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CAPÍTULO 2 – ASPECTOS TEÓRICOS DA REORGANIZAÇÃO DO SAM E AS NOVAS

2.2 Uma abordagem institucional dos mercados e os mecanismos de coordenação

Na seção anterior, foram destacados o processo de transformação do SAM e o impacto deste nos parâmetros básicos dos mercados: oferta e demanda. O qual gerou, consequentemente, uma reorganização nos mercados e, inclusive, nos arranjos dos agentes que o compõem. Diante disso, nesta seção, pretende-se debater sobre como se constituem os mercados e como os agentes se organizam dentro deles. Este debate teórico será importante para compreender o modo como se dá a coordenação dos agentes nos polos de produção do Nordeste, alvos de estudo desta tese.

O mercado define-se pela relação entre compradores e vendedores de um determinado produto em espaço específico. Todavia, ao resumi-lo a apenas esta característica, perde-se todo o processo complexo que envolve a interação entre os agentes. Além do mais, tornam-se homogêneos os processos que podem ser completamente distintos. Tordjman (1998) aponta que para compreender a complexidade dos mercados deve-se considerar a heterogeneidade dos agentes, bem como a dinâmica de sua relação entre si e com o ambiente externo que os cercam. Desta forma, o ponto crucial que caracteriza o mercado deixa de ser o produto transacionado em si, e passa a ser, portanto, as relações desenvolvidas pelos agentes. É a partir desta definição que as distinções de mercados de um mesmo produto podem ser melhor compreendidas, pois apesar de tratar-se de um produto com características semelhantes e constantes no tempo e no espaço, as relações sociais que atribuem valores a esses são mutáveis e distintas.

Esta visão do mercado como uma construção social a partir da inter-relação dos agentes tem sido corroborada por diversos autores (GRANOVETTER, 1985; FLIGSTEIN, 1996; VAN HUYLENBROECK et al., 2009). Para estes autores, a interação dos agentes dentro dos mercados está envolta em normas sociais, rotinas e instituições estabelecidas. Portanto, nesta redefinição teórica sobre o mercado, percebe-se que as instituições são peças chave para compreender a complexidade e amplitude do conceito (MÉNARD, 1995).

A abordagem institucional adotada por estes autores considera que os agentes se organizam e tomam decisões balizadas num marco institucional que é composto por um conjunto de regras constituídas formalmente ou informalmente. Este emaranhado de regras que coordenam as ações dos indivíduos pode ser analisadas em quatro camadas: enraizamento (embeddness), ambiente institucional, governança e alocação de recursos (WILLIAMSON, 2000).

O primeiro nível institucional, o embeddness ou enraizamento, comporta as regras que estão fortemente internalizadas no comportamento dos agentes de maneira informal. Estas regras são construídas nos modelos mentais dos indivíduos através de costumes históricos, tradições e cultura local. Pelo fato de serem regras que estão arraigadas no comportamento dos agentes, esta camada institucional é de difícil modificação a partir de uma determinada ação externa e num curto espaço de tempo (BELIK, 2012).

O segundo nível de regras, denominado ambiente institucional, é constituído tanto por regras formais (leis, constituições, códigos, políticas), como também por algumas regras informais respeitadas pelos agentes ou corroboradas pela sociedade, como por exemplo, os códigos de conduta. No ambiente institucional, a mudança pode ocorrer mais rapidamente,

pois estas regras formais podem ser modificadas num curto espaço de tempo e, assim, delinearem novas atitudes na interação entre os indivíduos. Mesmo as regras informais adotadas pelos agentes, neste nível, são mais suscetíveis à mudança no curto prazo, pois estas estão menos enraizadas nas rotinas dos agentes.

Na terceira camada formam-se os arranjos institucionais (também chamados de mecanismos de governança) constituídos pelos os agentes. Esses arranjos visam constituir mecanismos que otimizem as relações entre os indivíduos ou grupo de indivíduos (considerado o embeddnes) e o ambiente institucional no qual estão inseridos. Este nível institucional tem concentrado um importante debate na teoria econômica desde o artigo seminal de Coase (1937), intitulado “The Nature of the Firm”. Neste nível as instituições são constituídas por meio de mecanismos de governança para mitigar os custos intangíveis que cercam a transação entre os agentes, os quais foram explorados por Coase (1937) sendo denominados custos de transação. Por sua vez, Williamson (1996) se debruça sobre como os agentes dialogam com estes custos de transação. Segundo o autor, para minimizar os custos de transação, os agentes adotam distintos mecanismos de coordenação dentro dos mercados.

Por fim, o quarto nível institucional é a alocação de recursos. Nessa camada, os agentes consideram as instituições presentes nos níveis anteriores e tomam suas decisões cotidianas (BELIK, 2012). Este processo decisório, apesar de ser realizado sob este aparato institucional, nem sempre é ótimo, pois, como apontado por Simon (1955), a racionalidade dos agentes é limitada e, por isso, torna complexa a decisão, mesmo tendo uma série de regras que permitam delimitar o rol de escolhas.

Deste modo, ao tratar o mercado como uma construção social derivada da interação dos agentes balizados por regras (instituições), torna-se a análise mais complexa do que se tratasse-a como um simples lócus onde compradores e vendedores se encontram. A partir dessa abordagem institucional dos mercados, observa-se que estes irão se diferenciar substancialmente de acordo com o marco institucional formado a partir do embate entre os quatro níveis institucionais: as macro instituições (embeddness e ambiente institucional) e as micro instituições (governança e alocação e recursos). Como demonstra Tordjman (1998), um mesmo produto pode ser transacionado por formas de mercados completamente distintas.

Granovetter (1985) coloca o embeddness como ponto central das interações entre os agentes. No entanto, Fligstein (1996) chama a atenção para a dificuldade de mensurar os efeitos do enraizamento das regras nos mercados, e problematiza o fato de que, para entender o surgimento de mercados estáveis, é fundamental compreender as relações estabelecidas intra e extra firma, assim como as relações formais com o Estado. Para este último autor, as

relações dos Estados dentro dos mercados não devem ser negligenciadas, portanto, em mercados globais o modo como os Estados agem tem um peso importante na escolha dos agentes. Por sua vez, North (1993; 1995) alerta para a importância de entender que as micro e macro instituições interagem. Para ele, é esta dinâmica que permite que os sistemas econômicos evoluam e se diferenciem. Para North, os agentes não são seres passivos que sofrem influência do ambiente institucional sem reagir de maneira interativa. Existe uma via de mão dupla entre os indivíduos que participam do mercado, uma vez que estes sofrem influencia das regras, mas também agem sobre a estruturação destas regras, sejam elas formais ou informais.

Farina et al. (1997) sintetizam esta complexidade na figura 3, a seguir, pela qual ilustram a ação dos diversos agentes dentro do mercado, Estado, firmas, bureaus e sindicatos. Estes, por sua vez, dialogam com regras formais políticas diversas, com legislações, bem como, com regras informais. Além disso, como aborda Fligstein (1996) existem relações extra firma, tais como ambiente competitivo e tecnológico e outros fatores não institucionais que influenciam a trajetória como coloca Demsetz (2000). É nesse sistema complexo que as firmas adotam suas estratégias dentro dos mercados, buscando formas de coordenação que possam otimizar a sua posição estratégica.

Figura 4 – Aspectos que Influencia os agentes e suas estratégias

As formas de coordenação que maximizam a atuação das firmas são abordadas por Williamson (1996), que sintetiza a complexidade das relações entre camadas institucionais por meio dos custos de transação. Para Williamson (2004), os custos de transação são os custos inerentes ao funcionamento do mercado, sendo que os agentes buscam minimizar estes custos por meio da adoção de formas específicas de governança.

As formas de governança adotadas pelos agentes, segundo Williamson (1996), são essencialmente influenciadas pelos custos de transação. O conceito de custos de transação é inspirado no trabalho de Coase (1937) que apontam que os custos de transação emergem nas relações entre os indivíduos e que, geralmente, não são negligenciáveis. Williamson (1996) atrela o surgimento dos custos de transação ao reconhecimento de duas hipóteses comportamentais centrais: a racionalidade limitada dos agentes e a existência de comportamento oportunista.

O reconhecimento da racionalidade limitada retoma o trabalho de Simon (1955), que abordou o processo de tomada de decisão dos indivíduos no ambiente econômico. Essa tomada de decisão envolve dois conceitos essenciais, que são a procura e a satisfação (satisfacing). Estes dois conceitos, na teoria de Simon, funcionam na medida em que os agentes maximizadores não encontram a solução ótima e, então, buscam uma solução satisfatória (QUADROS, 2012). Assim, Simon cria duas noções de racionalidade: uma substantiva e outra processual. A primeira refere-se à tomada de decisão para alcançar certas metas considerando limites e restrições, ou seja, a procura. A outra refere-se à adequação, isto é à satisfação (POSSAS, 1995).

Dosi e Egidi (1991) desdobram o trabalho de Simon acerca da incerteza em dois conceitos distintos: a incerteza substantiva e a processual. A primeira refere-se à incompleta capacidade humana de prever os acontecimentos futuros, de modo que não se pode controlar os resultados por meio de suas ações. A segunda, por sua vez, remete à incapacidade cognitiva de achar uma solução ótima do tipo first best, mesmo conhecendo todas as possibilidades, pois os cálculos são demasiadamente complexos para serem feitos com exatidão (POSSAS, 1995). Essas duas formas de incerteza normalmente se manifestam ao mesmo tempo no ambiente econômico (DOSI & EGIDI, 1991). No entanto, taiss conceitos têm sido enfatizados de maneiras distintas por diferentes teorias. Os neo-schumpeterianos, por exemplo, analisam os fenômenos de inovação e desenvolvimento tecnológico ressaltando o papel da incerteza procedural e destacando os conceitos de conhecimento tácito e das curvas de aprendizado (SILVEIRA, 1994). No entanto, Silveira (1994), buscando compreender

melhor o processo de coordenação econômica, destaca a importância da sociologia a partir da Teoria das Convenções. Apesar desta teoria não romper com a ideia de racionalidade processual, advogada pelos neo-schumpeterianos e evolucionistas, aproxima-se mais da noção de racionalidade substantiva, pois sua existência seria uma das justificativas para a ocorrência de mercados incompletos (SILVEIRA, 1994; WILLIAMSON, 2004)12.

A segunda hipótese incorporada por Williamson no seu modelo teórico é a de que os agentes são oportunistas e, portanto, se vislumbrarem algum modo de obter ganhos maiores burlando o outro irão fazê-lo. Este oportunismo inerente ao ambiente econômico emerge devido à assimetria de informação, isto é, os agentes não possuem informações completas dentro do sistema econômico. Akerlof (1970) aponta para este fenômeno dentro dos mercados, demonstrando que a assimetria de informação pode levar a um resultado não ótimo. Este fato poderia decorrer de duas maneiras, de forma ex-ante, através do mecanismo de seleção adversa, no qual os agentes envolvidos na transação, por não terem completa informação um dos outros, bem como do próprio ambiente econômico, podem selecionar como parceiros os indivíduos menos indicados para realizarem as trocas econômicas.

O outro modo de manifestação do oportunismo se dá de maneira ex-post, através do risco moral (moral hazard). Nessa situação, após selarem o acordo de transação, um dos agentes pode mudar o comportamento de maneira inesperada, prejudicando, assim, o acordo. Todavia, apesar do oportunismo permear o ambiente econômico ele não é uma rotina nas transações. De acordo com Simon (apud WILLIAMSON, 2004), o oportunismo é um outlier, isto é, pode ser uma surpresa que ocorre dentro dos contratos estabelecidos entre os agentes. Isso pode ocorrer devido à racionalidade limitada.

A partir dessas hipóteses comportamentais, evidencia-se que existem custos na realização dos acordos entre os agentes, como apontou Coase (1937). Considerando a existência dos custos de transação, Williamson (1996) argumenta que estes custos podem variar dependendo de alguns atributos que envolvem a transação selada entre as partes: frequência, incerteza e especificidade dos ativos. Assim, os custos de transação podem ser maiores ou menores, dependendo da frequência que ocorre a transação, da incerteza que cerca o ambiente econômico em que é celebrado o acordo, como também, das especificidades dos ativos envolvidos na negociação, o qual poderá fazer com que estes custos sejam maiores.

Quadros (2012) discute que a frequência pode ser abordada por três óticas distintas na literatura. A primeira remete à frequência de transação entre parceiros, tendo por

12 Para maior entendimento sobre a discussão da incerteza na coordenação econômica, ver o profundo debate

trás a ideia de jogos repetidos intra ou entre firmas. A segunda aponta para a frequência de transação entre diversos parceiros. Esta abordagem relaciona a quantidade de vezes que certa transação ocorre no mercado. Por fim, a terceira forma atenta-se para os distúrbios que ocorrem no ambiente institucional e que afetam os mecanismos de governança estabelecidos entre os agentes. Diante disso, Williamson (1985) argumenta que a escolha de uma forma específica de governança envolve custos significantes. Portanto, para o autor, os agentes tentam ter maiores ganhos de escala e escopo com a mesma forma de governança. Sendo assim, os indivíduos levam em conta a frequência de transação entre os diversos parceiros com que se relacionam para otimizarem a sua escolha.

Outro atributo que influencia os custos de transação é a especificidade dos ativos envolvidos. Para Ménard (1996), esta é a variável mais preponderante quando se associam os atributos das transações e as formas de governança escolhidas pelos agentes. A especificidade dos ativos refere-se ao retorno da transação associado a um determinado ativo que atua sobre os custos de transação, de maneira que quanto maior a especificidade dos ativos maior será a perda associada, e, portanto, maiores serão os custos de transação (AZEVEDO, 2000).

Esta especificidade dos ativos foi profundamente debatida por Williamson (1991), o qual distinguiu seis modos de manifestação deste fenômeno nas transações, são estes: i) especificidade locacional. Nesta relação a localização/distância entre os agentes tem um importante papel para a realização da transação. Como exemplo, pode-se observar a influência da especificidade locacional na relação entre produtores de cana-de-açúcar e usinas, em que estas precisam estar numa distância máxima de 30 km para que não haja perdas de propriedade da cana-de-açúcar. Desse modo, terras localizadas num raio de 30 km das usinas são ativos específicos devido à sua localização/distância propícia à produção de cana-de-açúcar; ii) especificidade de ativos físicos. Esta decorre da utilização de determinado ativo na produção de um componente. Como exemplo, na indústria de produção de computadores, empresas diferentes atuam em conjunto devido à dependência e compatibilidade de componentes físicos específicos, como um chip microeletrônico para o funcionamento do bem final; iii) especificidade de ativos humanos. Este atributo se manifesta devido aos efeitos do learning-by-doing. Assim, o aprendizado tácito de um indivíduo em realização de determinada tarefa tem importância para a realização da transação; iv) ativos dedicados. Neste caso, a especificidade emerge à medida que o retorno dos investimentos realizados pelos agentes está intimamente relacionado com a transação a ser realizada. Pode- se observar isso no caso de uma firma que faz uma adaptação produtiva com sunkcosts para atender a uma determinada demanda; v) especificidade da marca. Esta ocorre devido ao custo

imposto por uma determinada marca/selo numa transação; vi) especificidade temporal. Por fim, esta assemelha-se à não separabilidade tecnológica, tendo, assim, uma possível defasagem na resposta entre as partes no processo de transação e gerando custo no processo de troca.

Williamson (1996) relaciona a especificidade dos ativos com outro atributo importante da transação, a incerteza. Para ele, a incerteza nas transações origina-se das hipóteses comportamentais adotadas pela Economia dos Custos de Transação (ECT) e como isso afeta o comportamento dos agentes. Portanto, nas relações em que existe pouca ou nenhuma informação a respeito das partes esta incerteza é alta e gera efeitos sobre os custos transacionais. Quadros (2012) afirma que esta incerteza, proposta no modelo teórico de Williamson, se aproxima da incerteza knightiana. Isso se dá pelo fato de que tal incerteza ocorre mesmo quando se obtém informações dos agentes, devido ao risco moral e à incompletude dos contratos estabelecidos pelos indivíduos. Portanto, a incerteza tratada aqui diferencia-se da ideia de risco, pois esta última pode ser quantificada por métodos matemáticos. A incerteza knightiana, por sua vez, é radical, pois envolve todos os agentes ao mesmo tempo, tornando-se impossível de ser mensurada, o que a diferencia substancialmente do risco, uma vez que esse pode ser avaliado de modo diferente de acordo com a posição de cada agente.

Portanto, a teoria da Economia dos Custos de Transação (ECT) aponta que os custos de transação influenciam diretamente na organização dos agentes mediante o marco institucional. A ECT está alicerçada em duas hipóteses comportamentais (oportunismo e racionalidade limitada) que são responsáveis pela existência destes custos de transação. No entanto, estes custos de transação podem ser maiores ou menores, dependendo de alguns atributos que envolvam a relação entre os agentes (incerteza, frequência e especificidade dos ativos). Assim, dependendo da amplitude destes custos de transação, Williamson (1996) aponta para três formas organizacionais utilizadas pelos agentes: mercado, híbridas e hierarquias.

Os atributos das transações influenciam diretamente os custos de coordenação do sistema econômico. Os custos de transação serão mais elevados na medida em que maior for a especificidade dos ativos envolvidos nas trocas, e que menor for a frequência em que ocorre a relação entre os indivíduos e quando for maior a incerteza percebida pelos agentes. A partir desta relação, os agentes buscam formas organizacionais/estruturais de governança, como define Williamson (1996), para tentaren minimizar os custos envolvidos nas relações estabelecidas.

Williamson (2004) aponta que as estruturas de governança podem ser distinguidas por meio de três atributos de mecanismo de coordenação, a saber: i) intensidade de incentivos; ii) controle administrativo; e iii) regime de contratos. O mecanismo de mercado é caracterizado por ter alto poder de incentivo na relação dos agentes constituídos por contratos informais. No entanto, esta forma tem pouco poder administrativo. Por sua a vez, no outro extremo tem-se as hierarquias, caracterizadas por baixos incentivos, e uma estrutura integrada/internalizada da transação que permite um forte controle administrativo (WILLIAMSON, 2004). Além destes dois modos, Williamson (1975; 1996) aponta para uma forma intermediária e transitória que pode ocorrer, as estruturas híbridas. Esta forma de coordenação permite algum controle administrativo através de contratos que compatibilizem os incentivos (WILLIAMSON, 2004)

Belik, Guedes e Reydon (2007) sintetizam o modelo teórico da ECT e as formas de governança a partir de um diagrama, conforme ilustra a figura 4. A figura demonstra como as hipóteses comportamentais incidem sobre os atributos que envolvem as transações, e como a ocorrência dos custos de transação influencia no mecanismo de coordenação ótimo a ser adotado.

Figura 5 – Estrutura Conceitual da Teoria dos Custos de Transação de Williamson

Fonte: Belik, Guedes e Reydon (2007). Hipóteses Comportamentais Racionalidade Limitada Oportunismo Frequência Especificidade dos Ativos Custos de Transação Estruturas de Governança Mercado Formas Híbridas Hierarquia Incerteza Atributos das Transações Formas de Governança

Na abordagem de Williamson, as formas organizacionais escolhidas pelos agentes incorporam o dilema “fazer ou comprar”, de Coase. Isto é, optar por coordenar via mercado, comprar, ou internalizar a transação realizando intra firma através de hierarquias. A respeito desta visão, alguns autores, com destaque para os estudos de Ménard (1996; 2000a; 2004; 2011), apontam que negligenciar as estruturas híbridas é não observar a forma mais comum de coordenação das transações nos mercados.

Klein, Crawford e Alchian (1978) comentam que a forma de governança ótima deve considerar não apenas os custos de transação, mas também os custos de produção e a estrutura de capital. Esta afirmação desmonta, em parte, o dilema de Coase, pois internalizar uma transação devido aos seus altos custos de coordenação pode ser inviável devido a custos de produção elevados e/ou devido a necessidade de inversão de grande volume de capital (JENSEN & MECKLING, 1976).

Uma visão mais vasta sobre as formas de organização das firmas é dada por Alchian e Demsetz (1972) ao tratarem a firma como um nexo de contratos. Diante disso, Ménard (1996) aponta que as formas híbridas de governança compreende um amplo espectro de maneira de governar a transação13: franquias, alianças estratégicas, clusters, redes. O modelo de organização por franquias foi classificado como uma forma híbrida por Rubin (1978), o qual constata que este mecanismo de governança é duradouro e fruto da escolha dos agentes devido à capacidade combinada de monitoramento e controle, que não era possível nos mercados, mas com certo grau de autonomia que não é permitido pelas hierarquias. Outro