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bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento234.

No leilão os interessados apresentam-se em data determinada para o ato, onde fazem verbalmente suas propostas, ou seja, a Regra desta modalidade de Licitação é a inexistência de segredo quanto ao teor da proposta. Os proponentes ficam vinculados por sua proposta até que outra, de maior monta, seja feita.

Após ter-se explanado a respeito das modalidades de Licitação, iniciar-se-á no item a seguir, um estudo mais completo acerca da modalidade Convite.

interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

Para Bandeira de Mello, o Convite é a modalidade licitatória utilizada diante de licitações que envolverão valores de pequena monta, na qual a Administração Pública solicita a participação de pelo menos três pessoas do ramo pertinente ao objeto desejado, que sejam cadastradas ou não, e afixa em local apropriado a cópia do instrumento de convocação.

Havendo manifestação de outros cadastrados do ramo até vinte e quatro horas antes da apresentação das propostas, a unidade administrativa deverá estender o convite aos manifestantes236.

No que tange ao Convite, Dallari, em sentido um pouco distinto de Bandeira de Mello, assim o define:

Convite é a modalidade de procedimento licitatório efetuada mediante convocação específica a pessoas determinadas, cuja idoneidade é presumida, e que, em função da estreiteza do chamamento, exige um mínimo de publicidade indispensável para a observância ao Princípio da isonomia237. Dallari afirma ainda que, o Convite é a convocação dirigida a eventuais contratantes individualizadamente, os quais foram escolhidos pela Administração em razão de sua considerada idoneidade e cujas propostas serão feitas através de uma simples carta-convite, cujo modelo-padrão será afixado em local visível, juntamente com a relação dos convidados238.

O Convite é a modalidade licitatória que comporta menos formalismo, visto que se destina a contratações de pequena monta, conforme artigo 23, I, “a” e II, “a”. Não há o uso do edital nesta modalidade, dado que o instrumento convocatório chama-se carta-convite, e é nela que são impostas as Regras da Licitação. As cartas-convite são enviadas a três interessados do ramo no mínimo, os quais são livremente escolhidos pelo administrador, dentre empresas cadastradas ou não239.

236 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo, p. 514.

237 DALLARI, Adilson Abreu. Aspectos jurídicos da licitação, p. 81.

238 DALLARI, Adilson Abreu. Aspectos jurídicos da licitação, p. 82.

239 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo, p. 199.

O formalismo no Convite é sutil, não só é bastante mitigada a requisição de documentos para a habilitação, como também basta o prazo máximo de cinco dias entre o envio da carta-convite e o recebimento das propostas ou a realização do evento. Cabe destacar a afirmação de Carvalho Filho quando enfatiza:

O modus procedendi do Convite, sem a menor dúvida, rende maior ensejo a atos de improbidade de alguns maus administradores. Por isso, alguns órgãos têm exercido maior controle sobre essa modalidade, quando não a substituem pela tomada de preços, na qual a publicidade é mais ampla e menos dirigida240(...).

Justen Filho entende que o Convite é o procedimento administrativo que exige menos burocratização. Nele, a Administração Pública tem a faculdade de escolher eventuais interessados em participar do certame sem o requisito de estarem previamente cadastrados.

Entretanto, admite-se a participação de quaisquer outros interessados, desde que manifestem seu interesse até vinte e quatro horas antes da apresentação das propostas e que estejam cadastrados. Para Justen Filho, “essa disciplina propicia dúvidas e exige algum aprofundamento”241.

No mesmo diapasão, Meirelles estabelece que o Convite seja a modalidade de Licitação mais simplificada, que visa contratações de pequeno valor e que consiste na solicitação escrita a pelo menos três interessados do ramo pertinente, cadastrados ou não, a fim de que apresentem suas propostas no prazo mínimo de cinco dias. O Convite não exige a publicação, dado que é feito diretamente aos indicados pela Administração por meio de carta- convite. A lei, porém, exige que seja a cópia do instrumento convocatório afixada em local apropriado, para que, havendo mais interessados em participar da Licitação, desde que cadastrados, possam manifestar seu interesse até vinte e quatro horas antes da apresentação das propostas242.

Di Pietro ratifica o entendimento supra ao mencionar que o Convite é a modalidade licitatória entre, no mínimo, três interessados do ramo pertinente, que sejam ou não cadastrados, os quais serão convidados e escolhidos pela Administração Pública. Podem participar da Licitação também, aqueles que, estando cadastrados na correspondente

240 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo, p. 199.

241 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 198.

242 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro, p. 315.

especialidade manifestarem seu interesse com antecedência de vinte e quatro horas da apresentação das propostas243.

Di Pietro salienta ainda que a única modalidade em que a lei não exige publicação é o Convite, visto que a convocação é feita cinco dias antes da apresentação das propostas através da carta-convite. Com a lei 8.666/93 permite-se que participem do certame outros interessados, desde que cadastrados no ramo pertinente e que manifestem seu interesse com antecedência de vinte e quatro horas da apresentação das propostas.

Referida medida colabora para aumentar o número de licitantes, entretanto, torna mais complexo um procedimento que tem como característica a simplicidade, pelo fato de ter por objeto contratos de pequeno valor. Para contribuir com a participação de outros interessados, o artigo 22, §3º dispõe que deve constar em lugar apropriado a cópia do instrumento convocatório244.

No que diz respeito à discricionariedade na seleção dos convidados, tem-se que a Administração Pública, na modalidade Convite, possui a faculdade de escolha dos destinatários que participarão do certame. Entretanto, este poder deve ser praticado com cautela diante dos riscos de ofensa aos Princípios da Administração Pública, tais como da moralidade, isonomia, impessoalidade. Se a Administração fizer escolhas ou exclusões de determinados licitantes por prioridades pessoais, estará caracterizado desvio de finalidade e o ato deverá ser anulado245.

Como anteriormente explanado por Carvalho Filho, o procedimento da modalidade Convite, “sem a menor dúvida”, permite de forma mais facilitada à propensão à improbidade administrativa por parte de maus administradores246.

A lei não estabelece um limite máximo de convidados, apenas um limite mínimo, qual seja, o de três interessados. Existindo um número considerável de possíveis interessados, todos eles precisarão ser convidados pela Administração para participar do certame. A lei

243 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo, p. 379.

244 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo, p. 379.

245 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 198.

246 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo, p. 198.

faculta ao administrador, escolher e convidar pessoas cadastradas ou não, e o fato de não serem cadastradas aponta problemas247.

O primeiro problema encontra-se na ausência de cadastramento espontâneo por parte do convidado, visto que por este fato, presume-se a falta de interesse do sujeito em participar de licitações. O segundo problema evidencia-se no fato de que não havendo cadastramento, não existem informações para julgar sequer a capacidade jurídica do indivíduo para ser contratado. O cadastramento possibilita à Administração Pública, verificar a existência ou não de preceitos básicos de idoneidade necessários para possíveis contratações248.

Ao remeter o convite ao interessado não cadastrado, a unidade administrativa não necessita fazer constar na correspondência as causas que a levaram a convidá-lo, entretanto, tais motivos deverão estar registrados nos autos do procedimento administrativo da Licitação, pois a falta de motivação da escolha de um sujeito não cadastrado para receber o convite permite impugnação. Qualquer um dos participantes cadastrados pode contrariar a decisão da Administração, dado que a ausência de motivação presumirá desvio de finalidade249.

A Lei n. 8.666/93 disciplina o prazo para extensão do convite aos não cadastrados, isto é, o prazo de vinte e quatro horas destinado aos não convidados cadastrados para que ofereçam sua proposta, limita-se a verificar a idoneidade do sujeito para que participe do certame. Assim, a Administração realiza uma seleção prévia dos eventuais licitantes, onde verifica a existência de condições ou não para participar da Licitação. O interessado que não foi convidado, deverá ter suas condições examinadas antes de adentrar ao certame250.

Em razão da escassez do tempo, não é necessário nenhum ato formal por parte da Administração que estenda o convite aos outros interessados, porém, haverá ato explícito quando o interessado não suprir os requisitos exigidos pela Administração necessários à participação do procedimento251.

É defeso ao interessado apresentar sua proposta antes de solicitar a extensão do convite, visto que, agindo desta forma, não poderá simplesmente apresentá-la, mesmo que

247 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo, p. 199.

248 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 199.

249 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 199.

250 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 199.

251 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 199.

esteja cadastrado, sob pena de alterar-se a sistemática do Convite e transformá-lo numa forma de tomada de preços (onde todos os cadastrados poderiam participar sem qualquer restrição)252.

Não poderá o terceiro não convidado, porém cadastrado, ser impedido de participar do certame por ter tido desempenho não satisfatório na execução de contrato anterior. Tendo o sujeito apresentado mau desempenho na execução de um contrato, deverá ser aplicada a ele a sanção cabível e, se for o caso, poderá ser excluído do cadastro, em razão da falta de requisitos necessários à participação de Licitações. Do contrário, presumem-se aptos e habilitados para licitar todos os indivíduos devidamente cadastrados. É vedada a discriminação de sujeito cadastrado, desde que manifeste seu interesse dentro do prazo previsto para participar da Licitação253.

Carvalho Filho salienta que existem duas Regras importantes a serem relevadas. Uma delas é em razão do desinteresse dos convidados ou à limitação do mercado. Diante disto, pode acontecer de a Administração não conseguir reunir o número mínimo de três convidados exigidos para esta modalidade de Licitação. Caso isto ocorra, reputa-se válido celebrar o confronto entre apenas duas propostas, ou, tendo sido apresentada apenas uma, celebrar diretamente o contrato. Entretanto, para validar este ato, a Administração deverá justificar detalhadamente os motivos e o fato que a levaram a proceder de tal forma, do contrário, o convite terá que ser repetido254.

De acordo com o §6º do artigo 22 da Lei n. 8.666/93, se existir na praça mais de três eventuais interessados, a cada novo Convite realizado para objeto idêntico ou assemelhado, o Convite é obrigatório a mais um interessado no mínimo, enquanto houverem interessados cadastrados não convidados nas últimas licitações. Tal dispositivo procurou impedir o favorecimento de somente determinadas empresas e possibilitar que outras, estando cadastradas, participem255.

Justen Filho discorre que não constitui causa de invalidação do procedimento licitatório a inexistência de três convidados no mínimo. Porém, deverá haver justificação

252 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 199.

253 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 200.

254 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo, p. 199.

255 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo, p. 199.

expressa da Administração que justifique o motivo da ocorrência. A referência ao Convite exposta pelo artigo 48, §3º, atribui o raciocínio de que a Licitação deverá prosseguir normalmente quando existir ao menos “uma proposta válida e formalmente aceitável” 256.

Como visto num momento anterior, tem o Princípio da Impessoalidade o escopo de garantir a imparcialidade da Administração Pública no que concerne aos seus atos e ações perante os administrados, bem como alcançar a finalidade pública que é o bem comum. Tal Princípio visa garantir a probidade administrativa através dos preceitos que institui os quais devem ser refletidos pelos administradores e agentes públicos no decorrer de seus atos257.

A Licitação na modalidade Convite, como também já se pôde verificar anteriormente, tem como finalidade a agilidade e a simplicidade do processo licitatório. Tem como característica acelerar e dinamizar o processo de Licitação, em razão da necessidade de resposta rápida e desburocratizada por parte da Administração Pública no que tange à eventuais contratações com terceiros258.

De acordo com Justen Filho, o convite é a modalidade de Licitação mais normatizada por Princípios, visto que possui como características a celeridade e a simplicidade. Verifica-se imprescindível a probidade para a lisura do certame. Afirma ainda que o Convite gera dúvidas e por este motivo, deve ser elaborado com cautela259.

De fato, não existe modalidade de Licitação isenta à prática de atos de improbidade administrativa260, visto que a improbidade administrativa é vício que historicamente desgasta a Administração Pública no Brasil. A Licitação Pública visa dificultar a realização de atos de

256 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 200.

257 BARBI, Lety Maria. A transparência da administração pública brasileira. 1991. 163 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Direito, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1991, f. 52.

258 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro, p. 315.

259 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 198.

260 Cf. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo, p. 228, “não é fácil estabelecer distinção entre moralidade administrativa e probidade administrativa. A rigor, pode-se dizer que são expressões que significam a mesma coisa, tendo em vista que ambas se relacionam com a idéia de honestidade na Administração Pública. Quando se exige probidade ou moralidade administrativa, isso significa que não basta a legalidade formal, restrita, da atuação administrativa, com observância da lei; é preciso também a observância de Princípios éticos, de lealdade, de boa-fé, de Regras que assegurem a boa administração e a disciplina interna na Administração Pública”.

improbidade administrativa, pois força o administrador público a agir de acordo com o seu procedimento antes de contratar261.

Por ter característica de celeridade e simplicidade conforme visto anteriormente, o convite permite maior utilização do poder discricionário por parte do administrador público.

Essa discricionariedade causa inevitavelmente um aumento nos casos de improbidade. No que concerne ao poder discricionário, Di Pietro Afirma que pode ocorrer desvio de poder decorrente de uso do poder discricionário para atingir fim distinto daquele que a lei autoriza262.

O legislador ao estabelecer a lei, inseriu valores de pequeno vulto para o Convite, visto que se preocupou com o possível desvio de poder a ser realizado através desta modalidade de Licitação. Verifica-se que os casos de Improbidade Administrativa na Licitação Pública não se resumem unicamente a infrações às Regras, às leis. A legalidade263 dos atos Normalmente é respeitada na Administração, porém, em contrapartida, os Princípios basilares da boa Administração são freqüentemente feridos. Por serem os Princípios interpretativos, intrínsecos e não delineados como as leis, muitas vezes eles acabam não sendo obedecidos264.

A inobservância dos Princípios da boa Administração, especialmente no que tange à Licitação, gera a prática de lesão aos administrados, dado que esta prática constitui violação tão grave quanto à violação às leis, além disso, no caso de descumprimento dos Princípios, haverá simultaneamente o descumprimento das leis, visto que as leis são ordenamentos gerados por meio dos Princípios265.

De acordo com Wahlbrinck, se analisada friamente, a modalidade de Licitação do Convite “possui na sua essência um condição particular de afronta aos Princípios básicos da boa Administração”. Porém, esta condição é acolhida pela legislação, levando-se em conta

261 WAHLBRINCK, Marco Luciano. A modalidade de licitação pública do convite e a (im)probidade administrativa. Disponível em: <http://ensino.univates.br/~direito/artigo52.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2008, p. 3.

262 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo, p. 228.

263 A legalidade de que se trata é em referência à observância do Princípio da legalidade o qual versa que o administrador público só poderá agir de acordo com a lei, conforme observado em item anterior.

264 WAHLBRINCK, Marco Luciano. A modalidade de licitação pública do convite e a (im)probidade administrativa, p. 3.

265 CRETELLA JÚNIOR, José. Das licitações públicas. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense. 1993, p. 87.

que o legislador assim entende e prevê - o ato de convidar -, observando desta forma o Princípio da legalidade em detrimento de outros Princípios da Administração Pública266.

A Licitação na modalidade Convite permite que interessados não convidados participem do procedimento licitatório como verificado em um momento anterior, entretanto, apesar de verdadeira, esta afirmação é pouco usual. Para clarear esta afirmativa, interessante fazer uma analogia com uma situação bastante comum: dificilmente alguém participa de um evento onde existem pessoas convidadas, sem ter sido convidado também. Este fato acaba criando certo constrangimento ao participante não convidado e, em conseqüência disto, ele não participará267.

Menciona-se agora, outro fator importante a ser relevado: não sendo convidado para participar do evento, geralmente o sujeito não toma conhecimento da concretização do mesmo. Apesar de ser o Convite afixado em local apropriado no quadro de avisos do órgão a qual o promove, não se constata eficaz este ato, pela carência de divulgação268.

Percebe-se nítido que uma das características que mais afronta aos Princípios da boa administração, em especial à Impessoalidade, vem lavrada na sua própria nomenclatura

“Convite”. O participante é convidado a participar do certame, e a Administração Pública possui a discricionariedade para a escolha destes participantes. Esta possibilidade da Administração resulta na confrontação direta ao Princípio da Impessoalidade, pois como ensina Bandeira de Mello: “todos são iguais perante a Lei” (art. 5º, caput), a fortiori teriam de sê-lo perante a administração”269.

Para que impere o interesse público, a discricionariedade exercida pelo administrador, não pode ser eivada de vícios, do contrário, comprometeria a finalidade da Administração Pública. No convite, o administrador, utilizando de seu poder discricionário, escolhe quem vai participar do certame, porém, tal escolha deverá ser objetiva, impessoal e transparente:

266 WAHLBRINCK, Marco Luciano. A modalidade de licitação pública do convite e a (im)probidade administrativa, p. 4.

267 WAHLBRINCK, Marco Luciano. A modalidade de licitação pública do convite e a (im)probidade administrativa, p. 4.

268 WAHLBRINCK, Marco Luciano. A modalidade de licitação pública do convite e a (im)probidade administrativa, p. 4.

269 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo, p. 104.

A faculdade de escolha pela Administração dos destinatários do convite deve ser exercida com cautela diante dos riscos de ofensa à moralidade e à isonomia. Se a Administração escolher ou excluir determinados licitantes por preferências meramente subjetivas, será caracterizado desvio de finalidade e o ato terá de ser invalidado. A seleção prévia dos participantes faz-se no interesse da Administração para consecução do interesse público270.

Entretanto, no que concerne à jurisprudência, conclui-se que a finalidade administrativa freqüentemente é posta em risco. Verifica-se que o Convite é meio simples de burlar os Princípios inseridos na Constituição em decisão declarada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina:

ADMINISTRATIVO - LICITAÇÃO PÚBLICA - PROCESSO LICITATÓRIO PARA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE ADVOCACIA - EVIDÊNCIAS DE FAVORECIMENTO DE ALGUNS LICITANTES EM DETRIMENTO DOS DEMAIS - QUEBRA DOS PRINCÍPIOS DA IGUALDADE E DA IMPESSOALIDADE - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - LIMINAR SUSPENDENDO O CONTRATO271.

Ainda, em outra decisão do mesmo tribunal:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

LICITAÇÃO. IRREGULARIDADES COMPROVADAS. CONDUTA DO ADMINISTRADOR ATENTATÓRIA AOS PRINCÍPIOS DA MORALIDADE E DA LEGALIDADE. AUSÊNCIA, TODAVIA, DE LESÃO AOS COFRES PÚBLICOS. CIRCUNSTÂNCIA QUE TEM DIRETA INFLUÊNCIA NA FIXAÇÃO DAS PENALIDADES.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE.

PROVIMENTO PARCIAL272.

AÇÃO CIVIL PUBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRA TIVA.

LICITAÇÃO INOBSERVÂNCIA DA LEI 8.666/93. I - Pacifica a jurisprudência de ser objeto da ação civil pública a prática de ato de improbidade administrativa segundo a melhor ratio legis. Possível também a cumulação de pedidos de natureza condenatória, declaratória e constitutiva, porque previsto na Lei n.8 429/92. II ? "O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio público

" Verbete n° 329 da súmula de jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça III - Licitações realizadas sem a observância da Lei 8.666/93. Atos administrativos que eivados pelo desleixo com o trato do dinheiro público, afrontam Princípios basilares da Administração e causam prejuízos à

270 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, p. 198.

271 BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento n. 2005.020853-9, da 2º Vara Cível do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Indaial, SC, 27 de setembro de 2005.

272 BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2003.014070-0, da Vara única do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Santa Terezinha, SC, 27 de maio de 2004.

Municipalidade. Punição dos réus concordante com os preceitos da Lei 8429/93, IV. O aspecto fático do convite a outras empresas para a participação do certame demonstra a existência de múltiplos fornecedores de peças para o maquinário da Municipalidade Ademais, os procedimentos licitatórios devem ter caráter universal e aberto, possibilitando a participação de todos aqueles em condições de fornecer o produto. V - As irregularidades apontadas impossibilitaram a seleção transparente da melhor proposta, debilitando o certame. Prejuízo à Municipalidade evidenciado Aplicação ao caso do disposto no inciso VIII do art. 10 da Lei 8.429/92273.

Como se verificou nas jurisprudências supramencionadas é comum a prática de danos ao erário público através da Licitação na modalidade Convite, na qual os Princípios da boa Administração são afrontados com clareza, causando assim, sanções aos que cometeram tal ato e anulando o processo licitatório.

A lei que dispõe sobre o Convite, exige que sejam escolhidos e convidados pelo menos três empresas do ramo do objeto a que a Licitação se propõe, assim, esta exigência pode se tornar um obstáculo para a Administração, visto que as empresas convidadas podem convencionar entre si com a intenção de burlar a finalidade pública. Podem as empresas favorecerem-se mutuamente sem que o administrador público possa fazer algo274.

Com relação à discricionariedade do administrador em fazer o convite a determinadas pessoas, como verificado nas jurisprudências supra, percebe-se comum a conduta do administrador com relação a quem será convidado a participar do processo da Licitação.

Como visto anteriormente, será convidado quem é conhecido e possui direta ou indiretamente alguma ligação ou afinidade com o administrador público. Porém, o Convite possibilita aos não convidados, que participem do certame se demonstrarem interesse vinte e quatro horas antes da abertura das propostas. Entretanto, verifica-se nesta afirmativa, outra questão que merece ser refletida, qual seja, a publicidade do Convite. Sobre a publicidade adverte Moraes:

A Administração jamais maneja interesses, poderes ou direitos pessoais seus, surge o dever da absoluta transparência. “Todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido” (CF, art. 1º, §1º). É óbvio, então, que o povo, titular

273BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Apelação com revisão n. 3031845600, 7º Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Guararapes, SP, 25 de fevereiro de 2008.

274 WAHLBRINCK, Marco Luciano. A modalidade de licitação pública do convite e a (im)probidade administrativa, p. 5.

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