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SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO Revista de Adultos da EBD

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SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO – Revista de Adultos da EBD

Pesquisa e produção: Pr. Isaque C. Soeiro 1 Revisão orto-gramatical: Pr. Mário Saraiva 2 RESUMO

O presente texto serve de apoio aos Educadores da Escola Bíblica Dominical, especialmente aos que ministram a Revista de Adultos do 3º Trimestre de 2021 (CPAD), intitulada: “O Plano de Deus para Israel em Meio à Infidelidade da Nação: as correções e os ensinamentos divinos no período dos reis de Israel”, cujo conteúdo foi desenvolvido pelo pastor-teólogo Claiton Ivan Pommerening.

Este breve subsídio de apoio à Lição 04, “Elias e os Profetas de Aserá e Baal”, apresenta um estudo bíblico sobre o confronto entre o profeta Elias e os profetas de Baal e Aserá, conforme a narrativa de 1 Reis 18.1-40. Por meio desse conteúdo, busca-se: apresentar um quadro panorâmico da idolatria institucionalizada por Jezabel no reino do Norte; ressaltar as principais características e atitudes simbólicas do confronto no monte Carmelo; e, propor uma linha de aplicação à vida cristã baseada na necessidade de discernimento contra o perigo da idolatria.

INTRODUÇÃO

O profeta Elias apareceu abruptamente na corte do rei Acabe e decretou o juízo divino que suspendeu a chuva e instaurou a seca em todo o território do reino de Israel. Três anos depois, o profeta Elias reapareceu em público. Agora, para anunciar que a chuva voltaria; contudo, antes da bênção divina da chuva, era necessário que os israelitas e os profetas de Baal e Aserá fossem confrontados por causa da sua apostasia, os israelitas fossem restaurados ao culto verdadeiro ao Único Deus e os profetas de Baal e Aserá fossem mortos para eliminar toda influência idólatra.

O presente texto, conforme 1 Reis 18, tratará sobre o confronto decisivo do profeta Elias contra os profetas de Baal e Aserá e o impacto positivo do ministério profético entre os israelitas. O texto foi dividido em dois tópicos. O primeiro tópico aborda acerca da forma da idolatria que Jezabel institucionalizou no reino de Israel; o segundo tópico apresenta aspectos do confronto de Elias contra os profetas de Baal e Aserá; e, na conclusão, é proposta uma linha de aplicação à vida cristã que ressalta a necessidade de discernimento contra o perigo da idolatria.

Bons estudos! 1. A FORMA DA APOSTASIA NO REINO DE ISRAEL.

A idolatria sempre foi uma tentação constante para os israelitas no Antigo Testamento, apesar das sérias advertências da Lei. A idolatria manifestava-se de diversas formas, voltadas para vários falsos deuses. E,

1 Pr. Isaque C. Soeiro, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus na cidade de Satubinha (MA). Graduações em: Bacharel em

Administração (UNITINS-TO), Bacharel em Teologia (FATEH-MA). Pós-graduações em: Especialização em Gestão Educacional (UNISEB-COC), Especialização em Ciência das Religiões (ILUSES/FATEH-MA), Mestrando em Ciência das Religiões (ILUSES/LUSÓFONA) e Mestrando em Teologia (FAETAD). Diretor do Instituto Pentecostal de Educação Cristã – IPEC. Membro do conselho de educação e cultura da CEADEMA. E-mail: ic.soeiro.ic@gmail.com.

2 Pr. Mário Saraiva, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Buriticupu (MA). Graduações em: Licenciatura em Letras, com

habilitação em Português, Inglês e suas respectivas literaturas (Universidade Estadual do Maranhão – UEMA). Pós- graduações em: Especialista em Teologia (Universidade Estácio de Sá – UNESA), Pós-Graduando em Exegese Bíblica (Centro de Estudos Bet-Hakam) e Mestrando em Ciências Teológicas (Universidade de Desenvolvimento Sustentável – UDS, Assunção, Paraguai). E-mail: pr.mariosaraiva@gmail.com.

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2 no rastro da idolatria, eram praticadas iniquidades: imagens de esculturas/ídolos, relações sexuais ilícitas, sacrifícios humanos, violência, adivinhações, feitiçarias etc.

No reino de Israel, o rei Acabe tornou oficial a idolatria a Baal e Aserá (além dos dois bezerros de ouro feitos pelo rei Jeroboão). O verdadeiro culto ao Único Deus foi oficialmente substituído pela idolatria a Baal e Aserá. Foi instaurado um estado de apostasia, sob a manutenção do reino. Neste cenário, Deus levantou o profeta Elias, para decretar juízos, denunciar o pecado e conclamar ao arrependimento e retorno ao verdadeiro culto a Yahweh, Deus de Israel.

O profeta Elias teve que combater um estado de apostasia, com particularidades na idolatria praticada. Os tópicos abaixo buscam responder às seguintes perguntas: Que tipo de idolatria Jezabel promoveu no

reino de Israel? E, que tipo de idolatria o profeta Elias teve que enfrentar? 1.1 - A MANTENEDORA DA IDOLATRIA EM ISRAEL: Jezabel.

O estado de apostasia foi promovido e mantido por Jezabel, esposa do rei Acabe. O autor bíblico dos livros dos Reis fez uso depreciativo do nome “Jezabel”. Originalmente, seu nome significa “onde está o príncipe Baal” ou “o príncipe Baal existe”, mas o autor bíblico usou o nome Jezabel, dando o significado de “não há nobreza”3. Desse modo, o escritor bíblico usou o nome Jezabel “para mostrar seu desprezo por sua

ação e religião. Desta maneira, caracterizou a rainha como inteiramente perversa”4.

A rainha Jezabel exerceu uma influência maléfica sobre o rei Acabe e todo o reino, e se tornou a mantenedora da idolatria em Israel. Para tanto,

1.1.1 - Jezabel suplantou o verdadeiro culto ao Deus de Israel.

Jezabel perseguiu os verdadeiros profetas do Senhor e matou outros (1 Rs 18.4). Ela tornou a estrutura do reino de Israel nociva à fé no Deus de Israel. “O alvo de Jezabel era entronizar Baal como o rei e deus nacional de Israel no lugar de Yahweh”5.

1.1.2 – Jezabel institucionalizou o culto idólatra a Baal e Aserá.

Jezabel usou o poder estatal para estruturar a religião idólatra a Baal e Aserá: organizou classes sacerdotais para cada falso deus (1 Rs 18.19), sustentou os sacerdotes de Baal e Aserá (1 Rs 18.19), construiu templos na capital Samaria para Baal (1 Rs 16.32) e promoveu a construção de altares nos lugares altos e poste-ídolos (1 Rs 16.33).

John Walton, comentando 1 Reis 18.19, observa: “é interessante notar que é a mesa de Jezabel, e não a de Acabe, que serve aos profetas de Baal e de Aserá. Esse dado sugere que ela tinha os próprios recursos e salões de refeições e que era ela a protetora e benfeitora desses profetas”6.

A influência maligna de Jezabel tomou oportunidade no poder estatal para suplantar o culto ao verdadeiro Deus e promover uma ampla estrutura religiosa de adoração aos deuses Baal e Aserá.

1.2 - OS DEUSES DA IDOLATRIA EM ISRAEL: Baal e Aserá.

3 GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo, SP: Editora Vida, 2005, p.346. 4 GARDNER, idem.

5 WALTON, John H.; MATTHEWS, Victor H.; CHAVALAS, Mark W. Comentário histórico-cultural da Bíblia: Antigo Testamento. São Paulo, SP:

Vida Nova, 2018, p.490.

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3 Jezabel incluiu os falsos deuses Baal e Aserá no reino de Israel em substituição a Yahweh – o Verdadeiro Deus dos patriarcas e de Israel. Deste modo, os israelitas incorreram no grave pecado da idolatria institucionalizada, pois adotaram outros deuses em detrimento do Único Deus de Israel e se prostaram diante de imagens de esculturas (Êx 20.3-4; Dt 4.15-20).

Jezabel centralizou os deuses Baal e Aserá, cujas formas de adoração eram altamente sedutoras, e representou uma tentação contínua para os israelitas. Esses deuses foram o centro do estado de apostasia que Jezabel promoveu e o profeta Elias combateu. O quadro abaixo apresenta as principais informações sobre essas duas divindades.

BAAL ASERÁ

O Significado do Nome

O nome “Baal” significa “dono, senhor, marido”, um deus canaanita; geralmente, esse deus era considerado como um “deus local”, como Baal-Peor, Baal-Gade, Baal-Hermon, entre outras.

O Significado do Nome

O nome “Aserá” significa “bosque, árvore” (Dt 16.21-222 Cr 15.16; 24.18; Is 17.8; 27.9). Essa deusa era uma um poste/árvore trabalhado para a adoração. Assim, os bosques e árvores estavam associados tanto ao nome desta deusa como o objeto de culto.

A Concepção da Divindade

O deus Baal figurou como o principal deus entre os deuses canaanitas e fenícios. Era considerado como o detentor da chuva, trovões e relâmpagos. Quando a chuva caia sobre a terra, isso era considerado como uma “relação sexual” entre os deuses Baal e Aserá, donde derivava a produção agropecuária, bem como o nascimento e a morte dos homens. A relação entre Baal e Aserá garantiria a fertilidade das plantações, dos rebanhos e do homem.

A Concepção da Divindade

A deusa Aserá era considerada a figura da terra que recebe a chuva (ação de Baal) pela qual ocorre a produção agrícola. Dessa relação da terra (Aserá), recebendo a vida procedendo da chuva (Baal), “forma-se [...] a vida que se manifesta nos frutos colhidos de tempos em tempos”7.

A Forma de Escultura

Baal era representado por esculturas; geralmente, nessas estátuas, Baal é retratado com um elmo de bronze, no qual tem chifres de touro (símbolo de força e fertilidade); em uma das mãos, segura uma clava e, na outra mão, segura um raio; e em posição como se estivesse brandindo raios e relâmpagos8.

A Forma de Escultura

A deusa Aserá (ou Astarte) era representada por uma imagem esculpida em uma árvore, pelo que na Bíblia se diz “poste da deusa Aserá” (2 Cr 15.16). O pastor-teólogo Esdras Bentho explica que “os

aserim (plural de aserá) eram árvores ou postes,

pilares, estátuas ou obeliscos na forma de árvores erigidas como objetos sexuais ou lugares altos para a devoção”9.

A Forma de Culto

Os templos e altares de Baal eram construídos no alto dos montes (“lugares altos”) e geralmente sob

A Forma de Culto

7 BENTHO, Esdras Costa. A família no Antigo Testamento: história e sociologia. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2006, p.208.

8 CUNDALL, A. E. Baal. In.: TENNEY, Merrill c. Enciclopédia da Bíblia cultura cristã: vol. 1: A – C. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2008, p.648

(p.647-649).

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4 árvores ou sobre o teto de uma casa. Os cultos

eram regados com imoralidades sexuais, sacrifícios humanos, violência física, embriagues, transes por meio de alucinógenos10.

Aserá estava associada a Baal e ambos eram considerados os deuses provedores da vida, bem como da morte.

2. O MINISTÉRIO PROFÉTICO DE ELIAS E O CONFRONTO CONTRA A APOSTASIA.

No reino de Israel (Norte), o verdadeiro culto ao Único Deus foi oficialmente substituído pela idolatria a Baal e Aserá. Foi instaurado um estado de apostasia, sob a manutenção do reino e influência de Jezabel. Nesse cenário, Elias apareceu com a declaração de juízo que suspendeu a chuva e ocasionou a seca com suas mazelas (1 Rs 17.1). No terceiro ano desse juízo, Elias foi comissionado por Deus para confrontar a falsa religião de Baal e Aserá, manifestar que somente Yahweh é o Deus de Israel, conclamar a restauração do verdadeiro culto a Deus e orar para que a chuva caísse novamente (1 Rs 18.1,19).

O principal fator é que, antes de orar pela restauração da chuva, era necessário tratar da condição moral-espiritual dos israelitas. A restauração da vida moral-espiritual dos israelitas era a necessidade mais urgente e fundamental. Mattew Henry comenta:

Acabe e o povo esperavam que Elias, nessa solene assembleia, abençoasse a terra, e orasse por chuva; mas ele tinha outra tarefa a fazer primeiro. O povo devia ser levado ao arrependimento e à reforma e só então eles podiam esperar a anulação do castigo, mas não antes disso. Este é o método correto. Deus primeiro confortará o seu coração, depois os seus ouvidos estarão abertos para eles; primeiro fará que retornemos para Ele, depois, Ele tornará para nós (Sl 10.17; 80.3).11

O profeta Elias convocou um encontro no monte Carmelo com todos os israelitas e os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas da deusa Aserá. Esse era um encontro decisivo de confronto entre os falsos deuses e o Deus Verdadeiro, entre a falsa religião e a verdadeira fé em Deus segundo a Lei, entre os falsos profetas e o verdadeiro profeta.

2.1 - A FORMA DO CONFRONTO CONTRA A APOSTASIA.

O profeta Elias definiu os termos do confronto público e solene contra o estado de apostasia. Ele definiu o público, o lugar, o propósito e o tipo de desafio que seria realizado.

2.1.1 - O público do confronto: todos os israelitas e os falsos profetas (1 Rs 18.19).

O profeta Elias convocou todos os israelitas e os profetas de Baal e Aserá. No mesmo lugar, ajuntou os adoradores e os profetas dos deuses, os sedutores e os seduzidos pelos cultos idólatras. Com isso, o profeta Elias mostraria a futilidade de Baal e a falsidade dos profetas de Baal, enquanto ficaria evidente que somente Yahweh é Deus.

2.1.2 - O lugar do confronto: monte Carmelo (1 Rs 18.19-20).

O profeta Elias escolheu estrategicamente o monte Carmelo como lugar do confronto. O monte Carmelo é uma cadeia de montanhas de cerca de 40 quilômetros, que se estende desde o litoral do

10 BENTHO, Esdras Costa. Ib., p.208.

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5 Mar Mediterrâneo para o interior do território, na divisa que ficava entre Tiro e o território de Israel12. O local do confronto foi próximo ao mar (v.43).

O monte Carmelo era considerado um lugar sagrado13 e, segundo observa Eugene Merrill, o monte

Carmelo era o mais famoso centro de adoração a Baal14. Desse modo, o profeta Elias levou o

confronto para dentro do espaço de culto a Baal, estava dando a vantagem aos profetas de Baal de buscarem o deus deles no seu próprio território. Levou o confronto para dentro da casa do adversário.

2.1.3 - A forma do confronto: o fogo divino sobre o sacrifício (1 Rs 18.22-24).

O profeta Elias, diante de todos os israelitas, propôs aos profetas de Baal um desafio para mostrar quem era o verdadeiro Deus. As palavras de Elias foram: “E há de ser que o deus que responder com

fogo esse é que é Deus. E todo o povo respondeu: É uma boa proposta!” (v.24).

Elias colocou um teste no qual a verdadeira divindade providenciaria seu próprio fogo para queimar seu altar e sacrifício. Esse teste do fogo era bastante significativo tanto em relação a Baal como em relação ao Único Deus de Israel. Neste embate no monte Carmelo, os seguintes aspectos tinham grande significado acerca do fogo15:

A. O fogo é um indício da presença de Deus. O fogo era um elemento associado às manifestações de Deus no Antigo Testamento (teofanias); desse modo, o fogo seria uma forma de autorrevelação da verdadeira divindade. Elias estava preparando o cenário para a manifestação visível de Yahweh diante do seu povo.

B. O fogo estava relacionado a Baal. Baal era considerado o deus do relâmpago e senhor do fogo. Elias propôs um teste diretamente relacionado ao poder atribuído a Baal; era uma prova muito fácil para os adoradores de Baal, que era considerado o senhor do fogo. Desta maneira, Elias estava preparando o público para reconhecer que o Deus de Israel (Yahweh) era quem de fato dominava sobre todas as coisas e elementos naturais, incluindo o fogo.

C. O fogo representa a aceitação do sacrifício. Elias propôs um sacrifício de oferta queimada, geralmente associado a uma petição. John Walton16 defende que este sacrifício queimado

estava associado como um pedido pelo fim do período de seca; logo, quando a chuva voltasse, poderia ocorrer um mal-entendido por parte do povo e dos profetas de Baal – eles poderiam atribuir a volta da chuva com a operação de Baal. Portanto, deveria ficar claro que a chuva voltaria pelo poder exclusivo do Deus de Israel.

2.1.4 - O propósito do confronto: mostrar que somente Yahweh é Deus.

O profeta Elias tinha o claro propósito de atingir o cerne da apostasia, desafiando os promotores da idolatria e os israelitas devotos da idolatria a Baal e Aserá. Desta maneira,

A. Em relação aos proponentes da falsa religião, Elias propôs desmascarar a futilidade do falso deus Baal. Seu desafio de fogo demonstraria a inexistência de Baal, descreditaria os falsos

12 WALTON, John H.; MATTHEWS, Victor H.; CHAVALAS, Mark W. Ibidem, p.490. 13 WALTON, John H.; MATTHEWS, Victor H.; CHAVALAS, Mark W. Ibidem, p.490.

14 MERRILL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: o reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6ª ed. Rio de

Janeiro, RJ: CPAD, 2007, p.367.

15 WALTON, John H.; MATTHEWS, Victor H.; CHAVALAS, Mark W. Ibidem, p.491. 16 WALTON, Ibidem, p.491.

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6 profetas de Baal e Aserá e demonstraria a ilusão da religião que os israelitas estavam praticando.

Toda a falsidade e inutilidade do culto a Baal seria demonstrada pelo desafio do fogo. E, para tal, a proposta de Elias foi acolhida pelos israelitas com grande expectativa: “e todo o povo

respondeu: É uma boa proposta!” (v.24).

B. Em relação aos devotos da falsa religião, Elias propôs mostrar a condição moral-espiritual diante do verdadeiro Deus de Israel, deixando evidente que somente Yahweh é o Único Deus e Senhor de Israel. Elias declarou a todos os israelitas: “até quando vocês vão oscilar entre duas

opiniões? Se o Senhor é Deus, sigam-no; mas, se Baal é Deus, sigam-no" (v.21/NVI).

Elias descreveu os israelitas como “oscilando entre dois caminhos”. A palavra traduzida por “coxeareis” (ARC) e “oscilar” (NVI, NVT) é, no hebraico, pāsaḥ, que descreve uma pessoa aleijada e manca, que anda de modo defeituoso e trôpego. A condição de Israel era de deformidade espiritual, estava andando de modo trôpego, oscilando entre dois caminhos. Diante dessa condição, o profeta Elias propõe uma ordem intransigente: ou servir a Yahweh, Deus de Israel, ou a Baal.

Esse confronto mostra que o problema de Israel era o henoteísmo e sincretismo. O henoteísmo é a prática religiosa que reconhece vários deuses e tenta associar a devoção a dois ou mais deuses. Os israelitas estavam praticando uma religiosidade sincretista que tentava adorar Yahweh, o Único Deus Verdadeiro, e, ao mesmo tempo, cultuavam a Baal e Aserá. “Elias não acusou o povo de apostasia ostensiva, mas de hesitar entre duas opiniões. Isso sugere que vinham tentando adorar tanto Baal quanto Javé, com o intuito de obter o máximo de vantagens dos dois!”17. Elias exigiu uma resposta definitiva: ou o Senhor, ou Baal.

2.2 - O RESULTADO DO CONFRONTO CONTRA A APOSTASIA.

O profeta Elias tomou atitudes simbólicas, com grande significado, para o confronto com a falsa religião e com os profetas de Baal e Aserá. As principais atitudes:

2.2.1 - As atitudes em relação aos profetas de Baal (v.26-29).

O profeta Elias assumiu a atitude de confronto e desmerecimento dos profetas de Baal e do próprio deus Baal. Quanto aos profetas de Baal, o profeta Elias zombou sobre o fracasso deles, eram profetas que não conseguiam atrair a manifestação visível do seu deus. E, quanto ao próprio falso

deus Baal, Elias zombou, atribuindo a Baal ações humanas como meditando, ocupado, viajando ou

dormindo; Baal foi “humanizado” e sua inexistência reforçada.

2.2.2 - As atitudes em relação ao sacrifício a Deus Yahweh (v.30-40).

O profeta Elias chamou os israelitas para próximo do sacrífico oferecido ao Único Deus, diante dos quais tomou as seguintes atitudes:

A. Restaurou o altar do Senhor (v.30-32). Ao que indica na narrativa bíblica, já existia um altar que anteriormente tinha sido usado para sacrifícios ao Deus de Israel e que havia sido destruído

17 MARTIN, Charles G. 1 e 2 Reis. In: BRUCE, F. F. (org.). Comentário bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. São Paulo, SP: Editora Vida, 2008,

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7 pelos adeptos do culto a Baal. Nessa restauração, Elias pegou doze pedras, representando as doze tribos de Israel. O altar em ruínas foi restaurado, indicando que o verdadeiro culto a Deus deve ser restaurado antes da presença de Deus se manifestar. A presença de Deus não vem sobre altar em ruínas, mas em altares restaurados e em ordem.

B. Organizou o sacrifício sobre o altar para receber o fogo de Deus (v.32-35). O altar restaurado recebeu o sacrifício para uma oferta queimada. Além disso, Elias derramou muita água sobre o altar e a oferta até que “água corria ao redor do altar e encheu a valeta” (v.35). O altar, a lenha e a oferta estavam encharcadas de água para ressaltar a força do fogo que viria de Deus. C. Orou ao Deus de Israel (v.36-37). A oração de Elias tornou público que o Deus dos patriarcas era

o Único Deus Verdadeiro, era o Deus de Israel e que todas suas palavras e ações proféticas foram conforme a vontade de Deus. E, para comprovar seu ministério profético, Elias rogou por fogo como meio de provar que somente Yahweh é o Deus de Israel.

Sua oração mostra ainda mais sua fé suprema nesse momento crucial da história de Israel [...]. A oração também mostra as prioridades de Elias: sua petição de que seria confirmado como servo de Javé é emoldurada por duas petições para que Javé fosse reconhecido como o verdadeiro Deus de Israel18.

2.2.3 - O fogo de Deus e o reconhecimento dos israelitas (v.38-40).

Deus respondeu a oração de Elias de modo imediato e impressionante: Deus enviou fogo que consumiu não somente o sacrifício, mas tudo que estava no altar e até mesmo a água que estava na valeta. O que o falso deus Baal não fez, o Deus de Israel fez! O que os profetas de Baal não conseguiram com todo tipo de clamor, o profeta Elias conseguiu por meio de uma só oração. “Baal, o suposto deus do trovão, do raio e da fertilidade, teve de retirar-se em total humilhação diante de Yahweh, o único e verdadeiro Deus, que provou ser a única fonte de vida e bênçãos”19.

Diante das atitudes do profeta Elias e da resposta de Deus no fogo, todos os israelitas reconheceram que somente Yahweh é o Único Deus verdadeiro e Senhor de Israel: “Quando o povo viu isso, todos

se prostraram com o rosto no chão e gritaram: ‘O Senhor é Deus! Sim, o Senhor é Deus!’” (v.39).

Houve um despertamento espiritual para o verdadeiro culto ao Único Deus. “A expressão hebraica (lit. “ele é o Deus”) o proclamou como absolutamente único Deus”20.

2.2.4 - A morte dos profetas de Baal (v.38-40).

Baal foi desclassificado como uma ilusão e os profetas de Baal foram desmascarados como promotores de uma religião falsa e mentirosa. Diante disso, o profeta Elias resolveu matar todos os profetas de Baal, para prevenir o povo de Israel da influência enganosa e sedutora dos profetas de Baal e os atrativos que os cultos a Baal e Aserá representavam para os israelitas. Uma vez reconhecido que somente Yahweh é o Deus de Israel, também era necessário destruir toda a influência maligna.

CONCLUSÃO

Diante do exposto sobre a condição espiritual do reino de Israel e do confronto do profeta Elias com os profetas de Baal e Aserá, é importante refletir sobre o perigo da idolatria.

18 MARTIN, Charles G. Ibidem, p.548. 19 MERRILL, Eugene H. Ibidem, p.367. 20 Idem, p.548.

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8 No Antigo Testamento, a idolatria estava associada a imagens de esculturas, objetos físicos ou elementos da natureza (Êx 20.3-4; Lv 19.4; Sl 115.4-8; Rm 1.22-23). E, no Novo Testamento, a idolatria envolve o âmbito íntimo do homem. Logo, a idolatria não se limita a cultuar imagens de esculturas ou os chamados “santos” do Catolicismo Romano. Além disso, a idolatria ocorre todas as vezes que algo ocupa o lugar de Deus e todas as vezes que o cristão dá a algo/alguém aquilo que era devido somente a Deus (Is 42.8); e, o ídolo é tudo aquilo que domina o coração e tudo aquilo que o ocupa o lugar que é devido somente a Deus (Cl 3.5; 1 Jo 5.20-21).

O cristão precisa reconhecer que a idolatria continua sendo um perigo na caminhada cristã e pode se manifestar de diversas formas. Por isso, assim como Elias e os sete mil israelitas que permaneceram fiéis a Deus, no meio da idolatria generalizada, também cada cristão precisa permanecer fiel a Deus em Cristo, com discernimento, para que não caia nos laços da idolatria (1 Rs 19.18).

Diante desse quadro, o cristão precisa ter discernimento e zelo para:

1. Evitar os laços sutis da idolatria na adoração dividida. A luta da maioria dos cristãos contra a idolatria é a adoração dividida. Por isso, o Senhor Jesus deixou claro: “Ninguém pode servir a dois

senhores; porque ou irá odiar um e amar o outro, ou irá se dedicar a um e desprezar o outro” (Mt

6.24). O cristão corre o risco de fazer como os israelitas, que tentaram conciliar uma adoração dividida a Deus e a Baal. Quando o cristão tenta adorar a Deus e, ao mesmo tempo, dar a outro aquilo que era exclusivo a Deus, então ele cai em idolatria.

Nenhum cristão quer deixar de ter comunhão com Deus; mas, muitos cristãos querem servir a Deus e a algo mais. Querem dividir suas vidas entre dois senhores: Deus e o trabalho, Deus e a posição social, Deus e as riquezas, Deus e os estudos, entre outros. A adoração dividida é idolatria.

2. Centralizar Deus na vida. O Senhor Jesus disse: “mas busquem em primeiro lugar o Reino de Deus

e a sua justiça” (Mt 6.33). Jesus veio revelar e dar a conhecer Deus Pai, que deve ocupar o centro

da vida dos seus servos. O conhecimento de Deus é para a nossa comunhão e relacionamento com Ele.

Para conhecer mais e ter mais comunhão com Deus, é preciso estar advertido das ordens de prevenção contra a idolatria: “Por isso, meus amados irmãos, fujam da idolatria” (1 Co 10.14) e “Filhinhos, afastem-se dos ídolos” (1 Jo 5.21).

APOIO:

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