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A identificação dos fatores de risco e dos fatores de proteção torna-se essencial numa estratégia de prevenção do suicídio, pois contribui para delinear e detectar a natu- reza e o tipo de intervenção necessários, sendo indicativo das circunstâncias em que um indivíduo, uma comunidade ou uma população se encontram particularmente vulneráveis para o suicídio. Quando se encontra presente uma série de fatores negativos, existe uma maior probabilidade de comportamentos autolesivos e atos suicidas. Também permite es- tabelecer uma estimativa do grau geral do risco de suicídio para uma pessoa e contribui para o desenvolvimento de planos de tratamento que abordam os vários fatores envolvi- dos, fatores esses identificáveis e modificáveis (PORTUGAL, 2013).

Diante da relevância da problemática do suicídio para a sociedade, o Ministério da Saúde, através da Portaria nº 1.876, de 14 de agosto de 2006, instituiu as Diretrizes Nacio- nais para a Prevenção do Suicídio a serem implantadas em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão.

Durante o mês de setembro, chamado de Setembro Amarelo, são reforçadas as ações de prevenção ao suicídio no mundo. Mundialmente, a Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio – IASP estimula a divulgação da causa, vinculando a data de 10 de setembro com a comemoração do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. No Brasil, esse movimento foi iniciado em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

O CVV, uma das principais mobilizadoras do Setembro Amarelo, é uma organiza- ção sem fins lucrativos que atua gratuitamente na prevenção do suicídio desde 1962.

Nas ações do Setembro Amarelo de 2017, o Ministério da Saúde lançou a Agenda Estratégica de Prevenção do Suicídio com a meta de reduzir em 10% a mortalidade por suicídio até 2020. Essa agenda visa qualificar a assistência, bem como melhorar a quali- dade das notificações. Até 2020, visa ampliar e fortalecer as ações de promoção da saúde, vigilância, prevenção e atenção integral relacionadas ao suicídio, com vistas à redução de

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tentativas e mortes por suicídio por meio da construção do Plano Nacional de Prevenção do Suicídio. (BRASIL, 2017a).

Um dos primeiros passos para a conscientização é quebrar o tabu em torno do assunto. Dessa forma, o Setembro Amarelo tem como proposta visibilizar e pôr o tema em discussão, sensibilizando a sociedade, instituições e profissionais para o tema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos dados expostos, identifica-se o suicídio como um fenômeno de relevân- cia para a sociedade, pelo impacto social que causa no seio da sociedade, quando ocorre a tentativa ou quando se concretiza o suicídio, impactando a vida de muitas pessoas do convívio da vítima.

O suicídio é um fenômeno multicausal que precisa de intervenções em diversos âmbitos e nas mais diferentes áreas das políticas públicas. Para isso, faz-se necessário principalmente enfrentar os tabus e preconceitos, alicerçados sobretudo em heranças reli- giosas e culturais, a fim de que possamos conversar mais abertamente sobre o assunto e, assim, apoiar as pessoas que estão em sofrimento ou adoecimento psíquico.

Os profissionais das mais diversas áreas precisam estar capacitados e articulados e trabalhar em rede, a fim de conseguirem atuar junto às pessoas em situação de sofri- mento, realizando intervenções mais eficazes e ações mais sistemáticas e continuadas de prevenção ao suicídio.

Podemos concluir que prevenir o suicídio, apesar de não ser uma tarefa fácil, é possível, desde que o enfrentamento seja feito com estratégias conjuntas e integradas entre os vários atores sociais.

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