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A influência das sondagens na intenção de voto: uma análise da eleição de Marcelo rebelo de Sousa

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II

DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos.

Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade do Minho.

Licença concedida aos utilizadores deste trabalho

Atribuição CC BY

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III

AGRADECIMENTOS

Deixo, em primeiro lugar, uma palavra de agradecimento à Professora Helena Sousa, pelo empenho e dedicação constantes no acompanhamento e orientação deste trabalho.

Aos entrevistados (Luís Marques Mendes, Laura Magalhães, Ricardo Gonçalves, Joaquim Gomes, Custódio Oliveira, Ricardo Patrício e ao Diretor Distrital de Campanha de Sampaio da Nóvoa), que contribuíram para esta concretização, dispendendo um pouco do seu tempo, da sua experiência e do seu conhecimento, agradeço reconhecidamente.

Estou grato ao Professor José Afonso Miranda pela amizade que nos une e que, no âmbito deste trabalho, uma vez mais se evidenciou.

Agradeço aos meus pais e à minha irmã o apoio e incentivo em todas as minhas conquistas e realizações. Estou grato a toda a minha família e aos meus amigos.

Por tudo, agradeço de forma calorosa à Stéphanie e, sobretudo, pela sua presença de todas as horas.

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IV

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.

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V

A Influência das Sondagens na Intenção de Voto - Uma Análise da Eleição de

Marcelo Rebelo de Sousa

RESUMO

Este estudo tem como principal objetivo averiguar a influência das sondagens eleitorais, divulgadas pela comunicação social, na decisão de voto do eleitor face à eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República de Portugal.

Trata-se de um estudo de cariz qualitativo que recorre à entrevista semi-estruturada e à entrevista escrita como instrumentos de recolha de dados, entre agentes/atores políticos, ligados às estruturas de campanha das diferentes candidaturas às eleições presidenciais de 2016, e especialistas e/ou profissionais em comunicação e sondagens.

Os resultados revelam que, apesar de não serem determinantes, as sondagens influenciaram a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República de Portugal, contribuindo para a sua efetiva eleição.

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VI

The influence of Polls on Vote Intent - An Analysis of the Election of

Marcelo Rebelo de Sousa

ABSTRACT

The main objective of this study is to investigate the influence of electoral polls, published by the media, in the voter's voting decision regarding the election of Marcelo Rebelo de Sousa as President of the Republic of Portugal.

This is a qualitative study that uses semi-structured interviews and written interviews as data collection instruments, among political agents / actors, linked to the campaign structures of the different presidential elections of 2016, and specialists and / or communication and polling professionals.

The results show that, although not determinant, the polls influenced the election of Marcelo Rebelo de Sousa as President of the Republic of Portugal, contributing to his effective election.

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VII

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ... II RESUMO ... V ABSTRACT ... VI ÍNDICE ... VII ÍNDICE DE FIGURAS ... X ÍNDICE DE TABELAS ... XI LISTA DE ACRÓNIMOS E SIGLAS ... XIII

INTRODUÇÃO ... 1

1.ª PARTE – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 4

CAPÍTULO I – A COMUNICAÇÃO POLÍTICA E AS SONDAGENS COMO UM DOS SEUS INSTRUMENTOS... 5

1.1. Comunicação Política ... 5

1.1.1. Comunicação Política: Conceito ... 5

1.1.2. A Evolução da Comunicação Política ... 8

1.1.3. Contributos das Principais Abordagens Teóricas de Comunicação Política ... 10

1.2. Sondagens ... 11

1.2.1. Conceito ... 11

1.2.2. Medidas de Precisão das Sondagens ... 14

1.2.3. A Sondagem como Instrumento da Comunicação Política ... 17

CAPÍTULO II – AS SONDAGENS EM PORTUGAL ... 19

2.1. Sondagens em Portugal ... 19

2.1.1. A Evolução das Sondagens e as Perspetivas do Século XXI ... 19

2.1.2. Enquadramento Jurídico ... 22

2.2. As Sondagens e as Eleições Presidenciais... 24

2.2.1. O Presidente da República ... 24

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VIII

3.1. O Sistema Eleitoral Português ... 30

3.1.1. As Intenções de Voto e os Resultados Finais ... 33

4.1. A Tomada de Decisão ... 34

4.2. Comportamento de Voto ... 35

4.3. Comportamento do Eleitor ... 36

4.3.1. Modelo do Comportamento Planeado (Ajzen, 1991) ... 38

CAPÍTULO V – PERCURSO MEDIÁTICO E POLÍTICO DE MARCELO REBELO DE SOUSA ... 39

5.1. Biografia: Uma Breve Abordagem ... 39

5.2. De Senhor Professor e Comentador Político a Senhor Presidente ... 40

2.ª PARTE – ESTUDO EMPÍRICO ... 43

CAPÍTULO VI – METODOLOGIA ... 44

6.1. Pergunta de Investigação e Objetivos do Estudo ... 44

6.2. Método e Tipo de Estudo ... 45

6.3. Perfil dos Entrevistados ... 47

6.4. Instrumento de Recolha de Dados: A Entrevista ... 48

6.4.1. A Entrevista Semi-Estruturada ... 49

6.4.2. A Entrevista Escrita ... 49

6.5. Técnica de Análise de Dados ... 50

CAPÍTULO VII – RESULTADOS ... 52

7.1. Resultados ... 52

7.1.1. Agentes/Atores Políticos ... 52

7.1.1.1. Sondagem como Instrumento de Comunicação Política ... 52

7.1.1.2. A Importância das Sondagens ... 57

7.1.1.3. As Sondagens Referentes à Campanha e Eleição de Marcelo Rebelo de Sousa ... 64

7.1.2. Especialistas em Comunicação/Sondagens ... 67

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IX

7.1.2.2. A Importância das Sondagens ... 72

7.1.2.3. As Sondagens Referentes à Campanha e Eleição de Marcelo Rebelo de Sousa ... 77

7.2. Discussão dos Resultados ... 82

CONCLUSÃO ... 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 89

REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS ... 96

REFERÊNCIAS NORMATIVAS ... 98

ANEXO I – GUIÃO ENTREVISTA DE INVESTIGAÇÃO: ‘A INFLUÊNCIA DAS SONDAGENS NA INTENÇÃO DE VOTO – UMA ANÁLISE DA ELEIÇÃO DE MARCELO REBELO DE SOUSA’ ... 99

ANEXO II – ENTREVISTAS A AGENTES/ ATORES POLÍTICOS ENVOLVIDOS NAS CAMPANHAS PRESIDENCIAIS DE 2016 ... 101

ANEXO III – ENTREVISTAS A PROFISSIONAIS/ ESPECIALISTAS DE COMUNICAÇÃO E SONDAGENS ... 113

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X

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Etapas de Realização da Sondagem ... 13

Figura 2 Medida 3: Erro Médio nos Principais Partidos ... 15

Figura 3 Medida 5: Erro da Diferença entre os Primeiros Partidos/Candidatos ... 16

Figura 4 Medida 6: Erro da Diferença entre os Primeiros Partidos/Candidatos ... 16

Figura 5 Erro do Vencedor ... 16

Figura 6 Erro do Enviesamento ... 16

Figura 7 Evolução da Natureza dos Acontecimentos que Influenciam o Comportamento de Voto ... 36

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XI

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Empresas Portuguesas Pioneiras no Âmbito da Realização de Sondagens Políticas até 1975 ... 21 Tabela 2 - Legislação Portuguesa sobre Sondagens ... 24 Tabela 3 - Vantagens e Desvantagens do Sistema de Voto em Lista Fechada e Bloqueada ... 32 Tabela 4 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos face à Importância das Sondagens enquanto Instrumento de Comunicação Política ... 53 Tabela 5 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos relativamente à Utilidade da Publicação e Divulgação de Sondagens nos Meios de Comunicação ... 55 Tabela 6 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos em relação à Existência, ou não, de Sondagens Não Publicadas ... 56 Tabela 7 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos em relação ao Papel Positivo que as Sondagens Publicadas podem Assumir ... 57 Tabela 8 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos em relação à Confiança dos Eleitores nas Previsões das Sondagens Eleitorais ou nas Previsões/Expectativas do Discurso/Narrativa dos Candidatos ... 60 Tabela 9 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos em relação à Importância das Sondagens Eleitorais como Instrumento Medidor, Influenciador da Opinião Pública, ou Ambos ... 61 Tabela 10 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos face às Sondagens Eleitorais Publicadas enquanto Instrumento que Determina a Definição dos Resultados Eleitorais ... 62 Tabela 11 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos face à Campanha Eleitoral de Marcelo Rebelo de Sousa ... 64 Tabela 12 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos face à Melhor Sondagem ... 66 Tabela 13 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens sobrea Importância das Sondagens enquanto Instrumento de Comunicação Política ... 67 Tabela 14 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens relativamente à Utilidade da Publicação e Divulgação de Sondagens nos Meios de Comunicação ... 69 Tabela 15 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens em relação à Existência, ou não, de Sondagens Não Publicadas ... 71

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XII

Tabela 16 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens em relação ao Papel Positivo que as Sondagens Publicadas podem Assumir ... 73 Tabela 17 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens em relação à Confiança nas Expectativas das Sondagens ou nas Expectativas dos Discursos Políticos... 74 Tabela 18 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens em relação à Importância das Sondagens Eleitorais como Instrumento Medidor, Influenciador da Opinião Pública, ou Ambos... 76 Tabela 19 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens face às Sondagens Eleitorais Publicadas enquanto Instrumento que Determina a Definição dos Resultados Eleitorais ... 77 Tabela 20 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens relativamente à Campanha Eleitoral de Marcelo Rebelo de Sousa ... 78 Tabela 21 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens relativamente à Melhor Sondagem ... 79 Tabela 22 - Ideias dos Especialistas em Comunicação/Sondagens ... 81

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XIII

LISTA DE ACRÓNIMOS E SIGLAS

AR – Assembleia da República CNE – Comissão Nacional de Eleições CRP – Constituição da República Portuguesa CSH – Ciências Sociais e Humanas

DA – Dopamina DL – Decreto-Lei

EUA – Estados Unidos da América

FDUL – Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa NCPP – National Council on Public Polls

PR – Presidente da República PS – Partido Socialista

PRP – Presidência da República Portuguesa PSD – Partido Social Democrático

RTP – Rádio e Televisão Portuguesa TVI – Televisão Independente

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1

INTRODUÇÃO

O voto pode ser encarado como o resultado de uma tentativa de influência do eleitor na área das políticas de governação e o fenómeno da decisão de voto, por sua vez, sugere uma atitude do eleitor, considerando as vantagens e as desvantagens de votar num determinado partido político (ou candidato) em detrimento de outro. Por outro lado, a intenção de voto, que não pode ser confundida ou assumida como um sinónimo da decisão de voto, reflete a motivação para a ação de votar. Contudo, a realização de um comportamento não depende apenas destes fatores, mas também do grau de controlo que o indivíduo tem sobre o seu comportamento, ou seja, se o sujeito tem maior controlo sobre uma situação, pode decidir realizá-la ou não (Moutinho & Roazzi, 2010). Neste sentido, questionamo-nos se as sondagens eleitorais divulgadas pela comunicação social podem influenciar a decisão de voto do eleitor.

Como afirma Ajzen (1991), a relação entre medidas de intenção e medidas de comportamento é tanto mais forte quanto menor o espaço de tempo que as medeia, diminuindo a probabilidade de que eventos imprevistos intervenham para modificar intenções. A este respeito, importa referir os resultados do estudo realizado em Portugal (Magalhães, Aguiar-Conraria & Pereira, 2011) que se foca nas sondagens e nos resultados eleitorais que indicam:

O momento em que cada sondagem mede as intenções de voto para uma dada eleição tem consequências para a relação entre os seus resultados e os resultados eleitorais;

A “precisão” das sondagens depende em grande medida de características das eleições e dos partidos ou candidatos, do nível da abstenção, da importância da eleição e do favoritismo, da dimensão e do posicionamento ideológico dos partidos ou candidatos;

Existe uma tendência para uma maior discrepância entre sondagens e resultados eleitorais, podendo estar por detrás deste fenómeno a diminuição das taxas de resposta e da cobertura do telefone fixo, por exemplo, o que revela os importantes desafios que as empresas enfrentam no sentido de continuar a fornecer informação precisa sobre as atitudes e intenções comportamentais do eleitorado (Magalhães, Aguiar-Conraria & Pereira, 2011).

De facto, os resultados das sondagens pré-eleitorais refletem a medição de intenções de voto a partir de amostras. Estes estudos de opinião podem ser publicados e divulgados ao eleitorado e, posteriormente, confrontados com os resultados das eleições. Contudo, sabe-se

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muito pouco sobre a real dimensão dessas discrepâncias, sobre a influência no eleitorado ou sobre outros fatores que podem afetar este fenómeno. Assim sendo, procura-se perceber, por meio desta investigação, se as sondagens constituem um fator preponderante na intenção de voto, enquanto análise efetuada e divulgada no período que precede as eleições. Portanto, através da realização deste estudo, pretende-se contribuir para a identificação de possíveis fatores das sondagens eleitorais que exercem influência sobre a intenção de voto do eleitor.

Assim, constitui objetivo principal deste estudo aferir em que medida as sondagens eleitorais divulgadas pela comunicação social podem influenciar a decisão de voto do eleitor, mais concretamente, em relação às eleições presidenciais de 2016. Atendendo à meta que se propõe alcançar, opta-se pela realização de um estudo em que se adota a metodologia qualitativa e, por meio da realização de entrevistas estruturadas e semi-estruturadas a diversos agentes/atores políticos e especialistas em sondagens e comunicação, se procura aferir a influência exercida pelas sondagens na decisão de voto, em particular, na eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República (PR) de Portugal, em 2016. A técnica para tratar e interpretar a informação recolhida é a análise de conteúdo.

No que respeita à organização do trabalho, este encontra-se dividido em duas partes principais:

1.ª Parte – Enquadramento Teórico: procede-se ao desenvolvimento do quadro teórico-concetual que sustenta o estudo realizado, abordando-se os conceitos e teorias inerentes à problemática de investigação;

2.ª Parte – Estudo Empírico: apresenta-se a metodologia de investigação adotada, os resultados obtidos e as principais conclusões.

Assim sendo, a primeira parte é composta por cinco capítulos que se focam na comunicação política e nas sondagens, em particular no contexto português, na intenção de voto e nos resultados eleitorais, no comportamento de voto e, por fim, mas não menos importante, no percurso mediático e político de Marcelo Rebelo de Sousa. Ao longo destes cinco capítulos apresentam-se diversas perspetivas fazendo-se referência aos principais teóricos e respetivos trabalhos, que se dedicam ao estudo dos temas em análise.

Se esta primeira parte assume uma natureza teórica, a segunda assume um caráter mais prático, assente nas evidências empíricas e é constituída por dois capítulos, que apresentam

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3

quer a metodologia utilizada, quer os resultads obtidos e, através do confronto com a literatura, além da explanação dos dados recolhidos, o trabalho culmina com a conclusão do trabalho de investigação.

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5

CAPÍTULO I – A COMUNICAÇÃO POLÍTICA E AS SONDAGENS COMO UM DOS

SEUS INSTRUMENTOS

Este primeiro capítulo tem como foco central a comunicação política, abordando também a importância das sondagens enquanto instrumento.

Desta forma, além de se explicar o que é a comunicação política, como é que esta evoluiu ao longo do tempo e quais as principais correntes teóricas que para ela contribuíram, apresenta-se o conceito de sondagem, bem como as suas medidas de precisão. Para terminar este capítulo, estabelece-se a ligação entre a comunicação política e as sondagens, pois estão inscritas no âmbito da comunicação política (Mesquisa, 1995).

1.1. Comunicação Política

1.1.1. Comunicação Política: Conceito

Antes de se abordar o conceito de comunicação política, entende-se ser necessário fazer uma breve abordagem ao conceito de comunicação que, de forma muito ligeira, se refere ao “ato de comunicar, informação, aviso" ou "passagem, caminho, ligação” (Rocha 1997, p. 154). Na verdade, a comunicação é algo que faz parte da vida do indivíduo pois, além de ser um ser biológico e psicológico, é também um ser social, o que significa que não vive sozinho e desde que nasce até que morre, seja por linguagem verbal ou não verbal, comunica com os outros:

pode ser em forma de relatos, pode ser em forma de grafismos e de símbolos, pode ter múltiplas manifestações, mas os que mandavam sobre um grupo sempre se sentiram obrigados a deixar bem claro porque é que eram eles que mandavam, e porque é que era bom que continuassem a mandar. (Álvarez, 2006, p. 210)

Daí que a comunicação seja “uma das formas fundamentais da existência humana“ (Caetano, Portugal, Cruz, Diniz, & Matos, 2011, p. 197).

Em termos concetuais, a comunicação é um processo complexo e contínuo, onde a sua evolução se dá por meio da interação (Berlo & Sousa, 2006). De facto, a comunicação traduz-se num movimento circular e não num simples movimento de verbalização do pensamento, correspondendo a uma relação de partilha entre os sujeitos envolvidos, em que o sentido dá

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lugar a uma mensagem significada (Silva, 2016). Como explicam Caetano e Rasquilha (2007, p. 20) “comunicar é pôr em comum uma informação é partilhar uma opinião, um sentimento, uma atitude, um comportamento. Tudo isto, frequentemente, com o objetivo de convencer, persuadir“.

Entendido o conceito de comunicação, o eixo da nossa atenção volta-se agora para a comunicação política, a qual se tem vindo a afirmar desde a Antiguidade Clássica até hoje como um elemento essencial da política (Trigo, 1996). De acordo com Lasswell (1949, p. 13), o sistema democrático vigente na Grécia Antiga estabelecia a linguagem como um “instrumento ao serviço da verdade, meio de expressão artística e agente de persuasão”.

A literatura que versa sobre este assunto coloca em evidência as diversas definições de comunicação política, bem como diversas abordagens, e, a este respeito, concorda-se com McNair (2012, pp. 16-17) que afirma que “qualquer livro sobre comunicação política deveria começar por reconhecer que o termo demonstrou ser extremamente difícil de definir com precisão, simplesmente porque ambos os componentes da frase são abertos a uma variedade de definições, mais ou menos vastas”. Ou seja, tanto o termo comunicação, como o termo político estão sujeitos a várias interpretações e perspetivas, o que dificulta ainda mais a definição do conceito de comunicação política.

Contudo, muitos foram os teóricos interessados no tema e Mesquita (1995) defende que a comunicação política é mais do que uma técnica, referindo-se a um “conjunto de manifestações que vão desde as formas tradicionais e ritualizadas, anteriores à emergência dos media (a posse dos governantes, a manifestação de rua ou o comício, por exemplo) até às modalidades características da publicidade e do marketing” (Mesquita, 1995, p. 385).

Por sua vez, Gonçalves (2005, p. 40), salienta que o pressuposto da comunicação política ou, melhor, que a finalidade principal da comunicação política assenta na ideia de que “todo o processo de comunicação política é influenciar os recetores da mensagem, independente da dimensão e da natureza do público a que se destinam”.

Na verdade, concorda-se com Mesquita (1995) que nos dá uma visão de comunicação política mais pormenorizada, entendendo que se trata de um objeto vasto e multiforme, onde

A comunicação política abrange, não só as formas de expressão emanadas diretamente das instituições políticas, mas também aquelas que são mediadas pelo jornalismo, pela programação televisiva e radiofónica, pela publicidade ou pelas relações públicas. As sessões parlamentares, as campanhas eleitorais, as relações

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públicas governamentais, municipais e locais, tal como a gestão mediática das sondagens e inquéritos de opinião, inscrevem-se no âmbito da comunicação política. (Mesquita, 1995, pp. 385-386)

Atualmente, a comunicação política é constituída por todos os movimentos de mudança aos quais a política foi sujeita (Dornelles, 2002) e é através desta nova configuração que

A política busca um certo equilíbrio entre as duas realidades que se apresentam: de um lado, a quebra de segredos, de total visibilidade do modo de fazer política de instituições, governantes e políticos, o que a torna bastante suscetível; por outro lado, a possibilidade de fazer uso desse universo de informação, em causa própria, utilizando todo o sistema disponível para criar opinião, construir uma opinião pública favorável, em curtos e médios espaços de tempo. (Dornelles, 2002, p. 07)

Desta forma, constata-se que comunicação política engloba todos os tipos de comunicação que são efetuados por atores políticos e os quais visam alcançar fins políticos, tendo como principais objetivos a informação, persuasão e ação, a fim de influenciar, de modo positivo, o público, já que é ele o recetor das mensagens (Prete, 2007). Tal como se referiu anteriormente, a comunicação política visa influenciar não só a opinião pública, mas também a opinião individual.

Não existe uma definição única e clara de opinidão pública (Cascais, 2001). Contudo, importa salientar que este conceito tem surgido associado ao regime democrático, daí que Marques, Mont’Alverne, Kniess e Pupor (2017, p. 54) expliquem que

Sabe-se, de antemão, que o termo “opinião pública” pode ser utilizado e aplicado em diferentes contextos e disputas. Tais variações de atributos conferidas a essa expressão, conforme explica Gomes (2001), surgem de batalhas ideológicas preocupadas, por exemplo, em tornar hegemónica uma compreensão específica acerca da natureza do que significa a própria noção de democracia. Em outras palavras, se as democracias representativas implicam manifestação por parte dos mandantes (seja por meio do voto, seja por meio do apoio prestado ao longo dos mandatos eletivos), o estudo dos modos de compreensão e de acionamento da opinião pública colabora para esclarecer quais atores e argumentos detêm lugar proeminente no debate público.

Na perspetiva de Hansen, Langer e Salskov-Iversen (2001), utilizando o termo no plural – comunicações políticas –, salienta que se trata de sistemas, crenças e práticas existentes na construção, bem como na distribuição e receção de informação política, tendo como fim último a construção de alianças, assim como a geração de conhecimento e criação de significado.

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Apesar de não reunir uma definição consensual, a comunicação política assume-se como um fator preponderante e determinante no campo político, onde a capacidade de comunicação dos líderes políticos é crucial para persuadir o público, bem como para as funções pelas quais são responsáveis (Freire, 2013). Aliás, indo-se mais além, podemos dizer que a comunicação política se assume como um elemento integrante e indissociável do sistema político, sendo fundamental para o seu funcionamento, recorrendo-se à metáfora de Cotteret (1973, p. 10) para exemplificar tal ideia: “a comunicação política é para o sistema político o que a circulação sanguínea é para o corpo humano”.

Atualmente, a comunicação política é assumida como um elemento fundamental na construção e na manutenção da relação entre governantes e governados, cuja dinâmica incide principalmente sobre a tentativa de os agentes políticos acederem a uma posição de decisores, competindo entre si pelo poder e, procurando, para esse efeito, mobilizar e persuadir o maior número de pessoas. (Martins, 2006, p. 12)

Concluindo, podemos dizer que “toda e qualquer ação política passa pela Comunicação. Pois Política é Comunicação” (Freire, 2013, p. 15) e embora a comunicação política estivesse presente desde a antiguidade grega, a verdade é que o seu desenvolvimento, complexidade e multiplicidade de funções na contemporeneidade é bem diferente do antigamente (Parreira, 2013). Hoje, esta pode ser descrita como a “implementação de estratégias de aproximação entre os diversos intervenientes do processo político, tendo como enfoque central a relação entre os partidos e os seus líderes e os públicos que constituem o eleitorado, cuja relação é mediada pela comunicação social” (Correia, Ferreira & Espírito Santo, 2010, p. 81).

1.1.2. A Evolução da Comunicação Política

Como se referiu anteriormente, existem indícios da existência da comunicação política desde a Antiguidade Clássica, mas foi a partir do final do século XVIII, após a Revolução Francesa de 1789, que esta começou a integrar o sistema político (Anastácio, 2017).

No decorrer do século XVIII e já durante o século XIX, vários países (como a França, Alemanha, Grécia e Reino Unido) começaram a adotar o sufrágio universal masculino, seguindo-se múltiplas mudanças como o emergir de novas instituições (por exemplo, o parlamento e o senado) (Thompson, 1995). Assim sendo,

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A burguesia passava assim a poder aceder aos cargos de poder, mas ao mesmo tempo precisava de legitimidade, que teria de ser adquirida através do voto. Dessa forma, os eleitos tinham o direito de exigir respeito e lealdade, assim como os cidadãos tinham o direito a expressar opiniões dissidentes (McNair, 2012). Esta abordagem é baseada na teoria da esfera pública de Habermas, largamente reconhecida, mas também muitas vezes criticada. (Anastácio, 2017, p. 8)

O novo sistema político trazia consigo outras alternativas, entre elas a diversidade de candidatos para os cargos à disposição, bem como a participação e escolha racional e informada, contribuindo assim para a afirmação da comunicação política (Anastácio, 2017).

O surgimento da comunicação política deve-se assim a um conjunto de mudanças que alteraram a sociedade, a política e as formas de comunicação, sendo o resultado da evolução do sistema político e da evolução dos media. A definição do conceito de comunicação política é desde logo uma tarefa difícil por ser composto por dois conceitos, comunicação e política, também eles complexos, e com uma vasta discussão teórica em seu torno (McNair, 2012). (Anastácio, 2017, pp. 8-9)

Atualmente, os media assumem cinco funções ideais numa sociedade dita democrática (McNair, 2012):

1. Informar o povo, isto é, os cidadãos;

2. Educar por via da comunicação de factos, o que significa que os jornalistas devem primar pela objetividade e pelo distanciamento face aos assuntos em questão;

3. Ser uma plataforma de formação da opinião pública, possibilitando, irmamente, um espaço de expressão a vozes concordantes e dissidentes;

4. Publicitar as instituições políticas e governamentais;

5. Ser um canal que promove distintos pontos de vista políticos.

No ponto que se segue, apresentam-se as principais correntes teóricas que, ao longo do tempo, contribuíram para a evolução da comunicação política.

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1.1.3. Contributos das Principais Abordagens Teóricas de Comunicação Política

Entre as principais abordagens teóricas de comunicação política, salientam-se três: a abordagem da semiótica e linguística, a abordagem sistémica e o modelo de tríade.

Assim sendo, a abordagem da semiótica e linguística coloca em destaque a importância do uso e análise dos discursos enquanto elementos-chave da relação entre comunicação e política (Azevedo, 2007). Dentro desta abordagem, convém sublinhar os contributos de Maltez (1996) e de Gerstlè (1992), sendo que o primeiro foca a importância do discurso no processo político e o segundo, por sua vez, chama à atenção para a existência de três variáveis cruciais para a comunicação política: pragmática, associada ao próprio ato técnico de comunicar; simbólica, onde a utilização de signos por meio de códigos, visa a construção de estratégias argumentativas; e estrutural, isto é, relacionada com os canais de fluxos comunicativos (Azevedo, 2007).

Por sua vez, a perspetiva sistémica entende que o processo político está em contínua dinâmica, onde o alcance do poder, bem como a sua manutenção e utilização assenta num “conjunto de interações políticas que ocorrem numa sociedade. Um sistema aberto e em interação permanente através dos inputs e outputs” (Gonçalves, 2005, p. 44). Entre as várias perspetivas, destaca-se a de Martins (2006, p. 18), que nos explica que

O funcionamento do sistema político depende dos fluxos de informação que circulam entre o ambiente externo e o sistema e deste, novamente, para o ambiente que, por sua vez, se tornam a refletir no sistema. Trata-se de um processo contínuo de interações que evidencia a natureza dinâmica dos sistemas políticos, no qual a comunicação política assume vital importância.

O modelo tríade abrange os jornalistas, os políticos e a opinião pública, onde Wolton (1989) apresenta uma visão mais plural da comunicação política, ao incluir na sua análise os diversos atores da política que comunicam com o povo. Em sua perspetiva, a comunicação política assume-se como um espaço em que tanto políticos, como os jornalistas e o povo (a opinião pública) são atores e têm toda a legitimidade para apresentarem e debaterem discursos distintos (Wolton, 1989).

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1.2. Sondagens

1

.2.1. Conceito

O inquérito é hoje um dos instrumentos mais utilizados no contexto da investigação aplicada, particularmente na área social, e é utilizado em estudos de mercado, pesquisas exclusivamente teóricas e sondagens de opinião (Ferreira & Campos, s/d). Portanto, fica visível que se, inicialmente, o inquérito

teve uma génese exterior à própria prática sociológica, hoje, a sua utilização extravasa, de novo, os domínios da atividade científica, assistindo-se mesmo à sua aplicação desmedida em áreas como as sondagens de opinião (de que as sondagens eleitorais são um exemplo), os estudos de mercado, e a tudo aquilo que é designado por “marketing económico e social. (Dias, 1994, p. 8).

Além disso, da leitura realizada, constatou-se que o surgimento da sondagem e do inquérito de opinião foi essencial para a evolução científica de várias áreas das Ciências Sociais e Humanas (CSH), principalmente da sociologia e da ciência política. Como se pode ler em Espírito Santo (2015, p. 7),

O nascimento das técnicas da sondagem e do inquérito à opinião pública, bem como o progresso dos mecanismos ou procedimentos de natureza estatística associados à amostragem e à conceção de questionários foram condição sine qua non para o desenvolvimento, numa perspetiva empírica, de ciências como a sociologia e a ciência política.

Neste estudo, a sondagem e a sua importância são abordadas sob o ponto de vista da ciência política e interessa-nos, neste ponto em particular, responder a uma questão: O que são sondagens?

Procurando responder à questão acima colocada, as sondagens podem ser descritas como o estudo científico de parte de uma população a fim de estudar atitudes, hábitos e preferências face a acontecimentos, circunstâncias e assuntos de interesse comum (Ferreira & Campos, s/d). Adotando uma perspetiva semelhante, Martins (2013, p. 1) entende que a sondagem se reflete num “estudo estatístico de uma população, feito através de uma amostra, destinado a estudar uma ou mais das suas características tal como elas se apresentam nessa

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população”. A sondagem é um estudo estatístico específico que pretende estudar a população tal como ela se apresenta (Martins, 2013).

De acordo com a literatura que versa sobre o tema, a sondagem é um processo complexo (Vicente, Reis & Ferrão, 1996), porque

de facto, desafia todas as convenções da conversa educada: pergunta a todos por igual (não faz exceção a pessoas), não evita os temas conflituosos ou delicados, salta de tema em tema na conversa, não respeita o que interessa ao entrevistado o que leva ao seu desinteresse. (Aranz, 2007, p. 46).

Dada a sua complexidade, para a realização de uma sondagem é necessário selecionar uma amostra da população-alvo (a população que se vai estudar) e é igualmente importante sublinhar que para se garantir a qualidade da sondagem, é necessário possuir um conhecimento do problema e do impacto que o mesmo pode ter nos resultados do estudo (Ferreira & Campos, s/d). Deste modo, “para que os resultados de uma sondagem sejam válidos há necessidade de essa amostra ser representativa da população. O processo de recolha da amostra, a amostragem, tem de ser efetuada com os cuidados adequados” (Martins, 2013, p. 1).

As sondagens são estudos que procuram aferir a opinião e as atitudes dos cidadãos sobre questões políticas, mas não só, também sociais, por exemplo, recolhendo informação junto de um grupo representativo da população-alvo (CNE1, 2005 cit. in Samagaio, 2007) e são bastante

utilizadas por diversas razões: São mais baratas;

Requerem menos dispêndio de tempo (são rápidas);

Permitem um fácil acesso a todos os elementos de uma amostra (Ferreira & Campos, s/d).

Segundo Vicente, Reis e Ferrão (1996), a sondagem é um processo complexo que envolve várias etapas, as quais são interdependentes. Essas etapas são cinco e correspondem a:

Condições dadas; Escolha da amostra; Obtenção da informação; Análise dos dados; Relatório final.

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Na figura que se segue, encontram-se representadas as cinco etapas da realização de uma sondagem.

Figura 1 Etapas de Realização da Sondagem

Fonte: Vivente et al. (1996).

No entender de Martins (2013), a sondagem desenvolve-se ao longo de quatro etapas, sendo que a autora apenas não contempla a primeira etapa referenciada por Vicente et al. (1996) – condições dadas.

Voltando o eixo da atenção para o propósito deste trabalho, de facto, no âmbito das eleições, é frequente ouvir-se falar de sondagens e a este respeito, Aranz (2007) chama a atenção para o facto de que as sondagens pré-eleitorais servem o propósito de prever o voto dos cidadãos, mas não só. Isto é,

As sondagens pré-eleitorais servem para prever o voto, porém não apenas para isso. Em princípio, numa sociedade democrática, qualquer período pode ser considerado estritamente como pré-eleitoral, portanto a previsão de voto não tem de ser o seu único objetivo. Não obstante, a leitura informativa das sondagens pré-eleitorais tem o inconveniente de tratar de sondagens realizadas para prever o voto e, além disso, podem manifestar nos seus resultados uma certa sujeição para o cliente ou instituição que a encomenda. (Aranz, 2007, p. 45).

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Concluindo, a sondagem é um importante instrumento que permite obter conclusões para a totalidade da população (Magalhães & Vicente, 2011). Em seguida, para uma melhor compreensão das sondagens, a atenção prende-se com as medidas de precisão das sondagens.

1.2.2. Medidas de Precisão das Sondagens

As sondagens podem ser influenciadas por diversos fatores, dado que se torna difícil reproduzir para uma parte da população as características de uma comunidade inteira (Vásquez, 1993). Nesta ordem de ideias, concorda-se com Vásquez (1993) quando o autor nos explica que

As sondagens devem ser tomadas como o que são: indicadores sociais que assinalam a direção e o caminho pelo que discorrem os factos societários. Seguindo o mesmo princípio de provar a comida para conhecer o seu ponto de sal ou o de extrair um pouco de sangue (não todo) para realizar uma análise, os sucessos das técnicas da amostra residem, precisamente, em conhecer grupos humanos, analisando convenientemente uns quantos elementos. Graças a esta técnica, com uns milhares de entrevistas, podem-se adiantar resultados eleitorais, opiniões, atitudes, avaliações, etc. (cit. in Arranz, 2007, p.48).

No que diz respeito à mensuração das sondagens, é importante referir que esta é essencial até para se aferirem possíveis discrepâncias entre os resultados de sondagens e os resultados eleitorais. Contudo, Mitofsky (1998) critica o facto de não haver um consenso relativamente à escolha da medida mais adequada para medir a precisão das sondagens e, na verdade, da análise de documentação diversa, constata-se que existe uma vasta panóplia de perspetivas sobre quais as medidas ou os métodos mais adequados para se medir as sondagens.

Com base no trabalho realizado por Mosteller e colegas, em 1949, mais concretamente sobre as oito medidas identificadas pela mencionada equipa de investigação, Mitofsky (1998) centrou-se em duas dessas medidas com propriedades mais aceitáveis, tendo como referência a realidade americana: a medida 3 e a medida 5 de Mosteller. De acordo com o mencionado autor, a medida 3 consiste num indicador mais abrangente da precisão das sondagens (Mitofsky, 1998). Este método recorre a informação sobre estimativas de intenção de voto e também de resultados eleitorais para os diversos partidos (ou candidatos), permitindo aferir a média dos desvios absolutos (em percentagem) para cada candidato (ou partido) e entre os resultados da sondagem e das eleições (Magalhães et al., 2011).

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Por sua vez, a medida 5 proposta por Mitofsky (1998) foca-se nos dois principais partidos (ou candidatos) de cada ato eleitoral (Mitofsky, 1998). Portanto, a medida 5 traduz-se na diferença entre dois resultados: a diferença, em percentagem, entre as intenções de voto estimadas para os dois principais candidatos; e a diferença entre os resultados eleitorais aferidos para os dois candidatos principais (Magalhães et al., 2011).

Crespi (1988) propôs o uso de três medidas de precisão de sondagens: o desvio relativo ao candidato vencedor, o desvio médio para os três principais candidatos e o maior dos desvios verificados nos três principais candidatos.

Lau (1994), no seu entender, privilegiou uma medida que não contempla o resultado eleitoral, defendendo a utilização do desvio entre o resultado da sondagem e o resultado médio das outras sondagens, ponderado pela dimensão.

De facto, a medição da precisão das sondagens é um assunto que não reúne consenso e, talvez por isso, muitos autores se tenham preocupado em estudá-la. Em seguida apresentam-se alguns exemplos.

Autores como Crespi (1988), Durand, Blais e Larochelle (2004), Magalhães (2005), Mitofsky (1998), Mosteller et al. (1949) e Traugott (2004) focaram-se na medida 3 – erro médio nos principais partidos. Esta medida traduz-se na média do desvio (dada em pontos percentuais e afastada do sentido da diferença) entre as previsões das taxas dos principais partidos ou candidatos (ver figura 2).

Figura 2 Medida 3: Erro Médio nos Principais Partidos

A medida 5 – erro da diferença entre os primeiros candidatos mereceu a atenção de investigadores como Durand et al. (2004), Magalhães (2005), Mosteller et al. (1949), National Council on Public Polls (NCPP, 2004) e Traugott (2004).

Esta medida reflete a diferença (em percentagem) entre a previsão da distância entre os dois primeiros partidos e a distância aferida nos respetivos resultados eleitorais (ver figura 3).

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Figura 3 Medida 5: Erro da Diferença entre os Primeiros Partidos/Candidatos

A medida 6 refere-se ao erro máximo e foi também estudada por Crespi (1988) e por Mosteller (1949). Este método de medir a precisão das sondagens reflete a maior diferença, em percentagem, entre a previsão de cada partido e os resultados eleitorais de cada um (ver figura 4).

Figura 4 Medida 6: Erro da Diferença entre os Primeiros Partidos/Candidatos

O erro do vencedor é um outro método que surge na literatura sobre a medição da precisão das sondagens e diz respeito à diferença (em pontos percentuais) entre o resultado do partido e a respetiva previsão. Este método foi estudado por Crespi (1988) (ver figura 5).

Figura 5 Erro do Vencedor

O erro relativo a outras sondagens, proposto por Lau (1994), refere-se ao desvio entre o resultado da sondagem e o resultado médio das outras sondagens, analisado pela dimensão.

Por fim, mas não menos importante, Martin, Traugott e Kennedy (2005), tendo por base as eleições americanas, propuseram a medida do erro de enviesamento, que se traduz na medida da subvalorização ou sobrevalorização do partido Democrata (ou Republicano) (ver figura 6).

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Atendendo à realidade portuguesa e às eleições presidenciais em particular, acredita-se que a medida 3 é a mais adequada para se proceder à medição da precisão das sondagens.

1.2.3. A Sondagem como Instrumento da Comunicação Política

Em termos de comunicação, constata-se que Portugal tem seguido as tendências globais da comunicação política e em relação às campanhas políticas, já que

Hoje em dia, as campanhas não se limitam apenas aos meios de comunicação tradicionais, muito embora os debates e entrevistas em televisão continuem a ser momentos mediáticos relevantes, quer para os candidatos, quer para os cidadãos, pelo confronto das ideias em direto e pela grande visibilidade que lhes é conferida. (Lobo & Contreiras, 2017, p. 92)

Como se pode aferir ao longo deste capítulo, a comunicação política tem um objetivo principal que consiste em influenciar a opinião pública e individual em seu favor (do indivíduo que desenvolve o processo de comunicação política) e as sondagens surgem como uma das principais ferramentas utilizadas. Segundo Graber (2007, p. 16), as sondagens são fundamentais

em comunicação política mas que se deparam com a dificuldade cada vez maior de conseguir a participação dos cidadãos. Um dos grandes problemas reside no facto de hoje em dia as pessoas usarem mais telemóveis do que telefones fixos e por isso não se poder contactá-las como se fazia anteriormente, o que torna difícil obter uma amostra extensa. Além disso, trata-se de um processo moroso e caro.

Segundo Donsbach (1995, p. 41), “a política e o consenso político se estabelecem principalmente e através dos meios de comunicação”, verificando-se que as sondagens publicadas pelos media também são uma forma de comunicar. As sondagens são uma forma de comunicar, onde os candidatos recebem a mensagem acerca da opinião pública e o povo, tendo a possibilidade de apresentar a sua visão. Desta forma, é importante que a comunicação política tenha em linha de conta três aspetos: a seleção de conteúdos sobre política pelos jornalistas; a receção deste conteúdo pelo público; e as consequências deste conteúdo publicado sobre os acontecimentos e comportamentos no campo político.

Atualmente, é necessário ter em linha de conta a internet, a qual também veio alterar a forma de comunicar politicamente, pelo que Graber (2007, p. 16) indica que

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Os novos métodos desenvolvidos asseguram, contudo, que o processo de amostragem é aceitável, embora exista ainda o problema de a Internet não abranger todas as pessoas. Contudo, a comparação entre entrevistas realizadas pessoalmente, por telefone ou via internet produziram resultados idênticos. Aliás, a votação online é bastante mais eficaz para atingir um grupo mais amplo de pessoas e é menos cara, pelo que é provável que daqui a algum tempo haja mais pessoas a participarem em sondagens.

No capítulo que se segue, o foco volta-se para as sondagens subordinadas ao contexto português.

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CAPÍTULO II – AS SONDAGENS EM PORTUGAL

Mediante o contexto em que é utilizado, o termo sondagem pode ter sentidos ou significados diferentes, mas, neste trabalho, tal como o próprio título indica e como ficou percetível no capítulo anterior, foca-se na sondagem eleitoral.Assim sendo, neste capítulo, constitui nosso objetivo fazer uma abordagem ao surgimento das sondagens em Portugal, pelo que não se pode descurar a relação das sondagens com os resultados eleitorais, nomeadamente as sondagens publicadas em 2016 e referentes às eleições presidenciais.

2.1. Sondagens em Portugal

2.1.1. A Evolução das Sondagens e as Perspetivas do Século XXI

Como referido no início deste capítulo, o termo sondagem pode ser aplicado em diversos contextos, o que faz com que o seu significado mude. Etimologicamente, o termo tem origem na língua francesa, a partir da palavra sondage, atualmente associada também à estatística como referência à investigação (Magalhães & Vicente, 2011).

As sondagens surgiram nos Estados Unidos da América (EUA) e ganharam destaque a partir da II Guerra Mundial, passando a estar associadas a metas de controlo social e político, bem como da manipulação de opiniões e comportamentos (Dias, 1994). A primeira sondagem foi realizada a 24 de julho pelo jornal americano The Harrisburg Pennsylvanan, onde foram realizados inquéritos de opinião aos leitores sobre o que ficou conhecido como o voto de palha (straw vote – voto não oficial) (Magalhães & Vicente, 2011).

Do ponto de vista histórico, as sondagens passaram por momentos de crítica, fruto de juízos de valor em relação à amostra utilizada, através da ideia de que para se conhecer uma população era necessário contactá-la por inteiro (recenseamento) e não pela parte (sondagem) (Magalhães & Vicente, 2011). Assim sendo, a tradição americana foi a principal responsável pela proliferação das sondagens de opinião sobre problemas políticos (Dias, 1994).

Embora as sondagens se tenham popularizado devido a questões políticas, não se confinam a um importante instrumental político, sendo, acima de tudo, um instrumento de importância vital em estudos de natureza económica ou social. Assim, se nos meios políticos as sondagens são usadas para obter informação

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acerca das atitudes dos eleitores, com o objetivo de, entre outros, definir estratégias, nomeadamente no planeamento de campanhas, são igualmente importantes em estudos de mercado, para testar as preferências dos consumidores, descobrir o que mais os atrai nos produtos existentes ou a comercializar, tendo como objetivo satisfazer o consumidor final e, consequentemente, aumentar as vendas. (Martins, 2013, p. 1)

No caso de Portugal, apenas em 1973 é que, pela primeira vez, foram publicados, nos órgãos de comunicação social, os resultados de uma sondagem realizada no país (Martins, 2013). Essa sondagem, publicada pelo primeiro número do semanário Expresso e divulgada na primeira página, revelava que 63% dos portugueses nunca tinha exercido o seu voto (Lima, 1995; Vicente et al., 1996). Na verdade, à época, vigorava um regime ditatorial.

Portugal era uma sociedade retrógrada, bastante isolada relativamente ao resto da Europa e marcada por um atraso muito substancial em termos económicos, ao nível da educação e do desenvolvimento cultural. Esse contexto não era particularmente favorável ao surgimento das sondagens políticas, atividade que se manteve virtualmente inexistente durante o regime vigente. (Wert, 2003, p. 592)

Até à década de 70, verifica-se que o Estado português investiu muito pouco na área das sondagens políticas (Espírito Santo, 2008), considerando que Portugal viveu até 1974 num regime ditatorial. Há que reconhecer que o sistema político, nomeadamente o regime político, pode exercer influência no estado do desenvolvimento da técnica e da ciência e, consequentemente, estimular o seu desenvolvimento ou o contrário (Espírito Santo, 2008). Na tabela que se segue, surgem apresentadas as primeiras empresas portuguesas, que foram pioneiras no âmbito da realização de sondagens políticas até 1975.

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Tabela 1 - Empresas Portuguesas Pioneiras no Âmbito da Realização de Sondagens Políticas até 1975 Empresa Data de Constituição Data do Termo/Falência Norma 1963 1998 IPOPE 1967 1985 Teor 1970 1995

SERTE 1971 Não conhecida

Contagem 1972 Não conhecida

Antropos 1975 Em atividade

Fonte: Espírito Santo (2008, p. 155).

A evolução da sondagem esteve muito ligada à sua amostra, defendendo-se que se deveria usar uma amostra representativa, sendo que nos anos 50, com o surgimento do primeiro computador, nos EUA, se passaram a processar os dados do recenceamento de 1950 (Magalhães & Vicente, 2011). Mais tarde, a partir da década de 60, marcada por grandes e significativas mudanças sociais, as sondagens sofreram um grande desenvolvimento, passando a realizar-se sondagens por telefone (Magalhães & Vicente, 2011). Portanto,

O uso generalizado do telefone fixo como meio de telecomunicação desde o último quarto do séc. XX foi determinante na atividade de realização das sondagens. De facto, as sondagens CATI-Computer Assisted Telephone Interviewing tornaram-se o modo principal de recolha de informação, quer em estudos sobre agregados familiares e indivíduos, quer em estudos sobre empresas e organizações, especialmente nos países da Europa Ocidental e da América do Norte, onde a taxa de cobertura telefónica atingiu valores elevados. (Vicente & Magalhães, 2011, p. 14)

De acordo com Santana (1994, p. 22), a proliferação e desenvolvimento das sondagens eleitorais tem por base causas distintas, entre elas: a consolidação e avanço dos processos de democratização; o aumento do número de problemas que surgem na discussão política; o aumento da importância do marketing político e do poder de influência exercido pelos meios de comunicação. Na verdade, desde o seu aparecimento e consequente evolução, as sondagens foram adquirindo, gradualmente, maior relevância, devido à

racionalização progressiva das campanhas eleitorais; à aparição de novos atores influentes na vida política; os jornalistas, verdadeiros intermediários da informação

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entre o estudo e o eleitor, e os especialistas em marketing político, assessores de imagem e outros especialistas; à repetição sistemática dos resultados das sondagens que levam à perceção de uma campanha eleitoral permanente; e ao possível cansaço e repúdio dos sujeitos entrevistados no que se denomina “população sobre entrevistada”. (Aranz, 2007, p. 46)

Hoje, as sondagens são feitas através de outros recursos – seja através de telefone fixo, da internet, em particular do email, e até por telemóveis.

O desenvolvimento tecnológico nas telecomunicações tem permitido inovar e alargar as opções de recolha de informação nas sondagens. De facto, meios de telecomunicação como o e-mail, a Web, a vídeo/tele-conferência, o fax ou o telemóvel estão a tornar-se importantes complementos ou mesmo alternativas ao telefone fixo. Mas o desenvolvimento tecnológico coloca, simultaneamente, algumas dificuldades às tele-sondagens. (Vicente & Magalhães, 2011, p. 14)

2.1.2. Enquadramento Jurídico

Da mesma forma que as sondagens, em particular as eleitorais, foram evoluindo ao longo do tempo e acompanharam as diversas alterações societais, políticas, entre outras, também o seu quadro normativo foi sofrendo várias mudanças.

No que respeita à realidade portuguesa, constata-se que o seu enquadramento jurídico, com as alterações a que o foi sendo sujeito, não só permite perceber que foi acompanhando a evolução de Portugal enquanto Estado democrático, mas também a própria evolução das sondagens no país após a queda do regime ditatorial salazarista.

Desta forma, a 15 de novembro de 1974, é publicado em Diário do Governo, o Decreto-Lei (DL) n.º 621-C/74, que define as normas acerca da eleição dos deputados à Assembleia Constituinte, regulamenta o ato eleitoral e cria a CNE, que ainda hoje existe, instituindo o direito de antena.

Dois anos mais tarde, repartida por três DL, onde cada um se foca num aspeto diferente – capacidade eleitoral, comissão de eleições e sistema eleitoral –, surge a Lei Eleitoral:

DL n.º 93-A/76, de 29 de janeiro: Lei Eleitoral (Parte I) - Capacidade eleitoral;

DL n.º 93-B/76, de 29 de janeiro: Lei Eleitoral (Parte II) - Comissão Nacional das Eleições; DL n.º 93-C/76, de 29 de janeiro: Lei Eleitoral (Parte III) - Sistema eleitoral.

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Ainda em 1976, é publicado, em Diário da República, o DL n.º 319-A/76, de 3 de maio e o DL n.º 701-B/76, de 29 de setembro. O primeiro documento normativo referenciado procedia à regulamentação da eleição do PR, abordando ainda assuntos como a capacidade eleitoral, o sistema eleitoral, a organização do processo eleitoral, a campanha eleitoral, a eleição (sufrágio, apuramento e contencioso eleitoral) e o ilícito eleitoral. O segundo estabelecia o regime eleitoral para a eleição dos órgãos das autarquias locais, principalmente a capacidade eleitoral, organização do processo eleitoral, campanha eleitoral, eleição e ilícito eleitoral.

Em 1979, surge a Lei Eleitoral da Assembleia da República (AR), por meio da publicação da Lei n.º 14/79, de 16 de maio e apenas em 1991, através da Lei n.º 31/91, de 20 de julho, publicada em Diário da República, surge a regulação da realização de sondagens e inquéritos de opinião destinados a publicação ou difusão em órgãos de comunicação social.

A Lei n.º 10/2000, de 21 de junho, também conhecida como a Lei das Sondagens, veio estabelecer o regime jurídico da publicação ou difusão de sondagens e inquéritos de opinião, tendo sido complementada com duas portarias:

Portaria n.º 118/2001, de 23 de fevereiro: a qual regulamenta o artigo 3.º da Lei n.º 10/2000, de 21 de junho;

Portaria n.º 731/2001, de 17 de julho: que altera a Portaria n.º 118/2001, de 23 de fevereiro.

Na tabela seguinte, encontram-se, de forma resumida, os principais documentos legais que regulamentam as sondagens em Portugal e o tempo de proibição de publicação de sondagens até ao ato eleitoral imposto por cada um deles.

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Tabela 2 - Legislação Portuguesa sobre Sondagens DL n.º 621-C/74, de 15 de novembro

Eleições legislativas: Dois meses, desde o termo de apresentação das candidaturas DL n.º 93-C/76, de 29 de janeiro

Eleições legislativas: Dois meses, desde o termo de apresentação das candidaturas DL n.º 319-A/76, de 3 de maio

Eleições para PR: 15 dias, desde o início da campanha eleitoral DL n.º 701-B/76, de 29 de setembro

Eleições autárquicas: 12 dias, desde o início da campanha eleitoral Lei n.º 14/79, de 16 de maio

Eleições para a AR: 80 dias, desde a data da marcação de eleições pelo PR Lei n.º 31/91, de 20 de julho

Sete dias

Lei n.º 10/2000, de 21 de junho Dois dias

2.2. As Sondagens e as Eleições Presidenciais

2.2.1. O Presidente da República

No que diz respeito ao estatuto e eleição do PR, importa, desde já, fazer referência à Constituição da República Portuguesa2 (CRP), segundo a qual o Presidente da República é

apresentado como a figura mais alta do Estado, representando o país, sendo, cumulativamente, Comandante Supremo das Forças Armadas. O PR é o responsável por garantir a independência e a unidade do Estado e de regular o funcionamento das instituições democráticas (artigo 120.º, da CRP).

Relativamente à sua eleição, o PR é eleito por sufrágio universal, direto e secreto dos cidadãos portugueses eleitores recenseados no território nacional e dos cidadãos portugueses

2 A CRP que institui o país como um Estado de Direito Democrático surgiu em 1976, após a Revolução de 25 Abril, provocando a queda do regime ditatorial de António Salazar. Até hoje, esta lei suprema foi alvo de sete revisões constitucionais (em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001, 2004 e 2005). Segundo Silva e Alves (2008, pp. 104-105), a revisão constitucional “uma reforma da constituição expressa, parcial, em princípio de alcance geral e abstrato e a que traduz mais imediatamente um princípio de continuidade institucional”.

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residentes no estrangeiro conforme se afere através do artigo 121.º da CRP. Para se candidatar ao cargo, é necessário que o candidato reúna um mínimo de 7 500 e um máximo de 15 000 cidadãos eleitores proponentes, devendo apresentar a sua candidatura até 30 dias antes da data marcada para a eleição, junto do Tribunal Constitucional (artigo 124.º, da CRP).

O seu mandato tem a duração de cinco anos, terminando com a tomada de posse do novo PR eleito (artigo 128.º, da CRP). Podem candidatar-se os cidadãos eleitores com origem portuguesa e com uma idade superior a 35 anos (artigo 122.º, da CRP). Não é permitida a reeleição para um terceiro mandato consecutivo, nem no decorrer do quinquénio imediatamente seguinte ao termo do segundo mandato consecutivo (artigo 123.º, da CRP), sendo de acrescentar que se o PR renunciar ao cargo, este não se pode candidatar nas eleições seguintes, nem nas que se realizem no quinquénio imediatamente subsequente à renúncia (artigo 123.º, da CRP).

Da análise do artigo 125.º da CRP, constata-se que o PR é eleito nos 60 dias antes de terminar o mandato do seu antecessor ou nos 70 dias seguintes à vacatura do cargo, pelo que a sua eleição não pode decorrer nos 90 dias antes e depois da data de eleições para a AR. Deste modo, o candidato que tiver mais de metade dos votos é eleito para o cargo de PR e caso nenhum candidato reúna esse número de votos, procede-se a um segundo sufrágio até ao 21.º dia subsequente à primeira votação, sendo que nele apenas participam os dois principais candidatos, ou seja, os candidatos mais votados no primeiro sufrágio (artigo 126.º, da CRP).

Depois de eleito, o candidato toma posse do cargo perante a Assembleia da República (AR), a qual é realizada no último dia do mandato do Presidente que lhe antecede e no caso de eleição por vacatura, a tomada de posse realiza-se ao oitavo dia, a contar do dia da publicação dos resultados eleitorais (artigo 127.º, da CRP).

Na sequência da complexidade inerente ao cargo de PR, considerando a importância que assume perante a governação de um país e perante o estabelecimento de relações com outros países, são-lhe atribuídas várias e distintas competências (elencadas entre o artigo 133.º e o artigo 140.º da CRP), as quais se passam a enumerar em seguida.

Relativamente a outros órgãos, e segundo o artigo 133.º da CRP, o PR deve: a) Presidir ao Conselho de Estado;

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b) Marcar, de harmonia com a lei eleitoral, o dia das eleições do Presidente da República, dos Deputados à Assembleia da República, dos Deputados ao Parlamento Europeu e dos Deputados às Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas;

c) Convocar extraordinariamente a Assembleia da República;

d) Dirigir mensagens à Assembleia da República e às Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas;

e) Dissolver a Assembleia da República, observado o disposto no artigo 172.º, ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado;

f) Nomear o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 1 do artigo 187.º;

g) Demitir o Governo, nos termos do n.º 2 do artigo 195.º, e exonerar o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 4 do artigo 186.º;

h) Nomear e exonerar os membros do Governo, sob proposta do Primeiro-Ministro; i) Presidir ao Conselho de Ministros, quando o Primeiro-Ministro lho solicitar;

j) Dissolver as Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas, ouvidos o Conselho de Estado e os partidos nelas representados, observado o disposto no artigo 172.º, com as necessárias adaptações;

k) Nomear e exonerar, ouvido o Governo, os Representantes da República para as Regiões Autónomas;

l) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o presidente do Tribunal de Contas e o Procurador-Geral da República;

m) Nomear cinco membros do Conselho de Estado e dois vogais do Conselho Superior da Magistratura;

n) Presidir ao Conselho Superior de Defesa Nacional;

o) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, o Vice-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, quando exista, e os Chefes de Estado-Maior dos três ramos das Forças Armadas, ouvido, nestes dois últimos casos, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

É também da responsabilidade do PR promulgar ou exercer o direito de veto mediante a “receção de qualquer decreto da Assembleia da República para ser promulgado como lei, ou da publicação da decisão do Tribunal Constitucional que não se pronuncie pela

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inconstitucionalidade de norma dele constante” (artigo 136.º, da CRP). Caso a AR confirme “o voto por maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funções, o Presidente da República deverá promulgar o diploma no prazo de oito dias a contar da sua receção” (artigo 136.º, da CRP). A falta de promulgação ou de assinatura pelo PR implica a sua inexistência jurídica (artigo 137.º, da CRP).

Considerando o problema de investigação, sobre a influência das sondagens publicadas pela comunicação social na eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, apresentam-se os resultados das sondagens referentes às eleições presidenciais de 2016.

2.2.2. Sondagens Publicadas no âmbito das Eleições Presidenciais de 2016

Como se pode perceber do exposto ao longo deste capítulo, as sondagens de opinião, nomeadamente as sondagens eleitorais, procuram aferir a intenção de voto do eleitor. Remontando a 2016, ano em que decorreram as últimas eleições presidenciais portuguesas, as sondagens publicadas por diferentes meios de comunicação social (Observador3, Diário de

Notícias4, Visão5, RTP6) apontavam Marcelo Rebelo de Sousa como o possível vencedor, o que

veio a verificar-se.

Neste ponto, analise-se a notícia publicada pelo Observador em 2016, que faz referência ao problema de investigação e do qual se aproxima. Nesta notícia, Pereira (2016), autor da mesma, refere as sondagens do passado, mas, concomitantemente, destaca a importância que tem vindo a ser dada às características dos candidatos. Já não se trata apenas de uma simples afiliação ou de uma simpatização com determinado partido ou candidato, mas também com as suas características pessoais, que podem cativar ou afastar o voto do eleitor, mediante a sua identificação com o candidato.

Pereira (2016) procedeu à análise de sondagens para eleições presidenciais publicadas nos últimos 100 dias que antecedem a eleição verificando que, no caso português, existe um padrão que se destaca e que está associado à recandidatura do presidente em funções. Através da sua análise, constatou que as margens de vitória entre o candidato vencedor e o principal

3 Ver https://observador.pt/opiniao/as-eleicoes-presidenciais-atraves-das-sondagens/.

4 Ver https://www.dn.pt/portugal/interior/sondagem-marcelo-ganha-a-primeira-volta-e-ate-vai-buscar-votos-a-pcp-e-bloco-4924381.html. 5 Ver http://visao.sapo.pt/actualidade/portugal/2016-01-22-Presidenciais-2016-Sondagens-finais.

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opositor são, de forma consistente, maiores em anos de reeleição e aponta duas razões para que tal facto suceda:

1. O candidato, já eleito em eleições anteriores, usufrui das vantagens que decorrem do simples facto de ocupar um cargo político (tem acesso a recursos, exposição mediática e experiência política);

2. A qualidade dos outros candidatos, a qual é mensurada com base na experiência política e notoriedade.

Portanto, verifica-se que o comportamento dos estudos pré-eleitorais é fortemente influenciado pela dinâmica das campanhas, em que as eleições mais competitivas atraem mais tempo de antena por parte dos meios de comunicação e, em termos financeiros, os candidatos investem mais e apresentam despesas mais avultadas. Contudo, a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como PR, em 2016, apresenta algumas particularidades que permitem perceber como as características pessoais de um candidato, que não vinha de um mandato, importam e de como a sua influência e conhecimento, por parte do grande público, têm relevância. Segundo Sá (2015), as sondagens presidenciais revelevam que Marcelo era detentor de 62% das intenções de voto, enquanto Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém Roseira, os seus principais candidatos opositores, detinham apenas 15% e 14% das intenções de voto, respetivamente. É neste sentido que Pereira (2016) refere que, embora Marcelo Rebelo de Sousa se candidatasse pela primeira vez a PR, já era conhecido e reconhecido pela população, enquanto professor universitário, político com historial no PSD (Partido Social Democrático), partido que liderou e no qual desempenhou um importante papel, e como comentador televisivo e escritor. A estes fatores, acresce o facto de os seus candidatos opositores não serem muito conhecidos do grande público.

As sondagens publicadas sobre as presidenciais de 2016 apontavam Marcelo Rebelo de Sousa como o principal candidato ao cargo de PR e como o favorito dos cidadãos portugueses, facto que se concretizou. O agora PR obteve altas taxas de intenção de voto, tendo sido equiparado ao General Ramalho Eanes (que obteve mais de 60% dos votos nas eleições de 1976 e às quais se candidatou pela primeira vez) e a Mário Soares que, em 1991, e já a caminho do segundo mandato, conseguiu 70,35% dos votos (Sá, 2015). No entanto, tal como Pereira (2016) salienta as flutuações nas intenções de voto das eleições presidenciais de 2016, que rondavam

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os 15%, impunham uma atitude cautelosa do principal candidato face às sondagens, também Sapage (2016) refere que o candidato vencedor, nas eleições de 2006 e 2011, apresentou resultados percentuais menores do que aqueles que eram mencionados nas sondagens.

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Figura 1 Etapas de Realização da Sondagem
Figura 2 Medida 3: Erro Médio nos Principais Partidos
Tabela 1 - Empresas Portuguesas Pioneiras no Âmbito da Realização de Sondagens Políticas até  1975  Empresa  Data de  Constituição  Data do  Termo/Falência  Norma  1963  1998  IPOPE  1967  1985  Teor  1970  1995
Tabela 2 - Legislação Portuguesa sobre Sondagens  DL n.º 621-C/74, de 15 de novembro
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Referências

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