pode

resultar em tratamento rápido e precoce da doença permitindo a cura

Descobrir o processo de uma doença no inicio aumenta as hipóteses de cura

Prevenção Acções de prevenção facilitam o prolongamento da vida

Estudos ao corpo inteiro em TC podem prolongar a minha vida (3)

Conhecer os resultados deste teste podem melhorar a minha “esperança”de vida (global)

Empowerment (delegação de poderes de decisão) Médicos prescritores controlam os resultados dos pacientes

Este teste é avaliado pelo radiologista e pelo médico prescritor

Os resultados serão discutidos “comigo” por um profissional de saúde

Satisfação Percepção positiva do valor da gestão dos clientes

Eu pretendo recomendar este teste aos meus amigos e familiares;

Compreender a natureza da TC faz com que deseje realizar futuros testes;

Este teste é uma das melhores opções disponíveis na actualidade para prevenir as doenças

Limitações As evidências científicas inconclusivas dos riscos e benefícios dos

procedimentos

Este teste irá detectar algumas, mas não todas as doenças;

Testes adicionais serão necessários para complementar o estudo TC (exame)

Fonte: Adaptado Kolber. et al (2007)

Em síntese, em relação às expectativas do exame ao corpo inteiro em TC e para determinar o peso das características especificas dos pacientes que influenciam as expectativas acerca dos benefícios para a saúde, os autores Kolber et al (2007) desenvolveram uma tabela (Quadro 5) com as principais dimensões das expectativa, a descrição das mesmas e respostas dos pacientes, sendo de relevar a questão da percepção positiva do valor da gestão do cliente.

Em conclusão os autores Kolber. et al (2007) através do seu estudo consideram a necessidade de educação e do conhecimento dos riscos e benefícios do exame de TC ao corpo inteiro, para que os pacientes possam decidir por si antes de assinarem o consentimento informado.