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Transcrição da entrevista de Dom Gregório (2013)

CAPÍTULO III: A BASÍLICA ABACIAL DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO

APÊNDICE A – TRANSCRIÇÕES

2. Transcrição da entrevista de Dom Gregório (2013)

Programa City Tour #12 – Catedral da Sé e Mosteiro de São Bento (programa na íntegra). Publicado em: 20 de março de 2013. Duração: 28m01s. Repórter: Camila Silveira. Mosteiro de São Bento gravação dos 12m 25s aos 27m38s.

Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=1aqZZyh4mfw> Acesso em: 30/08/2015.

(13m59s. – 14m37s.) - Dom Gregório:

“O Mosteiro, ele foi fundado em 1598, portanto logo no comecinho da cidade, nós chegamos aqui, logo depois dos jesuítas e dos franciscanos. Então, nós somos logo do comecinho da cidade... O Mosteiro também vê o seu desenvolvimento maior no começo do século XX, final do século XIX, começo do século XX, quando há também a grande expansão de São Paulo. Então, o Mosteiro está sempre nesta dinâmica da cidade, da cidade de São Paulo, e também aqui as pessoas sempre encontram aqui um lugar para a oração, para o recolhimento, para a participação na liturgia. ”

(14m54s. – 15m14s.) - Dom Gregório:

“Hoje o nosso estilo é beuronense. Um estilo desenvolvido no mosteiro alemão de Beuron, que foram os monges deste mosteiro que restauraram a vida monástica aqui no Brasil no final do século XIX e começo do século XX. Então, toda arte aqui do Mosteiro é beuronense devido a esta influência alemã. ”

(15m48s. – 17m10s.) - Dom Gregório:

“O centro da vida monástica é a pessoa de Cristo, entorno de Cristo é que nós centralizamos toda nossa vida. Então de dia é regulamentado pelas orações, quem é o grande dia da semana é o domingo, dia da ressurreição de Cristo, e todo o ano para São Bento, ele se orienta para a Páscoa. Os momentos de jejum, de leitura, tudo é em decorrência da Páscoa, a preparação e depois a decorrência. A Páscoa, o domingo, a pessoa de Jesus são o centro da vida do monge. Então, nosso horário, ele se regula de acordo com as orações que nós fazemos, que é a oração da igreja, a Liturgia das Horas. Pela manhã as cinco e meia nós temos as Laudes que é oração do dia que começa, a ação de graças pelo novo dia; e depois às sete horas, nós temos a eucaristia, a Missa Conventual, é o centro do nosso dia. Às onze e quarenta e cinco, nós temos a Hora Médio, que é a oração em que nós paramos nosso trabalho e nos dedicamos à oração. Depois o almoço, nós temos os trabalhos à tarde, às cinco e meia as

185 Vésperas, a oração da tarde, do sol que se põe; às seis horas o jantar e depois às dezenove horas o Ofício de Vigílias e o de Completas5, que é a oração do seu repouso noturno. ”

(18m00s. – 19m38s.) - Dom Gregório:

“A verdade é que nossa liturgia é a liturgia da igreja, não temos uma liturgia beneditina especificamente, é a liturgia da igreja, que nós fazemos de uma maneira solene. Nós fazemos a Liturgia das Horas, fazemos a Santa Missa, as partes cantadas da missa nós fazemos o canto gregoriano, que é este canto antiguíssimo da igreja e também na Liturgia das Horas, no ofício divino, nós preservamos o canto dos hinos, dos ofícios, estes cantos muito antigos, muitos datam do século terceiro, do século quarto, nós preservamos estes cânticos. ”

(18m59s. – 19m36s.) - Dom Gregório:

“Na verdade, o canto gregoriano, ele é a palavra de Deus cantada. Todos os ritos da missa eles são acompanhados de... quando... quando tem um canto, de alguns trechos bíblicos que os monges colocavam na melodia, ensaiavam e cantavam. Então, na verdade, nós cantamos a palavra de Deus, de diversas formas, de diversos momentos, ao longo da Eucaristia, ao longo da Liturgia. Então, é sempre a palavra de Deus cantada, se não é a palavra tal como está no texto, mas é um texto adaptado, mas é sempre a palavra de Deus, a bíblia cantada. ”

(20m09s. – 20m40s.) - Dom Gregório:

“Então, na liturgia tudo fala para nós, tudo tem um significado que comunica a graça de Deus... Então, nós usamos o pão, usamos o vinho, usamos o óleo, usamos a água, usamos a luz, usamos as flores... tudo isso tem um significado que transcende, em muitas vezes a nossa racionalidade. O incenso é o bom odor que sobe até Deus, mas também é o símbolo das orações e dos louvores dos fiéis que sobem até Deus. ”

(20m47s. – 21m05s.) - Dom Gregório:

“Na essência não, a missa é sempre a mesma, o sacrifício de Cristo. Só que a missa das oito e meia é um pouco mais simples, mais rápida para as pessoas que gostam de uma liturgia

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A rotina monástica segue a Alvorada (05hs). Ofício de Laudes (5h30), Meditação (6h15), Missa (7h) – Dom Gregório chama esta missa de Missa Conventual, Ofício da Hora Meridiana (11h45) – Dom Gregório se refere a este momento como “Hora Médio”, Almoço (12h), Ofício de Vésperas (17h25), Jantar (18h) e Ofício de Vigílias, seguido do Ofício de Completas (19h), iniciando o silêncio monástico que encerrar-se-á após a Missa do dia seguinte.

186 um pouco mais tranquila. E a missa das dez horas, nós fazemos mais solene: com incenso, com canto gregoriano, com órgão. ”

(23m19s. – 23m44s.) - Dom Gregório:

“São Bento, ele disse, que o monge deve viver do trabalho de suas mãos... Então é uma maneira de nós nos sustentarmos, mas também é uma maneira de nós proporcionarmos as pessoas, é... coisas de qualidade para sua alimentação. E também que brotam, obviamente da nossa vida de trabalho, aquilo que nos sustenta, mais também proporciona as pessoas um prazer em se alimentar...”

(25m27s. – 25m43s.) - Dom Gregório:

“Sempre quando nós recebemos um hóspede, é sempre Cristo. Quando São Bento diz que o hóspede é sempre tratado como a pessoa do próprio Cristo, como eu lhe disse, Cristo é o centro da nossa vida. E para nós foi um momento muito especial, receber aquele que é o vigário do Cristo, o chefe da Igreja, aqui na nossa casa...”

(26m06s. – 26m28s.) - Dom Gregório:

“O Santo Padre Bento XVI, nosso Papa Emérito agora, é uma pessoa muito tranquila, muito simples, muito próxima das pessoas. Diferente do que muitas vezes a mídia colocava dele, então uma pessoa sempre sorridente, sempre alegre, sempre agradecendo por tudo que nós fazíamos, foi um momento muito bom em nossa vida, um momento singular...”

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3. Transcrição da apresentação da restauradora Marcia Rizzo com Dom Carlos Uchôa