• Nenhum resultado encontrado

J. Pediatr. (Rio J.) vol.92 número4

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "J. Pediatr. (Rio J.) vol.92 número4"

Copied!
3
0
0

Texto

(1)

JPediatr(RioJ).2016;92(4):328---330

www.jped.com.br

EDITORIAL

Varicella

complications

and

universal

immunization

,

夽夽

Complicac

¸ões

e

imunizac

¸ão

universal

contra

a

varicela

Elena

Bozzola

a,∗

e

Mauro

Bozzola

b

aDepartamentodePediatria,UnidadedeDoenc¸asInfecciosaseInfantis,BambinoGesùChildren’sHospital,Roma,Itália bDepartamentodeClínicaMédicaeTerapêutica,UnidadedePediatriaeHebiatria,UniversityofPavia,FondazioneIRCCSSan

Matteo,Pavia,Itália

A varicela é uma das doenc¸as infecciosas mais comuns, com distribuic¸ão mundial. Deacordo com umdocumento da Organizac¸ão Mundial de Saúde (OMS), estima-se que a carga anual global é de 140 milhões de casos.1 Apesar

da percepc¸ão pública da infecc¸ão de varicela como uma doenc¸ainfantilinofensiva,elapodeserumadoenc¸amuito grave.ComoMartinoMota &Carvalho-Costadestacamem ‘‘Óbitoseinternac¸õesrelacionadosaovírusvaricela-zóster noBrasil antesdaintroduc¸ão davacinac¸ão universal com a vacinatetravalente’’, a varicela podecausar morte ou levar a complicac¸ões potencialmente graves que exigem internac¸ãoe,consequentemente,causamsequelasdelongo prazo.2

Astaxasdeinternac¸õesrelacionadasàvariceladiferem amplamenteemtodoomundo.Avaricelapodeafligir qual-querórgãoeascomplicac¸õeshematológicas,neurológicas, respiratórias,cutâneas,hepáticas,gastrointestinais, urina-riaseósseassãoasmaisfrequentementerelatadas.3

Aincidência de complicac¸õespor variceladifere entre relatos científicos. Por exemplo, a prevalência em con-junto de complicac¸ões neurológicas resultantes de uma

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.05.001

Como citar este artigo: Bozzola E, Bozzola M. Varicella

complications and universal immunization. J Pediatr (Rio J). 2016;92:328---30.

夽夽VerartigoMartinoMotaeCarvalho-Costanaspáginas361---6.

Autorparacorrespondência.

E-mail:elena.bozzola@opbg.net(E.Bozzola).

análisesistemáticadaliteraturaidentificaaprobabilidade decomplicac¸õesneurológicasemidadepediátricanafaixa de 13,9-20,4%.4 Contudo, em alguns relatos, a taxa de

complicac¸ões neurológicas por varicela é menor do que a incidência relatada na literatura, ao passo que outras complicac¸ões, como infecc¸ões de pele, são as mais fre-quentemente detectadas.5,6 Em outros relatos, a taxa de

complicac¸õesneurológicasecutâneasébaixa,aopassoque outrascomplicac¸õessãofrequentementedetectadas,como as respiratórias.7 Esse achado poderá estar relacionado a

diferenc¸as na estrutura sociodemográfica dapopulac¸ão, a uma disponibilidade mais ampla de tratamentos ambula-toriais de infecc¸ões da pele ou a diferentes políticas de internac¸ão.

Pacientescomhistóricodemalignidadesubjacente,uso de esteroides ou terapia imunossupressora, infecc¸ão por HIV ou transplante de órgãos sólidos estão suscetíveis a varicela disseminada devido à imunidade celular prejudi-cada. Hospedeiros imunossuprimidos que desenvolvem a varicelatêm morbidezgrave etaxasde mortalidademais altascommaisfrequênciadoquehospedeirosnormais.Por exemplo,pacientescomdoenc¸asreumatológicasou gastro-enterológicastratadoscomantagonistasdofatordenecrose tumoral(TNF)continuamcomriscoseletivamentemaiorde infecc¸õesprimáriasdevaricelamaisgravesemcomparac¸ão comapopulac¸ãoemgeral.8,9

No relato Martino Mota & Carvalho-Costa, a maioria dosóbitosecomplicac¸õesassociadasàvaricelaocorreem crianc¸as de 1 a 4 anos. Também na literatura, a maior frequênciadecomplicac¸õesdavaricelaocorreemcrianc¸as menoresde5anos.3,6,10

(2)

Varicellacomplicationsanduniversalimmunization 329

A varicela também pode ser muito grave em idosos, poispodeserfataloulevaraumainternac¸ãoprolongada.8

Grávidassãoumapreocupac¸ãoespecial.Casoumamulher desenvolva varicela em uma idade gestacional nova, a crianc¸a podesofrer síndrome de varicelacongênita; caso fiquedoentenofimdagravidez,oneonatopodetervaricela. Ambasasdoenc¸assãomuitogravesparaorecém-nascido.11

Avacinac¸ãopodeprevenirainfecc¸ãodevaricelaesuas complicac¸ões.Umavacinacontraavaricela,com basena cepaOkadovírusvivoatenuadovaricela-zóster,foi desen-volvida no Japão em meados da década de 1970. Desde então,forampropostasdiferentesformulac¸õesdasvacinas contra a varicela. Todas elas contêm o vírus vivo atenu-ado varicela-zóster e todas, exceto a vacina licenciada na Coreia do Sul, têm como base a cepaOka isolada no Japão.Atualmente, asvacinascontravaricelasão licenci-adascomomonovalentesouumavacinacombinadacontra sarampo, caxumba, rubéola e varicela (SCRV). As vacinas SCRV sãoatualmente usadas com base em uma imunoge-nicidade comparável e um perfil geral de seguranc¸a, em comparac¸ãocomaadministrac¸ãosimultâneadevacinasSCR e contra a varicela.12 Adicionalmente, como consiste em

apenas uma injec¸ão, a vacina SCRV deve oferecer diver-sos benefícios: facilitac¸ão daimunizac¸ão universal contra essasquatrodoenc¸as,aumentodaimunizac¸ãoereduc¸ãodos custosnaáreadasaúde.

Em umestudocomfoco naeficácia davacinacontra a varicelaapósolicenciamentoentrecrianc¸assaudáveis,os autoresanalisaramrevisõessistemáticasemetanálisesdas bibliotecasMedline,EmbaseeCochraneedabasededados CINAHLembuscaderelatospublicadosentre1995e2014. Elesconcluíram queumadosedavacinacontraavaricela eramoderadamenteeficaznaprevenc¸ãodevaricela(81%) ealtamenteeficaznaprevenc¸ãodemanifestac¸ões modera-dasegraves davaricela(98%).Osautoresconcluíramque umasegundadoseaumentavaaprotec¸ãocontraavaricela (92%).13

Contudo, as políticas de vacinac¸ão diferem de país para país. Em alguns países, como os EUA e a Austrá-lia,aimunizac¸ãouniversalfoiintroduzidahámuitos anos. A vacinac¸ão em massa levou progressivamente a uma reduc¸ãosubstancialnacargadedoenc¸a.14

Na Europa, não há consenso sobre a política de imunizac¸ão contra a varicela. Consequentemente, alguns países,comoaAlemanhaeaGrécia,têmprogramas nacio-naisdeimunizac¸ãoinfantil.Outrosadotamrecomendac¸ões heterogêneasounãooficiais.15 NaItália,desdesuavenda,

algumasregiõesoferecemvacinac¸ãouniversalna infância, comconsequentereduc¸ãonaincidênciadadoenc¸a.16

Em outras regiões, a cobertura da vacinac¸ão contra a varicela depende fortemente da aceitac¸ão da vacinac¸ão pelospaisedasrecomendac¸õesdospediatras.Ospediatras podem subestimar o risco potencial da doenc¸a e a carga econômicaparaacomunidade.Ospaispoderãoconsiderar o possível lucro para a comunidademenos importante do queoriscoindividualdeseusfilhossofrerempossíveis efei-tos colaterais não intencionaisda vacinac¸ão. Os paisque recusamavacinac¸ãoacreditamqueavacinanãoésegura e éineficaz e quea doenc¸aaser prevenidaéleve e sem perigo. Além disso, em alguns casos, ospais nãoconfiam nosprofissionaisdasaúde,nogovernoeempesquisassobre avacinaapoiadasoficialmente,porémconfiamnaimprensa

eemfontesdeinformac¸ãonãooficiais,quedesincentivam aspolíticasdeimunizac¸ão.Namaioriadoscasos,asfamílias devempagarocusto davacinac¸ãocaso queiram que seus filhossejamimunizados.Assim,podeserdifícilatingiraltos níveisdecobertura.

Asdecisõessobreo financiamentodavacinatêmcomo base muitas considerac¸ões, incluindo o provável custo--benefício de diferentes estratégias de imunizac¸ão. Em países europeus que implantaram a vacinac¸ão nacional-mente,aimunizac¸ãoemmassaresultounareduc¸ãotantoda incidênciadadoenc¸aquantodastaxasdeinternac¸ão. Adi-cionalmente,osdadostambémrevelarambenefícios para gruposnãovacinados,como crianc¸as menoresde1ano.17

Naverdade,umaaltataxadeimunizac¸ãocontribuiparaa prevenc¸ão da disseminac¸ão da infecc¸ão de varicela, con-ceitoconhecidocomoimunidadedegrupo.Aimunidadede grupo fornece protec¸ão àqueles com maiorrisco de con-traírem infecc¸ão grave por varicela, incluindo gestantes, neonatos,pessoascomovírusdaimunodeficiênciahumana eoutrasdoenc¸asdeimunodeficiência,pessoasque recebe-ramquimioterapiaepacientestratadoscomaltasdosesde corticosteroides.Esse é umobjetivo muitoimportante,já que muitas internac¸ões hospitalaresocorrem em crianc¸as muitonovasparaseremvacinadas.3Portanto,conformeas

taxasderecusadevacinaaumentam,aimunidadedegrupo diminuiealgumaspopulac¸õesvulneráveisterãomaiorrisco decontraíreminfecc¸ãogravedevaricela.

Alémdisso,umaanáliseeconômica deumprogramade vacinac¸ão universal indica que provavelmente seria uma economia,devidoàreduc¸ãodoscustosmédicosedaperda detempodetrabalhodospais.18Porfim,ospaísestambém

devemconsideraravacinac¸ãodetrabalhadores soronegati-vosdaáreadasaúde,principalmenteemambientesemque oriscodevaricelagraveéalto(ouseja,pacientes imuno-comprometidos,bebêsprematurosetc.).

Conflitos

de

interesses

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresses.

Referências

1.Varicellaandherpeszostervaccines:WHOpositionpaper,June 2014---Recommendations.Vaccine.2016;34:198---9.

2.MartinoMotaA,Carvalho-CostaFA.Varicellazostervirusrelated deathsandhospitalizationsbeforetheintroductionof univer-salvaccinationwiththetetraviralvaccine.JPediatr (RioJ). 2016;92:361---6.

3.Elena B, Anna Q, Andrzej K, Elisabetta P, Laura L, Alberto T.Haematologicalcomplicationsinotherwisehealthychildren hospitalizedforvaricella.Vaccine.2011;29:1534---7.

4.Bozzola E,Tozzi AE, BozzolaM, Krzysztofiak A, ValentiniD, Grandin A, et al. Neurological complications of varicella in childhood:caseseriesandasystematicreviewoftheliterature. Vaccine.2012;30:5785---90.

5.AlmuneefM,MemishZA,BalkhyHH,AlotaibiB,HelmyM. Chic-kenpox complications in SaudiArabia: is it timefor routine varicellavaccination?IntJInfectDis.2006;10:156---61.

(3)

330 BozzolaE,BozzolaM

7.Popescu CP, Ceausu E, Florescu SA, Chirita D, Ruta S. Complicationsofvaricellainunvaccinatedchildrenfrom Roma-nia, 2002-2013: a retrospective study. Pediatr Infect Dis J. 2016;35:211---2.

8.García-DovalI,Pérez-ZafrillaB,DescalzoMA,RosellóR, Her-nández MV, Gómez-Reino JJ, et al. Incidence and risk of hospitalisationduetoshinglesandchickenpoxinpatientswith rheumaticdiseasestreatedwithTNFantagonists.AnnRheum Dis.2010;69:1751---5.

9.Kunz AN, RajnikM. Disseminated cutaneous varicella zoster virusinfectionsduringinfliximabtherapyforCrohn’sdisease: casereportoftwopediatricpatientsatone institution.Clin Pediatr(Phila).2011;50:559---61.

10.HelmuthIG,PoulsenA,SuppliCH,MølbakK.VaricellainEurope ---Areviewoftheepidemiologyandexperiencewith vaccina-tion.Vaccine.2015;33:2406---13.

11.LamontRF,SobelJD,CarringtonD,Mazaki-ToviS,KusanovicJP, VaisbuchE,etal.Varicella-zostervirus(chickenpox)infection inpregnancy.BJOG.2011;118:1155---62.

12.Ma SJ, Li X, Xiong YQ, Yao AL, Chen Q. Combination measles-mumps-rubella-varicella vaccinein healthychildren: asystematicreviewandmeta-analysisofimmunogenicityand safety.Medicine(Baltimore).2015;94:e1721.

13.MarinM,MartiM,KambhampatiA,JeramSM,SewardJF. Glo-balvaricellavaccineeffectiveness:ameta-analysis.Pediatrics. 2016;137:1---10.

14.MarinM,MeissnerHC,SewardJF.Varicellapreventioninthe UnitedStates:areviewofsuccessesandchallenges.Pediatrics. 2008;122:e744---51.

15.EuropeanCentreforDiseasePreventionControl.Varicella vacci-nationintheEuropeanUnionECDC,Stockholm;2015[acessado em10.03.16].Disponívelem:http://www.ecdc.europa.eu/en/ publications/Publications/Varicella-Guidance-2015.pdf. 16.AmodioE,TramutoF,CracchioloM,SciutoV,DeDonnoA,Guido

M,etal.Theimpactoftenyearsofinfantuniversalvaricella vaccinationinSicily,Italy(2003-2012).HumVaccinImmunother. 2015;11:236---9.

17.Bozzola E, Bozzola M, Calcaterra V, Barberi S, Villani A. Infectious diseases and vaccination strategies: how to protect the ‘‘unprotectable’’? ISRN Prev Med. 2013;2013: 765354.

Referências

Documentos relacionados

Surprisingly, the empirical data on the association between coparenting and children’s mental health after the parents’ marital dissolution appears to be reduced, when compared to

The analysis of the studies showed the use of five nutritional risk screening tools in hospitalized pediatric patients: Screening Tool for the Assessment of Malnutri- tion in

The independent variables were distributed as follows: (1) biological factors: gender and age of the child; (2) feed- ing practice: duration of maternal breastfeeding,

Objective: To characterize varicella zoster virus-related deaths and hospitalizations in Brazil before universal vaccination with the tetravalent (measles, mumps, rubella,

The Activity Scale for Kids (ASK) is a specific measure for the pediatric population, intended to assess the degree of disability in children aged 5---15 years with functional

Objective: To apply, in Brazil, the T-cell receptor excision circles (TRECs) quantification tech- nique using real-time polymerase chain reaction in newborn screening for

The results of the Poisson regres- sion models, adjusted for categorical indicators of income, schooling, employment status, and marital status, having as dependent variables the

We conclude that the parents’ nutritional profile, as well as obesity and low levels of cardiorespiratory fitness are risk factors for early development of metabolic risk in chil-