6 BIBLIOGRAFIA
CANOTILHO, José Joaquim Gomes - Constituição dirigente e vinculação do legislador: 2º edição 2001 e Direito constitucional e teoria da Constituição. 4º.
ed. 2001.
COELHO, Inocêncio Martins - Konrad Hesse: uma nova crença na Constituição, S.l., v. 24, n. 96, out./dez. 1990.
HESSE, Konrad – A Força Normativa da Constituição , tradução Gilmar Ferreira Mendes e Edição 1991.
HÃBERLE, Peter - São Paulo, Ed. Revista dos tribunais 3ª Ed. 2003;
D.Constitucional, Método Concretista de Constituição Aberta - 10º Edição \
OS CAMINHOS DA NEUROSE: DESAFIOS À PSICOTERAPIA
RESUMO
Este trabalho reúne reflexões concernentes a alguns conceitos centrais da teoria freudiana e tem como objet
no qual o autor descreve a neurose vivida por seu paciente com dificuldades o processo de envelhecimento,
terapeuta, fazendo-o refletir sobre a sua atuação profissional.
Palavras-chave: conceitos teóricos da psicanálise, prática clínica, conflitos neuróticos.
INTRODUÇÃO
Em seu livro “Odisseia do Desenvolvimento Humano”, Thomas Armstrong
descreve a velhice como a etapa do sofrimento, principalmente, em uma sociedade capitalista como a nossa, onde o idoso não tem participação relevante na economia, pois já não se preocupa mais com
desesperarem ao serem denegridos pela sociedade que sustentaram por tanto tempo é uma tragédia de proporções
experiências, armazenando conhecimento e adquirindo sabedoria, eles olham de cima de suas riquezas interiores, conquistadas a duras penas, para descobrir que ninguém ao seu redor as valoriza. Como observou Shakespeare: “os homens fecham as portas contra um sol que se põe” (Armstrong, 2011). Tais fatos podem gerar pessoas angustiadas, depressivas e com exacerbado medo de envelhecer. Um medo que pode desencadear um
OS CAMINHOS DA NEUROSE: DESAFIOS À PSICOTERAPIA
Josiane Guimarães
Michele V. Oliveira Evanisa Helena Maio de Brum
Este trabalho reúne reflexões concernentes a alguns conceitos centrais da teoria e tem como objetivo relacioná-los com a prática, a partir de um caso literário no qual o autor descreve a neurose vivida por seu paciente com dificuldades
envelhecimento, e que, por vezes, se entrelaça com os conflitos do o refletir sobre a sua atuação profissional.
: conceitos teóricos da psicanálise, prática clínica, conflitos neuróticos.
Em seu livro “Odisseia do Desenvolvimento Humano”, Thomas Armstrong
descreve a velhice como a etapa do sofrimento, principalmente, em uma sociedade capitalista como a nossa, onde o idoso não tem participação relevante na economia, pois ocupa mais com status sociais ou luxos superficiais. O fato de os idosos se desesperarem ao serem denegridos pela sociedade que sustentaram por tanto tempo é uma tragédia de proporções shakespearianas. Depois de ter passado a vida ganhando mazenando conhecimento e adquirindo sabedoria, eles olham de cima de suas riquezas interiores, conquistadas a duras penas, para descobrir que ninguém ao seu redor as valoriza. Como observou Shakespeare: “os homens fecham as portas contra um (Armstrong, 2011). Tais fatos podem gerar pessoas angustiadas, depressivas e com exacerbado medo de envelhecer. Um medo que pode desencadear um
OS CAMINHOS DA NEUROSE: DESAFIOS À PSICOTERAPIA
Josiane Guimarães1 Ivana Luz1 Luiz Francisco1 Walderes Lima1 Michele V. Oliveira1 Evanisa Helena Maio de Brum2
Este trabalho reúne reflexões concernentes a alguns conceitos centrais da teoria a partir de um caso literário no qual o autor descreve a neurose vivida por seu paciente com dificuldades em aceitar se entrelaça com os conflitos do
: conceitos teóricos da psicanálise, prática clínica, conflitos neuróticos.
Em seu livro “Odisseia do Desenvolvimento Humano”, Thomas Armstrong (2011) descreve a velhice como a etapa do sofrimento, principalmente, em uma sociedade capitalista como a nossa, onde o idoso não tem participação relevante na economia, pois sociais ou luxos superficiais. O fato de os idosos se desesperarem ao serem denegridos pela sociedade que sustentaram por tanto tempo é . Depois de ter passado a vida ganhando mazenando conhecimento e adquirindo sabedoria, eles olham de cima de suas riquezas interiores, conquistadas a duras penas, para descobrir que ninguém ao seu redor as valoriza. Como observou Shakespeare: “os homens fecham as portas contra um (Armstrong, 2011). Tais fatos podem gerar pessoas angustiadas, depressivas e com exacerbado medo de envelhecer. Um medo que pode desencadear um
sentimento de negação tão profundo, capaz de bloquear o próprio entendimento da realidade.
A história “não seja gentil” (Yalom,1996), traz um caso onde o literato descreve o comportamento de um paciente de 69 anos de idade, neurótico, com um traço de personalidade de grande propensão ao segredo, casado pela quarta vez e resistente a aceitar os desígnios inerentes
atlético e cuidados estéticos aparentes, o que tornava impossível deduzir sua real idade.
Procurou a psicoterapia, pois apresentava dificuldades em enfrentar um momento muito difícil em sua vida, decorrente de uma inesperada impotência sexual. Depois de mais de seis meses de tratamento, o paciente adentra o consultório carregando uma mala cheia de cartas de amor, escritas por uma amante, já falecida, com quem manteve um caso
“deliciosamente clandestino”
pediu ao terapeuta que as guard
objetiva analisar este relato literário, que traz a história de um senhor na terceira idade, através de pesquisa bibliográfica
METODOLOGIA
Consideramos que método, conforme apresenta Gil (2007), significa caminho ou processo racional para atingir um dado fim. Toda pesquisa necessita de
poder ser construída. Existem vários métodos para se usar
essas são caracterizadas fundamentalmente pela verificabilidade, e denominados métodos científicos. Dessa forma, m
intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento” ( Alguns métodos científicos são: método hipotético
fenomenológico, experimental, clínico entre outros, porém os mais usados em ciências sociais são os métodos dedutivo e indutivo.
O método indutivo, para o
fenômenos, e após comparações, procede
método científico indutivo, pois a partir das observações dos fatos e das análises de dados no caso literário, será poss
Destacamos que o tipo de pesquisa utilizado neste artigo é a bibliográfica, por ter sido "desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos
sentimento de negação tão profundo, capaz de bloquear o próprio entendimento da
a gentil” (Yalom,1996), traz um caso onde o literato descreve o comportamento de um paciente de 69 anos de idade, neurótico, com um traço de personalidade de grande propensão ao segredo, casado pela quarta vez e resistente a aceitar os desígnios inerentes a sua faixa etária. Dave tinha aparência jovial, porte atlético e cuidados estéticos aparentes, o que tornava impossível deduzir sua real idade.
Procurou a psicoterapia, pois apresentava dificuldades em enfrentar um momento muito rente de uma inesperada impotência sexual. Depois de mais de seis meses de tratamento, o paciente adentra o consultório carregando uma mala cheia de cartas de amor, escritas por uma amante, já falecida, com quem manteve um caso
“deliciosamente clandestino”, cartas que ele guardava em segredo há mais de 30 anos e ao terapeuta que as guardasse em segredo. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva analisar este relato literário, que traz a história de um senhor na terceira idade,
bliográfica.
Consideramos que método, conforme apresenta Gil (2007), significa caminho ou processo racional para atingir um dado fim. Toda pesquisa necessita de
poder ser construída. Existem vários métodos para se usar em pesquisas científicas, essas são caracterizadas fundamentalmente pela verificabilidade, e denominados Dessa forma, método científico é o: “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento” (GIL, 2007, p. 26).
Alguns métodos científicos são: método hipotético-dedutivo, método dialético, fenomenológico, experimental, clínico entre outros, porém os mais usados em ciências sociais são os métodos dedutivo e indutivo.
O método indutivo, para o autor, parte da observação de fatos empíricos, de fenômenos, e após comparações, procede-se a generalização. Esta pesquisa se baseia no método científico indutivo, pois a partir das observações dos fatos e das análises de
, será possível chegar a algumas considerações.
tipo de pesquisa utilizado neste artigo é a bibliográfica, por ter sido "desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo sentimento de negação tão profundo, capaz de bloquear o próprio entendimento da
a gentil” (Yalom,1996), traz um caso onde o literato descreve o comportamento de um paciente de 69 anos de idade, neurótico, com um traço de personalidade de grande propensão ao segredo, casado pela quarta vez e resistente a a sua faixa etária. Dave tinha aparência jovial, porte atlético e cuidados estéticos aparentes, o que tornava impossível deduzir sua real idade.
Procurou a psicoterapia, pois apresentava dificuldades em enfrentar um momento muito rente de uma inesperada impotência sexual. Depois de mais de seis meses de tratamento, o paciente adentra o consultório carregando uma mala cheia de cartas de amor, escritas por uma amante, já falecida, com quem manteve um caso que ele guardava em segredo há mais de 30 anos e Nesse sentido, o presente trabalho objetiva analisar este relato literário, que traz a história de um senhor na terceira idade,
Consideramos que método, conforme apresenta Gil (2007), significa caminho ou processo racional para atingir um dado fim. Toda pesquisa necessita de um método para em pesquisas científicas, essas são caracterizadas fundamentalmente pela verificabilidade, e denominados : “conjunto de procedimentos GIL, 2007, p. 26).
dedutivo, método dialético, fenomenológico, experimental, clínico entre outros, porém os mais usados em ciências
autor, parte da observação de fatos empíricos, de se a generalização. Esta pesquisa se baseia no método científico indutivo, pois a partir das observações dos fatos e das análises de
tipo de pesquisa utilizado neste artigo é a bibliográfica, por ter sido "desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de os estudos seja exigido algum tipo
de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas." (GIL, 2007, p. 65).
DISCUSSÃO TEÓRICA
Numa visão psicanalítica, quando
deixando claro que o segredo, seu eixo de personalidade, é que torna o relacionamento excitante, envolvente, interessante, pois toda a sua vida gira em torno deste eixo.
Guardar as cartas de uma amante falecida há 30 anos, recusando
mantinha conectado ao tempo em que ele amou e se sentiu amado, usando
reforçar uma negação da realidade. Como se o tempo pudesse ser parado em dado momento. A “negação” é um processo pela qual o sujeito, de alguma forma inconsciente, não consegue tomar conhecimento de algum desejo, fantasia, pensamento ou sentimento. O fenômeno da negação pode ser realizado de formas distintas, conforme o grau evolutivo da personalidade, determinados momentos emocionais, ou finalidades específicas (Zimermam,
aceitar sua condição de envelhecimento, o que caracteriza uma forma de negação chamada forclusão ou rejeição, designando uma negação mais extremada, a ponto de o sujeito substituir a realidade exterior pela
leva o sujeito a romper com a realidade, inconscientemente
No texto Dave se nega a revelar sua idade, o que pode significar uma forma inconsciente de negar sua condição de envelhecimento.
“inconsciente” como a parte do psiquismo onde não há domínio de ações, mas que emerge por meios de canais acionados por fatos da realidade como um sonho ou um ato falho, trazendo a tona conteúdos recalcados ou reprimidos. O fato de o pa
terapeuta o guardião de seu segredo caracteriza o conceito de “identificação projetiva”, definido como o fenômeno pelo qual o psiquismo emprega uma defesa que consiste em projetar em outras pessoas os sentimentos que ele não consegue conter
tal intensidade que caracteriza o outro como sendo uma réplica dele, ou seja, imagina que ficam iguais (Zimermam, 2005). Também destacamos a questão
quatro vezes, o que traduz o conceito de “repetição”
Freud a repetição se faz necessária como uma tentativa de elaboração conflitiva. Dessa forma, enquanto o conflito não for resolvido, ele se repetirá na vida do paciente, revelando-se uma oportunidade para elaboração.
de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas." (GIL, 2007, p. 65).
ICA
Numa visão psicanalítica, quando Dave fala: “deliciosamente clandest
deixando claro que o segredo, seu eixo de personalidade, é que torna o relacionamento excitante, envolvente, interessante, pois toda a sua vida gira em torno deste eixo.
Guardar as cartas de uma amante falecida há 30 anos, recusando-se a destruí mantinha conectado ao tempo em que ele amou e se sentiu amado, usando
reforçar uma negação da realidade. Como se o tempo pudesse ser parado em dado momento. A “negação” é um processo pela qual o sujeito, de alguma forma nsegue tomar conhecimento de algum desejo, fantasia, pensamento ou sentimento. O fenômeno da negação pode ser realizado de formas distintas, conforme o grau evolutivo da personalidade, determinados momentos emocionais, ou finalidades específicas (Zimermam, 2005). No caso de Dave, fica claro sua recusa em aceitar sua condição de envelhecimento, o que caracteriza uma forma de negação chamada forclusão ou rejeição, designando uma negação mais extremada, a ponto de o sujeito substituir a realidade exterior pela criação de outra realidade ficcional, ou seja, leva o sujeito a romper com a realidade, inconscientemente (Zimermam, 2005
No texto Dave se nega a revelar sua idade, o que pode significar uma forma inconsciente de negar sua condição de envelhecimento. Freud (1914
“inconsciente” como a parte do psiquismo onde não há domínio de ações, mas que emerge por meios de canais acionados por fatos da realidade como um sonho ou um ato falho, trazendo a tona conteúdos recalcados ou reprimidos. O fato de o pa
terapeuta o guardião de seu segredo caracteriza o conceito de “identificação projetiva”, definido como o fenômeno pelo qual o psiquismo emprega uma defesa que consiste em projetar em outras pessoas os sentimentos que ele não consegue conter dentro de si, com tal intensidade que caracteriza o outro como sendo uma réplica dele, ou seja, imagina que ficam iguais (Zimermam, 2005). Também destacamos a questão de Dave ter casado
que traduz o conceito de “repetição” cunhado por Fre
Freud a repetição se faz necessária como uma tentativa de elaboração conflitiva. Dessa forma, enquanto o conflito não for resolvido, ele se repetirá na vida do paciente,
se uma oportunidade para elaboração.
de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes
fala: “deliciosamente clandestino”, está deixando claro que o segredo, seu eixo de personalidade, é que torna o relacionamento excitante, envolvente, interessante, pois toda a sua vida gira em torno deste eixo.
se a destruí-las, o mantinha conectado ao tempo em que ele amou e se sentiu amado, usando-as para reforçar uma negação da realidade. Como se o tempo pudesse ser parado em dado momento. A “negação” é um processo pela qual o sujeito, de alguma forma nsegue tomar conhecimento de algum desejo, fantasia, pensamento ou sentimento. O fenômeno da negação pode ser realizado de formas distintas, conforme o grau evolutivo da personalidade, determinados momentos emocionais, ou 2005). No caso de Dave, fica claro sua recusa em aceitar sua condição de envelhecimento, o que caracteriza uma forma de negação chamada forclusão ou rejeição, designando uma negação mais extremada, a ponto de o criação de outra realidade ficcional, ou seja,
Zimermam, 2005).
No texto Dave se nega a revelar sua idade, o que pode significar uma forma 1914) define o
“inconsciente” como a parte do psiquismo onde não há domínio de ações, mas que emerge por meios de canais acionados por fatos da realidade como um sonho ou um ato falho, trazendo a tona conteúdos recalcados ou reprimidos. O fato de o paciente eleger o terapeuta o guardião de seu segredo caracteriza o conceito de “identificação projetiva”, definido como o fenômeno pelo qual o psiquismo emprega uma defesa que consiste em dentro de si, com tal intensidade que caracteriza o outro como sendo uma réplica dele, ou seja, imagina de Dave ter casado cunhado por Freud (1914). Para Freud a repetição se faz necessária como uma tentativa de elaboração conflitiva. Dessa forma, enquanto o conflito não for resolvido, ele se repetirá na vida do paciente,
Dave vem cometendo, ai
seus casamentos: manter uma distância emocional de suas companheiras, negando a cumplicidade necessária para a construção de confiança mútua. Segundo Freud ( Zimerman, 2005) a compulsão a repe
experiências emocionais primitivas) ficam fixadas no psiquismo como um modelo padrão e, por isso, se repetem movidas por uma impulsão inconsciente. A assim chamada “neurose de destino”
O que, para Dave, parecia ser um simples pedido cartas, trouxe a tona um conflito do terapeuta. Yalom revel saco de cartas, de um amor há muito tempo perdido, também É possível perceber que nesse momento ele se identific inúmeras questões em suas reflexões.
curiosidade e fascinação, eu sabia de onde vinham: eu estava pedindo a Dav fizesse o meu trabalho por mim. Ou o nosso trabalho por nós. O que eu deveria fazer?
Deveria eu guardar as cartas de Dave?”
evidentes suas inquietudes em relação aos caminhos trilhados na psicoterapia, que planejou para ajudar seu paciente. Como relat
(que eu igualo à terapia profunda, ou penetrante, e não à terapia eficiente ou regular, útil, sinto dizer) conduzida com um “bom” paciente é, no fundo, uma aventura e busca da verdade. O meu alvo, quando iniciei, era a verdade do passado, era traçar todas as coordenadas de uma vida e, por meio disso, localizar e explicar a vida, a patologia, a motivação e as ações atuais de uma pessoa.”
seus próprios conflitos, esses caminhos, tão cuidadosamente traçados, tornam tortuosos e instigantes, fazendo
confiança que seu paciente depositara em sua pessoa.
A questão acima vai ao encontro das postul
refere que o analista está mais apto a realizar o processo necessário de delinear uma identidade em conjunto, que lhe permita receber e registrar as transferências do paciente, se ele puder tolerar a perda necessária de s
pessoal, na situação clínica, onde o analista faz parte de um processo que facilita a coesão final do sentimento que o analisando tem do seu
mas para que esse procedimento funcione, o analista deve
contratransferencial, prestando atenção ao paciente que o está usando. Transferência e contratransferência remetem para uma troca recíproca de modos de parecer em que Dave vem cometendo, ainda que inconscientemente, os mesmos erros em todos os seus casamentos: manter uma distância emocional de suas companheiras, negando a cumplicidade necessária para a construção de confiança mútua. Segundo Freud ( Zimerman, 2005) a compulsão a repetição se deve ao fato de que certas questões (como experiências emocionais primitivas) ficam fixadas no psiquismo como um modelo padrão e, por isso, se repetem movidas por uma impulsão inconsciente. A assim chamada “neurose de destino” (Zimerman, 2005; Freud, 1914).
O que, para Dave, parecia ser um simples pedido para que o terapeuta guardasse as , trouxe a tona um conflito do terapeuta. Yalom revelou que ele próprio
saco de cartas, de um amor há muito tempo perdido, também escondidas com cuidado.
esse momento ele se identificou com o paciente e surg inúmeras questões em suas reflexões. “Meu interesse em Dave, minha onda de curiosidade e fascinação, eu sabia de onde vinham: eu estava pedindo a Dav fizesse o meu trabalho por mim. Ou o nosso trabalho por nós. O que eu deveria fazer?
Deveria eu guardar as cartas de Dave?” (Yalom,1996). Estas citações do autor deixam evidentes suas inquietudes em relação aos caminhos trilhados na psicoterapia, que planejou para ajudar seu paciente. Como relatou o autor: “A meu ver, a “boa” terapia (que eu igualo à terapia profunda, ou penetrante, e não à terapia eficiente ou regular, útil, sinto dizer) conduzida com um “bom” paciente é, no fundo, uma aventura e busca da verdade. O meu alvo, quando iniciei, era a verdade do passado, era traçar todas as coordenadas de uma vida e, por meio disso, localizar e explicar a vida, a patologia, a motivação e as ações atuais de uma pessoa.” Porém ao se deparar com
óprios conflitos, esses caminhos, tão cuidadosamente traçados, tornam tortuosos e instigantes, fazendo-o duvidar de suas convicções e temer a perda da confiança que seu paciente depositara em sua pessoa.
A questão acima vai ao encontro das postulações de Winnicott (1968)
que o analista está mais apto a realizar o processo necessário de delinear uma identidade em conjunto, que lhe permita receber e registrar as transferências do paciente, se ele puder tolerar a perda necessária de seu sentimento de identidade pessoal, na situação clínica, onde o analista faz parte de um processo que facilita a coesão final do sentimento que o analisando tem do seu self, (conhecimento do “eu”) mas para que esse procedimento funcione, o analista deve maximizar sua presteza contratransferencial, prestando atenção ao paciente que o está usando. Transferência e contratransferência remetem para uma troca recíproca de modos de parecer em que nda que inconscientemente, os mesmos erros em todos os seus casamentos: manter uma distância emocional de suas companheiras, negando-lhes a cumplicidade necessária para a construção de confiança mútua. Segundo Freud (apud tição se deve ao fato de que certas questões (como experiências emocionais primitivas) ficam fixadas no psiquismo como um modelo padrão e, por isso, se repetem movidas por uma impulsão inconsciente. A assim
para que o terapeuta guardasse as que ele próprio tinha um escondidas com cuidado.
com o paciente e surgiram
“Meu interesse em Dave, minha onda de curiosidade e fascinação, eu sabia de onde vinham: eu estava pedindo a Dave que fizesse o meu trabalho por mim. Ou o nosso trabalho por nós. O que eu deveria fazer?
(Yalom,1996). Estas citações do autor deixam evidentes suas inquietudes em relação aos caminhos trilhados na psicoterapia, que ele
“A meu ver, a “boa” terapia (que eu igualo à terapia profunda, ou penetrante, e não à terapia eficiente ou regular, útil, sinto dizer) conduzida com um “bom” paciente é, no fundo, uma aventura em busca da verdade. O meu alvo, quando iniciei, era a verdade do passado, era traçar todas as coordenadas de uma vida e, por meio disso, localizar e explicar a vida, a Porém ao se deparar com óprios conflitos, esses caminhos, tão cuidadosamente traçados, tornam-se o duvidar de suas convicções e temer a perda da
Winnicott (1968), o autor que o analista está mais apto a realizar o processo necessário de delinear uma identidade em conjunto, que lhe permita receber e registrar as transferências do eu sentimento de identidade pessoal, na situação clínica, onde o analista faz parte de um processo que facilita a (conhecimento do “eu”), maximizar sua presteza contratransferencial, prestando atenção ao paciente que o está usando. Transferência e contratransferência remetem para uma troca recíproca de modos de parecer em que