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Uma planta tão atraente como tóxica

No documento Plantas Que Curam (páginas 187-190)

P

OR ENCARGO do rei Filipe II de Espanha (Filipe 1 de Portu- gal), foi <> espanhol Gouxalo Hernánde*/ de Toledo quem. no re- gressar da América em 1559, trouxe consigo as primeiras plantas de taba- co, l o ^ o se estabeleceram na Penín- sula Ibérica as primeiras plantações iL' tabaco da Europa. O embaixador de França cm Lisboa, |ean Nicot, acre- ditando que o tabaco linha um gran- de valor medicinal, difundiu as suas sementes pela França, e depois por toda a Europa.

-O tabaco prejudica? Como, se me foi receitado contra a asma por um excelente médico!?

A infundada lama de plama medi- cinal contribuiu para que <> hábito <!<• lumar e <\r aspirar o tabaco si- arrei- gasse ainda mais como costume social. Em meados do século XIX, ainda era receitado nor al&uns médicos como

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Precauções

A nicotina usa-se como herbicida, pesticida e insecticida muito eficaz.

Dado que se absorvem muito bem pe- la pele. os produtos que a conte-

nham devem ser manejados com

muito cuidado, pois já se produziram

intoxicações mortais.

Outros

nomes: erva- -do-tabaco, erva- -santa.

Esp.: tabaco, tabaquera. nicociana. Fr.: tabac. Ing.: tobacco.

Habitat: Originário da América Central, onde ainda cresce espontaneamente. Muito cultivado em todo o mundo.

Descrição: Planta herbácea anual da família das

Solanáceas, cujo caule erecto atinge até 1,7 m de altura. As folhas são grandes, com as nervuras muito marcadas pela face interior e o peciolo muito curto. As flores têm a forma de uma trombeta e são cor-de-rosa ou salmão.

Partes utilizadas: as folhas.

Lobélia

A lobélia (Lobelia inflata L)*, co- nhecida também como tabaco-in- diano, é uma planta norte-america- na da família das Lobeliáceas. que contém lobelina, um alcalóide de efeitos semelhantes ao da nicotina, embora menos intensos.

Antigamente usava-se como eméti- ca (vomitiva), antiasmática e expec- torante. Hoje já não se usa como re- médio, dado que se dispõe de mui- tas outras plantas não tóxicas, com estas mesmas propriedades. Recentemente, a lobélia adquiriu um novo interesse no tratamento do ta- bagismo. Ao fumador inveterado que não consegue deixar de fumar, subs- titui-se o tabaco pela lobélia (em pas- tilhas), e desta forma desaparece o desejo imperativo de fumar. Na rea- lidade, o que se consegue é trocar

a dependência da nicotina pela de- pendência da lobelina, cujos efeitos são igualmente tóxicos, mas um pouco mais suaves, permitindo tam- bém uma mais fácil libertação. Terá então de se abandonar progressiva- mente o consumo da lobelina.

Doses altas de lobélia produzem di-

ficuldade respiratória, taquicardia e hipotensão.

O tratamento substilutivo com lobe- lina não é o ideal, embora possa ser útil nos casos rebeldes de tabagis- mo, em que tenham fracassado to- dos os outros tratamentos. Na Europa existe uma espécie simi- lar, conhecida na Madeira como ca-

breira {Lobelia urens L ) , igual- mente tóxica.

' Esp.: lobelia, tabaco indio. hierba dei

asma.

Fórmula química da nicoti- na, alcalóide responsável pe- los efeitos do tabaco sobre os sistemas nervoso e car- diovascular. A maior parte dos efeitos irritantes do ta- baco sobre o aparelho respi- ratório deve-se aos alcatrões do f u m o que se inala ao fu- mar.

O tabaco é uma planta m u i t o a t r a e n t e , mas ve- nenosa. O seu uso, se- g u n d o a OMS, é a princi- pal causa evitável de má saúde em t o d o o m u n d o .

tratamento contra as doenças pulmo- nares.

Muito poucos se davam conta, na- quela época, chi toxicidade do tabaco. Uma das primeiras vozes que .se le- vantou para chamar a atenção sobre OS perigos do tabaco foi Ellcn G. Whi- te, prestigiada escritora e educadora, que disse em 1875: «O tabaco é um veneno lento e insidioso, e os seus efeitos são mais difíceis de eliminar do organismo do que os do álcool.» Hoje sabe-se bem como se torna difí- cil deixar de fumar, tanto pela de- pendência física que o tabaco pro- duz, como pela dependência psicoló- gica.

Até meados do século XX, os cien- tistas não tinham mostrado plena- mente os efeitos cancerígenos do ta- baco, mas na segunda metade deste século multiplicaram-se as investi- gações sobre os eleitos nocivos desta planta. Todos os anos se publicam centenas de novos estudos mostran- do a sua nocividade sobre o aparelho respiratório, o coração, as artérias, o esófago, o pâncreas e outros órgãos.

O tabaco transformou-se na droga que mais gastos, mais doenças e mais mortes causa em lodo o mundo; mui- to mais, inclusivamente, que as dro- gas ilegais como a heroína e a cocaí- na.

A União Europeia criou o progra- ma preventivo "Europa contra o can- cro", cujo primeiro p o n t o é: "Não fume". Calcula-se que, se os habitan- tes da Europa deixassem de fumar, se reduziria paia metade o número de mortes por eanero.

O tabaco não leni nenhuma virtude medicinal. Citamo-lo aqui pela sua importância social e sanitária como droga tóxica.

A composição das folhas de tabaco é muito complexa: lípidos, hidrocar- bonetos, gomas, açúcares, dois hete- rosidos (labaciua e tabaciclina), quer» citina, ácidos nicotínicos e clorogéni- cos, uma essência e vários alcalóides, entre os quais se destaca a nicotina ( 1 % a 3%), cuja fórmula química é

CIOHMNS.

A nicotina produz uma estimu- lação transitória, e depois uma de-

pressão, sobre o sistema nervoso cen- tral e sobre todos os gânglios do siste- ma nervoso vegetativo. Estimula a des- carga de adrenalina pela medula das glândulas supra-renais, o que se tra- duz por vasoconstrição, taquicardia, hipertensão e excitação.

Doses elevadas pmchi/.vm suor frio, tremura, vómitos, palpitações e trans- tornos cardíacos.

A nicotina é um veneno muito for- te. Os índios americanos usavam o sumo das folhas de tabaco para enve- nenar a ponta das suas Mechas.

Uma gota de nicotina colocada na língua de um cão grande causa-lhe a morte em breves instantes. A dose mortal para o ser humano é de 50-60 mg, que é a quantidade contida em dois charutos médios. Felizmente, quando se fuma, absorve-se unica- mente 10% da nicotina, e o organis- mo "aprende" a eliminá-la, embora á custa de sofrer os seus efeitos tóxicos. O fumo do tabaco contém, além de nicotina, alcatrões de acção irri- tante e cancerígena, assim como al-

deídos, monóxido de carbono, e cer- ca de mais 30 substâncias (<>xicas; ne- nhuma substância medicinal, nenhu- ma vitamina, nenhum elemento nu- triente.

A intoxicação crónica pelo tabaco produz, estomattte (inflamação da boca), bronquite crónica, palpi- tações, angina de peito, hipertensão, falta de apetite e impotência sexual, entre muitos outros transtornos. Como qualquer outra droga, causa fundamentalmente:

• Dependência física e psíquica: Ne- cessidade de continuar a consumi-lo para não se sentir pior.

• Tolerância: Necessidade de aumen- tar a dose progressivamente, para ob- ter os mesmos efeitos.

A desabituação do tabaco exige um tratamento amplo, tanto médico como psicológico, como o conhecido Plano de Cinco Dias paia Deixai de Fumar, organizado com o apoio da re- vista Saúde e Lar e da Associação In- ternacional de Temperança.

Thea sinensls L

a*LW

Chá

Excita e causa

prisão de ventre

O

S CHINESES já usavam o chá há 4000 anos, embora a sua difusão na Europa se tenha verificado só a partir do século XVII.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo-

lhas do chá contêm de 1 % a 4% de ca- feína (chamada teína para diferençar a sua origem); taninos (15% a 20%) e uma essência.

Os seus efeitos são muito seme- lhantes aos do café (pág. 178), ainda que menos intensos devido a que as infusões se preparam mais diluídas. Uma chávena de chá contém 40-60 mg de cafeína, e uma de café contém de 100 a 200 mg. O chá provoca exci- tação do sistema nervoso, do coração e do sistema circulatório. Aumenta a secreção de sucos ácidos no estôma- go-

Usado como estimulante, no caso de fadiga ou cie esgotamento, é um re- médio de emergência, que não deveria lornar-sc habitual. O chá, do mesmo modo que o café, estimula mas não fornece nenhuma substância nutriti- va. Daí que o seu consumo regular provoque precisamente esgotamento. O consumo habitual produz, o cha- mado "teísmo" no países britânicos: prisão de ventre, acide/, do estômago, insónia e excitação nervosa. O consu- mo frequente de cliá gera dependên- cia, como acontece com qualquer ou- tra droga.

Pelo seu conteúdo em taninos, usa- -se em diarreias e colites, e como tó- nico digestivo em caso de digestão muito pesada ou indigestão MM. Nos capítulos 10 e 20 podem-se cucou liar diversas plantas para estas afecções, isentas dos inconvenientes do chá.

Exteriormente, usa-se como colírio para lavagens oculares em caso de eonjuntivite (©I.

Sinonímia científica:

Camellia sinensis (L.) Kuntze Outros nomes: chá-da-china, chá- -da-índia, chá-preto, chá-verde.

Esp.: té, té de la China, árbol dei

té. Fr.: thé. Ing.: tea.

Habitat: Originário do Sudeste

Asiático, China e Índia, onde ainda aparece espontaneamente. É cultivado amplamente nestes dois países, e também no Brasil e na África Tropical.

Descrição: Árvore ou arbusto da

família das Teáceas ou Cameliáceas, que em estado silvestre atinge até 10 m de altura, e cultivado 1-2 m. As folhas são perenes, de cor verde escura. As flores sâo grandes, brancas e aromáticas.

Partes utilizadas: as folhas.

O

Preparação e emprego

USO INTERNO

O Infusão com 30-50 g por litro

de água, de que se podem tomar, como máximo, até 5 chávenas diárias.

USO EXTERNO

O Lavagens oculares: Em caso

de eonjuntivite, usa-se uma de- cocção com 30-50 g da planta por litro de água. Deixa-se ferver du- rante 5 minutos, de forma que fi- que esterilizada antes de aplica- da sobre os olhos.

Precauções

O chá não se deve usar de for-

ma continuada, nem sequer co-

mo medicamento, pois pelo con- teúdo em cafeína cria dependên-

cia (necessidade de continuar a

tomá-lo) e tolerância (necessida- de de aumentar a dose). Ver o que se diz na pág. 178 a propósito do café.

Desaconselha-se o uso do chá no

caso de úlcera gastroduodenal, gastrite, acidez do estômago, ner- vosismo, hipertensão arterial ou afecções do coração. As mulheres grávidas e as que amamentam de- vem abster-se também do uso do chá, pelos efeitos tóxicos da cafe- ína sobre o feto e sobre o lacten- te (passa para o leite).

No documento Plantas Que Curam (páginas 187-190)