• Nenhum resultado encontrado

O Tribunal de Primeira Instância (artigos 22º e 225.º do TCE e Título IV do Estatuto do Tribunal de Justiça)

No documento uniao europeia (páginas 111-116)

O sistema jurisdicional da União Europeia

4. O Tribunal de Primeira Instância (artigos 22º e 225.º do TCE e Título IV do Estatuto do Tribunal de Justiça)

4.1. Formação

Os membros do TPI são nomeados de comum acordo pelos governos dos Estados-Membros por um período de seis anos renovável e parcialmente substituídos de três em três anos.

As críticas suscitadas a propósito do idêntico modo de nomeação dos juízes do TJ valem mutatis mutandis para a nomeação dos juízes do TPI.

4.2. Composição

O TPI é composto, pelo menos, por um juiz por Estado-Membro, em número fixado pelo Estatuto, escolhidos de entre pessoas que ofereçam todas as garantias de independência e possuam a capacidade requerida para o exercício de altas funções jurisdicionais. Actualmente, por força do artigo 48.º do Estatuto, na redacção que lhe foi dada, por último, pelo Acto de Adesão da Bulgária e da Roménia, o TPI é composto por vinte e sete juízes.

O TPI não inclui advogados-gerais, mas os seus próprios juízes podem ser chamados, nas condições previstas pelo regulamento de processo, a exercer a função de advogado-geral, não podendo nesse caso participar na elaboração do acórdão que vier a ser emitido no respectivo processo.

O presidente do TJ é designado de entre os juízes por um período de três anos, podendo ser reeleito.

4.3. Competência

A competência do TPI exerce-se no âmbito do TCE e do TCEA, mas não do TUE. No quadro do primeiro tratado, o único que aqui é considerado, o TPI é

competente para julgar em primeira instância, nos termos do artigo 225.º, n.º 1, conjugado com o artigo 51.º do Estatuto:

4.3.1. Os recursos de anulação interpostos:

(a) pelos particulares (pessoas singulares e colectivas), contra (i) as decisões das instituições e órgãos da Comunidade de que sejam destinatários e (ii) as decisões que, embora tomadas sob a forma de regulamento ou de decisão dirigida a outra pessoa, lhe digam directa e individualmente respeito, isto é, os atinjam “em razão de determinadas qualidades que lhes são específicas ou em razão de uma situação de facto que os caracteriza em relação a qualquer outra pessoa e, por isso, os individualizam de modo análogo ao do destinatário”.

Isto significa nomeadamente que os particulares não podem, em princípio, impugnar em recurso de anulação perante o TPI os actos normativos que lhes digam directamente respeito (por afectarem, de forma certa e actual, a sua situação jurídica, restringindo os seus direitos ou impondo-lhes obrigações) e não necessitem de actos administrativos individuais e concretos de execução (acórdão de 1-4-2004, Comissão/Jégo-Quéré, C-236/02 P, n.º 45). Esta situação será parcialmente ultrapassada com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, que altera o actual artigo 230.º, quarto parágrafo, do TCE no sentido de permitir que os particulares impugnem perante o TPI actos regulamentares (mas não actos legislativos) “que lhes digam directamente respeito e não necessitem de medidas de execução” (cf. supra § 1.º, 3.6.4.);

(b) pelos Estados-Membros contra (i) as decisões tomadas pelo Conselho no domínio dos auxílios de Estado, nos termos do artigo 88.º, n.º 2, terceiro parágrafo, do TCE; (ii) as decisões do Conselho adoptadas em execução de um regulamento em matéria de protecção do comércio, na acepção do artigo 133.º do TCE; (iii) os actos executivos adoptados pelo próprio Conselho ao abrigo do artigo 202.º, terceiro travessão, do TCE; (iv) os actos da Comissão, com excepção dos adoptados no domínio da cooperação reforçada, nos termos do artigo 11.º-A do TCE.

(a) pelos particulares, no quadro de um recurso de anulação de uma decisão que lhes diga directa e individualmente respeito, contra o regulamento ou o acto de efeitos análogos que constituam a base jurídica da decisão impugnada e que, por força do quarto parágrafo do artigo 230.º, não sejam susceptíveis de impugnação pelos mesmos particulares no quadro de um recurso de anulação. Neste contexto, o artigo 241.º constitui expressão de um princípio geral que garante a qualquer parte o direito de contestar, com vista a obter a anulação de uma decisão que lhe diz directa e individualmente respeito, a validade dos actos institucionais anteriores que constituem a base jurídica da decisão impugnada, se essa parte não dispuser do direito de interpor recurso directo, nos termos do artigo 230.º, contra tais actos, de que sofreu as consequências sem ter podido requerer a respectiva anulação (acórdãos de 6-3-1979, Simmenthal/Comissão, 92/78, n.º 39 e de 12-12-1996, Accrington Beef e. a., C-241/95, n.º 15);

(b) pelos Estados-Membros, no quadro de um recurso de anulação tendo por objecto quaisquer actos das instituições cuja base seja constituída por regulamentos ou actos de efeitos análogos adoptados nos domínios enumerados supra 3.3.1. (b) (iii) e (iv), contra esses mesmos regulamentos ou actos de efeitos análogos, mesmo que os Estados-Membros os não tenham impugnado directamente ao abrigo do artigo 230.º do TCE conjugado com o artigo 51.º do Estatuto, ou mesmo que, tendo-os impugnado, tenha sido negado provimento ao correspondente recurso de anulação [ver supra 2.3.4. (c)].

4.3.3. As acções por omissão intentadas

(a) pelos particulares, com fundamento na abstenção, por parte de uma das instituições da Comunidade, de lhes dirigir um acto devido.

(b) pelos Estados-Membros relativas às abstenções

─ do Conselho (i) no domínio dos auxílios de Estado, nos termos do artigo 88.º, n.º 2, terceiro parágrafo, do TCE; (ii) em execução de um regulamento em matéria de protecção do comércio, na acepção do artigo 133.º do TCE; (iii) nos termos do artigo 202.º, terceiro travessão, do TCE;

─ da Comissão, com excepção das abstenções de decidir nos termos do artigo 11.º-A do TCE.

4.3.4. As acções de indemnização (artigos 235.º e 288.º do TCE) intentadas pelos particulares ou pelos Estados-Membros, por responsabilidade extracontratual da Comunidade pelos danos causados pelas suas instituições, pelos seus agentes no exercício das suas funções, pelo BCE ou pelos agentes deste no exercício das suas funções. A acção de indemnização constitui uma via de recurso autónoma que se diferencia, nomeadamente, do recurso de anulação, na medida em que tende não à supressão de um determinado acto, mas à reparação do prejuízo causado por uma instituição. Daí resulta que a existência de um acto individual que se tornou inimpugnável em recurso de anulação não pode constituir obstáculo à admissibilidade de uma tal acção (acórdão de 26-2- 1986, Krohn, 175/84, n.ºs 26 e 32).

Num contexto normativo caracterizado pelo exercício de um amplo poder de apreciação, só pode haver responsabilidade da Comunidade em presença de uma violação suficientemente caracterizada de uma regra superior de direito que protege os particulares, ou, mais especificamente, se a instituição em causa tiver ignorado, de modo manifesto e grave, os limites que se impõem ao exercício dos seus poderes. A natureza geral ou individual de um acto de uma instituição não é um critério determinante para identificar os limites do poder de apreciação de que dispõe a instituição em causa (acórdão de 4-7-1992, Bergaderm, C-352/98P, n.ºs 43 e 46). Além disso, a responsabilidade da Comunidade pressupõe que o dano invocado exceda os limites dos riscos económicos normais inerentes às actividades no sector em causa (acórdão de 19-5-1992, Mulder II, C-104/89 e C- 37/90, n.º 13).

A acção de indemnização prescreve no prazo de cinco anos a contar da ocorrência do facto que lhes tenha dado origem (artigo 46.º do Estatuto).

O TPI é ainda competente para julgar:

4.3.5. As acções intentadas pelos particulares com fundamento em cláusula

4.3.6. Os pedidos de suspensão da execução de actos de direito comunitário derivado que podem ser contestados junto do TPI (cf. supra 3.3.1.), ou de outras medidas provisórias não especificadas submetidos, consoante os casos, pelos particulares ou pelos Estados-Membros, nos termos dos artigos 242.º e 243.º. 4.3.7. Os recursos judiciais interpostos contra

(a) as decisões do Instituto de Harmonização no Mercado Interno relativas a marcas e patentes, desenhos e modelos [Regulamento (CE) n.º 40/94 de 30-12- 1993, na redacção que lhe foi dada pelo Regulamento (CE) n.º 422/2004 do Conselho de 19-2-2004, e Regulamento (CE) n.º 6/2002 do Conselho, de 12-12- 2001];

(b) as decisões do Instituto Comunitário das Variedades Vegetais relativas às obtenções vegetais [Regulamento (CE) n.º 2100/94 do Conselho, de 27-7-1994]. (c) os acórdãos ou despachos do TFP, bem como os das outras câmaras jurisdicionais que vierem a ser criadas pelo Conselho nos termos do artigo 225.º- A do TCE, que (i) ponham termo à instância, assim como as decisões que (ii) apenas conheçam parcialmente do mérito da causa, ou que (iii) ponham termo a um incidente processual relativo a uma excepção de incompetência ou a uma questão prévia de inadmissibilidade.

O recurso para o TPI é limitado às questões de direito, podendo ter por fundamento a incompetência do TFP, irregularidades processuais perante este que prejudiquem os interesses da parte em causa, bem como a violação do direito comunitário pelo TFP. Se o recurso for julgado procedente, o TPI anula a decisão do TFP e decide o litígio, a menos que este não esteja em condições de ser julgado. Nessa hipótese, o TPI remete o processo ao TFP, o qual fica vinculado à solução que o acórdão deu às questões de direito suscitadas.

(a) estabelecer o seu regulamento, de comum acordo com o TJ, aprovado pelo Conselho por maioria qualificada;

(b) nomear o seu secretário, aprovando o respectivo estatuto.

4.4. Funcionamento

O TPI funciona por secções não especializadas, compostas por três ou cinco juízes, ou de juiz único. Actualmente, há no TPI cinco secções de cinco juízes e cinco secções de três juízes. Excepcionalmente o TPI pode funcionar em secção plenária ou em grande secção (composta por treze juízes), quando a dificuldade jurídica, a importância do processo ou circunstâncias especiais o justifiquem.

A requerimento do Estado-Membro ou de uma instituição que nelas seja parte, as causas perante o TPI devem ser julgadas por uma secção composta pelo menos por cinco juízes.

O processo no TPI, rege-se, tal como o processo no TJ, pelo Título III do Estatuto e é precisado e completado pelo Regulamento de Processo, aprovado nos termos do artigo 224.º, quinto parágrafo, do TCE.

As condições em que os funcionários e outros agentes vinculados ao TJ prestam serviço no TPI, a fim de assegurar o funcionamento deste, que não dispõe de pessoal próprio, são estabelecidas de comum acordo pelos presidentes de ambos os tribunais, em virtude do artigo 52.º do Estatuto. Certos funcionários ou outros agentes ficam na dependência hierárquica do secretário do TPI, sob a autoridade do presidente deste.

5. O Tribunal da Função Pública da União Europeia (artigo 225.º-A do TCE e

No documento uniao europeia (páginas 111-116)