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Necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes brasileiros: avaliação com base na saúde pública.

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REVISTA

PAULISTA

DE

PEDIATRIA

ARTIGO

ORIGINAL

Necessidade

de

tratamento

ortodôntico

em

adolescentes

brasileiros:

avaliac

¸ão

com

base

na

saúde

pública

Carolina

Vieira

de

Freitas

a

,

João

Gabriel

Silva

Souza

b

,

Danilo

Cangussu

Mendes

a

,

Isabela

Almeida

Pordeus

c

,

Kimberly

Marie

Jones

a

e

Andréa

Maria

Eleutério

de

Barros

Lima

Martins

a,

aUniversidadeEstadualdeMontesClaros(Unimontes),MontesClaros,MG,Brasil

bUniversidadeEstadualdeCampinas(Unicamp),Piracicaba,SP,Brasil cUniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG),BeloHorizonte,MG,Brasil

Recebidoem4demaiode2014;aceitoem8desetembrode2014 DisponívelnaInternetem11demarçode2015

PALAVRAS-CHAVE

Saúdebucal; Máoclusão; Adolescente; Saúdepública

Resumo

Objetivo: Identificaraprevalênciaeagravidadedasmásoclusõesefatoresassociadoscoma

necessidadedetratamentoortodônticodosadolescentesbrasileiros.

Métodos: Estudotransversalfeitocombasenosdadosdapesquisaepidemiológicanacionalem

saúdebucalnoBrasil(2002-2003).Condic¸õessociodemográficas,autopercepc¸ão,existênciae

níveldegravidadedamáoclusão,comousodoÍndicedeEstéticaDentária,foramavaliados

em16.833adolescentesbrasileirosselecionadosporamostraprobabilísticaporconglomerados.

A variáveldependente---necessidadede tratamentoortodôntico---foi estimadaapartirda

gravidadedamáoclusão. Amagnitude eadirec¸ãodasassociac¸õesnasanálisesbivariadae

multivariadaforamestimadaspelaregressãodePoisson.

Resultados: A maioria dos adolescentesapresentou necessidade detratamento ortodôntico

(53,2%). Na análise multivariada, a prevalência da necessidade de tratamento ortodôntico

foi maiorentreasmulheres,os não brancos,aquelesque autopercebiamanecessidadede

tratamentoeaqueles queautopercebiamsuaaparênciacomo normal, ruimoumuitoruim.

Anecessidadedetratamentoortodônticofoimenorentreaquelesqueviviamnasregiões

Nor-desteeCentro-Oesteemcomparac¸ãocomaquelesdaSudesteetambémmenorentreaqueles

queautopercebiamsuamastigac¸ãocomonormalesuasaúdebucalcomoruimoumuitoruim.

Conclusões: O estudo identificou uma prevalência elevada da necessidade de tratamento

ortodônticoemadolescentesnoBrasil,associadacomquestõesdemográficasesubjetivasde

Autorparacorrespondência.

E-mail:martins.andreamebl@gmail.com(A.M.E.B.L.Martins).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rpped.2014.04.006

(2)

saúdebucal.Aaltaprevalênciadenecessidadesortodônticasentreadolescenteséumdesafio

paraoSistemaÚnicodeSaúde(SUS)doBrasil.

© 2014Associac¸ãodePediatria deSãoPaulo. PublicadoporElsevier EditoraLtda.Todosos

direitosreservados.

KEYWORDS

Oralhealth; Malocclusion; Adolescent; Publichealth

NeedfororthodontictreatmentamongBrazilianadolescents:evaluationbasedon publichealth

Abstract

Objective: Toidentifytheprevalenceandtheseverityofmalocclusionsandtoanalyzefactors

associatedwiththeneedfororthodontictreatmentofBrazilianadolescents.

Methods: Thisexploratory,cross-sectionalstudywascarriedoutbasedonsecondarydatafrom

thenational epidemiologicalsurvey onoralhealth inBrazil (2002-2003).Socio-demographic

conditions,self-perception, andtheexistence anddegree ofmalocclusion,usingtheDental

AestheticIndex,wereevaluatedin16,833adolescentBraziliansselectedbyprobabilisticsample

byconglomerates.Thedependentvariable---needorthodontictreatment---wasestimatedfrom

theseverityofmalocclusion.Themagnitudeanddirectionoftheassociationinbivariateand

multivariateanalyzesfromaRobustPoissonregressionwasestimated.

Results: Themajorityoftheadolescentsneededorthodontictreatment(53.2%).Inthe

multiva-riateanalysis,theprevalenceoftheneedfororthodontictreatmentwaslargeramongfemales,

non-whites,thosethatperceivedaneedfortreatment,andthosethatperceivedtheir

appe-arance asnormal,bad,orverybad.Theneedfororthodontictreatmentwassmalleramong

thosethatlivedintheNortheastandCentralWestmacro-regionscomparedtothoselivingin

SoutheastBrazilanditwasalsosmalleramongthosethatperceivedtheirchewingtobenormal

ortheiroralhealthtobebadorverybad.

Conclusions: Therewasahighprevalenceoforthodontictreatmentneedamongadolescentsin

Brazilandthisneedwasassociatedwithdemographicandsubjectiveissues.Thehighprevalence

oforthodonticneedsinadolescentsisachallengetothegoalsofBrazil’suniversalpublichealth

system.

© 2014Associac¸ão dePediatria deSãoPaulo. Publishedby Elsevier EditoraLtda. Allrights

reserved.

Introduc

¸ão

O Brasil tem grandes desigualdades regionais e sociais. Para enfrentar essasdisparidades, a Constituic¸ão de1988 reconheceu a saúde como um direito de cada cidadão e responsabilidade dogovernoe estabeleceua base ideoló-gica paraacriac¸ãodoSistemaÚnicodeSaúde(SUS). Isso aumentou oacesso acuidados desaúdeparaumagrande partedapopulac¸ãobrasileira.1Na11aConferênciaNacional deSaúdedoBrasil,em2000,osprincípiosdaatenc¸ão inte-gral,humanizac¸ãoeequidadeforamnovamentedeclarados como metas para a consolidac¸ão do SUS. Foi ressaltada, alémdisso,anecessidadedereforc¸arasac¸õescoletivasem relac¸ãoaosservic¸osdesaúdepúblicaeasseguraro compro-missodogovernoemrelac¸ãoàresponsabilidadedeprestar cuidadosdesaúdeuniversal,integraleequitativoatodosos brasileiros.1---3

Estudos anteriores avaliaram o estado de saúde oral e indicaram a necessidade de implementac¸ão de políti-cas públicas de saúde para a melhoria dessas condic¸ões e universalidade da saúde, considerando características socioeconômicas.4---6Aoclusão,aterceirapatologiaoral

maisprevalente,foiconsideradaumaprioridadeemsaúde públicamundialetemdiversasconsequênciasadversas,tais

como: desajustamento psicossocial, doenc¸a periodontal e mastigac¸ãodesfavorável.7

Asmásoclusõesnãosãoclassificadascomodoenc¸asesão difíceisdedefinir,aocontráriodeoutrasquestõesdesaúde oral.8 Destaca-se a importância de uma definic¸ão clara,

bemcomoumamelhorianocritériodediagnóstico,paraa obtenc¸ãodedadosepidemiológicossobreessasquestões,a fimdefacilitaroplanejamentodaprevenc¸ãoedoscuidados desaúdepública.9Porisso,houveanecessidadede

desen-volver um instrumento epidemiológico para identificar e classificar as más oclusões e reconhecer a necessidade dentaleestéticadetratamentoortodônticodeuma deter-minadapopulac¸ão, paracomparartaisnecessidades entre as populac¸ões ou longitudinalmente. Em resposta a essa necessidade,Jenny&ConsdesenvolveramoDental Aesthe-ticIndex(DAI),em 1986.10 Elequantificafatoresestéticos

e apresentac¸ões clínicas, usa tanto medidas subjetivas quanto objetivas para produzir um único valor numérico querefletetodososaspectosdamáoclusão.7ODAIé

com-postopordezvariáveiseresultaemumvalornuméricoque classificao indivíduoem umaescalade13a80,quepode sercategorizadaem pontosdecorte.10 ODAIfoi proposto

(3)

A má oclusão temsido apontada como umimportante problemade saúdebucalem adolescentesnoBrasil, com taxasdeprevalênciaacimade40%.11,12 Emnívelnacional,

alémdaalta prevalência,amaiorseveridadedamá oclu-sãoentre os adolescentes tem sido associada com piores condic¸õessocioeconômicasecondic¸õessubjetivasdesaúde bucal, com base nos dados do levantamento epidemioló-gicodascondic¸õesdesaúdebucaldapopulac¸ãobrasileira em2010.13 Em 2002e2003, porrecomendac¸ãodaOMS,o

MinistériodaSaúdeconcluiuumestudoepidemiológicodas condic¸õesdesaúdebucalnoBrasilchamadoSB2000, atual-menterebatizadoparaProjetoSBBrasil2002-2003.14Apesar

demaisdeumadécadadefeiturae divulgac¸ão dos resul-tadosdoSBBrasil2002-2003egerac¸ãodeumnovoestudo em2010,nãoforamidentificadosestudosnaliteraturaque registrassemaprevalênciademáoclusãoefatores associ-ados coma necessidade de tratamento ortodôntico entre osadolescentesbrasileiros,oquenãopermitecomparac¸ões eaidentificac¸ãodemelhoriasqueocorreramaolongodos anos.Nessecontexto,opresenteestudoanalisou a preva-lência e a severidade damá oclusão e fatoresassociados ànecessidadede tratamentoortodôntico deadolescentes brasileiros,comousodedadosdoProjetoSBBrasil 2002-2003,econtextualizouessesdadosdentrodomovimentode saúdepúblicanoBrasil.

Método

Esseestudoexploratório,decortetransversal,foifeitocom baseemdadossecundáriosdolevantamentoepidemiológico nacional de saúde bucal (SB Brasil 2002-2003). Essa pes-quisa,feitapeloMinistériodaSaúde,encontroudiferentes condic¸ões desaúde bucalem 108.921 brasileiros de dife-rentesfaixasetárias(18-36meses,cinco,12,15-19,35-44e 65-74anos)queviviamem250municípiosdeáreasurbanas eruraisemtodasascincoregiõesgeográficasdopaís.

Osparticipantes foramexaminadose entrevistados em suascasas.Foramcoletadosdadosarespeitodascondic¸ões socioeconômicas, o uso de servic¸os odontológicos e sua autopercepc¸ãodasaúdebucal.Asavaliac¸õesdascondic¸ões edosproblemasdesaúdebucalforambaseadasemcritérios estabelecidospelaOrganizac¸ãoMundialdaSaúde(OMS)em 1997.Foiusadaumaamostraprobabilísticapor conglomera-dos.Emcadaregiãodopaís,ascidadesforamselecionadas aleatoriamentecombaseemsuainclusãoemcincoestratos definidospelotamanhodapopulac¸ão(menosde5.000 habi-tantes,5.001-10.000,10.001-50.000,50.001-100.000emais de100.000). Todasascapitaisdosestados foramincluídas antes do processo de selec¸ão aleatória e, portanto, não foram incluídas nesse processo. Após a selec¸ão aleatória decidades,bairrosefamíliastambémforamselecionados aleatoriamente.Ataxaderespostaparaafaixadosjovens de15-19anosfoide84,5%, oqueresultou nainclusãode 16.833 adolescentes na pesquisa.15 Dentistas, que foram

treinadosecalibrados(k≥0,61),deacordocomoscritérios

estabelecidos pela OMS em 1997, fizeram entrevistas e examesem casa.14Opresenteestudoébaseadoem dados

dessaamostradeadolescentesentre15e19anos.

A variável dependente, a necessidade de tratamento ortodôntico(NTO), foi construídacom base no DAIe tem quatroresultadospossíveis:afaltadenormalidadeoumás

Tabela1 Análisedescritivadosbrasileirosde15-19anos

(2002-2003)deacordocomasvariáveisdemográficas

n %

Gênero

Masculino 7.015 41,7

Feminino 9.818 58,3

Idade

15-16 8.115 48,2

17-19 8.718 51,8

Cordapeleautodeclarada

Branca 7.071 42,1

Nãobranca 9.725 57,9

Localderesidência

Rural 2.244 13,3

Urbana 14.569 86,7

Região

Sudeste 2.981 17,7

Norte 3.877 23,0

Nordeste 3.998 23,8

Sul 3.841 22,8

CentroOeste 2.136 12,7

oclusões leves/sem necessidade de tratamento ortodôn-tico(DAI<25),máoclusãodefinida/NTOeletiva(DAI=26-30), máoclusãosevera/NTOaltamentedesejável(DAI=31-35)e má oclusão muito severa ou incapacitante/NTO essencial (DAI>36).10 Deacordocom osresultados possíveisdoDAI,

essapontuac¸ãonuméricafoiclassificadaemduascategorias paraavariáveldependentedesteestudo:semNTO(DAI<25) eNTO(DAI>25).11

As variáveis independentes testadas foram: caracterís-ticassociodemográficas(sexo,idade,etniaautodeclarada, local de residência, região) e as condic¸ões subjetivas (autopercepc¸ãodanecessidadedetratamento,saúdeoral, aparência,percepc¸ãodamastigac¸ão,efeitodasaúdebucal emrelacionamentos).Avariávelsexo(masculino,feminino) foimantidaemsuaformaoriginalapartirdobancodedados original,aidadefoireclassificadaemdoisgrupos(15-16anos e17-19anos),acorautodeclaradadapelefoireclassificada nascategoriasbrancosenãobrancos.Olocalderesidência (urbana ourural) e asregiões doBrasil (Norte,Nordeste, Sul,Sudeste, Centro-Oeste)forammantidos na suaforma original.

(4)

Tabela2 Análisedescritivadosbrasileirosde15-19anos

(2002-2003)deacordocomvariáveissubjetivas

n %

Autopercepc¸ãodanecessidadedetratamento

Não 3.811 22,9

Sim 12.810 77,1

Autopercepc¸ãodasaúdebucal

Muitoboa/boa 8.408 53,0

Normal 5.673 35,8

Ruim/muitoruim 1.780 11,2

Autopercepc¸ãodaaparência

Muitoboa/boa 9.264 58,4

Normal 4.789 30,2

Ruim/muitoruim 1.815 11,4

Autopercepc¸ãodamastigac¸ão

Muitoboa/boa 12.293 76,4

Normal 2.706 16,8

Ruim/muitoruim 1.091 6,8

Autopercepc¸ãodafala

Muitoboa/boa 13.630 85,7

Normal 1.734 10,9

Ruim/muitoruim 535 3,4

Autopercepc¸ãoderelacionamentos

Nãoafetada 11.871 79,3

Afetada 3.104 20,7

Resoluc¸ãodoConselhoConsultivoNacionaldeSaúde(CNS), n◦ 196/95,n581/2000doMinistériodaSaúdedoBrasil.14

Resultados

A maioria dos 16.833 adolescentes erado sexo feminino, entre17e 19anos,autoidentificadascomobrancas eque vivem em zonas urbanas (tabela 1). Quanto àscondic¸ões subjetivas,a maioria dos adolescentes percebeu a neces-sidade de tratamento e sua saúde bucal como boa ou excelente (tabela2). Houvemaiorprevalênciade apinha-mentodentárioerazõesmolaresanormaisnaavaliac¸ãodos componentesdoDAI.Aprevalênciadenecessidadede tra-tamentoortodônticofoide53,2%(tabela3).

Na análise bivariada, a necessidade de tratamento ortodônticofoiassociadacomasseguintesvariáveis:sexo, cordapele,macrorregiãoeautodeclarac¸ãodenecessidade de tratamento, saúde oral, mastigac¸ão, fala e relaciona-mentocomosoutros(tabela4).

Na análise multivariada, a necessidade de tratamento ortodôntico foi maior entre as mulheres, não brancas, aquelasqueperceberamanecessidadedetratamento odon-tológico e aquelas que percebiam a sua aparência como normal,ruimoumuitoruim.Anecessidadedetratamento ortodôntico foi menor entre osindivíduos que viviam nas regiõesNordesteeCentro-Oesteemcomparac¸ãocomosda regiãoSudesteetambémmenorentreaquelesque perce-biamsuamastigac¸ãocomonormalouasuasaúdebucalcomo ruimoumuitoruim(tabela5).

Tabela 3 Análisedescritivadosbrasileirosde15-19anos

(2002-2003)deacordocomasvariáveisdoDentalAesthetic

Index

n %

Apinhamentodentalnosegmentoanteriordamandíbula

Nenhum 10.042 59,7

Umsegmento 4.189 24,9

Doissegmentos 2.602 15,4

Desalinhamentodamandíbulaanteriorsuperior

<2mm 15.262 91,7

≥2mm 1.384 8,3

Desalinhamentodamandíbulaanteriorinferior

<2mm 16.058 96,2

≥2mm 634 3,8

Overjetmaxilar

<4mm 13.475 82,5

≥4mm 2.857 17,5

Overjetmandibular

<4mm 16.673 99,8

≥4mm 33 0,2

Espac¸amentoanterior

Nenhum 13.237 78,6

Umsegmento 2.564 15,2

Doissegmentos 1.032 6,1

Diastemamedial(gaps)

0mm 14.185 85,6

≥1mm 2.389 14,4

Númerodedentesausentesnomaxilarsuperior

Nenhum 16.002 95,1

Umoumais 831 4,9

Númerodedentesausentesnomaxilarinferior

Nenhum 16.343 97,1

Umoumais 490 2,9

Mordidaabertaanterior

<3mm 16.137 95,9

≥3mm 612 3,6

Razõesmolares

Normal 7.918 47,0

Meiacúspide 5.996 35,6

Cúspidecompleta 2.518 15,0

Necessidadenormativadetratamentoortodôntico

Ausente 7.873 46,8

Presente 8.960 53,2

Discussão

(5)

Tabela4 Análisebivariadados fatoresassociados ànecessidadedetratamentoortodôntico em brasileirosde15-19 anos, 2002-2003

Sim Não RP(IC95%) p

n % n %

Gênero

Masculino 3.819 54,4 3.196 45,6 1

Feminino 5.141 52,4 4.677 47,6 1,01(1,00-1,02) <0,01

Idade

15-16 4.338 53,5 3.777 46,5 1

17-19 4.622 53,0 4.096 47,0 0,99(0,98-1,00) 0,56

Cordapeleautodeclarada

Branca 3.690 52,2 3.381 47,8 1

Nãobranca 5.254 54,0 4.471 46,0 1,01(1,00-1,02) 0,01

Localderesidência

Rural 1.199 53,4 1045 46,6 1

Urbana 7.753 53,2 6816 46,8 1,00(0,98-1,01) 0,84

Região

Sudeste 1.616 54,2 1.365 45,8 1

Norte 2.083 53,7 1.794 46,3 0,99(0,98-1,01) 0,69

Nordeste 2.134 53,4 1.864 46,6 0,99(0,97-1,01) 0,49

Sul 2.068 53,8 1.773 46,2 0,99(0,98-1,01) 0,76

Centro-Oeste 1.059 49,6 1.077 50,4 0,97(0,95-0,98) <0,01

Autopercepc¸ãodanecessidadedetratamento

Não 1.862 48,9 1.949 51,1 1

Sim 6.992 54,6 5.818 45,4 1,03(1,02-1,05) <0,01

Autopercepc¸ãodasaúdebucal

Muitoboa/boa 4.210 50,1 4.198 49,9 1

Normal 3.204 56,5 2.469 43,5 1,04(1,03-1,05) <0,01

Ruim/Muitoruim 1.025 57,6 755 42,4 1,05(1,03-1,06) <0,01

Autopercepc¸ãodaaparência

Muitoboa/boa 4.473 48,3 4.791 51,7 1

Normal 2.791 58,3 1.998 41,7 1,06(1,05-1,07) <0,01

Ruim/Muitoruim 1.184 65,2 631 34,8 1,11(1,09-1,13) <0,01

Autopercepc¸ãodamastigac¸ão

Muitoboa/boa 6.445 52,4 5.848 47,6 1

Normal 1.474 54,5 1.232 45,5 1,01(1,00-1,02) 0,05

Ruim/Muitoruim 639 58,6 452 41,4 1,04(1,02-1,06) <0,01

Autopercepc¸ãodafala

Muitoboa/boa 7.170 52,6 6.460 47,4 1

Normal 978 56,4 756 43,6 1,02(1,00-1,04) <0,01

Ruim/Muitoruim 318 59,4 217 40,6 1,04(1,01-1,07) <0,01

Autopercepc¸ãoderelacionamentos

Nãoafetados 6.177 52,0 5.694 48,0 1

Afetados 1.804 58,1 1.300 41,9 1,04(1,02-1,05) <0,01

RP(IC95%),razãodeprevalência(intervalodeconfianc¸ade95%).

vulneráveis porque já não se beneficiam dos cuidados e da atenc¸ão dados às crianc¸as e também não são benefi-ciados pela maturidade da idade adulta.16 A prevalência

de má oclusão que requer tratamento varia depaís para país.

Aprevalênciaentreadolescentesbrasileirosfoialgo simi-lar à de 53,15% em escolares mexicanos (12-18 anos) na cidade de Puebla.17 No entanto, é maior do que a alta

necessidadedetratamentoortodônticorelatadaemoutros países,comoÍndia(20-43%)18,19eNigéria(40,7%).20Quando

comparadascomastaxasidentificadasemalgumascidades brasileiras,osvaloresobservadosnopresenteestudoforam maioresdoqueosregistradosnacidadedeTubarão(SC,Sul doBrasil)(45,6%)12emaisbaixosdoqueosidentificadosem

Belo Horizonte (MG, Sudeste doBrasil) (62%).11 Ambos os

(6)

Tabela5 Análisemultivariadadosfatoresassociadoscom

anecessidadedetratamentoortodônticoembrasileiroscom

idadede15-19anos,2002-2003

RP(IC95%) pvalor

Sexo

Masculino 1

Feminino 1,01(1,00-1,02) 0,01

Cordapeleautodeclarada

Branca 1

Nãobranca 1,01(1,00-1,02) 0,01

Região

Sudeste 1

Norte 0,99(0,97-1,00) 0,33

Nordeste 0,98(0,96-1,00) 0,05

Sul 1,01(0,99-1,02) 0,21

Autopercepc¸ãodanecessidadedetratamento

Não 1

Sim 1,02(1,01-1,03) <0,01

Autopercepc¸ãodasaúdebucal

Muitoboa/boa 1

Normal 1,00(0,99-1,01) 0,39

Ruim/muitoruim 0,97(0,95-0,99) 0,03

Autopercepc¸ãodaaparência

Muitoboa/boa 1

Normal 1,06(1,05-1,08) <0,01

Ruim/muitoruim 1,12(1,10-1,14) <0,01

Autopercepc¸ãodamastigac¸ão

Muitoboa/boa 1

Normal 0,98(0.96-0.99) 0,02

Ruim/muitoruim 0,99(0.97-1,01) 0,73

RP(IC95%), razão de prevalência (intervalode confianc¸ade 95%).

A necessidadedetratamento ortodôntico foiassociada ao sexo dos adolescentes, à cor da pele, à região brasi-leira, à autopercepc¸ão danecessidade de tratamento, às condic¸ões de saúde bucal, à aparência e à mastigac¸ão. Os resultados desse projeto (Saúde Bucal Brasil --- 2002-2003)15 foramusadosparao lanc¸amento doProjetoBrasil Sorrindo em 2004. Centros públicos de saúde bucal para especialidadesodontológicas(CEOs)foramabertoscom,no mínimo, especialistas em diagnóstico bucal (com ênfase no câncer bucal), pequenas cirurgias orais dos tecidos moles e duros,especialistas em endodontiae tratamento para pacientes com necessidades especiais. A oferta de tratamento ortodôntico gratuito nos CEOs comec¸ou em 2011,após aReunião OrdináriadaComissão Tripartiteem Brasília.21

Aorganizac¸ãoeoacessoaosservic¸osdesaúdepodemser estratificadosemtrêsníveisdistintoseinter-relacionados: cuidadosprimários, secundárioseterciários(base hospita-lar)deatenc¸ão.Naáreadasaúdeoral,oscuidadosprimários compreendemumconjuntodeac¸õesvoltadaspara identifi-car,prevenireresolverosprincipaisproblemasdapopulac¸ão afetada.1 Aatenc¸ãosecundáriaabrange tratamentosmais

avanc¸adosporespecialistasemsaúdebucalemreabilitac¸ão clínicaefuncional.22 Aatenc¸ãoterciáriaemprogramasde

atenc¸ãoàsaúdebucalpúblicadoBrasilincluialguns procedi-mentosdealtocusto,feitosprincipalmenteporprovedores privadosehospitaisuniversitáriospúblicos,esãopagoscom dinheiropúblicoaprec¸ospróximos aovalordemercado.23

Considerandoessaorganizac¸ãodaatenc¸ãointegral,o tra-tamentoortodôntico estádentro darede deatendimento secundário.

Diferenc¸as degênero e fatoresculturaisafetam a pre-valência das más oclusões. A prevalência danecessidade de tratamento ortodôntico foi maior entre os adolescen-tes do sexo feminino, talvez devido ao tamanho menor damandíbulano sexofeminino, o que podelevar à falta deespac¸o adequado para osdentes,24 ou, talvez,porque

as mulheres geralmente estão mais preocupadas com a estética,25,26ouporqueelassãomaispropensasaprocurar

atendimentopreventivo.27 As diferenc¸as socioeconômicas,

culturaisecomportamentaisentregruposétnicoseregiões tambémpodemserresponsáveisporalgumasdas desigual-dadesnanecessidadedetratamentoortodônticoentreesses grupos.26

Damesmaforma,diversosfatoressocioculturaise psico-lógicospodeminfluenciaraautopercepc¸ãodanecessidade de tratamento ortodôntico. Os adolescentes que procu-ramtratamento ortodônticopodemestarpreocupados em melhorar sua aparência e aceitac¸ão social, uma vez que aspessoas com máoclusão podemsentir-se tímidas, per-deroportunidadesdeempregoesentirpenadesimesmas, devido à aparência comprometida de seus dentes. Dife-rentes tipos de má oclusão podem produzir mudanc¸as não apenas na aceitabilidade estética da aparência, mas na funcionalidade e qualidade de vida em termos de mastigac¸ão, deglutic¸ão, respirac¸ão, sorriso e fala, bem como experiências de dor e problemas na articulac¸ão temporomandibular.27 Nesteestudo houveumamaior

pre-valênciadanecessidadedetratamento entreaquelesque percebiamsuasaúdebucalcomoruimoumuitoruimeentre aquelesquepercebiamsuamastigac¸ãocomonormal.

Embora as estratégias de saúde bucal desenvolvidas peloSUS tenhamtrazido resultados positivos para muitos brasileiros,asdesigualdadescombaseemfatores sociode-mográficos persistem.1 Portanto, o sistema público ainda

tem de cumprir as suas metas de prestac¸ão de cuidados equitativos,universaise inclusivosparaatenderàs neces-sidades de saúde bucal de todos os cidadãos brasileiros. Paramelhoratenderaosprincípiosfundamentaisdosistema desaúde pública, como a universalidade, integralidade e equidadecomrelac¸ãoàsaúdeorale,consequentemente,à saúdegeral,oacessoaotratamentoortodônticonosetordos cuidadosdesaúdepúblicaprecisaserexpandidodeforma contínuanoBrasil.

Asestimativasdascondic¸õesdesaúdebucaldapopulac¸ão brasileira produzida por este projeto foram discutidas na literatura,masosdadoscompletosdapesquisa nãoforam publicados.28,29 Os dados usados foram gerados mais

(7)

necessidades ortodônticas em adolescentes é um desafio paraasmetasdosistemadesaúdepúblicadoBrasil.

Financiamento

Oestudonãorecebeufinanciamento.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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