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CAPÍTULO II – AS SONDAGENS EM PORTUGAL

2.2. As Sondagens e as Eleições Presidenciais

2.2.1. O Presidente da República

No que diz respeito ao estatuto e eleição do PR, importa, desde já, fazer referência à Constituição da República Portuguesa2 (CRP), segundo a qual o Presidente da República é

apresentado como a figura mais alta do Estado, representando o país, sendo, cumulativamente, Comandante Supremo das Forças Armadas. O PR é o responsável por garantir a independência e a unidade do Estado e de regular o funcionamento das instituições democráticas (artigo 120.º, da CRP).

Relativamente à sua eleição, o PR é eleito por sufrágio universal, direto e secreto dos cidadãos portugueses eleitores recenseados no território nacional e dos cidadãos portugueses

2 A CRP que institui o país como um Estado de Direito Democrático surgiu em 1976, após a Revolução de 25 Abril, provocando a queda do regime ditatorial de António Salazar. Até hoje, esta lei suprema foi alvo de sete revisões constitucionais (em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001, 2004 e 2005). Segundo Silva e Alves (2008, pp. 104-105), a revisão constitucional “uma reforma da constituição expressa, parcial, em princípio de alcance geral e abstrato e a que traduz mais imediatamente um princípio de continuidade institucional”.

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residentes no estrangeiro conforme se afere através do artigo 121.º da CRP. Para se candidatar ao cargo, é necessário que o candidato reúna um mínimo de 7 500 e um máximo de 15 000 cidadãos eleitores proponentes, devendo apresentar a sua candidatura até 30 dias antes da data marcada para a eleição, junto do Tribunal Constitucional (artigo 124.º, da CRP).

O seu mandato tem a duração de cinco anos, terminando com a tomada de posse do novo PR eleito (artigo 128.º, da CRP). Podem candidatar-se os cidadãos eleitores com origem portuguesa e com uma idade superior a 35 anos (artigo 122.º, da CRP). Não é permitida a reeleição para um terceiro mandato consecutivo, nem no decorrer do quinquénio imediatamente seguinte ao termo do segundo mandato consecutivo (artigo 123.º, da CRP), sendo de acrescentar que se o PR renunciar ao cargo, este não se pode candidatar nas eleições seguintes, nem nas que se realizem no quinquénio imediatamente subsequente à renúncia (artigo 123.º, da CRP).

Da análise do artigo 125.º da CRP, constata-se que o PR é eleito nos 60 dias antes de terminar o mandato do seu antecessor ou nos 70 dias seguintes à vacatura do cargo, pelo que a sua eleição não pode decorrer nos 90 dias antes e depois da data de eleições para a AR. Deste modo, o candidato que tiver mais de metade dos votos é eleito para o cargo de PR e caso nenhum candidato reúna esse número de votos, procede-se a um segundo sufrágio até ao 21.º dia subsequente à primeira votação, sendo que nele apenas participam os dois principais candidatos, ou seja, os candidatos mais votados no primeiro sufrágio (artigo 126.º, da CRP).

Depois de eleito, o candidato toma posse do cargo perante a Assembleia da República (AR), a qual é realizada no último dia do mandato do Presidente que lhe antecede e no caso de eleição por vacatura, a tomada de posse realiza-se ao oitavo dia, a contar do dia da publicação dos resultados eleitorais (artigo 127.º, da CRP).

Na sequência da complexidade inerente ao cargo de PR, considerando a importância que assume perante a governação de um país e perante o estabelecimento de relações com outros países, são-lhe atribuídas várias e distintas competências (elencadas entre o artigo 133.º e o artigo 140.º da CRP), as quais se passam a enumerar em seguida.

Relativamente a outros órgãos, e segundo o artigo 133.º da CRP, o PR deve: a) Presidir ao Conselho de Estado;

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b) Marcar, de harmonia com a lei eleitoral, o dia das eleições do Presidente da República, dos Deputados à Assembleia da República, dos Deputados ao Parlamento Europeu e dos Deputados às Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas;

c) Convocar extraordinariamente a Assembleia da República;

d) Dirigir mensagens à Assembleia da República e às Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas;

e) Dissolver a Assembleia da República, observado o disposto no artigo 172.º, ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado;

f) Nomear o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 1 do artigo 187.º;

g) Demitir o Governo, nos termos do n.º 2 do artigo 195.º, e exonerar o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 4 do artigo 186.º;

h) Nomear e exonerar os membros do Governo, sob proposta do Primeiro-Ministro; i) Presidir ao Conselho de Ministros, quando o Primeiro-Ministro lho solicitar;

j) Dissolver as Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas, ouvidos o Conselho de Estado e os partidos nelas representados, observado o disposto no artigo 172.º, com as necessárias adaptações;

k) Nomear e exonerar, ouvido o Governo, os Representantes da República para as Regiões Autónomas;

l) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o presidente do Tribunal de Contas e o Procurador-Geral da República;

m) Nomear cinco membros do Conselho de Estado e dois vogais do Conselho Superior da Magistratura;

n) Presidir ao Conselho Superior de Defesa Nacional;

o) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, o Vice-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, quando exista, e os Chefes de Estado-Maior dos três ramos das Forças Armadas, ouvido, nestes dois últimos casos, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

É também da responsabilidade do PR promulgar ou exercer o direito de veto mediante a “receção de qualquer decreto da Assembleia da República para ser promulgado como lei, ou da publicação da decisão do Tribunal Constitucional que não se pronuncie pela

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inconstitucionalidade de norma dele constante” (artigo 136.º, da CRP). Caso a AR confirme “o voto por maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funções, o Presidente da República deverá promulgar o diploma no prazo de oito dias a contar da sua receção” (artigo 136.º, da CRP). A falta de promulgação ou de assinatura pelo PR implica a sua inexistência jurídica (artigo 137.º, da CRP).

Considerando o problema de investigação, sobre a influência das sondagens publicadas pela comunicação social na eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, apresentam-se os resultados das sondagens referentes às eleições presidenciais de 2016.