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As Sondagens Referentes à Campanha e Eleição de Marcelo Rebelo de

CAPÍTULO VII – RESULTADOS

7.1. Resultados

7.1.1. Agentes/Atores Políticos

7.1.1.3. As Sondagens Referentes à Campanha e Eleição de Marcelo Rebelo de

Por fim, a terceira categoria subordina-se às sondagens referentes à campanha e eleição de Marcelo Rebelo de Sousa.

Quando questionados sobre se a campanha de Marcelo Rebelo de Sousa, candidato vencedor das eleições presidenciais de 2016, foi diferente das campanhas tradicionais (sem comícios ou cartazes) e se consideravam que as sondagens (publicadas) relativamente à candidatura de Marcelo foram encaradas de forma (também) diferente pelos eleitores, tanto o Diretor Distrital de Campanha de Sampaio da Nóvoa, como Ricardo Gonçalves e Laura magalhães referiram que sim. Para estes entrevistados, Marcelo usufruiu da imagem e popularidade que obteve ao longo dos anos enquanto comentador político, tendo adotado uma abordagem de proximidade com o povo.

Tabela 11 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos face à Campanha Eleitoral de Marcelo Rebelo de Sousa: “A campanha de Marcelo Rebelo de Sousa, candidato vencedor das eleições presidenciais de 2016, foi diferente das campanhas tradicionais (sem comícios ou cartazes).

Considera que as sondagens (publicadas) relativamente à candidatura de Marcelo foram encaradas de forma (também) diferente pelos eleitores?

Diretor Distrital de Campanha de Sampaio da Nóvoa

“Acho. Sinto que essa imagem passou, mas passava com mais força no Marcelo Rebelo de Sousa, pelo facto de ele ser comentador da política. Esse foi o fator preponderante. Não foi a carreira política dele, com os infelizes episódios de se atirar ao Tejo e as quezílias com Paulo Portas, etc. Ele nunca conseguiu de facto, ou melhor dizendo, ele sempre foi muito infeliz do ponto de vista político, ou seja, a inteligência que ele tinha e tem, ele é uma pessoa inteligente, não se refletia numa estratégia política nos lugares que ele pretendia ocupar ou que ocupava. Por outro lado, ele era e é uma pessoa estruturalmente de direita e aqui, quer se queira quer não, dizer que entre esquerda e direita não há diferenças é uma falácia absoluta, porque há diferenças abissais. Aliás, se não houvesse esquerda e direita, como ouvimos ainda hoje em termos discursivos, porque é que se fala então em extrema direita? Para haver uma extrema direita tem que haver uma direita, para haver uma extrema esquerda tem que haver uma esquerda. Portanto, dizer que não há diferença entre esquerda e direita é dizer que não se pode falar em extrema esquerda ou extrema direita. Portanto, este discurso é um discurso enganador que pretende exatamente

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passar para a opinião pública que não havendo diferença posso votar em qualquer candidato porque vão ter as mesmas medidas de aprofundamento da democracia participativa, não vão distinguir as pessoas do mercado, etc. Há diferenças substanciais. No que diz respeito ao Presidente da República, como o Presidente da República não é quem vai governar, essa dimensão fica um bocado diluída. Por outro lado, do ponto de vista discursivo não é tão marcante, porque não vai dizer “eu vou fazer”, ou “eu prometo que vou fazer isto”, ou “eu prometo que vou fazer aquilo”. O que pode dizer é “vou ser um mediador que vou procurar fazer um equilíbrio”. Embora nós tenhamos um regime semipresidencialista, que é idêntico ao de França e ao da Áustria e em termos de constituição têm as mesmas funções e, no entanto, se formos ver na prática as práticas destes três países estruturaram-se de forma completamente diferente em termos dos seus presidentes, embora do ponto de vista legal tenham as mesmas funções. Nós vemos na Áustria que ninguém sabe quem é o Presidente, em Portugal há um meio termo e em França parece que é o Presidente que manda e não o Primeiro-Ministro e, no entanto, do ponto de vista legal, as funções são as mesmas. Isto tem a ver com o tipo de prática que desde o início os Presidentes destes países foram tendo. Aqui em Portugal nós temos que ter um Presidente com o mesmo tipo de intervenção que tem um Presidente em França. Em França, claramente, o Presidente tem muito mais protagonismo e o Primeiro- Ministro está muito mais apagado. Em Portugal é exatamente o contrário e na Áustria então nem se fala. Mas acho que esta questão de o Presidente não ser quem vai decidir tem influência e as pessoas vão muito mais para essa questão: “Ah é uma pessoa conhecida, é muito afetiva, dá muitos beijinhos”; “Ah é muito não sei quê”. De facto se há coisa que nós temos completamente desleal do ponto de vista da democracia é colocar em situações idênticas candidatos que estão em posições profundamente desiguais, exatamente por terem acesso privilegiado durante anos ao principal meio de comunicação social, que é aquele que efetivamente entra diariamente na casa das pessoas. Isso tem essa influência”.

Ricardo Gonçalves

“As sondagens no caso do Marcelo até tiveram mais importância do que noutros. No fundo, as pessoas só podiam avaliar se a campanha estava a ser forte ou não através das sondagens. Aí as sondagens tiveram muita importância”.

Laura Magalhães

“A campanha de Marcelo Rebelo de Sousa, de facto, foi particularmente diferente das campanhas tradicionais, em determinados aspetos, por se tratar de uma figura que semanalmente “entrava pela casa” de cada português, durante um longo período de tempo (vários anos) e por isso não teve a necessidade de realizar/utilizar os meios tradicionais de fazer campanha política. Pois, a sua imagem, as suas ideias e opiniões já eram sobejamente conhecidas por parte da população portuguesa. Relativamente às sondagens publicadas a esse respeito acabaram por ser encaradas de igual forma pelos eleitores,

66 como são em outros atos eleitorais”.

Em relação à questão – Pode-se considerar que a melhor sondagem é a contagem dos votos, que sucede o fecho das urnas? – apenas Laura Magalhães respondeu e desde logo salienta que considera a sondagem e a contagem dos votos coisas distintas: a sondagem antecede o voto e entre o momento em que a sondagem foi feita e o momento do voto, a opção do eleitor pode alterar-se. Assim sendo, na opinião de Laura Magalhães

Uma coisa é uma sondagem, que é encarada como um estudo de opinião que acaba também por medir a eficiência de uma determinada mensagem política. Outra, é a contagem dos votos que demonstra a eficácia de uma determinada ação política. No entanto, considero que as sondagens que são feitas à ‘boca das urnas’, aquelas que são realizadas no dia da eleição à porta das mesas de voto são bastante mais fidedignas porque a avaliação do eleitor já foi feita e não se altera mais, ao contrário das outras sondagens que com o decorrer de uma campanha eleitoral podem ser alteradas.

Para terminar, também se perguntou aos entrevistados se tinham algum aspeto a crescentar, sendo que Laura Magalhães referiu que não tinha nada a acrescentar, mas o Diretor Distrital de Campanha de Sampaio da Nóvoa e Ricardo Gonçalves tinham. O Diretor Distrital de Campanha de Sampaio da Nóvoa demonstra uma posição favorável ao Professor Sampaio da Nóvoa e Ricardo Gonçalves revela que tal como todas as eleições diferem entre si, também as sondagens são mais importantes numas eleições do que noutras.

Tabela 12 - Opinião dos Agentes/Atores Políticos face à Melhor Sondagem: “Pode-se considerar que a melhor sondagem é a contagem dos votos, que sucede o fecho das urnas?”

Diretor Distrital de Campanha de Sampaio da Nóvoa

“Dizer que se nós tivéssemos tido o Professor Sampaio da Nóvoa teríamos tido certamente uma presidência bastante diferente, na minha perspetiva, claro, para melhor e que o Marcelo Rebelo de Sousa me surpreendeu relativamente e este relativamente tem a ver com o facto de eu considerar que o Marcelo tem um tipo de prática que muitas vezes está em concordância, aliás a maior parte das vezes, com o posicionamento governamental porque lhe interessa manter um determinado equilíbrio enquanto o PSD não tem um candidato que ele considere ser vencedor”.

Ricardo Gonçalves

67 noutras”.

Laura Magalhães

“Não”.