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Transcrição da apresentação de Dom João Baptista e da restauradora Maria Teresa Vidigal (2012)

CAPÍTULO III: A BASÍLICA ABACIAL DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO

APÊNDICE A – TRANSCRIÇÕES

1. Transcrição da apresentação de Dom João Baptista e da restauradora Maria Teresa Vidigal (2012)

São Paulo tem história – Mosteiro de São Bento. – por Dom João Marcos, OSB. Publicado em: 14 de abril de 2012. Duração: 15m10s. Dom João Baptista Neto – Produtor Cultural do Mosteiro e Maria Teresa Vidigal – restauradora.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Nc0uIUCAvHo> Acesso em: 30/08/2015.

(00m52s. – 01m23s.) - Dom João Baptista Neto

“Hoje o Programa „São Paulo tem História‟ irá visitar o Mosteiro de São Bento, um dos maiores e mais importantes prédios arquitetônicos e culturais, e religiosos da cidade de São Paulo. Uma visita única que vocês passarão a fazer no dia de hoje, e é um convite também que pessoalmente vocês também possam nos visitar. Eu sou irmão João Baptista e convido a cada um de vocês a visitarem o Mosteiro de São Bento.

(01m35s. – 02m47s.) - Dom João Baptista Neto

“Os monges beneditinos estão aqui no centro de São Paulo desde 1598, portanto 413 anos de história. Durante todo este tempo que aqui estamos, o Mosteiro passou por diversas enfim, intervenções, ampliações... Esta já é a quarta construção. Estamos numa igreja, na Basílica de Nossa Senhora da Assunção, que é a padroeira do Mosteiro, de 1912, portanto agora estamos completando cem anos de construção. A igreja passa por reforma, por restauro, justamente para a comemoração deste jubileu. A arte é uma arte eclética, onde temos a junção de vários estilos artísticos, como o antigo Egito, a Grécia antiga, o início do cristianismo e a arte bizantina. Como nós estamos vendo, temos aí os Apóstolos, que estão passando por restaurações, verificando suas vestimentas a gente pode lembrar um pouco, das vestimentas dos bizantinos, da arte bizantina, para que nós possamos verificar e analisar muito bem esta grande presença neste estilo artístico. ”

(03m04s. – 04m47s.) – Maria Teresa Vidigal

“E é um privilégio muito grande restaurar estes Apóstolos porque esta igreja, eu visito desde que era muito pequena, e sempre admirei muito a igreja, que são Apóstolos de 1919 a 1922, do escultor Adriano Henrique Hemlin, que era um escultor belga que morava aqui no Brasil. Diz Dom Abade, que estas imagens foram feitas como amostra, de uma imagem que

182 seria feita em outro material, não se sabe se em madeira, ou se em bronze... Mas de qualquer maneira, eu acho que eles quiseram economizar e ficaram com estes mesmos que tem uma beleza plástica muito grande e enfeitam bastante a igreja. Eu comecei a restaurar primeiro o São Simão que está lá ao fundo, além da camada de sujeira, tinha uma camada de retoque que provavelmente foi feita na década de quarenta. E... eu não sabia, como conseguir tirar, eu demorei para conseguir achar um produto, que fosse forte o suficiente para tirar, porque os produtos normais, que você consegue tirar um retoque, é... não saiam... não saia a tinta de retoque. Ele tinha tinta caída, como vocês podem observar nos outros Apóstolos que têm falhas de tinta, eu limpei, passei massa nas falhas de tinta e retoquei... É uma aventura você mexer nestes santos que tem uma cor neutra, e você vai descobrindo o que... como é que eles eram quando foram feitos em 1922, 1919. ”

(04m50s. – 6 m59s.) - Dom João Baptista Neto

“Então, é um ícone arquitetônico como já foi falado. A arte, a arquitetura, pintura, escultura, tudo no mesmo espaço. Este estilo arquitetônico, a arte beuronese, dos monges artistas de Beuron, que fica no sul da Alemanha. Tudo que se vê na igreja do Mosteiro de São Bento, foram feitos por monges, desde as pinturas, até mesmo a colocação dos pisos, e as escalas dos monges em madeira canela preta. Temos aqui várias coisas que podem ser contempladas com um simples olhar deslumbrante, desde as esculturas até os vitrais... No vitral central, nós temos a padroeira da igreja de Nossa Senhora da Assunção, já acima dele o conjunto do Calvário: o Cristo crucificado, com Nossa Senhora das Dores e São João Evangelista... E dois personagens muito interessantes, que são Adão e Eva. Cristo, o novo Adão, chegou agora para transformar esta realidade. No teto nós temos várias cenas da vida de São Bento: ele jovem em Roma, como estudante; eremita em Subíaco e já idoso como pai dos monges em Monte Cassino. Mais adiante temos São Bento e Santa Escolástica, irmãos gêmeos, ele com a parte masculina da Ordem Beneditina, enquanto Santa Escolástica, ficou responsável pelas monjas, a parte feminina da Ordem. Mais adiante nós temos a Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Como já foi falado esta igreja é uma igreja nova de 1912, mas as construções antigas, a construção barroca, nós temos algumas peças como Nossa Senhora da Conceição, o próprio São Bento e Santa Escolástica que ficam no altar mor, e um crucificado de 1777 de José Pereira Lucas, um personagem importante da história de São Paulo. ”

183 Nesta igreja temos a sepultura de Fernão Dias Paes Leme, um grande personagem da história de São Paulo, um bandeirante que foi benfeitor deste Mosteiro, ele como benfeitor pediu em troca apenas, que seus restos mortais ficassem sepultados aqui nesta igreja. Em agradecimento os monges colocaram na parte central da igreja no transepto, onde é lembrado sempre a ajuda e a benfeitoria deste grande personagem à nossa história ao nosso dia-a-dia. Nestes 413 anos de existência, o Mosteiro passou por diversas provações, a maior delas foi durante o século XIX, na segunda metade, quando passou a existir uma lei imperial que impedia o ingresso de novos monges, ou seja, aquelas pessoas que queriam viver num mosteiro aqui em São Bento, no centro de São Paulo. O Mosteiro passou por deficiências, de modo que os monges iam envelhecendo e iam morrendo e não tinham outros para ficar no lugar, para substituição. Ficou um monge sozinho apenas aqui, frei Pedro da Ascenção Moreira, que foi abade também. Com a queda da monarquia em 1889, e surgimento da Proclamação da República, surgimento da República, todas as leis imperiais obviamente caíram. Os mosteiros, os noviciados de mosteiros, e de outras ordens religiosas, foram reabertos. E assim, poderiam entrar novas pessoas na vida religiosa. O mosteiro estava muito deteriorado, era um prédio barroco, pequeno e por quase cinquenta anos vazio, passou a se perder muitas coisas, teve que pedir ajuda de fora e os monges que responderam, foram os monges da Abadia de Beuron, do sul da Alemanha, na Baviera. Chegando os novos monges, tiveram que reformar o Mosteiro por isso que o prédio foi totalmente demolido e construído este atual. Por isso que este estilo chamamos de beuronese. Os anjos também que se encontram a arte beuronese se tem muitos anjos, temos aí os anjos que lembram um pouco a arte do antigo Egito: algo mais chapado, tudo isso... E o dourado, o dourado está muito presente, justamente para a exaltação, a edificação do nome de Deus: o dourado, o ouro, a glória. Temos também nosso grande órgão, é um órgão alemão Walker de 1954, não é o primeiro órgão do Mosteiro, houve mais órgãos, este é apenas mais um, mas é o maior de que se tem notícia, é um órgão de 1954 foi trazido justamente para a comemoração dos 400 anos da cidade de São Paulo, é um órgão com mais de 6000 tubos, e é tocado eventualmente em nossas missas, como as missas de domingos, acompanhando o canto gregoriano dos monges beneditinos aqui do centro de São Paulo. ”

(10m58s. – 11m04s.) - Dom João Baptista Neto

“Estamos no teatro de São Bento, um dos teatros mais antigos da cidade de São Paulo de 1903. ”

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