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4.7 Métodos Econométricos

4.7.1 Modelos econométricos para dados em painel

𝒚𝒊𝒕 = 𝜷𝟎𝒊𝒕+ 𝜷𝟏𝒊𝒕𝒙𝟏𝒊𝒕+ 𝜷𝟐𝒊𝒕𝒙𝟐𝒊𝒕+. . . +𝜷𝒌𝒊𝒕𝒙𝒌𝒊𝒕+ (𝒄𝒊+ 𝜺𝒊𝒕) (2)

em que:

𝑦𝑖𝑡: representa a variável dependente ou resposta;

𝑥𝑖𝑡: representa o conjunto de variáveis utilizadas para explicar a variável resposta;

𝛽𝑖𝑡: vetor de parâmetros a serem estimados pelo modelo de dados em painel proposto;

𝑐𝑖: evidencia um componente do termo de erro chamado de heterogeneidade não observada ou erro individual específico que é invariante no tempo e está vinculado apenas aos elementos amostrais variando, portanto, apenas no espaço;

𝜀𝑖𝑡: representa o componente do erro que varia no tempo e no espaço;

i: representa a i-ésima unidade do conjunto de dados que integra a amostra; e t: representa o t-ésimo período de tempo.

O termo de erro do modelo é composto por dois termos, 𝑐𝑖 e 𝜀𝑖𝑡, sendo que o primeiro componente (𝑐𝑖) se refere ao erro que varia apenas entre os elementos amostrais, não apresentando variabilidade entre os períodos de tempo que compõem o intervalo de análise. Já o segundo componente (𝜀𝑖𝑡) corresponde ao termo erro convencional que varia conjuntamente no tempo e no espaço (Wooldridge, 2010).

De acordo com Greene (2003), o modelo Pooled pressupõe que o erro individual específico possa ser definido como um termo constante para todos os elementos que integram a amostra analisada, ou seja, a heterogeneidade não observada é invariante no espaço. Nesse caso, a estimação dos parâmetros do modelo utilizando a abordagem Pooled, poderá ser feita por meio do Método de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO).

No entanto, quando a heterogeneidade não observada apresentar variabilidade ao longo das unidades amostradas faz-se necessário utilizar as abordagens de Efeitos Fixos ou Efeitos Aleatórios. Quando o erro individual específico não apresenta variabilidade entre as unidades amostrais, pode se considerar a possibilidade de sua inexistência no modelo proposto. A ausência da heterogeneidade não observada determina que a variabilidade entre as unidades amostrais pode ser considerada nula (Wooldridge, 2010).

Segundo Greene (2003), caso a abordagem Pooled seja viável para o tratamento dos dados, bem como, para a correta interpretação dos parâmetros do modelo é necessário atender alguns pressupostos: i) verificar se os resíduos do modelo corresponde a uma variável com média 0 (zero) e variabilidade constante (resíduos são homocedásticos); ii) inexistência de autocorrelação entre os resíduos ao longo do tempo; iii) suposição de normalidade dos resíduos do modelo; iv) linearidade dos parâmetros em relação a variável resposta; v) inexistência de multicolinearidade entre os regressores; e, vi) adequabilidade da forma funcional proposta para a estimação dos parâmetros. Baltagi (2013) afirma que para cada um dos pressupostos assumidos, existem testes estatísticos específicos.

A normalidade dos resíduos do modelo é verificar a partir do teste Dornik-Hansen, em que a hipótese nula (H0) assume a existência de normalidade dos resíduos. A homoscedasticidade da série de erros é verificada pelo teste de Breuch-Pagan, em que hipótese nula (H0) assume a variabilidade constante dos termos de erro. A inexistência de autocorrelação entre os termos de erro é verificada pelo teste de Breusch-Godfrey, em que a hipótese nula (H0) assume a ausência de autocorrelação entre os resíduos. A correta especificação do modelo é verificada pelo teste Reset, em que a hipótese nula (H0) assume a viabilidade da forma funcional proposta. Por fim, a inexistência de multicolinearidade é verificada a partir do VIF (Variance Inflation Factor) que apresenta valor de referência igual a 5 (cinco) (Baltagi, 2013).

De acordo Wooldridge (2010), caso o erro individual específico não possa ser considerado um termo constante entre os elementos amostrais, faz-se utilizar uma abordagem econométrica adequada a forma como o componente do erro 𝑐𝑖 se relacione com os regressores . Neste caso, tem-se como alternativa as abordagens de Efeitos Fixos e Efeitos Aleatórios para a estimação dos parâmetros do modelo.

A viabilidade das abordagens Pooled, Efeitos Fixos e Efeitos Aleatórios são realizadas a partir de testes propostos pela literatura econométrica. A escolha entre o Pooled e Efeitos Fixos ocorre com a aplicação do teste de Chow, em que a hipótese nula (H0) assume que a heterogeneidade não observada tem variabilidade nula. A escolha entre o Pooled e Efeitos Aleatórios ocorre com a aplicação do teste de Breuch- Pagan, em que a hipótese nula (H0) pressupõe a viabilidade da abordagem Pooled. Por fim, para verificar a

adequabilidade entre Efeitos Fixos e Efeitos Aleatórios, aplica-se o teste Hausman, em que a hipótese nula (H0) assume a viabilidade da abordagem de Efeitos Aleatórios para a correta estimação dos parâmetros do modelo de regressão (Baltagi, 2013).

Caso o modelo Pooled se mostre inviável é preciso utilizar Efeitos Fixos ou Efeitos Aleatórios. Assim, são aplicados testes para avaliar a presença de heterocedasticidade e/ou autocorrelação nos resíduos gerados (Greene, 2003). A verificação da heterocedasticidade é feita por meio do teste de Wald Modificado, em que a hipótese nula (H0) assume a inexistência de autocorrelação. Já a presença de autocorrelação nos resíduos é feita por meio do teste de Wooldridge, em que a hipótese nula (H0) pressupõe a inexistência de autocorrelação entre os resíduos do modelo (Greene, 2003). Caso os testes indiquem a presença de heterocedasticidade e/ou autocorrelação dos resíduos, utiliza-se a abordagem de Mínimos Quadrados Generalizados (MQG) (Baum, 2006).

4.7.1.1 INCENTIVOS FISCAIS FEDERAIS E CONEXÕES POLÍTICAS

A partir da abordagem de dados em painel foram estimados 3 (três) modelos econométricos com o objetivo de analisar as relações entre: i) incentivos fiscais federais e conexão política pelo alto escalão (CPAE); ii) incentivos fiscais federais e conexões políticas por doações a campanhas (CPDC); iii) incentivos fiscais federais e conexão política por participação governamental (CPPG).

𝑦𝑖𝑡 = 𝛽0+ 𝛽1𝐶𝑃𝑖𝑡+ 𝛽2AUDIT + 𝛽3CRISE𝑖𝑡 + 𝛽4END𝑖𝑡+ 𝛽5𝐼𝑁𝑇𝐺𝑖𝑡 +

𝛽6ROA𝑖𝑡+ 𝛽7SETUP𝑖𝑡+ 𝛽8TAM𝑖𝑡+ 𝛽9𝐼𝑁𝑇𝐸𝑅𝑖𝑡+ 𝑣𝑖𝑡 + 𝑢𝑖 (3)

em que:

yit: nível de incentivos fiscais federais (NIFF);

CP: proxies de conexão política (CPDC, CPAE e CPPG);

AUDIT: dummy que assume valor igual a 1 (um) se a empresa é auditada por Big Four; e 0 (zero) caso contrário;

CRISE: dummy que recebe valor igual a 1 (um) em períodos de crise; e zero (0) caso contrário;

END: endividamento;

INTG: nível de intangível;

ROA: retorno sobre o ativo

SETUP: variável dummy que recebe valor igual a 1 (um) se empresa pertence ao setor de utilidade pública; e 0 (zero) caso contrário;

TAM: tamanho (ln do total de ativos);

INTER: interações entre as proxies de conexões políticas e as variáveis de controle;

vit: termo de erro do modelo; e ui: heterogeneidade não observada

4.7.2INCENTIVOS FISCAIS FEDERAIS E DISTRIBUIÇÃO DE VALOR ADICIONADO

A partir da abordagem de dados em painel foram estimados 4 (quatro) modelos econométricos com o objetivo analisar as relações entre incentivos fiscais federais e distribuição de valor adicionado a partir das seguintes proxies: valor adicionado distribuído ao pessoal (VADP); valor adicionado distribuído ao governo (VADG); valor adicionado distribuído a terceiros (VADT); e valor adicionado distribuído aos acionistas (VADA).

𝑦𝑖𝑡 = 𝛽0+ 𝛽1NIFF𝑖𝑡+ 𝛽2𝐶𝑃𝑖𝑡+ 𝛽3INTER𝑖𝑡+ 𝛽4AUDIT𝑖𝑡 + 𝛽5CRISE𝑖𝑡+

𝛽6𝐸𝑁𝐷𝑖𝑡+ 𝛽7INTG𝑖𝑡+ 𝛽8ROA𝑖𝑡+ 𝛽9𝑆𝐸𝑇𝑈𝑃𝑖𝑡+ 𝛽10TAM𝑖𝑡+ 𝑣𝑖𝑡 + 𝑢𝑖 (4)

em que:

yit: proxy de distribuição de valor adicionado (VADP; VADG; VADT; e VADA);

NIFF: nível de incentivos fiscais federais;

CP: proxies de conexão política (CPDC, CPAE e CPPG);

INTER: interações entre o nível de incentivos fiscais federais e as proxies de conexões políticas;

AUDIT: dummy que assume valor igual a 1 (um) se a empresa é auditada por Big Four; e 0 (zero) caso contrário;

CRISE: dummy que assume valor igual a 1 (um) em períodos de crise; e (zero) caso contrário;

END: endividamento;

INTG: nível de intangível;

ROA: retorno sobre o ativo;

SETUP: variável dummy que assume valor igual a 1 (um) se empresa pertence ao setor de utilidade pública; e 0 (zero) caso contrário;

TAM: tamanho (ln do total de ativos);

vit: termo de erro do modelo; e

ui: heterogeneidade não observada.