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99. É preciso enfatizar a necessidade de que o crescimento se sustente e de

4.1.2. Respeito efetivo aos princípios e direitos

4.1.2.1. Trabalho infantil Objetivo

Eliminação progressiva do trabalho infantil.

Metas

1. Eliminar as piores formas de trabalho infantil em um prazo de 10 anos (2015).

2. Eliminar o trabalho infantil em sua totalidade em um prazo de 15 anos (2020).

Justificativa

105. No caso do trabalho infantil, os estudos e as experiências acumuladas

pelo projeto IPEC da OIT permitem vislumbrar uma meta de eliminação do tra- balho infantil na faixa de 5 a 17 anos na região até 2020, mediante a aplicação de medidas concretas que teriam um custo aproximado de US$ 106 bilhões, que, distribuído por um período de 20 anos, parece ser bastante baixo em comparação

com os enormes benefícios que resultam dessas ações.37

106. Estima-se que hoje existam na América Latina38 aproximadamente 5,7

milhões de crianças entre 5 e 14 anos ocupadas em atividades econômicas (o que equivale a 5.1% do total da população latino-americana nessa faixa etária) (Quadro 4.2).

107. Trata-se, no entanto, de um investimento rentável, pois os benefícios

derivados da erradicação do trabalho infantil somariam mais de US$ 341 bilhões. Esses benefícios derivariam da maior produtividade e capacidade de obter rendi- mentos mais elevados em decorrência da elevação da escolaridade dessas crian- ças (339.035 milhões), além dos ganhos econômicos advindos da melhoria de sua saúde (2.144 milhões). Mas os benefícios transcendem esses dois campos, pois o efeito incide diretamente na situação de pobreza das populações afetadas, e, ainda que difícil de quantificar, não há dúvida quanto ao efeito positivo que investimen- tos sociais dessa natureza podem ter sobre aspectos da realidade social dos países da região: maior coesão social, melhores oportunidades de desenvolvimento pes- soal, efeitos sobre os movimentos da população e da criminalidade. Comparando benefícios e custos, constata-se que a taxa de retorno do programa proposto (lucro econômico bruto) atinge 6,5%.

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108. Considerando o volume do trabalho infantil a ser abolido na região, o ní-

vel dos compromissos regionais e nacionais adquiridos, os avanços produzidos nos diferentes âmbitos de atuação política, institucional e legislativa, e as ferramentas práticas disponíveis, a região em seu conjunto estaria em condições de consolidar de forma sustentada a luta contra o trabalho infantil e chegar a sua eliminação em prazos definidos e razoáveis.

109. É necessário levar em consideração que projetos e programas orientados

para categorias específicas de crianças trabalhadoras, ainda que sejam necessários e positivos, são demasiadamente restritos para levar a bom termo a eliminação progressiva, mas efetiva, do trabalho infantil em geral, e a eliminação urgente das piores formas de trabalho infantil, em particular. Para que a eliminação do trabalho infantil tenha êxito, ela deve constituir-se como um objetivo a ser perseguido de

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37No Brasil, o trabalho forçado é considerado um delito penal há mais de 50 anos. 38Inclui Belize. Não estão disponíveis dados para os demais países do Caribe.

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forma prioritária e sustentada, como parte integrante das estratégias nacionais de desenvolvimento. Para isso, as ações nacionais e internacionais deveriam centrar- se em determinado número de âmbitos de ordem política e prática.

110. Basicamente, as políticas propostas são as seguintes:

•Consolidar uma autoridade nacional responsável por integrar os esforços oficiais e dos atores sociais no âmbito de um plano nacional, com mandato e capacidade para sua implementação e seu acompanhamento, por meio de, entre outras medi- das, um sistema preciso de indicadores.

•Integrar a ação dos ministérios econômicos e sociais, assim como as ações destes e dos Ministérios do Trabalho, da Educação e da Saúde. Adequar as leis nacio- nais às obrigações que emanam das convenções número 138 e número 182 da OIT e promover a formação de autoridades e agentes responsáveis pela aplicação da legislação nacional na matéria.

•Elaborar listas consensuais sobre trabalhos perigosos e identificar onde são pra- ticadas as piores formas de trabalho infantil, para sua abordagem em caráter de urgência, incluindo o resgate e a reabilitação de meninos e meninas nessas situa- ções.

• Incorporar a erradicação do trabalho infantil às políticas e aos programas

sociais e econômicos de desenvolvimento, em especial os orientados para a infân- cia e a adolescência, e para a redução da pobreza.

• Prestar atenção especial ao âmbito rural e promover o desenvolvimento produtivo para desempregados e subempregados no setor rural por meio, entre outras iniciativas, da geração de políticas ativas de mercado de trabalho. Melhorar a oferta educacional e de formação profissional.

• Fomentar políticas de apoio à formalização de setores que concentram alto número de crianças trabalhadoras.

• Fomentar, entre outras medidas, o desenvolvimento de programas de

Quadro 4.2. Quanto custa eliminar o trabalho infantil na América Latina

Ação Custo Detalhe

(US$ milhões)

Melhoria da oferta 56.502 • Inclui a ampliação da infra-estrutura, contratação e

educacional capacitação de docentes, provisão de materiais educacionais,

(cobertura e qualidade) entre outros.

• De acordo com as Metas do Milênio, estabeleceu-se o objetivo de universalização da educação primária em 15 anos e da educação secundária em 20 anos.

Intervenções não 14.904 • Ações diretas de retirada e reabilitação de 5.539.000 meninos

escolares e meninas que se encontram envolvidos nas piores formas de

trabalho infantil.

• A serem executadas em um período de 10 anos.

Programa de 28.468 • Aquilo que os domicílios deixam de receber quando suas

de transferências crianças deixam de trabalhar.

(para cobrir o custo • Uma transferência compensatória direta poderia custar

de oportunidade) US$ 23,5 bilhões.

Execução de transferências 5.852 • Administração de programas de transferências de renda.

Total 105.727

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transferências de renda condicionadas, com a finalidade de melhorar o acesso, a permanência e a reintegração de meninos e meninas ao sistema educacional e/ou de formação profissional.

• Consolidar e generalizar a mensuração periódica da situação do trabalho infantil, para facilitar a tomada de decisões e o conhecimento de seus efeitos.

111. É necessário assinalar que este não é um exercício teórico. Em alguns

países da região, como o Brasil, por meio de ações específicas como as aqui levan- tadas, conseguiu-se reduzir a taxa de atividade de crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos em 36,4% entre 1992 e 2004. Outros países também avançaram signifi- cativamente na redução do trabalho infantil e na sensibilização da população sobre a gravidade do problema. Assim, por exemplo, após a ratificação da Convenção 182, alguns países como Antígua e Barbuda, Granada, Jamaica, Guiana, Trinidad e Tobago, El Salvador e República Dominicana avançaram na definição de “listas de trabalhos perigosos” e estão elaborando políticas a esse respeito. O Brasil esta- beleceu, em 2000, uma lista de 82 atividades perigosas e proibidas que está sendo revisada atualmente de acordo com a Convenção 182 e a Recomendação 190 da OIT.

112. O movimento sindical e dos empregadores também aderiram ao esforço

para a erradicação do trabalho infantil. A Organização Regional Interamericana de Trabalhadores (ORIT) criou o Grupo Continental contra o Trabalho Infantil, do qual participam organizações sindicais de 19 países. No caso dos empregadores, e de maneira exemplar, a Associação Nacional de Empresários (ANDI) da Colômbia há anos desenvolve um programa de luta contra o trabalho infantil.

4.1.2.2. Trabalho forçado