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CAPÍTULO VII – RESULTADOS

7.1. Resultados

7.1.2. Especialistas em Comunicação/Sondagens

7.1.2.1. Sondagem como Instrumento de Comunicação Política

Relativamente à importância atribuída às sondagens enquanto instrumento de comunicação política pelos especialistas em comunicação/sondagens, constata-se que apenas um atribui menor importância às sondagens: o entrevistado Patrício Costa.

Recorde-se que Luís Marques Mendes acumula duas dimensões correspondentes a cada um dos dois grupos de entrevistados previamente definidos, sendo transversal a ambos, por ser Conselheiro de Estado nomeado pelo Presidente da República (agente/ator político) e Comentador Político Televisivo (Comunicação). Luís Marques Mendes surge neste grupo pelo facto de não ter tido, no âmbito da campanha das eleições presidenciais de 2016, nenhuma responsabilidade no seio das diferentes candidaturas, pelo que se atribui prioridade, enaltecendo, o seu papel no âmbito da comunicação, enquanto comentador.

Os entrevistados Luís Marques Mendes, Custódio Oliveira e Joaquim Gomes consideram as sondagens essenciais e apenas o Patrício Costa refere que, na sua opinião, as sondagens não são determinantes na decisão de voto do eleitor nem na tomada de decisão política.

Tabela 13 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens sobrea Importância das Sondagens enquanto Instrumento de Comunicação Política: “Qual a importância que atribui às

sondagens enquanto instrumento de comunicação politica?” Luís Marques Mendes

“As sondagens são uma ferramenta indispensável na vida política. Elas permitem recolher informação, assinalar tendências, ajuizar modelos comportamentais, testar ideias, medidas ou potenciais decisões, ter uma noção mais precisa do evoluir da sociedade. Nesse plano, ajudam imenso a decisão política e a comunicação política”.

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“Hoje a opinião pública é um poder. A opinião pública é o quarto poder. (...) Hoje verdadeiramente o quarto poder é a opinião pública. Nenhum governo em democracia se aguenta contra a opinião pública, contra uma opinião pública que lhe seja desfavorável maioritariamente. (...) As sondagens têm uma importância muito grande porque são uma das técnicas de eu saber o que pensa a opinião pública, de eu saber qual é o sentimento, o clima e o que vai aí na opinião pública num determinado espaço público. A sondagem permite-me isso e, portanto, é um instrumento a par sempre dos focus grupo. Eu não consigo separar sondagem de focus grupo, porque a sondagem dá-me o quantitativo, dá-me os números, mas é preciso perceber o que significam esses números e eu só percebo o significado dos números através do focus grupo. (...) Eu, na minha profissão, trabalho com sondagens, mas trabalho sempre com focus grupo. Eu gosto de ter a sondagem, porque me indica clara e efetivamente a realidade, mas eu quero sempre o focus grupo que me dá a cor, que me dá as causas e me ajuda a perceber. É qualitativo. Portanto, as sondagens têm muita importância porque me permitem saber o que é que a opinião pública pensa e quer. Sendo a opinião pública um poder, as sondagens são importantíssimas”.

Joaquim Gomes

“As sondagens são fundamentais, porque são levadas muito a sério pelo ‘grande público’, por todos os eleitores, sendo que elas são cada vez mais, na minha opinião, um instrumento da própria política. Acabam por ser usadas numa lógica de influenciar, não numa lógica de traduzirem aquilo que já está predefinido na cabeça das pessoas, a par do que há agora como as falsas notícias. (...) Curiosamente, eu recordo-me das primeiras eleições livres em que o Joaquim Letria apresentou em direto na RTP e a partir dessa altura as sondagens começaram a ser levadas mais a sério do que agora. As pessoas acreditavam mais nas sondagens do que agora. Elas não eram tão manipuladas. Isto pode parecer um paradoxo, na medida em que hoje em dia há mais rigor ‘a priori’. Aquilo que eu noto é que há sempre um medo das pessoas. As pessoas têm tendência a acreditar naquilo que querem e quando as sondagens não traduzem aquilo que querem ou que percecionam acabam por não acreditar tanto. As pessoas tentam saber quem fez a sondagem, quem encomendou a sondagem e a Universidade Católica tem bastante credibilidade e é uma referência, mas não só. Isto para dizer que a importância que atribuo às sondagens é grande, é decisiva para as pessoas decidirem. De qualquer forma acho que as pessoas já acreditaram mais nas sondagens do que agora”.

Patrício Costa

“Eu não acho que as sondagens sejam fundamentais na decisão de voto do eleitor, nem são o fundamental na tomada de decisão política”.

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Acerca da utilidade da publicação e divulgação de sondagens eleitorais, os quatro entrevistados apresentam uma posição positiva.

Luís Marques Mendes defende a publicação e divulgação de sondagens eleitorais nos meios de comunicação social, mas pautadas pela transparência.

Já na perspetiva de Custódio Oliveira, a publicação e divulgação de sondagens eleitorais é útil, nomeadamente para os atores políticos. Mas na sua opinião, por norma, os atores políticos consideram as sondagens instrumentos prospetivos, onde a sondagem representa uma perspetiva de um resultado, o que está errado. Custódio Olveira, salienta que a “sondagem é uma fotografia. (...) é uma fotografia tirada a partir do retrovisor de um carro. Quer dizer que eu tiro ao retrovisor, mas quando vou ver a fotografia já vou longe, já passou”.

Por seu lado, Joaquim Gomes defende claramente a publicação e divulgação de sondagens eleitorais, salienta a utilidade das mesmas para os partidos, assim como para os media, acrescentando ainda que estes se podem orientar por objetivos e metodologias distintas, assentes em diferentes critérios.

Também Patrício Costa é a favor da publicação e divulgação de sondagens eleitorais, mas revela que por vezes as sondagens não são interpretadas da forma correta e que falta alguma formação a alguns membros de diferentes grupos partidários.

Tabela 14 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens relativamente à Utilidade da Publicação e Divulgação de Sondagens nos Meios de Comunicação: “Considera útil a publicação e divulgação de sondagens eleitorais nos meios de comunicação ou entende que deveriam ser

utilizadas apenas como ferramentas dos bastidores políticos?” Luís Marques Mendes

“Considero essencial que seja possível publicar e divulgar sondagens eleitorais nos meios de comunicação social, sem limitações. Mesmo até no fim das campanhas eleitorais. A transparência é boa conselheira. A opacidade só gera equívocos. E, além do mais, os cidadãos têm maturidade mais do que suficiente para ajuizarem, separando, se necessário, o trigo do joio”.

Custódio Oliveira

“Os atores políticos consideram a sondagem e olham para as sondagens como instrumentos prospetivos (...) como a perspetiva de um resultado. Ora a sondagem não é isso. Há aí um erro crasso dos líderes políticos. A sondagem é uma fotografia (...) tirada a partir do retrovisor de um carro. Quer dizer que eu tiro

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ao retrovisor, mas quando vou ver a fotografia já vou longe, já passou. A sondagem é um momento, é o momento em que ela é feita. (...) A sondagem é daquele momento, o resultado verificou-se porque não houve grandes mudanças, não houve nenhum fenómeno político que levasse as pessoas a mudar de opinião. Porque hoje mudam muito mais rapidamente.(...) a sondagem tem importância para os atores políticos. (...) Pode induzir em erro, mas para esses tem influência. Em termos da influência da intenção de voto propriamente dita há de ser muito reduzida e eu atrevo-me quase a dizer que será ausente e algumas vezes num grau muito mínimo de influência. Não pode ter tanta influência. As pessoas vão decidindo o voto pouco a pouco e por razões que só elas sabem, por razões íntimas. Eu não estou a falar dos militantes, dos simpatizantes ativos, mas as pessoas vão decidindo naturalmente. Ou porque gostam do candidato, do cabelo dele, ou porque disse uma frase que lhes tocou, ou por um interesse muito particular que ele tem. Por muitas razões, mas decide por si. Não é pela sondagem”.

Joaquim Gomes

“Acho que podem e devem ser publicadas. Acho mais: acho que as mesmas sondagens podem ser usadas pelos aparelhos político-partidários, pelos jornais, pelos meios de comunicação social, embora com objetivos e metodologias diferentes, com critérios de análise e de interpretação. Acho que podem até ser as mesmas feitas a partir de um prisma diferente, conforme quem está no terreno para ganhar eleições e quem está para noticiar”.

Patrício Costa

“Eu acho a publicação de sondagens perfeitamente útil e é óbvio que estou a falar enquanto pessoa interessada. Agora também acredito que eventualmente em algumas sondagens depois os números são lidos como cada um quer ler e acho que há uma ausência de formação por parte dos membros dos diferentes partidos na leitura, na crítica. Eu inclusive faço algumas apresentações sobre isso e utilizo algumas das palavras que alguns políticos de relevância põem nas suas redes sociais, que são absolutamente ridículas e absurdas quando comentam sondagens. (...) Basta pensar se tu fores recolher informação, tu podes recolher mais informação do que aquela que é só propriamente o voto. Se tu recolheres outros indicadores políticos, tu consegues também perceber como é que a tomada de decisão está a ser feita. É importante trabalhar algumas dessas áreas. Fugindo um bocadinho àquilo que é a fotografia tu consegues quase ter uma radiografia e a partir daí explorar um pouco mais. Aquilo que se faz habitualmente é pouco mais do que saber quantos votos tem o Partido A ou o Partido B, ou a Personalidade A ou B. Acho que são muito pouco utilizadas enquanto ferramentas dos bastidores políticos. Acho que há uma ausência de comunicação entre as três entidades que são: as empresas que fazem as sondagens, as pessoas ligadas à comunicação política, que são os assessores políticos, e os partidos políticos ou as personalidades. Acho que deviam comunicar mais e acho que todas as entidades deviam

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saber um bocadinho mais sobre aquilo que são as potencialidades das sondagens”.

Mediante a questão As sondagens que não são publicadas existem sempre? Quem as faz? Há fugas de informação para a os media e/ou opinião pública?, Luís Marques Mendes é bastante claro, referindo que as sondagens são reguladas por lei, o que as obriga a cumprir determinadas regras. Contudo, o Patrício Costa tem uma posição totalmente contrária à de Luís Marques Mendes, revelando que as sondagens que não são publicadas existem quando o partido tem recursos financeiros e que muitas das sondagens que são publicadas são duvidosas. Por seu lado, Custódio Oliveira entende que as sondagens não publicadas não existem sempre, afirmando que estas deviam ser encaradas como um instrumento de trabalho, nomeadamente para quem está a conceber uma campanha sustentada por um plano estratégico.

Joaquim Gomes confirma a fuga provocada de informação, afirmando que “muitas vezes fazem sair tipo lebre essas sondagens, determinados partidos fazem isso”.

Tabela 15 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens em relação à Existência, ou não, de Sondagens Não Publicadas: “As sondagens que não são publicadas existem sempre?

Quem as faz? Há fugas de informação para os media e/ou opinião pública?” Luís Marques Mendes

“As sondagens não são inventadas. São realidades verdadeiras. Além do mais, a lei estabelece um regime muito rigoroso sobre sondagens, o qual obriga a que, antes de divulgadas, elas tenham de ser depositadas na Entidade Reguladora da Comunicação Social e obedeçam, na sua realização, a um conjunto de regras e exigências bem apertadas”.

Custódio Oliveira

“Não, não existem sempre. A maior parte das campanhas e estou a falar virado para as autárquicas, não tem um plano estratégico. Eu quis saber, não vou dizer o Partido, qual era o plano estratégico para estas eleições e cheguei à minha própria conclusão que, de facto, não existia um plano estratégico com princípio, meio e fim. (...) Nenhuma Câmara em Portugal tem a preocupação de desenvolver uma estratégia. (...) a sondagem (...) devia ser um instrumento de trabalho. É um importantíssimo instrumento de trabalho para quem estiver a fazer a campanha com um plano estratégico. Uma campanha com um plano estratégico não pode funcionar sem sondagem. E essa sondagem tem muito mais benefício não sendo publicada do que ser publicada. É muito melhor para quem está a fazer a campanha, quem está a

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dirigir a campanha e não a divulgar, do que ter a sondagem e divulgá-la. (...) Agora a tendência sempre dos atores políticos é fazer tudo para a divulgar. É errado porque a sondagem é um instrumento de trabalho, valioso e indispensável para quem está a definir uma estratégia, porque a maioria das campanhas ainda são muito de ‘outdoors’ e ‘slogan’ e ainda é muito… Como não existe essa estratégia, não existe esse plano, logo…”.

Joaquim Gomes

“Já me apercebi de algumas fugas, mas fugas provocadas. Muitas vezes fazem sair tipo lebre essas sondagens, determinados partidos fazem isso. A cada passo e nomeadamente em situações dramáticas, as segundas voltas, que não tem havido tanto, e quando se ia à segunda volta era uma situação dramática, eu recordo-me quando foi Mário Soares e Freitas do Amaral foi renhido (...) Eu recordo-me de um jornalista ligado ao Partido Comunista, quando Freitas do Amaral perdeu, dizer ’Ele agora vai descansado, vai à vida dele para continuarmos a ter uma democracia em Portugal’. O Professor Freitas do Amaral tinha uma posição mais radicalizada e mais conservadora, que não tem hoje”.

Patrício Costa

“Existem quando os partidos têm dinheiro para o fazer. Existem menos do que deveriam existir, na minha opinião, e algumas que existem são de qualidade muito duvidosa. São feitas muitas das vezes com amigos, conhecidos que sabem umas coisas disto e daquilo. [Relativamente à fuga de informação], de vez em quando há. Se bem que com a ERC isso fica muito mais difícil, (...) Sempre que se quer publicitar uma sondagem ela tem que estar registada na Entidade Reguladora para a Comunicação. Se não estiver, o jornal terá problemas. Agora, esse tipo de sondagens informais são utilizadas muitas vezes como algo para fazer política informal que é dizer ‘Olha, eu tenho uma sondagem que me dá tanto’. Então a escolha de candidatos é muito propícia a isso, porque tu tens todos os candidatos e imagina que é preciso escolher um candidato e isto fugindo um bocadinho para as autárquicas, mas podes fazer a extrapolação depois para tudo o resto. Imagina que o Partido A tem cinco potenciais candidatos, cada um desses candidatos, à partida, vai querer apresentar um resultado em que ele é o melhor. Isso acontece sempre e é um jogo interno, dentro do partido e aí, se calhar, traz aquilo que é pior nas sondagens, ou não, traz aquilo que é pior dentro dos partidos e utilizam as sondagens como um argumento”.

7.1.2.2. A Importância das Sondagens

No que concerne à importância das sondagens, nomeadamente em relação à opinião sobre se as sondagens publicadas não assumem necessariamente um papel positivo no quadro da comunicação política, na medida em que se podem, por exemplo, em alguns

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contextos/momentos revelar inúteis e/ou prejudiciais, Custódio Oliveira foi o único que não se pronunciou sobre esta questão.

Contudo, Luís Marques Mendes defende que as sondagens, entre outros, são um dos instrumentos de trabalho na vida política e, embora reconheça a sua importância, refere que o que é importante para si, pode não o ser para o outro. Também Patrício Costa salienta que aborda as sondagens numa perspetiva positiva, na medida em que estas são úteis para informar o público, assim como para conhecer a opinião pública.

Na opinião de Joaquim Gomes, as sondagens publicadas podem assumir um papel pouco positivo, quando não são realizadas com o rigor que lhes é característico, pelo que o papel positivo ou negativo das sondagens é da responsabilidade das candidaturas, das campanhas e da gestão das mesmas.

Tabela 16 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens em relação ao Papel Positivo que as Sondagens Publicadas podem Assumir: “Considera que as sondagens publicadas não assumem necessariamente um papel positivo no quadro da comunicação política, na medida em que se podem, por exemplo, em alguns contextos/momentos revelar

inúteis e/ou prejudiciais? Luís Marques Mendes

“As sondagens são um instrumento de trabalho na vida política. Entre vários outros. Um dos mais importantes, mas não o único. Nesse quadro, insisto: acho que são muito úteis. E não me parece que sejam prejudiciais. Agora, tudo é subjectivo: aquilo que para mim é útil e benéfico para outro pode ser inútil ou prejudicial”.

Custódio Oliveira

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Joaquim Gomes

“Podem, num sentido e noutro. No entanto, isso cabe à gestão que pode ser feita pelos responsáveis das candidaturas e das campanhas. Se qualquer estrutura perceber que pode haver mobilização tem que fazer qualquer coisa. As sondagens devem ser feitas com o máximo de rigor e publicitadas. Aquele dia de reflexão, hoje é difícil com as novas tecnologias e as redes sociais… Eu acho que as sondagens podem realmente influenciar, mas no que me está aqui a perguntar concretamente acho que devem ser publicadas. As pessoas têm já maturidade suficiente para as interpretar como tal, como sondagens, como amostragens, que é o termo se calhar mais feliz para definir a situação”.

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Patrício Costa

“Acho que os partidos nesse aspeto estão bem preparados para isso. Mesmo quando têm bons resultados acabam por indicar no fundo, para as suas próprias forças, que é preciso continuar caso não se continue com este esforço as coisas podem diminuir. Eu vejo sempre as sondagens numa perspetiva positiva. Informar o público ou conhecermos melhor a opinião pública ajuda certamente a fazer uma gestão melhor das coisas, por isso não vejo em momento algum que sejam prejudiciais ou inúteis”.

Quando questionados se os eleitores confiam mais nas previsões das sondagens eleitorais, publicadas nos meios de comunicação, ou nas previsões/expectativas do discurso/ narrativa dos candidatos, verifica-se que Custódio Oliveira é o único que não responde. Luís Marques Mendes refere que se trata de realidades distintas, explicando que enquanto as sondagens se focam nas tendências e nos resultados, os discursos focam-se em ideias e convicções.

Já na perspetiva de Joaquim Gomes, a população tende a acreditar nos dados científicos, isto é, a partir dos factos para as opiniões. Contudo, também refere que é importante ter em linha de conta o enquadramento em que as sondagens se encontram inseridas. Por sua vez, Patrício Costa acredita que o eleitorado percebe quando as coisas são forçadas.

Tabela 17 - Opinião dos Especialistas em Comunicação/Sondagens em relação à Confiança nas Expectativas das Sondagens ou nas Expectativas dos Discursos Políticos: “Na sua opinião, os

eleitores confiam mais nas previsões das sondagens eleitorais, publicadas nos meios de comunicação, ou nas previsões/expectativas do discurso/narrativa dos candidatos?”

Luís Marques Mendes

“São realidades diferentes. As sondagens medem tendências e apontam resultados. Os discursos centram-se, sobretudo, em ideias e convicções. Não devemos confundir duas realidades que são diferenciadas e que não estão em competição uma com a outra”.

Custódio Oliveira

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Joaquim Gomes

“As pessoas têm mais tendência, (...) em acreditar no científico, nos números. As pessoas partem dos factos para as opiniões. Depende também do enquadramento que é dado às sondagens. (...) As pessoas acreditam nas sondagens, mas cada vez mais as pessoas exigem, portanto a ficha técnica dá credibilidade

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à sondagem. Há aquela ideia de que há sondagens para tudo. (...) O voto útil é orientado pelas sondagens, que ajudam as pessoas a decidir o que fazer. As sondagens devem influenciar no sentido da melhor decisão. As pessoas quanto mais informadas, melhor decidem, à partida. As pessoas devem ser positivamente influenciadas pelas sondagens e não se deixar influenciar no mau sentido. A sondagem deve fornecer indicadores e nada mais do que isso”.

Patrício Costa

“Acho que as pessoas percebem quando os diferentes partidos e as diferentes entidades estão, no fundo, a tentar relativizar o valor das sondagens. Tu se reparares, mesmo quando estão à frente de uma sondagem, os partidos têm todos comportamentos similares, dizendo ‘isto é só uma sondagem, vale o que vale, ainda temos que continuar a trabalhar, etc…’. O discurso é sempre mais ou menos similar. Agora, as sondagens, por aquilo que se tem conhecido ao longo dos anos, acabam por, ao contrário daquilo que a maior parte das pessoas dizem, ser extremamente fiáveis e aquelas que são comunicadas nos meios de comunicação social, durante os 15 dias de campanha, que normalmente ocorrem, são sempre sondagens em que a margem de erro está perfeitamente admissível para aquilo que foi o resultado ou que será o resultado real. Mas sim, ninguém confia em sondagens. Se perguntares, ninguém confia em sondagens.”

Também o grupo composto por quatro especialistas de comunicação/sondagens foi questionado sobre se considerava as sondagens como um instrumento medidor, como um