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União com Cristo Nestes estudos estamos tratando da aplicação da redenção.

Os leitores inteligentes podem estar perguntando por que não se

discutiu até aqui sobre a união com Cristo. Obviamente, é um

aspecto importante da aplicação da redenção, e se não o levásse­ mos em conta, não somente a nossa apresentação da aplicação da redenção seria deficitária, mas também o nosso conceito de vida cristã seria gravemente distorcido. Não há nada mais central ou básico do que a união e comunhão com Cristo.

Porém, há uma boa razão por que o tema da união com Cristo não deve ser coordenado com as outras fases da aplicação da redenção as quais discutimos até aqui. Essa razão está no fato de que a união com Cristo é em si mesma um assunto muito amplo e abrangente. Não é simplesmente um passo na aplicação da reden­ ção; quando examinada à luz do ensino da Escritura, em seus aspectos mais amplos, ela sublinha cada passo da aplicação da redenção. Na realidade, a união com Cristo é a verdade central de toda a doutrina da salvação, não somente em sua aplicação, mas também em sua realização uma vez por todas na obra consumada de Cristo. Deveras, todo o processo da salvação tem a sua origein em uma fase da união com Cristo, e a salvação tem em vista a realização das outras fases da união com Cristo. Isto pode ser facilmente visto se lembrarmos daquela breve expressão que é tão

comum no Novo Testamento, a saber, em Cristo. Esta é a frase que temos em mente quando falamos da “união com Cristo”. É intei­ ramente evidente que a Escritura aplica a expressão “em Cristo” a muito mais do que somente à aplicação da redenção. Um certo aspecto da união com Cristo de fato pertence estritamente à apli­ cação da redenção. Sobre isto falaremos mais tarde. Porém, o assunto da união com Cristo não seria devidamente compreendido se não fosse, além de tudo, apresentado em seu sentido mais amplo. Não teríamos condições de apreciar aquilo que compõe a aplicação da redenção se não o relacionássemos com o sentido mais amplo.

A amplitude da união com Cristo pode ser compreendida quando examinamos o ensino bíblico a seu respeito. Fazendo assim, veremos tanto as suas origens como a sua culminação.

A fonte da salvação mesma na eleição eterna do Pai está “em Cristo”. Paulo diz: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu [=ele- geu] nele antes da fundação do mundo” (Ef 1.3,4). O Pai elegeu desde a eternidade, porém ele elegeu em Cristo. Não somos capazes de compreender tudo quanto está envolvido, porém o fato é bastante claro de que não houve eleição da parte do Pai, na eternidade, fora de Cristo. E isto significa que aqueles que hão de ser salvos nem mesmo foram contemplados pelo Pai no conselho irrevogável de seu amor predestinador fora da união com Cristo — eles foram escolhidos em Cristo. Tanto quanto conseguimos traçar a salvação até à sua fonte, encontramos a “união com Cristo” não como algo acrescentado; estava lá desde o princípio.

E também pelo fato de que o povo de Deus estava em Cristo quando ele deu sua vida em resgate e redimiu por meio de seu sangue que a salvação lhes foi assegurada; eles são representados como unidos a Cristo em sua morte, ressurreição e exaltação no céu (Rm 6.2-11; Ef 2.4-6; Cl 3.3,4). “No Amado”, afirmou Paulo,

“temos a redenção, pelo seu sangue” (Ef 1.7). Por conseguinte, jamais podemos imaginar a obra da redenção, operada por Cristo uma vez por todas, fora da união com o seu povo que foi efetuada na eleição feita pelo Pai antes da fundação do mundo. Em outras palavras, jamais podemos imaginar a redenção à parte das combi­ nações misteriosas do amor, da sabedoria e da graça de Deus, pelos quais Cristo foi unido a seu povo, e seu povo foi unido a ele quando morreu na cruz maldita e ressurgiu dos mortos. Esta é outra maneira de dizer que a igreja é o corpo de Cristo e “Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25).

É em Cristo que o povo de Deus é de novo criado. “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras” (Ef 2.10). Paulo aqui está insistindo na grande verdade de que é pela graça, e não pelas obras, que somos salvos. A salvação tem o seu início na graça de Deus. E isto é certificado pelo fato de sermos salvos através de uma nova criação em Cristo. Não deveríamos ficar surpresos com o fato de que o princípio da salvação em sua verdadeira posse está na união com Cristo, porquanto já descobri­ mos que é em Cristo que a salvação teve a sua origem na eterna eleição feita pelo Pai, e que é em Cristo que a salvação foi garantida uma vez por todas pelo sangue remidor de Jesus. Não podemos imaginar que esta união com Cristo seja suspensa quando o povo de Deus se toma participante real da redenção — ele é de novo criado em Cristo.

Mas a nova vida não somente inicia-se em Cristo; ela também prossegue em virtude da mesma relação com ele. E em Cristo que a vida cristã e o seu procedimento são conduzidos (Rm 6.4; I Co 1.4,5; cf. I Co 6.15-17). A nova vida possuída pelos crentes, eles a vivem na comunhão da ressurreição de Jesus; em tudo eles se tomam ricos nele, em toda expressão e em todo conhecimento.

É em Cristo que os crentes morrem. Eles dormem em Cristo ou através de Cristo, e eles morrem em Cristo (I Ts 4.14,16).

Poderia haver melhor ilustração para a indissolubilidade desta união com Cristo do que o fato de esta união não ser destruída nem mesmo na morte? Certamente, a morte é real — o espírito e o corpo são separados. Todavia, os elementos separados da pessoa conti­ nuam unidos a Cristo. “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos” (SI 116.15).

Finalmente, é em Cristo que o povo de Deus há de ressuscitar e ser glorificado. E em Cristo que eles estarão vivos novamente, quando a última trombeta soar e os mortos ressuscitarem incorrup­ tíveis (I Co 15.22). É em Cristo que eles serão glorificados (Rm 8.17).

Dessa forma, entendemos que a união com Cristo tem a sua fonte na eleição de Deus o Pai, antes da fundação do mundo, e tem a sua fruição última na glorificação dos filhos de Deus. A perspec­ tiva do povo de Deus não é limitada; é ampla e de longo alcance. Não se confina ao espaço e ao tempo; ela tem a sua expansão na eternidade. A sua órbita é bifocal, uma se focaliza no amor eletivo de Deus o Pai nos conselhos da eternidade, e a outra se focaliza na glorificação com Cristo na manifestação de sua glória. A primeira não tem princípio, e a última não tem fim. A glorificação com Cristo em sua vinda será apenas o início da consumação que abarcará os séculos dos séculos. “E assim estaremos para sempre com o Senhor” (I Ts 4.17). E uma perspectiva com o passado e com o futuro, porém nem o passado e nem o futuro se limitam pelo que entendemos como nossa história temporal. E porque a história temporal está incluída nesta perspectiva, ela tem significação e esperança. O que é que encadeia o passado, o presente e o futuro juntos na vida de fé e na esperança da glória? Por que o crente nutre a idéia de determinar o conselho de Deus com tamanha alegria? Por que pode ele ter paciência nas perplexidades e adversidades do presente? Por que pode ele ter certeza confiante com referência ao futuro e regozijar-se na esperança da glória de Deus? É porque não pode pensar em termos de passado, presente ou porvir fora da

união com Cristo. É a união com Cristo agora na virtude de sua morte e no poder de sua ressurreição que lhe garante a realidade de sua eleição em Cristo antes da fundação do mundo — ele é abençoado pelo Pai com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo, no mesmo sentido que foi eleito em Cristo desde a fundação do mundo (cf. Ef 1.3,4). E ele tem o selo de uma herança eterna porque está em Cristo e está selado com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da sua herança até ao resgate de sua propriedade (cf. Ef 1.13,14). Fora da união com Cristo não podemos vislumbrar o passado, o presente ou o futuro com outra atitude senão com desespero e morte sem Cristo. Por meio da união com Cristo todo o complexo de tempo e de eternidade é transfor­ mado para que o povo de Deus possa exultar com alegria indizível e cheia de glória.

A união com Cristo é um tema muito abrangente. Ela abrange a duração total da salvação, desde a sua fonte última na eterna eleição de Deus até à sua fruição final na glorificação dos eleitos. Não é simplesmente uma fase da aplicação da redenção; ela é o

alicerce de cada aspecto da redenção, tanto na sua realização como

na sua aplicação. A união com Cristo une todos e garante a todos por quem Cristo adquiriu esta redenção a comunicação e aplicação eficaz da mesma.

Porém, a união com Cristo é uma parte importante na aplica­ ção da redenção. Não nos tomamos verdadeiramente participantes de Cristo até que a redenção seja eficazmente aplicada. Paulo, ao escrever aos cristãos em Efeso, lembra-os de que foram eleitos em Cristo antes da fundação do mundo, e também lembra-os de que houve um tempo quando eles estavam “sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Ef 2.12), e eram “por natureza filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3). Embora tivessem sido eleitos em Cristo antes dos tempos eternos, todavia estavam sem Cristo até que foram eficazmente chamados à comu­

nhão do Filho de Deus (I Co 1.9). Por conseguinte, é pelo chama­ mento eficaz de Deus o Pai que os homens são feitos participantes de Cristo e entram no gozo das bênçãos da redenção. É somente então que eles experimentam a comunhão de Cristo.

Qual é a natureza desta união com Cristo que é efetuada pelo chamamento de Deus? Há diversas coisas que devem ser ditas em resposta a esta pergunta.

1. Ela é espiritual. Poucas palavras no Novo Testamento têm

sofrido mais distorção do que a palavra espiritual. Freqüentemente é usada para expressar pouco mais que um vago sentimentalismo. No Novo Testamento, espiritual se refere àquilo que é do Espírito Santo. O homem espiritual é aquele que é habitado e controlado pelo Espírito Santo, e uma disposição espiritual é um estado mental produzido e mantido pelo Espírito Santo. Por conseguinte, quando dizemos que a união com Cristo é espiritual, queremos dizer, em primeiro lugar, que o vínculo desta união é o próprio Espírito Santo. “Pois, em um só Espírito todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (I Co 12.13; cf. I Co 6.17,19; Rm 8.9-11; I Jo 3.24; 4.13). Precisamos valorizar muito mais do que estamos habituados a fazer a estreita interdependência de Cristo e o Espírito Santo nas operações da graça salvadora. O Espírito Santo é o Espírito de Cristo; o Espírito é o Espírito do Senhor, e Cristo é o Senhor do Espírito (cf. Rm 8.9; II Co 3.18; I Pe 1.11). Cristo habita em nós se o seu Espírito habita em nós, e ele habita em nós por meio do Espírito. A união com Cristo é um grande mistério. O fato de o Espírito Santo ser o vínculo desta união não suaviza o mistério, porém esta verdade derrama muita luz sobre o mistério e o protege também contra noções sensualistas, por um lado, e puro sentimentalismo, por outro.

Isto nos leva, em segundo lugar, a observar que a união com Cristo é espiritual em virtude de ela ser uma relação espiritual. Ela não é a mesma espécie de união que existe na Deidade — três

pessoas em um só Deus. Não é a espécie de união que existe na pessoa de Cristo — duas naturezas em uma só pessoa. Não é a espécie de união que existe no homem — corpo e alma constituem um ser humano. Nem é simplesmente a união de sentimento, afeto, entendimento, mente, coração, vontade e propósito. Aqui temos a união a que somos incapazes de definir especificamente. Porém, ela é uma união de caráter intensamente espiritual, consoante com a natureza e obra do Espírito Santo, e de uma forma real ultrapassa a nossa capacidade de análise o fato de que Cristo habita em seu povo e o seu povo habita nele.

2. Ela é mística. Quando empregamos a palavra mística nesta

conexão, convém iniciar o nosso ponto de partida com a palavra

mistério tal como usada na Escritura. Somos propensos a empregar

a palavra para designar algo que é completamente ininteligível e do qual não temos nenhuma compreensão. A Escritura não com­ porta este sentido. Em Rm 16.25,26, o apóstolo estabelece as diretrizes para a compreensão deste termo. Paulo fala da “revela­ ção do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, e que agora se tomou manifesto, e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno para a obediência por fé, entre todas as nações". Existem quatro coisas a serem observadas a respeito deste mistério. (1) Ele foi guardado em segredo nos tempos eternos — era algo oculto na mente e no conselho de Deus. (2) Ele não continuou oculto — foi manifestado e feito conhecido de acordo com a vontade e mandamento de Deus. (3) Esta revelação da parte de Deus foi mediada por e depositada na Escritura — foi revelado a todas as nações, e não é mais um segredo. (4) Esta revelação se dirige a todas as nações para que venham à obediência da fé. Um mistério é, portanto, algo que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano, mas Deus no-lo revelou pelo Espírito, e que pela revelação e pela fé venha a ser conhecido e apropriado pelos homens.

É evidente que esta união com Cristo é um mistério. Ao falar da união com Cristo, e em seguida compará-la com a união que existe entre marido e esposa, Paulo acrescenta: “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à Igreja” (Ef 5.32). E noutro lugar Paulo fala da “riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória”, e a descreve como “o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos” (Cl 1.26,27). A união com Cristo é mística porque ela é um mistério. O fato de ser ela um mistério reforça a sua preciosidade e a intimidade da relação que ela envolve.

A extensão da similitude usada na Escritura para ilustrar a união com Cristo é notável. No mais elevado nível da existência, ela é comparada à união que existe entre as pessoas da trindade na Deidade. Isto é espantoso, porém é um fato (Jo 14.23; 17.21-23). Em um nível muito mais inferior, ela é comparada à relação que existe entre as pedras de um edifício e a principal pedra angular (Ef 2.19-22; I Pe 2.4,5). Entre estes dois limites há uma variedade de similitude extraída dos níveis diferentes de existência e relação. Ela é comparada à união que existia entre Adão e sua posteridade (Rm 5.12-19; I Co 15.19-49). É comparada à união que existe entre marido e esposa (Ef5.22,33; cf. Jo 3.29). É comparada à união que existe entre a cabeça e os demais membros do corpo humano (Ef 4.15,16). É comparada à relação da videira e seus ramos (Jo 15). Por conseguinte, temos a analogia extraída das várias camadas da existência, ascendendo da esfera inanimada à própria vida das pessoas da Deidade.

Isto deve ensinar-nos um grande princípio. É óbvio que não devemos reduzir a natureza e o modo desta união com Cristo à medida daquela espécie de união que existe entre a pedra angular e as demais pedras do edifício, nem à medida daquela espécie de união que existe entre a videira e os seus ramos, nem àquela da cabeça e os demais membros do corpo, e nem ainda àquela do

marido e esposa. O modo, a natureza e o tipo de união difere dos diferentes casos. Há uma similitude, porém não uma identidade. Porém, assim como não se pode reduzir a união entre Cristo e o seu povo ao nível da união que existe nessas outras camadas da existência, igualmente não devemos elevá-la ao nível da união que existe na Deidade. Repetindo, simitude não significa identidade.

* uniã Cristo não significa : 1 :J~

da Deidade. Esta é uma das distorções a que esta grande tem-se sujeitado. Porém, o processo de pensamento pelo conceito foi adotado negligencia um dos princípios

que devem sempre guiar o nosso pensamento, istc 6,- _ _

não significa identidade. Quando fazemos <Bohíparação, não estamos fazendo uma equação. De d jde união ou unidade que existem para as cri aturas^. ur ii iò dos crentes com Cristo é a mais sublime. O maior mistém^^xistência é o mistério da trindade — três pessoas e^rOímáâ^o Deus. O grande mistério da piedade é o mistério da encarnação, em que o Filho de Deus tomou-se homem e se rnanifi tc na came (I Tm 3.16). Mas o maior mistério humanas é a união do povo de Deus com Cristo^E oam ^riò dela é atestado por nada menos do que isto: ela é cômparaàa à união que existe entre o Pai e o Filho na umdad^mWejaade.

v \ vNKm^se usado costumeiramente a palavra místico para ex- \feresgar o misticismo que entra no exercício da fé. É-nos necessário c' ;cer que há um misticismo inteligente na vida de fé. Os crentes sao cnamaaos a comunnao cie cristo, e isto sigmnca comunicação. A vida de fé é um viver em união e comunhão com o Redentor exaltado e onipresente. A fé se dirige não somente ao Redentor como aquele que veio e completou uma vez por todas a obra de redenção. Ela se lhe dirige não meramente como aquele que morreu, mas como aquele que ressuscitou e que vive para sempre como o nosso grande Sumo Sacerdote e Advogado. E porque a fé se lhe dirige como o Salvador e Senhor vivo, a comunhão alcança o zénite de seu exercício. Não existe uma

comunhão entre os homens comparável à comunhão com Cristo — ele comunga com o seu povo e este comunga com ele num amor consciente e recíproco. O apóstolo Pedro escreve: “A quem, náo havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória” (I Pe 1.8). A vida de fé é a vida de amor, e a vida de amor é a vida de comunhão ou vivência mística com aquele que vive para sempre a fim de fazer intercessão por seu povo e que pode ser tocado pelas sensações de nossas enfermidades. E comunhão com aquele que tem uma reser­ va inexaurível de compaixão para com as tentações, aflições e enfermidades de seu povo, em virtude de ele mesmo ter sido tentado em todas as áreas, à nossa semelhança, porém sem pecado. A vida de fé verdadeira não pode ser aquela de assentimento frio e metálico. Ela deve ter a paixão e o calor do amor e da comunhão, porquanto a comunhão com Deus é a coroa e o ápice da verdadeira religião. “Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo” (IJo 1.3).

A união com Cristo é a verdade central de toda a doutrina da salvação. Toda a razão por que o povo de Deus foi predestinado na eterna eleição divina, tudo o que foi garantido e adquirido para ele na realização plenária e permanente da redenção, tudo o que eles se tomarão como participantes da redenção, e tudo o que eles se tomarão pela graça de Deus no estado de bem-aventurança consumada está incluído na esfera da união e comunhão com Cristo. Como já observamos nos estudos anteriores, é a adoção na família de Deus como filhos e filhas do Senhor Deus Todo-pode- roso que confere ao povo de Deus o ápice da bênção e privilégio. Porém, não podemos imaginar a adoção sem a união com Cristo. E significante que a eleição em Cristo antes da fundação do mundo é a eleição para a adoção de filhos. Quando Paulo diz que o Pai elegeu um povo em Cristo antes da fundação do mundo, para que fosse santo, ele também acrescenta que em amor ele os predestinou para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo (Ef 1.4,5). Evidentemente, a eleição para a santidade é paralela com a predes-

tinação para a adoção — são duas maneiras para expressar a mesma grande verdade. Elas nos revelam as diferentes facetas que perten­ cem à eleição divina. Por conseguinte, a união com Cristo e a adoção são aspectos complementares desta espantosa graça. A união com Cristo atinge o seu zénite na adoção, e a adoção tem a sua órbita na união com Cristo. O povo de Deus são “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8.17). “Seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso, e