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Voluntariado, Trabalho Religioso e/ou Sociocultural

Estou desejoso de me reformar 0,362 0,

9.3.6. Voluntariado, Trabalho Religioso e/ou Sociocultural

Na 6ª questão, quisemos conhecer a prática ou não do trabalho voluntário, religioso e/ou sociocultural por parte dos sujeitos inquiridos. A maioria dos sujeitos estudados (60%) nunca fez trabalho de voluntariado, religioso e/ou sociocultural. Quatro sujeitos (20%), ainda que não os realizassem quando inquiridos, demonstraram ter intenção de fazer no futuro. Três sujeitos (15%) já fizeram e pararam, mas dois pretendem retomá-lo. Apenas um sujeito (5%) revelou sempre fazer os referidos trabalhos (quadro nº 10).

Quadro Nº 10 – Prática de Voluntariado, Trabalho Religioso e/ou Sociocultural

Opções % Justificações dos Sujeitos Estudados - %

Não 60%

«Com regularidade, nunca fiz nenhum trabalho destes; apenas

esporadicamente»

Eva.

Não, mas Gostariam

20%

«Não. Mas pode ser uma hipótese futura»

Eufrásia.

«Não. Mas gostaria de fazer um “trabalho socialmente útil”, quando me reformasse»

Virgínia.

«Não. No futuro, gostaria de fazer voluntariado num Hospital.

Angelina.

«Não. Nunca, mas gostava»

Gertrudes. Fizeram, Deixaram, Mas Pretendem Retomar 10%

«Não, mas já exerci trabalhos voluntários e associativos. Deixei por mudança de domicílio na época. Penso em retomar algum tipo de trabalho voluntário»

Afonso.

«Actualmente, não. Já fui catequista. Deixei por não suportar a mal criação das crianças… e as “queixas” dos pais. Talvez fazer visitas domiciliárias a idosos carentes. Ajudar na minha freguesia e/ou integrar- me na igreja no grupo de famílias com deficientes. Já fui voluntária do IPO» Joana. Fiz e Não Pretendo Retomar 5%

«Já fiz. Dava aulas voluntariamente de Francês no pós-laboral a pessoas com necessidades e carências. Dava aulas de mini basquetebol a crianças. Não penso retomar estas duas actividades»

Luísa.

Sempre 5%

«Sim. Desde sempre»

Segundo Peixoto & Clavairolle (2005), algumas vezes, há uma substituição

da actividade laboral pelo voluntariado quando o sujeito chega à reforma. Talvez,

não tenhamos encontrado um interesse e/ou prática expressiva de voluntariado por parte dos inquiridos, pelo facto de ainda estarem muito ocupados com suas actividades profissionais, não encontrando tempo para actividades extra-laborais.

Também é importante ressaltarmos que, embora o voluntariado seja bem comum na Europa como um todo, Portugal é um dos países que menos desenvolve tal actividade. Dados levantados pela Mori, por solicitação da Comissão Europeia no ano 2000, apontavam um baixo envolvimento dos portugueses em actividades regulares de voluntariado, sendo a média nacional de 3% face à média de 16% nos restantes países analisados (Pinto, 2008).

Todavia, a baixa participação portuguesa no voluntariado em relação aos outros países, referida anteriormente, não corresponde a dados recentes e alguns dos inquiridos no nosso estudo demonstraram interesse em fazer algum trabalho voluntário futuramente. Portugal já possui um Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado e outras associações vocacionadas para o trabalho solidário, tanto em território nacional como em países estrangeiros.

Segundo Simões (2006, p. 97), o nº 1 do Artº 17º, do Decreto-Lei nº 60/2003, recomenda que «os centros de saúde devem estimular o desenvolvimento do

voluntariado de apoio à comunidade, nos termos da lei». Cita ainda o exemplo do Banco de Tempo, que também desenvolve actividades de voluntariado em nosso país.

Infelizmente, muitas pessoas não percebem que uma actividade solidária e de voluntariado ajuda não só a quem se destina, mas também a quem a desenvolve e pratica. Há um retorno, uma satisfação, um sentimento de utilidade. Outras pessoas

parecem ajudar, quando mais velhas, por medo à solidão, como referem Peixoto & Clavairolle (2005, p. 121):

«A vontade das pessoas de mais idade em participar da realidade contemporânea e de disponibilizar a sua experiência e tempo livre ao serviço da coletividade é acompanhada, também, pela preocupação em não se deixar levar pelo isolamento, temido por todos os que vivem a aposentadoria como marginalização da vida social e econômica».

Recentemente, em Portugal, o Decreto-Lei n.º 124/2009, de 21 de Maio de 2009, estabeleceu o regime jurídico aplicável ao trabalho voluntário de professores

aposentados nas escolas, da mesma forma que já ocorre em outros países. 9.3.7. Satisfação com a Actividade Laboral Actual

Na questão nº 7, buscámos saber até que ponto os sujeitos investigados estavam satisfeitos com a actividade laboral actual e, em caso negativo, que outros tipos de trabalho gostariam de exercer. Embora catorze sujeitos (70 %) tenham respondido que gostavam ou gostavam muito do trabalho actual, 30% da amostra demonstrou que noutras épocas gostou muito mais daquilo que fazia actualmente, apresentando diversas razões. No quadro nº 11, a seguir, podemos perceber melhor aquilo que foi causa da diminuição da satisfação dos sujeitos pelo trabalho que ainda desenvolvem.

Quadro Nº 11 – Satisfação com a Actividade Laboral Actual

Opções % Justificações dos Sujeitos Estudados - %

Sim 70%

«Muito e por isso não desejaria ter outro trabalho»

Maria Eduarda. «Gosto muito do trabalho que faço, por ter sido uma escolha minha e sentir-me útil»

Afonso.

«É o trabalho que gosto mais, embora já tivesse gostado mais, quando havia menos burocracia e mais tempo para escutar o doente e familiares. É um trabalho muito dinâmico e que exige um permanente desenvolvimento intelectual e relacional»

Luísa. «Gosto. Pelo convívio com as crianças. É muito compensador»

Manuela.

«Gosto imenso do meu trabalho como professora»

Juliana.

«Gosto. Mas já gostei mais. Porque já me fez sentir mais “útil” aos outros (e por isso, mais recompensada) do que agora»

Virgínia. Satisfação no Passado; Desencanto no Presente

«Já gostei mais. Cada vez há menos regras»

Antero.

«Gostava muito de ser professor até 1995. Passei a gostar muito menos entre 1995 e 2004. Comecei a odiar a “profissão” a partir de 2005. Porque isto não é Ensino; não é nada! O objectivo é passar os alunos sem nada saberem. Sobrecarregarem-nos de trabalho e roubarem-nos dinheiro, para enriquecer os gestores de empresas públicas, muitos deles sem o mínimo de habilitação para ocuparem o cargo!»

30%

«Gostei muito de dar aulas e de desenvolver muitos outros trabalhos ligados ao ensino. Actualmente, dar aulas aos alunos que existem não é minimamente compensador. São desinteressados, preguiçosos, mal- educados; só têm direitos e deveres não têm nenhum»

Eva. Com todo o desgaste resultante do trabalho nas áreas da saúde e da educação, a maior parte dos inquiridos (70%) demonstrou satisfação profissional nas

actividades laborais exercidas no seu quotidiano.

A minoria (30%) referiu ter já gostado mais da actividade profissional, porém, devido ao aumento da burocracia imposto pelas tutelas, aos conflitos com os alunos sem limites e à omissão ou pouca responsabilidade dos encarregados de educação, já não se agradava tanto com o trabalho desenvolvido actualmente.

Na meia-idade, período que antecede a reforma, nem sempre a vida

profissional representa uma situação de realização e/ou contentamento. Bueno,

Vega & Buz (2004) sublinham que a satisfação ou insatisfação laboral «depende, principalmente das características do trabalho e da atitude da pessoa». Ainda referem que, provavelmente, quanto mais o trabalho envolver a criatividade e dinamismo, maior será a satisfação do profissional. Sendo assim, a satisfação profissional relatada pela

maior parte dos inquiridos deve ser reflexo da possibilidade de realizar um trabalho significativo, interessante e criativo, minimizando os incómodos causados

pelas imposições da tutela. Por outro lado, é compreensível que a burocracia e a rotina inerentes ao trabalho, referidas por alguns inquiridos, actuem negativamente no padrão de satisfação profissional do grupo menor de sujeitos estudados (30%), deixando-os descontentes com a vida laboral actual.

Zal (1993) observa uma outra situação em que o sujeito pode ficar com a sensação de estar insatisfeito com a vida laboral por já ter atingido suas metas e/ou objectivos profissionais. Em alguns casos, provavelmente, mais do que uma insatisfação, há uma impressão de descontentamento por acreditar numa missão já cumprida.