• Nenhum resultado encontrado

Para compreender as influências das trajetórias dos gestores na implementação do Programa CsF na UFC, faz-se necessário resgatar a relação que Gussi (2005) faz entre a trajetória institucional de uma política e a trajetória biográfica de Bourdieu (1996).

Bourdieu (1996, p. 81) compreende trajetória como “uma série de posições sucessivamente ocupadas por um mesmo agente (ou mesmo grupo), em um espaço ele próprio em devir e submetido a transformações incessantes”. Dessa forma, o autor interpreta a vida como um conjunto de acontecimentos que se desloca no espaço social e se vincula a distintos agentes sociais.

A partir dessa noção, amplia-se a compreensão de que as narrativas e relatos de trajetórias acadêmica e profissional dialogam com o tempo e o espaço, revelando uma dimensão histórica, coletiva e social, possibilitando, assim, formular uma melhor compreensão do contexto social em que esses gestores estão inseridos. (GUSSI, 2005).

Suas trajetórias, portanto, se entrelaçam com os contextos históricos e, por conseguinte, influenciam a forma como eles veem as políticas públicas e como vivenciam a

universidade. Por essa razão, a fim de conhecer os distintos gestores responsáveis pela implementação do CsF na UFC, foi solicitado que eles relatassem sobre suas trajetórias acadêmicas e profissionais, conforme sintetiza o quadro 7:

Quadro 7 – Síntese: trajetórias pessoais e experiência internacional

Gestores Trajetórias pessoais Experiência Internacional

Administração Superior (reitores,

pró-reitores de graduação e

coordenador de assuntos

internacionais) e coordenadores de curso

- As trajetórias de vida dos gestores se entrelaçam com a história da UFC e com os contextos históricos, influenciando a percepção deles sobre as políticas de educação superior e Programa CsF na UFC e sua implementação.

-Todos os gestores da

administração superior tiveram

experiência internacional;

enquanto entre os 12

coordenadores, somente 4 não tiveram;

- Os gestores foram unânimes em afirmar que é uma experiência

muito enriquecedora para a

formação, em que o estudante entra em contato com outras culturas, outras visões de mundo, novas línguas, novas tecnologias e formas diferentes de se fazer pesquisa; - A experiência internacional dos

gestores contribuiu para o

reconhecimento da relevância da mobilidade, o que certamente permitiu à UFC uma maior apropriação do CsF no tocante à implementação do Programa. Fonte: Elaborado pela autora (2020)

A partir dos relatos, observou-se que as histórias de vida se entrelaçam com a história da UFC. Muitos entraram na UFC como estudantes, como mostram os relatos abaixo:

Bom, eu entrei na Universidade Federal do Ceará em 1984 como estudante de computação. Fiz o curso de computação. Na computação, existiam algumas áreas marginais que foram as áreas que eu mais gostei de trabalhar. Naquela época Informática na educação estava nascendo no Ceará, a gente estava começando a tentar convencer os professores que informática seria um instrumento do futuro. E eu me envolvi nessa área e a partir dessa área eu fui percebendo que eu precisava trabalhar questões ligadas a humanidades e descobri aí o prazer de ser professor na computação ainda também me envolvendo no núcleo estudantil e as teorias políticas que na época a gente debatia e isso me levou para filosofia. Então, eu concluí computação, fiz mestrado em Sociologia na UFC, e paralelamente já no final do mestrado ingressei na filosofia na UECE. Terminei o bacharelado em filosofia, terminei o mestrado em sociologia, fiz concurso para UFC para a sociologia, entrei no departamento de Ciências Sociais e filosofia. Em 1992 foi o concurso e em 1993 ingressei como docente. (PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO 1).

Aos 15 anos eu ingressei na Universidade Federal do Ceará para fazer economia doméstica e a informação que eu tinha sobre o curso... eu fiz, foi o único vestibular que eu fiz porque eu queria realmente ser economista doméstica porque tinha uma economista doméstica, filha do amigo do meu pai e eu me interessei. [...] Enquanto estudante, eu passei três anos como bolsista da extensão nessa comunidade aqui, dando curso de corte e costura. Fui bolsista voluntária PID na área de vestuário. Passei um ano como bolsista no restaurante do Sesc, na área de alimentos. Passei um ano bolsista do CNPQ com educação infantil, que era uma pesquisa que tinha aqui nas

escolas da redondeza. E terminei o curso, prestando consultoria como bolsista PIBID, dando consultoria em indústria de confecção, que foi dessa consultoria que nasceu o curso de Estilismo e Moda. Então, o curso de Estilismo e Moda passou por mim quando estudante. Eu fiz parte dessa construção porque o primeiro trabalho dentro da indústria de confecção eu participei do projeto como bolsista. Aí terminei e fui para indústria de confecção. [...] O curso foi criado em 23 de outubro de 93 e o primeiro ingresso dos vestibulandos foi 94. Só que eu entrei em 1995. (COORDENADORA DO CURSO DE DESIGN DE MODA 1).

Tentando fazer um resumo: eu ingressei na universidade em 1970. Já faz bastante tempo, (risos) e eu, na época, fiz vestibular pro curso de biologia. Então, eu sou da primeira turma, era o primeiro vestibular, inclusive. Foi um vestibular fora de época, que foi muito concorrido, porque as pessoas que não passavam, que não foram aprovadas no vestibular no tempo, então, todo mundo da área que queria fazer para medicina, farmácia, enfermagem, correu para esse curso de biologia. Eu concluí o curso, foi de 70 a 73. Dezembro de 73. Quatro anos. E em seguida, já em dezembro mesmo, eu fiz aquele exame de seleção pra fazer o mestrado no departamento de bioquímica, que hoje ainda continua o departamento de química e biologia molecular. Fiz a seleção e fui aprovada e comecei o mestrado, que naquela época, as pessoas nem entendiam o que era isso. Quer dizer, a pós-graduação era incipiente, e quando foi no meio do ano de 74, teve um concurso no departamento de bioquímica, e eu fiz o concurso e, felizmente passei. Eu estava com 21 anos. Então, eu entrei muito cedo na universidade e comecei o mestrado e, ao mesmo tempo, já era professora. Então, eu

tive que conciliar isso daí. (COORDENADORA DO CURSO DE

BIOTECNOLOGIA).

Alguns relataram que entraram na UFC na década de 80, no final do regime militar, em que as universidades públicas viviam um momento de muita escassez, como citado pelo coordenador do curso de jornalismo:

Eu entrei aqui como professor em 84, 86, perdão, então naquela época já havia a crise dos anos 80. Já existiam vários cortes, Plano Collor, plano isso, plano aquilo, o governo FHC... Então esse tempo todo talvez uns 15 anos, 20, que eu estive aqui foi de vacas magérrimas. A gente não tinha nem giz, muitas vezes, para escrever no quadro. Eu lembro, por exemplo, questões de tecnologia, tinha um giz nosso que era comprado aqui, que dava muita poeira e tinha um giz americano que tanto ele durava mais, como se apagava, e não tinha poeira. Não tinha papel para fazer prova. Muitas vezes os alunos pegavam um papel de caderno, você tinha que escrever no quadro. (COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO)

Outros entraram na UFC como professores substitutos na década de 90, na era FHC, em uma conjuntura em que não havia concursos públicos e que as universidades públicas eram desprovidas de recursos, como citado pela coordenadora do curso de publicidade 1:

O curso de publicidade foi criado em 98. Eu entrei em 2000 como professora substituta. Somente em 2002, teve o primeiro concurso. Até então não tinha nenhum professor efetivo de publicidade. Era uns professores de jornalismo, o resto mais de 50%, muito mais... Vamos botar 80% dos professores eram substitutos. Era um curso formado por substitutos. O pessoal passava dois anos e saía, passava dois anos, que é o máximo que podia no contrato. E aí em 2002, eu e outro colega entramos... Foram as duas primeiras vagas para publicidade. Em 2010, a gente vê hoje no nosso curso... a gente não tem nenhum professor substituto. Somos 15, eu acho, entre 14 e 15 e todos efetivos. Isso foi de 2010 para cá com o REUNI. (COORDENADORA DO CURSO DE PUBLICIDADE 2)

Observa-se que outra parte dos professores entrou como docente a partir dos anos 2000, em especial no movimento do REUNI28, um programa de reestruturação das universidades.

Depois, saí para fazer o doutorado em 2003. Eu terminei o doutorado, voltei, fiz o concurso para professor. Em 2004, foi que comecei minha carreira para docente. Migrei. Fiquei como professor 2004, 2005 e 2006 até meio do ano, aí assumi a COPIC, que é a Coordenadoria de Planejamento, Informação e Comunicação, na PROGRAD, responsável pelas matrículas na Universidade. Depois de um ano, eu assumi a coordenação do REUNI que foi em 2008 quando a universidade aderiu ao REUNI. Em 2009 eu assumi a COPAV, que é de avaliação, em um período pequeno, enquanto a gente estruturava. Aí depois, logo na sequência, eu assumi a Coordenadoria Geral de Programas Acadêmicos da PROGRAD. (PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO 2). No meio do doutorado, eu passei no concurso da UFC. Então eu virei professor do departamento de mecânica e produção que depois foi dividido e eu sou do departamento de produção. Quando já professor, terminei o doutorado na USP e no ano que eu terminei o doutorado em 2012, eu assumi a coordenação do curso de engenharia de produção mecânica e fiquei até 2014. Também um ano depois... O concurso aqui foi em 2008, ou seja, comecei em 2009 e já comecei a participar de um laboratório, que chama o Observatório Tecnológico. E aí em 2012 eu virei coordenador do laboratório. (COORDENADOR DO CURSO DE ENG. DE PRODUÇÃO MECÂNICA 1).

Por meio dos relatos, percebe-se o quanto as trajetórias de vida dos gestores, suas experiências, seus percursos na universidade entrelaçam-se com a trajetória institucional, se relacionam com a forma como concebem as políticas públicas de educação superior e como se vinculam à Universidade, como mostram os relatos abaixo:

Na verdade, a minha trajetória começou aqui na UFC mesmo como aluno. Eu entrei aqui em 1991 há bastante tempo como aluno. E assim eu posso dizer que a universidade, ela teve um papel decisivo na minha formação como pessoa, não só como uma formação técnica porque na época como todo adolescente, a gente sempre passa por problemas de todo tipo de ordem. Então, assim eu poderia dizer que a universidade aqui me colocou nos trilhos. Foi assim um norte que eu tive na minha vida, a Universidade. Então, com certeza eu posso dizer que boa parte do sucesso que eu obtive ao longo da minha carreira, tanto acadêmica quanto fora, eu devo à UFC. Então, eu sou um ferrenho defensor da universidade pública como forma de construir um cidadão porque eu sou um exemplo típico. A minha família não tinha condições na época de arcar com o nível superior. Então, se eu não tivesse acesso ao ensino público, eu não teria feito sequer uma graduação. Então, para mim, a UFC foi um

sonho conquistado como aluno. (COORDENADOR DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL).

Pra mim, é muito complicado falar em UFC porque eu amo a UFC. Quando eu fiz a economia doméstica, eu fiz, e aprendi a amar. Quando terminou, eu fui para o mercado. Quando foi para criar o curso de Estilismo e Moda, eu fui convidada para participar dos cursos de formação pros professores. Inclusive, eu fiz curso de desenho, fiz curso de criação com a professora Zilsa, que foi quem criou o curso, com a professora Lígia que foi quem criou o curso... mas eu entrei no mercado, tanto é que essa é até hoje a realidade quando a gente tem os alunos aqui, vai para o mercado e

28 Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), instituído pelo Decreto nº 6.096/2007 e elaborado com base no discurso da UNESCO que tem a educação como um bem público.

abandona a academia. (COORDENADORA DO CURSO DE DESIGN DE MODA 1).

A universidade foi a minha vida ponto e eu aposentei, mas eu continuei vivendo a Universidade. E fico muito feliz quando eu sei que a universidade teve sucesso em determinado projeto, que isso aconteceu, enfim... (COORDENADORA DO CURSO DE BIOTECNOLOGIA).

No tocante à experiência internacional, todos os gestores da administração superior estudaram em algum momento fora do Brasil. Entre os 12 coordenadores de curso, 4 não estudaram fora do Brasil, sendo o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo, o coordenador do curso de Engenharia de Produção Mecânica 2 e os dois coordenadores do curso de Publicidade.

Quando perguntados sobre como veem a questão da experiência internacional na construção de uma trajetória pessoal, os gestores foram unânimes em afirmar que é uma experiência muito enriquecedora para a formação, em que o estudante entra em contato com outras culturas, outras visões de mundo, novas línguas, novas tecnologias e formas diferentes de se fazer pesquisa, como mostram os relatos dos gestores da administração superior:

Então eu acho que é muito importante para qualquer profissional porque abre a tua cabeça, te dá outra oportunidade de conhecer de ver o mesmo problema, mas apresentado de outras maneiras, com outras soluções, com outros determinantes, com outras causas determinantes. Então, é muito rico. Acho que abre muito a tua cabeça. Acho que, de alguma maneira, te leva a ver que pra uma pergunta não há uma só resposta e que nenhuma resposta é absoluta. E também assim de compreender as diferenças e apreciar as diferenças, a diversidade, a diferença de cultura, a diferença de língua, tudo isso é muito rico, te dá uma outra dimensão de mundo. (REITOR 2) A experiência internacional é uma experiência de desbravamentos de encorajamento e, principalmente, um grande convite para a gente se dedicar cada vez mais por que você encontra a alteridade, você encontra o outro, a diferença, você encontra os costumes que não são seus, as visões de mundo bem mais distantes do seu país de origem. E quem trabalha, principalmente, quem trabalha com estudantes, para quem é professor, para quem quer ser professor, isso é fundamental porque você trabalha a escuta, você percebe que escutar é mais importante do que falar, você tem muito mais a aprender. (PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO 1).

Eu acho que amplia muito a nossa visão de Universidade. São realidades diferentes, culturas diferentes, estruturas diferentes das universidades e permite, possibilita que a gente veja um pouco além do que quem não tem essa oportunidade. Então, a gente valoriza muito a interação entre pessoas de culturas diferentes, que vem com visões diferentes e a gente acaba ganhando muito com isso. (PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO 2).

Como eu estudei fora, tanto na Alemanha quanto na Áustria. Também fiz curso, embora tenha sido só curso de línguas na Espanha, eu posso falar assim tanto como professor, como aluno e como ex-gestor, mas englobando as três possibilidades, eu diria que é muito importante uma chance dessa, de sair, de viver novas experiências e sair do doméstico, de sair do local, do regional para entender melhor o universal. Eu acho que a gente não vai esquecer nunca essa ligação, que está sempre valendo. Para a gente entender melhor onde que o nosso país se localiza, onde que as nossas forças existem, nada melhor do que a gente conhecer o que há fora daqui e esse fora pode ser em outro Estado, mas se for em outro país, é muito benéfico, porque aí a gente vê

uma série de outras coisas, como é a questão da cobrança, por exemplo. (COORDENADOR DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS).

Os coordenadores de curso também corroboram com a perspectiva dos gestores da administração superior. Os coordenadores dos cursos de Biotecnologia, Cinema e Audiovisual e Engenharia Civil relataram experiências pertinentes acerca de suas vivências no exterior.

Essa contribuição é muito grande porque você passa a ter uma visão diferente. Então você muda. A minha vida profissional, e a minha vida pessoal também, ela tem dois momentos. Antes da França e depois da França. Então, eu considero isso daí um divisor de águas porque, como eu falei, e principalmente, naquela época que eu fui, o que a gente tinha aqui no laboratório ainda tava começando. Os professores eram muito bons. O departamento de bioquímica tem uma história muito importante em relação a isso, a qualidade da pesquisa, foi uma pesquisa que muito cedo foi reconhecida internacionalmente. Então, assim, a gente tinha essa base, mas as dificuldades do passado eram muito grandes em relação a você ter os equipamentos. Então, para você ter ideia, eu me lembro quando eu fui para a França, no laboratório, nós usávamos as pipetas tradicionais que você aspira, vidro que você tem que ter todo o cuidado na hora de aspirar para não entrar na sua boca. A gente sabia até controlar a respiração para fazer isso. Quando eu cheguei no laboratório da França, as pipetas eram automáticas. Eu nunca tinha visto na minha vida e Pipeta automática. (COORDENADORA DO CURSO DE BIOTECNOLOGIA)

Acho que é uma experiência muito rica. Uma parte considerável da minha formação teve passagem no exterior, mas mesmo fora de Fortaleza eu acho que a gente entra em contato com formas de trabalhar de conduzir a pesquisa que são diferentes da nossa cultura e que a gente sempre tem muito a aprender. No caso específico, eu tive o privilégio de ir para uma cidade onde é muito bom para estudar porque você tem tudo muito organizado, você tem excelentes bibliotecas... Na nossa área de cinema, existe a cinemateca. A cinemateca tem BIFI, a biblioteca do filme. Então você tanto encontra periódicos do mundo inteiro, um acervo riquíssimo de bibliografia específica de estudos de cinema. Você encontra material de produção de filmes franceses... Mas eles arquivam como se fosse um museu da imagem do som só que extremamente documentado, organizado. Você encontra roteiros, fotos das filmagens, dos roteiros comentados, a documentação toda de produção. Então, você tem todo um...para quem faz pesquisa histórica ou mesmo de estética de algum diretor, você tem como ter acesso a um material muito rico de pesquisa. Isso é uma coisa que no Brasil tá muito ainda frágil de modo geral. Os nossos museus, de um modo geral, não são bem cuidados. Na nossa área então, menos ainda. Você tem a cinemateca brasileira, que fica em São Paulo... O museu da imagem e do som de São Paulo é bem organizado, mas você não tem toda essa documentação de imagem som. (COORDENADORA DO CURSO DE CINEMA E AUDIVISUAL).

Eu acho que tanto o aluno como a academia, a academia como um todo se beneficia muito com essas experiências internacionais por conta de você se livrar dos próprios vícios que tem dentro da instituição. Vícios que eu digo não são coisas erradas, mas de você interpretar uma coisa só por uma ótica. Então quando você vê o funcionamento de uma universidade, de um aprendizado, de uma forma totalmente diferente, isso é extremamente enriquecedor em termos de conhecimento. Uma experiência que eu achei extremamente interessante que foi inclusive essa experiência que eu tive na Bauhaus... o que eles fizeram? Você vê que é uma visão que não é só nossa da importância desse intercâmbio por que os alemães... o quê que eles fizeram? Nesse curso que a gente fez de Validação de Modelos Numéricos, eles misturaram o pessoal que trabalha com Artes com o pessoal que trabalha com Engenharia no mesmo ambiente e faziam questões de fazer atividades que meio que obrigasse a gente a interagir. Quer dizer são dois campos totalmente diferentes, que é Arte e Engenharia. Então, você tinha um estudante de Música interagindo com um Engenheiro Civil.

Então, posso dizer que é uma experiência totalmente enriquecedora porque você sai daquele limite que você construiu pelo seu próprio setor de conhecimento. Então você consegue ampliar muito a forma de você enxergar as coisas. Então, por que não Arte na Engenharia? E por que não Engenharia na Arte? Essa era a visão deles. Então, você vê a forma de você engajar até mesmo setores do conhecimento é importante. Então você imagina você engajar culturas diferentes? É extremamente enriquecedor, muito proveitoso mesmo. (COORDENADOR DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL).

A partir dos relatos, percebe-se que o fato de terem vivido uma experiência internacional contribuiu para o reconhecimento da relevância da mobilidade para os estudantes, o que certamente permitiu à UFC uma maior apropriação do CsF no tocante à implementação do Programa, pois segundo Lejano (2012, p. 122), “somos inevitavelmente influenciados por nossas predileções pessoais, treino, histórias e crenças”. Gussi e Oliveira (2015) também corroboram com essa afirmação quando dizem que uma política pública é influenciada e determinada pela atuação dos agentes implementadores, pelo modo como lidam com ela e suas influências externas.