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Durante muito tempo, a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho foi o instituto a regulamentar sobre a Terceirização, no entanto em 31 de março de 2017 foi publicada a Lei nº 13.429 que alterou a Lei nº 6.019/1974 que trata do trabalho temporário, e a terceirização passou a ter um diploma legal no Brasil, mesmo que apenas inserida dentro da lei do trabalho temporário. (MARTINS, 2017, p. 26).

Neste contexto, faz-se extremamente necessário entender como funciona a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), para alcançar o que dispõe a Lei 13.429/2017.

A Lei nº 13.429, de 31 de março de 2017, transformou a Lei nº 6.019/74, que regia o empregado temporário terceirizado, na primeira Lei Geral de Terceirização trabalhista do Brasil. (SILVA, 2017, p. 129).

A lei de terceirização regula não só o regime jurídico do trabalho temporário terceirizado (via ETT- Empresa de Trabalho Temporário), como também dispõe sobre os contratos de prestação de serviços terceirizados por meio de empresa de prestação de serviços. (SILVA, 2017, p. 129).

A Lei 6.019/1974 foi modificada posteriormente pela Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, tendo início de vigência após 120 dias da sua publicação oficial que ocorreu no dia 14 de julho de 2017. (GARCIA, 2017, p. 51).

Desse modo, a Lei 6.019/1974 passou a dispor sobre as relações de trabalho na empresa de trabalho temporário, na empresa de prestação de serviços e também nas respectivas tomadoras de serviços e contratante, conforme consta no artigo 1º com redação dada pela Lei Geral de Terceirização. (GARCIA, 2017, p. 52).

Assim, pode-se notar que os temas relativos à terceirização e ao trabalho temporário passaram a ser disciplinados no mesmo diploma legal, até então a Lei 6.019/1974 tratava apenas do trabalho temporário, enquanto a terceirização era objeto de orientação

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firmada pela jurisprudência na Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho. (GARCIA, 2017, p. 52).

O artigo 4º-A da Lei 6.019/1974, com redação original da Lei n. 13.429/2017, dispunha que a empresa prestadora de serviços a terceiros era a pessoa jurídica de direito privado destinada a prestar serviços determinados e específicos à contratante;a compreensão deste dispositivo na época de sua vigência era essencial para se conseguir definir os limites da terceirização. (GARCIA, 2017, p. 52).

Segue abaixo o artigo mencionado acima:

Art. 4o-A. A empresa prestadora de serviços a terceiros é a pessoa jurídica de direito privado destinada a prestar à contratante serviços determinados e específicos. § 1o A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho

realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para realização desses serviços.

§ 2o Não se configura vínculo empregatício entre os trabalhadores, ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo, e a empresa contratante.

Segundo Garcia (2017, p. 52) “a expressão serviços determinados e específicos revelava que a terceirização só era admitida quanto a serviços delimitados e especificados previamente.”

Pode-se entender que a empresa prestadora não poderia prestar serviços genéricos, não cabendo, assim, a terceirização, pela empresa tomadora, de atividades que não tivessem especificação. Com a Lei Geral de Terceirização, para certa corrente, a atividade-fim da empresa tomadora já poderia ser terceirizada para uma empresa prestadora especializada, desde que os serviços fossem determinados e específicos. (GARCIA, 2017, p. 53).

Entende o doutrinador Garcia (2017, p. 54) que:

A questão, entretanto, era controvertida, sabendo-se que a jurisprudência, em regra, admitia terceirização apenas de serviços de vigilância, de conservação, limpeza e de atividade-meio da empresa tomadora, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta (Súmula 331, item III, do TST).

É importante salientar que, em março de 2017 a Lei 13.429/2017 alterou a Lei 6.019/74; e em julho do mesmo ano a Lei 13.467/2017 também promoveu alterações na Lei 6.019/74, ao modificar o Art. 4º-A, e inserir o Art. 4º-C. (GARCIA, 2017, p. 51).

Segundo o doutrinador Garcia (2017, p. 56):

Conforme o art. 4º-A da Lei 6.019/1974, com redação dada pela Lei 13.467/2017, considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução.

Após essa informação, cabe visualizar como ficou a redação nova do artigo 4º-A, bem como visualizar os artigos introduzidos 4º-C e 5º-A, conforme seguem:

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Art. 4º-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução.

§ 1º A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para realização desses serviços.

§ 2ºNão se configura vínculo empregatício entre os trabalhadores, ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo, e a empresa contratante.

Art. 4º-C. São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de serviços a que se refere o art. 4o-A desta Lei, quando e enquanto os serviços, que podem ser de qualquer uma das atividades da contratante, forem executados nas dependências da tomadora, as mesmas condições: [...].

Art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação de serviços relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal [...]. (BRASIL, 2017d).

A lei nova não faz distinção entre atividade-meio e atividade-fim, de modo que será permitida a terceirização na atividade-fim, porém entende-se que a expressão “serviços determinados e específicos” possui um conceito muito amplo, podendo ser interpretado de forma subjetiva pelo intérprete da norma. (MARTINS, 2017, p. 181).

Para Garcia (2017, p. 56), a terceirização deve envolver a prestação de serviços e não o fornecimento de trabalhadores por meio de empresa interposta, pois se defende o entendimento de que os serviços, na terceirização, devem de certa forma, ter especialidade. Isso se confirma no artigo 5º-B da Lei 6.019/1974 que foi acrescentado pela lei 13.429/2017, o qual prevê que o contrato de prestação de serviço deve ter a qualificação das partes, a especificação do serviço a ser prestado, o prazo de realização do serviço e o valor.

Desse modo, podemos dizer que “a terceirização só é admitida quanto a serviços especificados”, pois não pode prestar serviços genéricos porque não é admitida a terceirização, pela empresa tomadora, de atividades sem especificação. (GARCIA, 2017, p. 57).

Por fim, a terceirização que era entendida como prestação de serviços a terceiros, passa a ser entendida, de forma expressa e ampla, como a transferência da execução de qualquer atividade exercida pela tomadora, inclusive a principal. (GARCIA, 2017, p. 56).